Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 102
Capítulo 102


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, gente!
Boa leitura!



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Por Pamela:


What the fuck?! O que diabos eu tinha acabado de fazer?! No mesmo instante em que bati a porta, senti uma vontade absurda de cortar minha língua fora! O que eu disse passou de todos os limites... Herval não era a pior coisa que aconteceu na minha vida! Não era! Nunca fora! Por isso eu evitava brigas, por isso me tranquei no quarto na noite passada. Eu não posso brigar, porque acabo falando o que não sinto, só pela necessidade de magoar meu adversário, e eu tenho certeza de que havia magoado demais Herval!

O que eu queria mesmo era dizer o quão bom ele era para mim, o quanto eu me arrependia por aquelas brigas todas e o quanto eu ainda o amava. Dei os dois primeiros passos já com vontade de abrir aquela porta de uma vez, me jogar nos braços de Herval, lhe pedir, implorar, suplicar perdão! Mas a vontade deu e passou. O orgulho não descia, estava atravessado na minha garganta. Me sentei na cama, alheia a qualquer coisa e confesso que sequer sei o que passava na minha cabeça naquele momento. Apenas o coração sangrava sem saber o que sentir.

Tudo ia de mal a pior.


~Os dias iam se passando...

O que estava acontecendo com a gente? Não nos falávamos, mas também não nos separávamos. Talvez ele tivesse a esperança de que eu pedisse perdão. E talvez eu tivesse a esperança de que ele viesse falar comigo para que eu pudesse pedir perdão... os dois haviam errado e falado barbaridades, mas o que era pior era que os dois também éramos orgulhosos...

Eu tive que voltar a trabalhar! Tive que mergulhar de cabeça na Parker e na Marra! Não dava mais para ficar parada. A ociosidade é a oficina do diabo, e as coisas que eu estava pensando, estando parada, não eram boas... eu tinha que cuidar da minha vida e dos meus filhos! Megan queria casar e eu continuava lhe empatando a vida... primeiro com o acidente, e agora com aquela crise que parecia não querer ter fim. Joaquim estava para iniciar aulas de violino, expressava sua felicidade de modo a contagiar até alguém em depressão, mas não a mim e a Herval... até tentávamos demonstrar interesse, fazíamos perguntas e tentávamos ser o mais amigáveis possível, mas eu não conseguia olhar nos olhos daquele homem, que sentia uma vontade absurda de chorar.

Herval esperava Joaquim dormir, para ir dormir com ele no seu quarto. Outras vezes, quando Megan não dormia em casa, ele ia para seu quarto, mas na maioria das vezes, ia para a Plugar mesmo. Aquilo me irritava. Até quando ficaríamos daquele jeito? Que fossemos logo a 8 e nos desculpássemos, nos beijássemos e retomássemos a nossa vida de casal maravilhosa que antes tínhamos, ou a 80 e nos separássemos logo de uma vez e matasse qualquer possível sentimento que ainda existisse nos nossos corações.

Mas era como se alguma coisa ainda nos mantesse “unidos”... Medo da imprensa cair matando? Eu estava pouco me lixando para a imprensa! Desde o acidente que meu nome não sai das páginas de revistas e jornais! Me peiam frequentemente entrevistas, mas eu só concedia a grupos bem seletos. Joaquim? Não, não... mesmo separados saberíamos lhe dar com ele, não era o Quim que fazia com que continuássemos juntos... acho que posso dizer, com tanto que Herval não ouvisse isso, que o que me fazia não dar entrada na papelada do divórcio urgentemente, é o amor que eu sempre senti por ele e sinto até hoje.

Eu o amo, sozinha não tem orgulho certo que me impeça de falar isso. Mas na frente dele era como se o rancor predominasse. Não sei exatamente de que, mas parece que quando um casal briga, até um fio de cabelo dele fora do lugar é motivo para você sentir raiva.

Dia após dia, semana após semana... aquela situação estava insustentável!

–Oi! Pamela, tudo bem? – Era um dia exaustivo de trabalho na Marra, já que eu fiz questão de que Davi tirasse uma folga para passar um tempo com Megan, e eu estava dando uma pausa, fazendo um lanche na cantina da Marra, com a cabeça nas nuvens, ou melhor, nos bons tempos que eu e Herval tivemos, quando alguém surgiu na minha frente, super sorridente. Ernesto.

–Hi, Ernesto! Sim, estou bem, e você? – Por que fizera aquela pergunta? Pra me torturar? Era claro que eu não estava bem! Ele sabia muito bem como andava a minha situação com Herval, já que eu havia me desculpado milhares de vezes pelo episódio no restaurante e contei da terrível discussão que tive com Herval.

–E-eu tô bem também... – Ele sentava no banco que estava a minha frente. – Posso ficar aqui com você? – Precisava perguntar? Já tinha sentado mesmo...

–Claro, Ernesto... fique à vontade... – Eu não parecia nem um pouco animada. Passava o dedo na borda da minha xícara de café, voltando ao meu transe, quando ele me olha franzindo as sobrancelhas e pergunta:

–Está tudo bem mesmo, princesa? – Meus olhos encontram os seus. Ele está realmente preocupado. Um fofo.

–Apenas problemas domésticos, carismático Ernesto... mas que não vêm ao caso, right? Porque eu não estou aqui pra te encher com os meus problemas! – Falei, tentando sorrir e desfazer a curta tensão que se formara.

–Mas...

–O que você vai pedir, han? Nacho caprichou hoje! – Lhe interrompi. Não daria brecha! Já bastava ter que aguentar aquele mal momento dentro de casa, eu não precisava leva-lo até para o trabalho.

–Nada... tô sem fome, só queria te fazer companhia mesmo... – Falou demonstrando estar um pouco envergonhado.

–Oh você é um amor, Ernesto... – Levei a mão ao seu rosto e ele se encolheu, com um sorriso infantil.

–Pamela eu... – Hesitou um pouco falar. – Eu sei que você não está em um de seus melhores momentos e... – Aonde ele queria chegar? – E você sabe né, eu não posso, não aguento te ver triste... – Aquela conversa estava muito estranha. – Deixa eu te ajudar... deixa eu ser seu amigo...

–Mas você já é! – Tentei me manter “animada”.

–Tô falando sério, te distrair quando você estiver com a cabeça cheia, te consolar quando você estiver triste, fazer você rir contando minhas histórias de quando assistia Galáxia Andrômeda na minha adolescência... – Ele conseguiu me arrancar um sorriso. Eu sentia tantas saudades do meu tempo de atriz...

–Quantos anos você tinha, Ernesto?

–De 11 pra 12 anos... mais ou menos, por quê? – Oh God! Ele me parecia ainda mais novo do que sempre me pareceu!

–Não, nada. Curiosidade...

–E então? O que me diz?

–Muito obrigada, é um prazer ter um fã/amigo como você... – Disse num impulso. Hã? Eu aceitei mesmo aquilo? Estava perdendo completamente o juízo? Daquele jeito não iria consertar meu casamento nunca!

–Então... que tal uma festinha amanhã na Gambiarra? É a banda do tio do Davi que vai tocar!

–Oh no... não tenho cabeça para festinhas, Ernesto... sorry, além de que preciso estar em casa cedo! Tenho um filho pequeno, remember?

–Poxa... assim fica meio difícil te ajudar...

–Thank you, você já está me ajudando, acredite. Mas festa? Amanhã? Me parece algo impossível! – E eu lá tinha cabeça para pensar em festinha...?!

(...)

Voltei para casa tarde, tinha a esperança de ver Herval. Seria masoquismo? Doía tanto quando eu via-o... mas era preciso, eu necessitava sempre estar vendo seu rosto e sentia tanta falta do seu sorriso... por culpa minha ele não dava mais aquele sorriso – não o encontrei – ele tinha ido dormir já. Fui até o quarto do Joaquim, ele não estava lá, dei um beijo na testa do Quim e tentei não fazer barulho, enquanto caminhava para o quarto de Megan, esperava que ele estivesse lá.

Estava.

A porta estava entreaberta e não foi muito difícil entrar em silêncio. – Tirei os sapatos. - Ele não dormia na cama dela afinal, dormia no chão, sobre alguns lençóis e almofadas – seria bem melhor a nossa cama – me aproximei devagar e me ajoelhei no chão para vê-lo mais de perto. Herval não usava camisa, só uma calça de moletom. Seu cabelo estava bagunçado e um fio ou outro lhe caía sobre a testa.

Lábios entreabertos e respiração pesada. Eu não podia acreditar que estava perdendo aquele homem... – Aliás, por que estava ali? Ele tinha para onde ir, mas insistia em dividir o mesmo teto que eu, queria me provocar? Era isso? Estava conseguindo! – Eu senti um arrepio me subir a coluna e parar na nuca, quando meus olhos percorreram todo seu corpo e minha mão ainda se estendeu para lhe tocar o rosto, mas eu consegui conte-la, para o meu bem – ou seria mal? – Senti os olhos lacrimejarem e notei que era hora de sair dali. Eu não queria chorar mais.

Me levantei com cuidado, mas nem dei o primeiro passo, que bati o pé no pé de uma cadeira.

–Aii... – Gemi involuntariamente. You fail, Pamela, para quem não queria fazer barulho...

–Pamela?! – Não, aquilo não podia acontecer! Ele acordou e acendeu o abajur. Meu coração gelou e eu até esqueci a dor do pé. – O que você tá fazendo aqui? – Ele se levantava, para que? Seu corpo estava bem visível na minha frente e aquele arrepio apareceu de novo.

–S-sorry, Herval, eu... eu pensei que Megan estivesse aqui, queria falar com ela... – “Mentirosa! Era a mim mesmo que você queria ver!” Era o que os seus olhos pareciam me dizer.

–Ah tá bom... – Respondeu, caminhando em minha direção. Não! – Mas como pode ver... ela não tá aqui.

–Aii... – Fui tentar fugir, bati o pé na mesma cadeira! Cadeira demoníaca!

–O que foi? - Apressou o passo em minha direção. Não!

–Não é nada. Desculpe eu... eu vou deixar você dormir... – Era estranha aquela situação.


Por Herval:

Estávamos vivendo dias insuportáveis e eu estava com uma saudade inimaginável da Pamela, das nossas conversas, dos nossos beijos... eu tinha demorado um tempão para conseguir dormir naquela noite e quando achava que tinha embalado no sono, ouço um barulhinho e um curto gemido. Eu conhecia aquela voz.

–Pamela?! – Não acreditei no que os meus olhos viram assim que liguei o abajur. Por que ela necessariamente tinha que estar cada dia mais linda?

Quando lhe perguntei o que fazia ali e ela me deu uma resposta não tanto convincente, já que desde o café da manhã a Megan tinha dito que dormiria fora, senti uma necessidade absurda de chegar mais perto dela, de olhar mais fundo em seus olhos. A situação estava no mínimo bizarra, mas eu prefiro acreditar que seria os instintos de um apaixonado reprimido. Ela acabou batendo o pé numa cadeira e involuntariamente eu já me aproximei mais depressa. Por mais boba que fosse a pancada, era independente de mim, eu já corria para querer lhe “proteger”.

Ela negou que tivesse sigo algo demais e disse que me deixaria dormir. Como se depois de sentir seu cheiro, aquilo fosse possível... eu me vi atraído por ela, como um imã! A mágoa ainda estava lá, mas a saudade era mais forte. Ela usava um vestido meio decotado e eu jurava que eu ia acabar fazendo uma besteira. Falou que me deixaria dormir, mas do canto não saiu. Ela mantinha os olhos baixos e vez ou outra olhava nos meus olhos.

–Está mesmo tudo bem? – Perguntei manso, arqueando as sobrancelhas.

–Yeah... não precisa se preocupar. – Estávamos a apenas alguns centímetros de distância. Ela mordeu o canto da boca e tentava desviar o olhar e aquilo me parecia uma provocação... como eu queria beijar aquela boca...

Cheguei mais perto e sentia um calor intenso emanar de seu corpo, enquanto percebia sua respiração descompassar. Eu ainda fazia aquilo com ela! – Fiquei feliz. – Meus olhos oscilavam entre seus lábios e seus olhos. Eu tinha que lhe beijar! Se não o fizesse, cairia duro naquele chão repleto de lençóis e almofadas.

–Eu... eu preciso ir dormir... boa noite, Herval, e desculpe ter te acordado. – Eu tinha conseguido aproximar minha boca da sua, mas ela se despediu. Ah como era difícil uma reaproximação! Se virou imediatamente, creio eu fugindo da faísca que até ela sentia queimar dentro de si, e foi embora rapidamente.

–Boa... – A porta se fechou. – Noite, Pam... – Sussurrei, sabendo que não ouviria. E então eu caí “duro” naquele chão repleto de lençóis e almofadas. Se dormi? Pergunte a minha imaginação fértil que passou bons minutos imaginando o que teria acontecido se ela não tivesse sido forte e ido embora. Senti alguma coisa tomar conta de mim e quando me dei conta, já estava na porta do nosso quarto, com a mão na maçaneta.


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Notas finais do capítulo

Continua...
O que acham que ele vai fazer?



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