Na Insanidade Eu Conheci o Meu Amor escrita por Lilith


Capítulo 1
Breve História


Notas iniciais do capítulo

Hey, leitores. O que tenho a dizer sobre esta história: Um romance pouco provável e... Originário da minha imaginação que, às vezes, é assustadoramente fértil.



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Eu fui um fracassado solitário... Um ser marginal no mundo... Aquele que foi negado como humano e renegado como ghoul.

Um eterno meio-termo...

Um não merecedor da felicidade... A entrelinha mal apagada da história barata.

Eu fui como ele foi... Fui como Suzuya.

Ele, o investigador... Eu, o investigado.

Dois lados da mesma moeda...

Dois apaixonados... Dois condenados a um amor único...

O amor resgatador.

Ah, meu eterno maluquinho!

Nossa história não podia começar em momento mais confuso... Momento mais decisivo.

Contarei brevemente.

Muito antes de me tornar um... Meio-ghoul (?), eu vivia só em meu apartamento. Tinha uma vida simples, tímida e, ridiculamente, altruísta. Ia à faculdade... Tinha a companhia diária de Hide e dos meus livros preferidos. Até aquele dia... O dia que conheci Rize-san.

A vida e suas pegadinhas... O destino reserva coisas boas e ruins. Mas após minha transformação, ah... Após ser vítima de canibalismo e ser cruelmente torturado por Jason... Meu estado emocional e psíquico se transformou. Rize me fez abrir os olhos para o mundo real, abri-los para o egoísmo corrosivo da humanidade. Um novo eu nasceu. Um “eu” consciente de que o seu destino só lhe havia reservado coisas ruins: dor e destruição.

Não muito diferente de Rei-chan...

Suzuya, no passado, era tratado como um animal... Fora torturado e abusado várias vezes de formas inimagináveis... Usado como um objeto e aprisionado. Seu estado mental se desintegrou, ele adotou o que chamam de insanidade. Passou a agir sem medir consequências.

Nossos conflitos de motivos diferentes, mas de conclusões quase idênticas, nos uniu.

Encontramo-nos naquela noite de guerra... Eu já havia acabado com Jason. Suzuya já havia eliminado dezenas de ghouls. Ele partia euforicamente para o centro, a sala a qual eu estava. Ao nos encontrarmos entramos de imediato em conflito, na verdade, ele entrou de imediato em conflito, pois quando pus os olhos nele nem sequer dei-me ao trabalho de me mover, apenas lhe lancei um olhar de desdém. Ele era tão pequeno e infantil... E eu tinha certeza de que já o havia visto antes... Só após quase ter sido atingido por um tiro que me dei conta: ele era o menino que havia me roubado a carteira.

Passei a lhe analisar entre cada golpe que eu desviava. Ele lutava como se fosse uma brincadeira altamente divertida. Seus olhos cintilavam a cada golpe. Um sorriso medonho desenhava-se quando sua faca passava roçando em minha pele. Seu rosto delicado esbanjava perversidade.

Nós lutamos durante toda a noite. Como cão e gato. Ele era brincalhão, agitado e imprevisível. Eu era forte, rápido e tinha o rancor recente a meu favor. Mas uma hora... Uma hora paramos e apenas nos encaramos com seriedade. A conclusão era que nossas forças eram iguais, mesmo depois dele usar sua quinque e eu o meu kagune. Permanecíamos empatados.

Aquela foi a primeira de muitas lutas. Nossa paixão era a nossa rivalidade. Os dois procurando diversão. Joguinhos insanos e mortais. Queríamos extravasar a revolta dolorosa que sentíamos.

Dias... Semanas... Meses... Aos poucos descobrimos que tínhamos a necessidade de duelar. Mais tarde, diagnosticamos como uma dependência.

Nós tínhamos uma relação diferente... Ele já não mais queria lutar comigo. Eu já o via com outros olhos e não mais como um inimigo qualquer. Passávamos mais tempo parados nos encarando do que outra coisa. Era angustiante. Sentíamos que tudo havia mudado. Tornamo-nos a válvula-de-escape um do outro. Descontamos nossas raivas e dores, notamos nossas semelhanças... Até que surgiu um sentimento que marcou a volta lenta da nossa humanidade.

Paixão.

Aquele sentimento fluía de ambos. Nossos corpos clamavam um pelo outro de uma forma assustadora. Se não lutava com ele, pensava nele em um todo. Seus olhos de tom vinho. Sua pele excessivamente pálida. Seus cabelos que, assim como os meus, possuíam uma coloração branca como a neve. Suzuya era o meu “eu”. Via nele a dor que senti. Via nele a mudança forçada e sentia vontade de abraçá-lo e dizer que ficaria tudo bem. Clichê? Não me importo. Pois, no meio de tantas pessoas, somente eu ele poderíamos compreender os conflitos dolentes um do outro.

O que era insanidade para a maioria, era a resposta ao sofrimento e a nossa maneira peculiar de zombar do destino... A nossa forma de justiça a qual suplicávamos.

Aos poucos retornávamos a nossa verdadeira personalidade. Encontrávamo-nos, pois a nossa cura era o nosso vício. Começamos a trocar cumprimentos. Um Ohayou ou Konnichiwa. Palavras singelas, mas que foram de grande importância naquele momento. Nossas ações... Cada vez mais humanas. Lado-a-lado observávamos o céu, deitados sobre algum telhado da área central. Olhávamos o horizonte reagindo, de forma lenta, como a nossa antiga essência.

Ambos abandonados... Afinal, depois que “mudamos”, ninguém mais acreditou na nossa salvação. Diziam que eu havia me tornado um psicopata e ele, um louco. Meias verdades.

Mais semanas se passaram... De frases curtas à conversas animadas. Fomo-nos aproximando. Nossos encontros já eram diários. Ele contara-me sobre seu passado.

Um dia eu resolvi por convidá-lo à minha casa. Ele pareceu animado com o convite, pois logo aceitou. Assistimos a um filme e eu servi-lhe uma porção donuts recheados, os quais eu não comi por razões óbvias. Assistimos a mais um filme enquanto conversamos assuntos aleatórios. Ele mencionou que iria se matricular em um curso de moda, pois sempre se achou um pouco estilista. Eu o apoiei dizendo que era um ótimo curso e que o faria bem estudar. Ele assentiu e começou a contar mais detalhes.

Estudos... Por falar neles, eu já estava no meu último ano do curso de literatura japonesa. O que era ótimo, afinal, lecionaria para crianças... Tinha saudades de Hinami-chan a qual havia ensinado alguns kanjis na Anteiku. Tinha saudade de todos. Mas o único que voltara à minha vida fora Hide, meu melhor amigo que logo se mudaria para Kyoto com sua namorada.

Sai de meus devaneios, pois percebi que Suzuya não mais falava. Ele me observava... Próximo. Seu olhar era intenso. Sentia a sua respiração cálida. Corei, pois sabia o que viria a seguir. E foi o que veio. Quebramos a mínima distância.

Unimo-nos no ósculo...

O beijo mais delicado, puro e significativo possível. Àquele beijo fora reservada a nossa glória. Nosso contato fora uma luta, mas desta vez, uma luta que ansiava um futuro diferente e, não mais, alívio para as nossas dores.

Eu toquei seu corpo e ele, de forma mais contida, o meu. Nós nos beijamos avidamente. Suguei seu pescoço deixando marcas evidentes... Queria marcar sua pele alva... Eu o queria para mim... Queria fazê-lo meu e tornar-me dele.

Desejos realizados... À noite toda.

Oh, graciosa melodia do amor...

Nós reescrevemos o nosso destino... Nós nos unimos em busca da felicidade a qual o nosso amor reservou.

Era só o início.


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Notas finais do capítulo

Obrigada, queridos leitores. Até mais. >.O ♥