01 de setembro de 2004

- Bom dia, alunos. - saudou a professora magricela de ciências. Loira, olhos verdes e nova. Nova mesmo, com certeza, seria a professora mais nova ali. - Bem vindos ao 6º ano.

Para Katniss Everdeen, aquela aula de ciências, a primeira daquela nova classe. Ela era ótima em ciências, amava a natureza e agradecia ao seu pai, que a ensinará a gostar tanto dela. Era pálida, magra, com olhos cinzentos tempestade e cabelos morenos unidos numa só trança, enquanto sua franja caia por seu rosto.

- Bom, nada melhor do começar esse belo ano com o que vocês mais gostam de fazer. Podem se juntar em duplas e abrir o livro na página 32.

Acontecia que Katniss ficaria sozinha, pelo menos, por ela sim. Assistiu a arrastação de cadeiras e carteiras por toda a sala. Abaixou a cabeça e assistiu aos pássaros pela janela. Seria tranquilamente, se uma mão não cutucasse seu ombro.

Um garoto grande, loiros e de olhos azuis límpidos como o céu, a encarava timidamente com as mãos coçando a nuca. Pelo ponto de vista de Katniss, ele era bonito e não fazia sentido ele estar ao lado de alguém como ela.

- Olá... - disse o garoto. - Pelo visto, sobraram só nós dois. - os olhos dela passaram por toda sala e viu todos os colegas já em dupla. - Posso sentar com você?

Katniss assentiu em uma pequena fase de negação e suspirou quando ele colou sua carteira a sua. Tirou de sua mochila azul, o livro de ciências abrindo na página pedida. Não trocaram uma palavra.

No meio da explicação entediante da professora, o loiro se virou pra ela e a fitou. Incomodada pelo olhar, Katniss o olhou também. E o azul se mesclou com o cinza.

O loiro suspirou.

- Sou Peeta Mellark.

Katniss assentiu tímida.

- Não vai me responder? - perguntou ele.

- Não.

Peeta sorriu vitorioso sobre o "não" dela.

- Sou Katniss Everdeen.

- Catnip?

- Não, Katniss. - respondeu a menina.

- Ah, me desculpe. - ele pediu.

- Tudo bem.

E daquela conversa, surgiu outras conversas, e outras conversas e muitas outras conversas. Já no final daquele ano, Peeta e Katniss eram melhores amigos, não se desgrudavam um do outro, e eram uma dupla que dava o que falar.

28 de maio de 2007

Já tinham três anos em que se conheceram. Eram agora, adolescentes. Tinham 14 anos de idade, Peeta e Katniss namoravam agora. As férias se aproximavam, e os dois estavam deitados no jardim da casa dela, observando as estrelas. Ela estava aconchegada ao calor dos braços do namorado, e o queixo dele, estava apoiado na cabeça dela,

- Onde vai passar as férias? - perguntou ele.

- Não sei, Peet. E você?

- Acho acho que no Caribe.

Katniss deu um tapa de leve no braço dele.

- Não precisa se exibir! - ela brincou, fingindo estar chateada.

- Mas não estou!

Os dois riram.

- Como nossos filhos vão se chamar? - perguntou Peeta, com um olhar profundo.

Katniss se surpreendeu com a pergunta, mas sorriu.

- O que você acha que vão ser? - perguntou Katniss novamente.

- Hmmmm... Dois garotos e uma garota.

- Tenha pena da nossa filha, querida.

Peeta riu: - Acho assim melhor, mas vou pensar. Já sei, dois garotas e duas garotas.

- Eu devo ter um grande útero e você um grande pênis de ouro. - ela comentou irônica.

Peeta gargalhou com o comentário.

- Acho que vai ser a primeira opção mesmo, querida. - respondeu.

- Você escolhe o nome da garota, e eu escolho o dos garotos.

- Tudo bem. - Peeta disse, já pensando. - A nossa garotinha poderia se chamar Elena.

- Lindo nome, Elena wins. - Katniss concordou, pensando no nome dos garotos. - O garoto mais velho poderia se chamar James e o mais novo poderia ser o George.

- Então tá! James, George e Elena, nossos filhos. - ele apertou ainda mais seu abraço sobre ela, e ela ergueu o rosto para trocarem um beijo.

Ficaram alguns segundos parados pensando.

- Peet, as vezes eu acho que estamos meio novos pra pensar no que a gente pensa. - ela comentou.

- O que a gente pensa, Katniss? - ele perguntou sério.

- No futuro, Peeta. Na palavra "sempre". Podemos estar falando disso hoje, mas amanhã você poderia estar casado com Miley Cyrus de Hannah Montana, e eu com Ian Somerhalder.

- Quem é Ian Somerhalder?

- O Paul, daquele filme Regras da Atração.

Peeta assentiu e permaneceu sério, por fim, acabou se sentando na grama e olhando no fundo dos olhos de Katniss.

- Mas acontece, Katniss, que quem diz isso não nós conhece. Eles não sabem do que nós fazemos a noite, ou dos nossos "eu te amo". Isso é a real querida, eles não nos conhecem. Devem estar apenas com inveja. - ele disse se aproximando dela e lhe dando um beijo na testa. - Tenha um tempo pra pensar.

Ele se levantou e dirigiu-se a casa, deixando a namorada pensativa na grama.

31 de julho de 2010

Peeta e Katniss ainda permaneciam juntos depois daqueles quatro anos de namoro. A situação estava saindo do controle. Quem via antes, pensava que eles não deveriam estar juntos, pois eram novos demais pra pensar no "sempre", mas a cada ano que ia e vinha, isso se tornava mais real. É claro que muita gente ainda falava que eles não deveriam estar um com o outro, mas a intensidade do que se dizia vinha diminuindo ao longo dos últimos anos.

Agora eram 17 anos, eles tinham 17 anos. Tinham sete anos que se conhecia, um longo relacionamento. Naquele dia 31, ocorria um grande churrasco na casa dos Everdeen, com a presença da família Mellark, com alguns vizinhos e amigos mais próximos.

Já era de noite, mas o fogo da churrasqueira e as luzes do quintal mantinham o lugar aceso. As pessoas faziam piadas e cantavam, algumas músicas embaraçadas, por conta da bebedeira.

Ele sentava num banco, com Katniss em uma de suas pernas. Ela se levantou pra pegar mais um copo de refrigerante, e ele aproveitou. Virou a garrafa de Corona Extra pela garganta, e suspirou, tomando coragem. Pediu que a namorada ficasse no lugar que estava.

- Pessoal? - chamou batendo palmas. - Aqui por favor!

Depois de alguns segundos, todos os olhos se voltavam pra ele.

- Obrigado. - ele agradeceu sorrindo. - Bom... hoje é um dia considerado comum, mas pra mim veio a ser um dia muito especial. Eu conheço essa garota, Katniss Everdeen, há praticamente sete anos, quando fizemos uma dupla na aula de Ciências. E desde então nossa relação só vem crescido. - ele se aproximou dela. - Quatro anos de namoro, quatro anos de uma prova de amor. Hoje posso chama-lá de minha namorada. Passamos e ainda encaramos o fato de que somos jovem demais pra pensar na palavra futuro, mas nós acreditamos em nós, e sabemos que isso vai ser eterno. E cara, esse é o problema: nós somos tão jovens. Eu e ela somos tão jovens pra entender o que queremos na vida, somos tão jovens pra passar pelos problemas que passamos até agora, somos tão jovens pra escolher o nome dos nossos filhos, somos tão jovens para ter planejado o futuro. E Katniss, nós somos tão jovens, tão jovens, eu sei disso, mas me permita fazer com que nossos planejamentos tão jovens se tornem reais. - Peeta se ajoelhou diante dela, conseguindo ver sua reação estupefata e lágrimas brotando de seus olhos. - Katniss Perrie Everdeen, você aceita se casar comigo?

Por fim, ele estendeu uma caixa de veludo azul-escuro e a abriu, revelando um lindo anel de ouro com pequenas pedrinhas de diamante no meio. Ela sorriu, limpando as lágrimas.

- Sim, Peeta Edward Mellark. Eu aceito me casar com você.

23 de outubro de 2014, tempos atuais

Katniss

Annie e Madge, minhas melhores amigas e damas de honra, ajeitavam o véu em minha cabeça. Sim, 21 anos de idade e aqui estou eu, segundos antes do meu casamento. Foram 10 anos junto com ele, e aquela história de "são jovens demais pra pensar um sempre" "Não deveriam estar juntos" acabou. O meu desejo e o de Peeta se tornou real, e o antigo blá blá blá de sempre se tornou uma mentira podre.

Peeta e eu sempre lutamos juntos por nosso amor. Esperamos a vida toda pra nos apaixonar, e encontrar um amor assim, tão certo. E de repente, um flashback de toda nossa história passou pelos meus olhos. Uma vez crianças de 11 anos, uma vez adolescentes de 14 anos, uma vez noivos de 17 anos e agora, casados de 21 anos. Eu sorri com nossa história, e sequei antes que acabasse com a maquiagem.

As minhas duas amigas, se posicionaram em minha frente, com sorrisos postos. A marcha nupcial começou a tocar e eu suspirei, minha hora era agora. As grandes portas de madeira da igreja se abriram, e os convidados sentados, logo se levantaram com lindos sorrisos nos rostos. Entrei, evitando o olhar de Peeta no inicio, e sorri para as pessoas que sorriam pra mim. Quando cheguei na metade do tapete, olhei pra Peeta. Ele exibia seu sorriso mais esplêndido que eu vi nesses 10 anos com ele. Devolvi o sorriso, com os olhados já molhados.

Meu pai ao meu lado, me entregou para meu noivo com aquele olhar "Cuide bem da minha filha." "Pode deixar, sogrão." Subimos juntos no altar e o padre começou a falar.

- Esse foi o momento mais esperado do nosso sempre. - Peeta falou baixinho, com um sorriso nos lábios.

- Igualmente, querido. - respondi.

- Agora eu posso gritar pro mundo todo que você é minha.

O padre disse mais algumas palavras e eu encarei Peeta mais que sorridente.

- Eu te amo, Katniss.

- Eu também te amo, Peeta.

Ninguém pode controlar o destino. Ninguém pode controlar o que você quer para seu futuro, deixe acontecer. Se está escrito, é por que sempre foi pra acontecer. Ninguém pode dizer pra você, se você é jovem demais pra pensar nas coisas, o destino é seu, o futuro é seu, ele está sobre seu controle. Deixe acontecer. Eles não sabem o que dizem.

- E em nome de Deus, eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.