Estava tão atrasado que no mínimo seu chefe lhe demitiria quando chegasse no trabalho. Já era a quarta vez que isso acontecia.

Estava tão cheio aquele metrô. Por que diabos tinha que ser assim? Por que diabos tinham que existir tantas pessoas naquela cidade!? Por que, por que e por que!?

Descia as escadas apressado camuflando-se naquele mar de gente, todas vestidas do mesmo jeito: terno e gravata. Talvez ele seja o único destacado graças a o seu cabelo loiro um pouco chamativo e suas bochechas com aquelas marcas de nascença que tanto lhe incomodava.

Chegou na plataforma e ficou ali, esperando o metrô que já sabia que vinha lotado, chegar. Dois minutos se passaram finalmente se escuta o barulho dos trilhos anunciando a chegada, juntamente com o vento que acompanhava o grande meio de transporte. E quando abre-se as portas, nem precisou fazer esforço para mexer as pernas, as pessoas o levavam.

Ahh, era tão cansativo aquela rotina, odiava as segundas feiras. Na verdade odiava a semana inteira, com exceção da sexta á noite. 

O metrô começa a andar, e sabia ele que depois de alguns minutinhos já estaria em seu destino. Segurava sua maleta com alguns documentos que pesavam um pouco, enquanto o outro braço segurava no corrimão para não cair. Mantinha a cabeça fixa na janela, pois era ali onde achava algum tipo de distração.

—Err... Quer que eu segure?

Mas algo lhe chama a atenção. O loiro abaixa a cabeça para encarar a voz que o chamara. Uma moça... Uma moça de cabelos curtos, lisos até a altura do ombro, se não for um pouco maior. Aqueles cabelos rosas, no mínimo talvez sejam tingidos... Usava óculos... Eram bonitinhos. Tinha cara de ser leitora, uma típica amante de livros, talvez. Olhos verdes chamativos...

—Quer que eu segure? –Falou de novo, o tirando do transe.

—H-hn, sim... Sim...

Entregou a maleta para ela.

O metrô continuou seu percurso, e ele continuava encarando-a disfarçadamente.

A tal moça parecia ser diferente das outras mulheres que estavam por perto, sendo sua roupa diferente dos padrões formais e sem graça. Seu cabelo levemente despenteado, ao contrário das outras que estavam com um coque. Tudo nela era diferente.

Talvez deveria perguntar seu nome. Talvez tome coragem.

Mas coragem do que? Por que diabos estava com medo?

A moça estava sentada prestando a atenção em seu livro, ou pelo menos tentava. De vez em quando olhava para cima, encarando-o por cima da armação dos óculos.

Aqueles cabelos loiros, no mínimo era tingido. Seus lhos eram tão bonitos; pensava.

—E-eu desço aqui -Disse ele, chamando sua atenção.

—A-ah, sim... –Ela entregou a maleta.

Ele foi andando em direção a porta contragosto, amaldiçoando internamente por ter dito a coisa errada. Não era “Eu desço aqui”, era para dizer “Qual o seu nome”.

Quando saiu do metrô segurando sua maleta, o loiro dá uma rápida olhada para trás, e em questão de segundos, ela olhava para ele e ele olhava para ela. Uma rápida troca de olhares, que durou pouco.

Foram interrompidos pelas portas automáticas que se fecharam e cortaram o momento dos dois. 

Talvez ele nunca a veja de novo.

Talvez os dois se reencontrem no metrô, mas seria difícil demais tal coincidência. É melhor descartar tal possibilidade.

Mas, para uma segunda-feira, até que começou bem.

—Ahh, droga! 

Pensou cedo de mais. Desceu na estação errada.