E Se fosse verdade? 2 escrita por PerseuJackson


Capítulo 44
Lar doce Lar




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Não sei muito bem quanto tempo durou a nossa viagem nas costas dos pégasos, por que eu, estando já cansado ao extremo e exausto, simplesmente adormeci. O que foi algo impressionante, por que eu jamais iria dormir nas costas de um cavalo que estava a centenas de metros do chão, visto que tenho medo de altura. E durante o meu sono, tive um sonho.

Não consigo me lembrar muito bem, mas sei que eu ouvia a Máscara falando comigo, dizendo que ela foi feita para mim, e eu devia usá-la. Dizia também que eu não iria conseguir se livrar dela tão fácil, caso eu tivesse essa ideia. Após isso, tentava fazer com que eu aceitasse a ideia de usa-la só quando aparecesse algum problema muito grande. Eu não conseguia falar no sonho. E ainda bem, por que se eu falasse, iria xingá-la de todos os nomes possíveis.

O sonho se dissolveu, e eu acordei com o meu Pégaso falando comigo:

Ei, senhor, estamos quase chegando.

— Huumm... — resmunguei. Me senti um pouco importante quando ele me chamou de senhor. — Okay.

Cocei os olhos e me sentei nas costas do cavalo. Quando olhei para baixo, meu coração quase que saia.

— Meus deuses! — gritei.

A cidade de Nova Yorque passava abaixo de nós a uma velocidade incrível. Prédios e mais prédios pareciam bem pequenos vistos de cima, inclusive as pessoas, que pareciam pequenos insetos passeando por entre as construções. O céu estava clareando á medida que o sol saía do horizonte. Era uma visão linda. Olhei para frente, e vi o Empire State. Mas a coisa mais inacreditável do mundo estava por vir.

— Só pode ser... mentira. — sussurrei, abobalhado com o que estava vendo.

Acima do prédio, o pico de uma montanha enorme se assomava. Parecia um gigantesco asteroide. Acima desta montanha, consegui observar um grande palácio dourado. E na base dela, várias outras casas e construções lindas que brilhavam ao amanhecer. Uma estrada dava voltas e voltas pela a montanha, até chegar ao pico, que era onde estava o grande palácio.

— Uau! — exclamava os meus amigos.

— O que é aquilo? — perguntou Igor, com os olhos fixos na montanha.

— Aquilo... é o Monte Olimpo. — suspirou Annabeth, que voava ao meu lado. — E é lindo. Tantas construções maravilhosas. A arquitetura do lugar é...

— Impressionante. — completou Kayro.

— Pois é. — concordou Percy. — O lar dos deuses. Onde eles nos observam dia e noite, e tentam fazer com que as nossas vidas sejam mais infelizes, mais curtas, mais...

— Percy! — interrompeu Annabeth. — Quer ser arremessado pelos ares?

— Okay, estava apenas brincando.

Infelizmente, tivemos que deixar de apreciar o Monte Olimpo. E depois de alguns minutos a mais voando, finalmente vimos o acampamento. Meu coração tremeu de emoção ao vê-lo.

— Enfim, chegamos. — suspirou Grover. — Estou louco para descer e encontrar Júniper.

Não entendi o que ele quis dizer, mas concordei. Os pégasos sobrevoaram a Casa Grande, os chalés, e desceram em espiral, nos deixando no litoral, perto da praia. Alguns campistas que acordavam cedo nos viram, e correram em nossa direção.

Desci do cavalo, assim como o restante dos meus amigos.

— Terra firme. — Grover se ajoelhou e passou a mão pela a grama e a areia. — Oi, grama. Oi terra. Ah, que maravilha!

Nós sorrimos. Estávamos são e salvos. Era um milagre. Chegamos ao acampamento, ao nosso querido e seguro lar.

— Obrigado, BlackJack, por ter nos trazido até aqui. — agradeceu Percy.

De nada, chefe. Respondeu ele.

— Obrigado, também. — falei ao meu Pégaso. — Hã... qual o seu nome?

Guido. Disse ele.

— Ah, sim. Obrigado, Guido.

De nada, senhor.

Demos tchau a eles, que saíram voando e dando relinchos. Alguns segundos depois, cinco campistas nos cercaram. Reconheci apenas dois deles: Connor e Travis Stoll, os filhos de Hermes.

— Ah, meus deuses! Vocês estão vivos! — exclamou Travis.

— Com certeza. — disse Percy.

— E conseguiram resgatar Grover. — disse Connor, alegremente.

— Hã... e Igor também. — completei.

Nós saímos dali e fomos á procura de Quíron. Connor, Travis, e os outros três não paravam de fazer perguntas a respeito da missão, o que me deixava irritado. Não queria nunca mais lembrar aquela missão. Nunca mais.

— Okay, okay, Connor! — disse Annabeth. — Dá para parar de falar? Onde está Quíron?

— Ainda na Casa Grande. — respondeu ele.

— Certo, obrigada.

Fomos até lá, e no caminho, cumprimentávamos outros campistas e sátiros. Grover viu uma garota, parecida com um elfo, e correu para abraça-la.

— Júniper!

— Grover? — a garota gritou, surpresa. — Pelos deuses, é você mesmo!

Os dois se abraçaram fortemente. Isso me fez lembrar Ashley, o que me deixou totalmente triste.

Entramos na Casa Grande, e vimos Quíron sentado em sua falsa cadeira de rodas jogando pôquer com... o sr. D. Ah, era o que faltava. Mais aborrecimento para mim.

Quando Quíron nos viu, deixou cair às cartas e abriu um sorriso.

— Vejam só. Vocês conseguiram!

— Ah, que legal. — murmurou o sr. D. — Mais interrupções.

Eu decidi ignorá-lo.

Annabeth disse:

— Precisamos falar com você.

— Venham, sentem-se. — pediu ele. — Quero saber de tudo sobre a missão.

Nos sentamos a mesa. Eu não falei nada, mas os outros iam contando cada parte da missão. Igor contou sobre o que passou no Monte Tam. Percy contou sobre o que a gente havia enfrentado durante todo o percurso. E contou também sobre a Máscara. Eu quase o faço calar a boca nessa hora.

— Você é louco? — eu sussurrei para ele. — Por que contou sobre isso?

— Eles precisam saber. — murmurou ele.

— A questão é... — Annabeth elevou a voz. — Já sabemos que não devemos confiar nesse objeto. Ele é muito perigoso.

Quíron me olhou com uma ligeira irritação.

— Por que você não me contou sobre isso antes, Raphael?

Eu gelei.

— Hã... eu não quis por que... se os outros soubessem dela, causaria uma confusão. Eu mesmo fiquei com medo, por isso não falei nada. Ela manipula a nossa mente fazendo com que você queira usa-la sem parar.

— Uma Máscara que liberta o lado obscuro de uma pessoa. — refletiu o sr. D embaralhando as cartas. — Vai ser muito útil para quando eu for deixar algum campista de castigo.

— Ela não vai estar mais aqui. — disse eu. — Vamos jogar fora.

O sr. D olhou para mim com enfado.

— Estraga prazeres.

Eu queria espalhar aquelas cartas idiotas dele, ou fazê-lo engolir uma por uma. Mas Quíron estalou os dedos para chamar nossa atenção.

— Se vocês estão dizendo que essa Máscara é perigosa, então por que ainda estão com ela?

Eu a tirei do meu bolso de trás e mostrei a ele.

— Não vou estar mais com ela. Nem quero.

— Por outro lado — retrucou Kayro. — ela nos ajudou bastante.

Percy bufou:

— É, mas a ajuda não era tão boa assim.

Ficamos em silêncio.

— Bem, mas e ai? — perguntou Igor. — O que vamos fazer com essa Máscara idiota?

Eu pensei.

— Não podemos jogá-la no mar. Algum ser mágico pode pegá-la. Acho que todos os monstros e deuses sabem sobre essa coisa. O melhor que podemos fazer é...

— Enterra-la. — completou Annabeth.

Pensamos sobre o assunto.

— Por mim tudo bem. — Percy deu de ombros.

Nos levantamos das cadeiras e ficamos de pé.

— Fico feliz que tudo deu certo. — disse Quíron. — Vocês obtiveram sucesso na missão.

Nem tanto, pensei, mas não disse isso.

Nos despedimos de Quíron e saímos da Casa Grande.

***

— Ahh! — Percy suspirou, saudoso, e caiu de costas em sua cama, no nosso beliche em nosso chalé. — Lar doce lar.

Eu me sentei numa outra cama e me deitei. Tudo estava em paz agora. Tudo estava resolvido. Cumprimos a missão, salvamos nossos amigos, agora só nos restava jogar aquela Máscara fora. Coloquei-a debaixo do meu travesseiro por enquanto.

Respirei fundo. Meu pensamento viajava para longe, sem rumo.

— Ei. — chamou Percy. — Tudo bem?

Me levantei.

— Sim. Por quê?

— Nada. Só pra saber. Sabe... por que... — ele parecia não saber o que falar. Deu de ombros e resmungou. — você sabe.

— Quer saber se estou bem depois de ver Ashley morrer?

Ele ergueu uma sobrancelha.

— É. Pode ser.

Não sabia o que falar também. Estava muito confuso e cansado. Meus sentimentos estavam bagunçados de uma forma horrível.

— Não estou bem. — admiti. — Claro, perdi uma amiga...

— Amiga? — sorriu Percy.

— Namorada. — corrigi. Nessa hora fiquei muito pesaroso. — Eu... prometi a ela que voltaríamos para cá. E ela acreditou.

— Ei, cara. — disse Percy. — Não faça isso com você. Você deu coragem a ela para lutar. E... — ele ergueu as mãos, impaciente. — Ah, esquece! Nem sei o que falar.

O silêncio permaneceu ali. Percy murmurou:

— Acho que vou tomar banho. Precisamos tomar banho. — ele se levantou e olhou para mim. — Você vem?

Eu queria ficar ali e chorar, mas já estava cansado de parecer fraco e chorão.

Levantei-me e coloquei meu braço no ombro de Percy.

— Vamos, cara.

Enquanto andávamos em direção aos banheiros, um menino e uma menina vieram em nossa direção.

— Raphael. — gritou a menina. — Percy!

Era Dandara. E o garoto que estava atrás dela era Israel.

Consegui dar uma risada.

— Oi! — disse eu, mas Dandara me deu um abraço de urso. — Ai, ai! Okay. Você já deixou bem claro que está malhando.

— Vocês estão bem! — dizia ela, alegremente. — Faz tanto tempo que não conversamos direito.

Israel se aproximou e sorriu:

— E eu pensando que havia me livrado de vocês.

Percy sorriu.

— Nem tão cedo, Pikachu.

Eu morri de rir com essa. Dandara também.

— Pikachu! — gargalhava. — Essa foi boa.

— Mas o que tem haver? — perguntou Israel, sem entender nada.

Percy deu tapinhas em suas costas.

— Nada, cara. Estou só brincando.

Mais campistas vieram até nós. A maioria era Percy quem conhecia. Eles apertavam as mãos e sorriam.

— Olá, pessoal. — eu acenava, timidamente.

Uma garota saiu do meio da multidão de semideuses. Claro, eu nem conhecia. Mas Percy, sim.

— Bruna! E ai.

— Oi, Percy. — ela o abraçou. — E então? Conseguiu não ser morto por monstros?

— Ah, sim. — assentiu ele. — Foi difícil, mas consegui.

— Uma pena. — sorriu ela. — Agora posso tortura-lo até a morte. Posso queimá-lo com fogo negro, ou fazer você descer vivo ao Mundo Inferior. Não vai ser divertido?

Eu fiquei de queixo caído. Aquela menina era bizarra. Percy deu uma risada forçada e disse:

— Sim, muito divertido. Adoro conversar com você, Bruna.

A garota me olhou.

— E quem é esse?

— Raphael, filho de Poseidon também. Meu irmão.

Os olhos dela se iluminaram.

— Oi, prazer conhecê-lo.

— Oi. — apertei a mão dela, que era fria.

— Gostei de você. Que tal ser minha cobaia. Quero saber quanto tempo o fogo negro demora para consumir um corpo.

Eu gelei. Ela era normal?

— Hã... Não obrigado. Me sinto lisonjeado, mas não.

— Hum... que pena. — resmungou ela. — Pois vou indo embora. Vou tentar assustar alguns campistas. — ela se virou, mas antes de ir, disse: — Que as almas os devorem.

E saiu correndo achando graça. Os campistas se olhavam, perplexos.

— Hã... quem é essa garota amigável? — perguntei.

— Bruna, filha de Hades. Chegou aqui faz alguns meses. Bem simpática.

— Sim. — murmurei. — Super simpática.

Demos tchau aos campistas e fomos tomar banho (Separados!).

***

Á noite, como sempre, jantamos no pavilhão refeitório. Pouco a pouco eu ia me acostumando novamente à rotina do acampamento. Quíron falou sobre algumas coisas. Os jogos, as lutas de espadas que ele estava programando, e corrida de bigas. Após isso, voltamos a comer.

Depois do jantar, não aguentei mais. A barriga cheia e o corpo dolorido fizeram com que eu desabasse na cama no chalé. Percy, antes de dormir, perguntou quando nos livraríamos da Máscara.

— Amanhã. — respondi. — Amanhã pensamos sobre isso. Mas agora... — bocejei. — Só quero dormir.

— Okay. Boa noite. — disse Percy.

— Boa.

— Cuidado com o Máskara.

Franzi as sobrancelhas.

— Cuidado com quem?

Ele riu.

— O Máskara. Esse foi o nome que dei para o cabeção. Sei lá, achei bem legal.

Não achava legal ficar dando nome para aquele psicótico verde e assassino, mas concordei.

— É, legal.

— Boa noite.

— Boa noite.

Depois de alguns minutos, afundei em um sono pesado e profundo.


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