Nightmare escrita por AlicePond


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oneshot, AU, Destiel



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Você acorda tão zonzo que nem ao menos sabe onde está. Olha para a esquerda, ainda fora da realidade, e, estranhamente, não há ninguém ao seu lado. E, de repente, a memória inunda sua mente como o oceano num barco durante a tempestade: ele está morto, Dean Winchester.

Você ri. Ri ao pensar no quanto você o amava. Ri ao se lembrar do sorriso infantil e inocente estampado no seu rosto. Ele era tão doce e via em você o que ninguém jamais conseguiu ver. Nem seu pai, nem sua mãe - claro, mortos também. E o riso se enfraquece até desaparecer no ar. Nem o Sam.

O Sam. Você tenta se lembrar da última vez que o viu, mas, na sua mente, realidade e ficção se misturam de uma forma que você não consegue mais distinguir. Ele estava caçando um vampiro ao seu lado? Ou era um espírito vingativo? Ou você apenas o viu jantando com Jessica e os meninos através da janela do restaurante?

Há dias em que você está bem e se lembra de tudo. Há outros em que você se tranca no seu mundo individual, no qual Sammy é um herói e Cas é um anjo do Senhor. E essa pode ser a única verdade que os seus dois mundos compartilham: seu doce Castiel como um inocente anjo.

Você nunca foi muito do tipo que rezava. Nem mesmo tem certeza se existe um Deus. Se existe, por que justamente Cas, merda? Talvez tenha sido por isso que seu assassinato o jogou tão fundo na bebida e fez surgirem essas alucinações: o medo de que a única pessoa a quem você foi capaz de se entregar tão intensamente simplesmente não exista mais.
Mas seriam mesmo alucinações? Ou a realidade é aquela e você está apenas tendo um pesadelo agora? Talvez tenha sido um Jinn e Sam e Cas estão procurando por você no mundo real enquanto você morre lentamente... Por um momento, você deseja que sim. Você prefere enfrentar mil demônios a ver Castiel morto... Não seja tolo. Ele não vai voltar. Não importa quantos mundos de fantasia você crie. O amor da sua vida está enterrado num cemitério, do outro lado da cidade, perto da sua mãe e do seu pai.

E não, Dean Winchester. Ela não morreu pelas mãos de um demônio. Foi um simples incêndio na sua antiga casa. Um acidente, você se lembra? Uma vela, a cortina... Você era tão jovem. E seu pai? Não morreu ao vender a alma após buscar vingança por tantos anos. Não havia nada a ser vingado. Um ataque cardíaco. As coisas apenas acontecem, é ridiculamente inevitável.

E Sam... Ele não se importa, de fato, com você. Uma vez por semana vem visitá-lo, conversa com o homem que contratou para cuidar bem de você, o Bobby, sobre como você vai indo... E então volta para sua família e para sua vida perfeita. Sua esposa, seus filhos, seu escritório de advocacia...
E o mais triste é que ele está tão certo... Você merece cada segundo dessa solidão. Você é um fardo "de sangue" para ele e ele tem pena de você. E apenas pena. Sem respeito, sem amor. Só um compromisso que impôs a si mesmo ao ver que não lhe restou ninguém.

E quem pode culpá-lo? Você nunca foi um irmão para Sam. Nunca esteve lá quando ele precisou, passava por cima dele como se ele não existisse... Vocês sempre foram tão diferentes, óleo e água. Nunca houve nada em comum para aproximá-los. Você, bem lá no fundo, culpava-o pela morte dela. Ele era só um bebê, mas Mary esqueceu a vela sob a cortina somente porque ele estava chorando. Sam não tinha culpa, seu idiota. E só nos seus sonhos ele ficaria preso ao irmão problemático, deixaria de viver a própria vida por você, um alguém inútil e doente que nunca sequer mostrou nada por ele além de frieza...

Qual é o seu problema, Dean Winchester? Não pode apenas aceitar que você está sozinho? Que Sam não o ama? Que Castiel foi brutalmente espancado até a morte por sua culpa? Sair desse mundo dos sonhos? Deixar a Matrix?
Cas era um homem. Apenas um homem. E você também é. Talvez se você nunca o houvesse conhecido, ele nunca teria sido perseguido pelos neonazistas homofóbicos naquela noite de sexta-feira. A culpa é sua. É toda sua. Você sabe. Esconder-se num mundo de fantasias não vai tirá-la das suas costas.

Nesse mundo, Cass o protege. Protege-o como você não foi capaz de protegê-lo na realidade. Mas ele ainda o amou. E, lá, você sabe tão bem como lidar com Sammy... Lá você está com ele em cada momento em que ele precisa de você. E ele o ama como um irmão deve amar.

Quem se importa com os demônios e espíritos se você tem tudo isso? Tanto amor não merecido... Você se levanta e procura pela garrafa de whisky que roubou na noite anterior e escondeu para que Bobby não visse. Ela ainda está lá, dentro do sobretudo de Castiel. Você sente tanto a falta dele. Sam até tentou fazer com que você fosse para uma clínica, mas você apenas não pôde deixar esta casa.

É tudo o que restou dele. E, Deus, você sente tanto a falta dele.

Você começa a beber. O relógio marca nove e meia. Você pega a foto na cabeceira da cama e deita novamente. Ele está abraçando você e rindo um riso tão sincero, seus lindos olhos azuis brilham como os olhos de um anjo. Você, com o braço em torno dele, só esboça um discreto sorriso torto, mas a felicidade está estampada no seu olhar. Felicidade verdadeira. E, então, você chora. Chora e, enquanto vira a garrafa, ora para que ele apareça...

E, de repente, lá está ele, em pé, ao seu lado, vestindo o sobretudo que você o deu há tanto tempo...

"Você me chamou, Dean? Do que você precisa?"

"De você, Cas. Sam encontrou um novo caso...", você diz, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e, se gostaram, comentem, por favor, é muito importante para o autor... ^^