E Se fosse verdade? 2 escrita por PerseuJackson


Capítulo 20
Caímos na Propaganda Enganosa


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, o titulo ta meio tosco. desculpem! kkk



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Em meus sonhos, vi uma cena que, com certeza, era do passado.

Eu estava em Nova Jersey, em uma rua arborizada cheia de arvores e bancos. Parecia ser um tipo de praça. Mais para a esquerda, um bosque parecia se estender ao longe. Algumas pessoas estavam sentadas lendo livros, outras conversando. E eu estava me perguntando o que estava fazendo ali, quando olhei para o lado e vi Igor andando em minha direção com a sua mochila preta nas costas. Parecia estar voltando da escola.

O ambiente até que era agradável. Fazia-me relaxar, como se eu não estivesse indo a uma missão e sendo atacado por monstros. Como se eu fosse um mortal comum.

Enfim, Igor aproximava-se de mim, quando uma dúzia de garotos, andando em bicicletas, apareceu atrás dele, saindo de uma esquina.

— Olha lá ele! — gritou um, apontando para Igor.

Só de vê-los, já sabia que se tratava de idiotas que bancavam os valentões. Igor olhou para trás, arquejou, e começou a correr.

— Não adianta fugir. — riam eles, aproximando-se rapidamente.

Igor passou pelos bancos e entrou no bosque, desviando-se de arvores e galhos. Ele ofegava olhando para trás, provavelmente para ver se ainda estava sendo perseguido, quando a sua perna afundou em um buraco, fazendo-o cair e parar bruscamente.

— Ai! — gemeu ele. — Que droga! Era o que faltava.

Com as duas mãos ele se arrastou, tirando a sua perna de dentro. Galhos e centenas de folhas pareciam que cobriam a entrada do buraco antes da perna de Igor ter invadido.

Ele olhou para dentro e franziu o cenho.

— Uma caixa?

E enfiou suas mãos lá. Quando a tirou, estava segurando uma antiga caixa de madeira, parecida com aquelas em que se acha um tesouro valioso. Estava desgastada e suja de terra (óbvio).

Ele tentou abrir, mas murmurou:

— Droga! Está trancada.

Ele a balançou, mas ela não se abriu.

— O que será que tem dentro? — ele deu uma risada. — Talvez algum tesouro valioso. — e continuou mexendo na fechadura. — Que droga! Não dá para abrir de jeito nenhum. Quem sabe isso resolva.

Igor pegou a caixa do chão e a jogou contra uma arvore. Acho que ela já devia estar totalmente frágil e desgastada, por que quando bateu na arvore, fez alguns pedaços de madeira voar. A caixa caiu não chão, abrindo-se.

— HÁ! — comemorou Igor. — Deu certo.

Dentro havia folhas velhas e musgo, e uma coisa feita de madeira com o formato de um rosto humano.

Igor a pegou. Era uma máscara.

— Nossa! — ele a observou. — Só isso? Esse é o prêmio que eu ganho por abrir essa maldita caixa?

De repente, galhos se quebraram ao longe, e sons de passos aproximaram-se.

— Igor. — chamou um garoto. — Apareça. Só quero conversar.

No entanto, Igor colocou seu mais novo presente na mochila e partiu, correndo em disparada.

Um som de buzina me fez acordar. Sentei no sofá atordoado.

— Hã... o que...? Ai, minhas costas. — Meu corpo estava meio dolorido e indisposto, considerando que acabava de passar a noite dormindo em um sofá confortável. Além disso, estava com fome, meus olhos ardiam, e meu pescoço doía. — Ah, deuses. — resmunguei, espreguiçando-me. — dormi em cima de um sofá ou de uma tábua?

Olhei á minha volta. O ambiente dentro da carreta agora estava claro. Pude ver a maioria dos móveis ao nosso redor. Pessoas conversavam do lado de fora. Será que já havíamos chegado?

Vi Percy dormindo sentado, com a cabeça inclinada para trás no sofá, enquanto Annabeth estava deitada em cima de suas pernas. Kayro estava no outro sofá dormindo profundamente com a boca aberta. E Ashley dormia bem do meu lado.

Vê-los assim fez eu me sentir bem e confortável. Não poderia ter amigos melhores do que esses.

Nesse momento, os ferrolhos das portas da carreta se mexeram. Alguém estava abrindo-a. Pensei em acordar todo mundo, mas a porta se abriu em uma pequena brecha. A luz do sol entrou, incomodando meus olhos.

— Ei, garoto. — era a voz do cara que nos deixara ficar aqui atrás. Jorge. Ele sussurrava para mim. — É melhor acordar o resto dos seus amigos.

Saltei do sofá.

— Por quê?

— Ora, por quê? Você acha que o pessoal não vai estranhar cinco crianças dentro de uma carreta carregada de móveis?

— Que pessoal?

— O que descarrega as coisas. Eles vêm daqui a pouco para tirar todos os móveis.

Era só o que faltava. Mais confusão. Andei para perto da Ashley e a sacudi levemente.

— Huumm...

— Ei, precisa acordar. — disse eu.

— Pra que?

Eu expliquei a ela. Ashley levantou-se ainda tonta.

— Que coisa. Não se pode dormir um pouco.

Acordei o restante dos meus amigos. Começava a ouvir as vozes de algumas pessoas perto da porta da carreta.

— Eles não podem falar que deram só uma carona para a gente? — perguntou Percy.

— Isso é provavelmente contra as regras deles. — respondeu Annabeth. Seu cabelo loiro estava assanhado.

— Sim, e então? — disse Kayro. — O que vamos fazer?

A porta se abriu e Jorge colocou a cabeça para dentro.

— Eu vou tentar distrai-los e vocês saem daqui. Vão para bem longe.

— Já que insiste. — murmurei.

— Jack está conversando com eles, tentando deixa-los entretidos. Aproveitem e deem o fora.

— Tudo bem. — disse Annabeth. — Obrigado pela carona.

— Certo. Quando eu der o sinal vocês saem. — ele tirou sua cabeça da porta e colocou seu braço para dentro. Seus dedos formaram o numero um. Depois o dois, e depois o três.

— Agora.

E abriu a porta da carreta completamente.

— E ai rapaziada. — Jorge abraçava três homens de uniformes, carregando eles para longe. — Vamos tomar uma cerveja um dia desses?

— Vai, vai. — sussurrei.

Descemos da carreta cambaleando e arfando por causa do calor e da claridade, e depois andamos rapidamente para longe do veículo. Estávamos em um lugar movimentado, cheio de pessoas trabalhando, carregando caixas, transportando mesas e outros móveis.

— Ei. — disse um homem, apontando para nós. — Vocês saíram de dentro daquela carreta?

— Não. — falou Percy. — Não saímos de nenhuma carreta.

— Eu vi vocês saírem. — insistiu ele. — O que estavam fazendo lá?

Então, sem pensar duas vezes, corremos em disparada para longe.

— Voltem! Delinquentes juvenis. — gritava o homem.

Desviamos de caixas e pessoas trabalhando. Era impressão minha ou estava ficando quente a cada minuto?

— Vamos procurar algum lugar para comer. — pediu Kayro.

— Sim. — concordei.

Saímos em uma avenida com duas pistas. Estava sentindo-me completamente perdido.

— Onde a gente está?

— Sei lá. — respondeu Kayro sabiamente. — Estou mais perdido que o Minotauro dentro do Labirinto de Creta.

— Jorge disse que eles iam descarregar em Ohio. — lembrou Ashley. — Talvez estejamos em Ohio.

— Como se você soubesse de alguma coisa. — murmurou Annabeth em tom baixo.

Ashley a fuzilou com o olhar.

— Estamos em Ohio. — falei. — Ótimo. Vamos procurar uma lanchonete ou sei lá o que... estou morrendo de fome.

Andamos pelas ruas, observando cada edifício e construções. A nossa direita via-se uma lagoa cercada por plantas que boiavam na água. A lagoa seguia quilômetros à frente. Ao longe, uma ponte enorme atravessava a lagoa. E do nosso lado esquerdo, tudo o que víamos eram hotéis, prédios e mais prédios. Alguns eram lindos de se ver. Casas com cores variadas chamavam a nossa atenção. Escolas, Universidades, Igrejas, tudo.

— É lindo. — suspirou Annabeth. — A arquitetura daqui é impressionante. Olhem só esses prédios enormes.

— É, estamos vendo. — falei, sem animação. — Muito lindo.

Andamos por cerca de mais ou menos meia-hora, até nos depararmos com um armazém em um local distante. Não era tão atrativo. Havia chaminés em cima dele, arame farpado e um telhado feito de metal. A cor era meio apagada, mas em cima, no meio da construção, havia algo escrito.

Aproximei-me para ler:

BOVINA GRÁVIDA AQUI!

O quê? — eu ri. — Eles vendem Bovina Grávida?

Kayro gargalhou.

— Bovina Grávida!

— É o que está escrito ali.

Percy contraiu os olhos e disse:

— Pra mim está escrito: QUER GRITOS COMIDOS?

Kayro ria sem parar.

— Gritos comidos! Hahaha!

Annabeth olhou para ele.

— O que está escrito então?

Ele se endireitou, ainda rindo, e disse:

— Está escrito: COMIDA GRÁTIS AQUI!

Eu fiquei meio constrangido.

— Foi mal, mas eu tenho dislexia. Não sei ler muito bem.

— Percebi.

Percy virou-se para encará-lo.

— Você não é disléxico?

— Eu? Claro que não. Nem todos os semideuses são assim, graças aos deuses.

— Bem, e então, vamos entrar? — quis saber Ashley. — Já que tem comida grátis...

Meu estômago roncou. E de repente senti um mau cheiro vindo de mim. Era vergonhoso, mas eu estava fedendo óbvio. Havíamos tomado banho na casa do sr. Richard, mas não havíamos trocado de roupa.

A fome falou mais alto, então disse:

— Vamos ver se é verdade.

E entramos no armazém.

Lá dentro era grande, comprido e espaçoso. Caixas estavam empilhadas em um canto a parte. Pacotes de arroz, feijão e outras coisas estavam em estantes de aço. Não era um local organizado, mas se ali vendiam comida grátis...

— O que estamos fazendo mesmo? — quis saber Annabeth. — Estamos entrando em um lugar estranho só por causa do que estava escrito?

Olhei para ela.

— Precisamos comer.

— Podemos comer em outro lugar. — replicou ela.

Então uma voz feminina, vinda de dentro do armazém, ecoou:

— Olá! Estão procurando algo?

Nos viramos em direção a ela.

— Hã... Olá? — disse Percy.

Uma forma escura ao longe entrou em nosso campo de visão, e depois se aproximou. Uma mulher vestindo uma blusa xadrez e calça jeans nos encarou, sorrindo afetuosamente. Seus cabelos eram grisalhos e curtos. A pele era enrugada na região dos olhos, que eram pretos e um pouco intimidadores. E o fato mais estranho era que o seu olho esquerdo ficava tremendo, como se estivesse com um tique nervoso.

— O que estão procurando? — perguntou ela.

Olhei para meus amigos sem saber o que falar. Por que eu estava sentindo uma sensação inquietante quanto aquela mulher?

— Ah... — Ashley começou. — Estava escrito lá fora que aqui havia Bovina grátis... hã, digo... comida grátis. É verdade?

— Claro que sim. — respondeu ela. Seu olho tremeu. — Venham mais para dentro. Podemos servir um almoço para vocês.

— Obrigado. — murmurei.

A mulher entrou e nós a seguimos.

Annabeth sussurrou:

— Essa mulher está me dando nos nervos.

— Você também está sentindo isso? — perguntei a ela.

— Por quê? Você está sentindo?

Assenti.

— Então não é uma coincidência.

— Ora, vamos. — resmungou Kayro. — Vocês estão tão traumatizados com monstros que pensam que qualquer humano que veem pode ser um.

Annabeth deu uma risada, zombando.

— Você não entende mesmo.

Mais continuávamos a andar. O espaço ficou ainda maior. O teto ficou mais alto. Pedaços de metal estavam empalhados no chão. A luz do sol não conseguia penetrar muito bem no telhado de metal, então o local escureceu um pouco.

— Onde está a mulher? — perguntou Percy.

Era verdade. A mulher que nos guiara não estava mais em nenhum lugar.

— Moça? — chamei.

Nenhuma resposta.

— Deuses, meus instintos dizem: Corra! — murmurou Annabeth, ansiosa.

Eu concordei com ela. Algo não estava certo. Senti que estava sendo observado.

— Bem, galera — disse eu. — Não a achamos. Então vamos embora.

— Ei, espere. — Ashley me parou. — Vamos ver onde ela está.

— Não, não vamos. — retrucou Annabeth. — Raphael está certo, vamos embora.

— Não seja medrosa, Chase. — resmungou Ashley. — Se está com medo de algo, vá embora sozinha.

— Calma, calma. — pediu Percy. — Muita calma nessa hora.

Nesse momento, a voz da mulher veio ecoando ao longe, num grito:

— Socorro! Me ajudem!

Todos nós nos calamos.

— Vocês ouviram? — perguntou Percy.

— Sim. — disse Kayro. — Era a voz da...

Socorro! — gritou a mulher mais uma vez. — Me ajudem!

Andamos pelo o armazém, seguindo o som da voz.

— Onde você está? — gritei.

— Aqui! — exclamou. — Ahhh, socorro!

— Ela deve estar em perigo! — disse Percy.

— Jura? — murmurou Kayro.

Juntos, corremos adentrando mais ainda o local.

— Senhora! — chamou Annabeth. — Onde está?

— Aquiiii! Ah, meu Deus!

— Vamos nos separar. — disse Ashley. — Cada um vai para um lado e tenta acha-la.

— O quê? Não! — contrariou Annabeth. — Devemos ficar juntos.

Os gritos ecoaram.

Percy olhou para ela.

— Annabeth, ela pode estar em sério perigo. Vamos nos separar. Vem comigo?

Ela revirou os olhos, indignada.

— Ah, está bem!

E os dois saíram correndo. Olhei para Kayro e Ashley.

— Vão! Eu vou sozinho.

— O quê? — exclamou Ashley.

— Eu encontro vocês. Vou acha-la. — comecei a correr. — Vão!

Corri, dobrando uma coluna de caixas e seguindo os gritos da mulher. Procurei e procurei, mas não achei. Corri mais uma vez, chamando a mulher, mas ela não respondia.

Minutos se passaram.

Parei, ofegando e enxugando o suor.

— Cadê essa mulher? — murmurei.

Andei mais alguns passos e de repente parei abruptamente. No centro do armazém, havia um caldeirão grande, com alguma coisa fervendo dentro dele. Correntes balançavam acima dele, presas a uma viga de ferro.

— Que droga é essa? — praguejei.

Foi quando ouvi o grito de Ashley. Meu coração congelou. Tirei meu mini celular do bolso e puxei a antena, mas quando fui correr para ajuda-la, outro grito ecoou pelo o local. O grito de Percy. Corri seguindo o som, mas após isso veio o grito de Annabeth, e depois o de Kayro.

— O que é isso? — gritei.

Girei ao redor de mim mesmo, sentindo-me bastante confuso, quando de repente... o som da minha voz gritando e pedindo por ajuda ecoou. Aquilo me fez ficar arrepiado. O que estava acontecendo? Eu tinha ouvido perfeitamente o som da minha voz gritando.

— Percy! — chamei-o. Quando ouvi a voz dele atrás de mim.

— Estou aqui.

Mas assim que me virei, vi que não era o Percy. Estava olhando para um ser com dois metros de altura, braços musculosos, pernas fortes, e uma cara assustadora com um nariz esmagado. Um sorriso perverso e os olhos... não, olho. Um único olho no meio da testa, que olhava para mim.

— Que bom que está aqui. — falou o ciclope na voz de Percy. Depois falou com a sua voz normal. — Obrigado por comparecer ao nosso jantar. Pena que você é a refeição. Hehehe.


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