1 semana antes.

– O-Oliver. - ela ofegava na maca e pela primeira vez eu não sabia como agir. - E-está doendo.

Tudo começou quando estava voltando para casa e meu celular tocou, mostrando-me a seguinte mensagem:

"Talvez queira visitar sua amada no serviço."

A primeira coisa que pensei foi Felicity em perigo. O pior, eu estava certo. Ao chegar à QC, avistei Felicity caída com três flechas na barriga. Tal cena me desesperou, pois não imaginava ver algo tão cruel acontecer com ela um dia. Olhei ao redor para tentar ver algo, mas a rua estava deserta, como se fosse um pesadelo meu... Onde eu buscava ajudava e não a recebia. Liguei para Roy e Diggle, pedindo para que eles fossem á caverna. Eu não ia conseguir lidar com isso sozinho. Eu precisava de forças para encarar aquilo tudo.

– Respira Felicity. - tento fazer com que minha voz saia firme, mas falho. - Eu vou puxar e...

– Não. - ela me interrompe com as lágrimas caindo de seus lindos olhos. - Vai doer mais.

– Eu não posso deixar...

– Por favor.

Sinto minhas vistas embaçarem por causa das lagrimas. Eu não podia deixar as flechas ali, tenho que tirá-las e estancar o sangue, antes que ela... Antes que ela morra. Quem fez isso tinha apenas um objetivo: me atingir. O fato de Felicity estar quase morta por minha causa, me deixa mais nervoso. Porém sem saber quem fez isso. Suspeitos? Havia inúmeros. Quantos eu não já matei ou prendi?

A pequena e delicada mão dela toca a minha, e com a pouca força que lhe restava, ela a aperta.

– Não faz isso.

– Isso o que? - pergunto sem entender.

– Se culpar. - ela responde com dificuldade. - Nada disso é sua culpa e...

– Como pode dizer uma coisa dessas? Felicity. - respiro fundo. - É tudo culpa minha. Desde o inicio eu deveria ter te deixado de fora disso e...

– E-eu tive escolha Oliver. Eu escolhi te acompanhar, te ajudar... Eu escolhi você.

Felicity geme de dor, e movo minha mão para retirar as flechas, porém ela me impede mais uma vez.

– Eu não me arrependo Oliver, de nada.

– Felicity, fique calma. – peço, porém eu mesmo estava mais do que nervoso. - Tente ficar quieta.

– Não posso. - ela chora mais.

Ficar calmo nunca foi uma tarefa tão difícil para mim, mas no momento, tudo que aprendi um dia se fora. Controlar emoções estava fora de meu alcance.

– Você precisa saber. – ela sussurra. – No inicio não entendi quando você optou por não se relacionar comigo, mas depois eu entendi.

– Feli...

– Não Oliver. Está tudo bem. - ela esboça um pequeno sorriso em meio às lágrimas. - E-eu... Apenas...

– Não Felicity. - minha voz sai entrecortada. Eu sabia o aquele desespero indicava.

– E-eu nunca deixei de te amar. - seus olhos se fecham, mas sua respiração me alivia. - E nunca deixarei Oliver.

Ela abre os olhos e me fita. Seu olhar duro aperta meu coração e sinto minha garganta se fechar.

– Felicity?

Hoje.

As pistas que eu tinha não eram suficientes para chegar ao assassino de Felicity. Voltei ao local atrás de algo que revelasse pelo menos a melhor falha dele, mas fora tudo em vão. Diggle e Roy pediram para que eu deixasse essa historia de lado. Segundo eles, meu luto ainda prejudicaria meu raciocínio. Mas eu não posso ficar sem fazer nada.

Eu tenho que vingá-la.

Ficar de braços cruzados não vai me fazer se sentir melhor... Já pegar quem fez isso...

– Ainda não dormiu? - olho para o lado encontrando Sara. Ela voltou para Starling ao saber da morte de Felicity.

– Não consigo dormir Sara.

– Você precisa Oliver.

– Sara. – esbravejo a interrompendo.

Ninguém entendia que eu precisava achar quem fez aquilo o mais rápido possível? Pelo menos ela tinha que entender, fora a única que eu pensei que entenderia.

Estava enganado.

– Deixa que eu e os outros continuamos...

– Sara eu já disse não. – a corto novamente. – Tem algo a me dizer? Diga. – a fito. – Se não...

– Malcolm Merlyn está vivo.

A súbita revelação dela fez com que eu me apoiasse na maca. Não podia ser. Essa descoberta muda tudo. Se antes eu não tinha sequer um suspeito, agora eu tinha o nome de quem realmente fez isso.

– Onde ele está?

– Você precisa saber que ele não está sozinho.

– Sempre soube disso Sara.

Pegando minha aljava, coloco meu capuz, e pego meu arco, pronto para fazer uma visita à antiga casa de meu amigo. Mas Sara me detém.

– Thea está com ele Oliver.

A surpresa em seus olhos mostravam o quanto ela era inocente. Chamá-la para um encontro foi algo que eu deveria ter feito há muito tempo. Mas somente agora, livre de Slade, tenho a coragem de tentar algo.

– Aceito Oliver. - sua voz sai quase num suspiro fazendo-me sorrir.

– O que Thea está fazendo com ele?

– Ao que parece ele a treinou. Ainda não sei se estão trabalhando juntos.

– Ele está a usando. Ele quer me atingir de qualquer forma Sara.

– Você precisa se acalmar antes de ir falar com ele Oliver.

– Não Sara. Eu preciso falar com ele agora mesmo. - decreto antes de partir.

A escuridão da mansão deixava tudo mais sombrio. Eu não estava certo de que Merlyn estava realmente ali. O local estava silencioso demais, porém, eu mais do que ninguém sabia que silencio não significava nada.

– O que está procurando Oliver? - aquela não era a voz que eu esperava ouvir.

– O que faz aqui Thea? - abaixo meu arco e o capuz.

– O que você faz aqui Oliver? – ela conserta sua frase, semicerrando os olhos em minha direção.

Saindo da escuridão, Thea aparece trajando uma roupa negra, e... Arco e flecha. Tento desviar minha atenção para seu rosto que não transmitia nada além de frieza. Merlyn a transformou numa versão sua. Desde o traje, até a insensibilidade estampada no rosto.

– Onde está Merlyn?

– Meu pai? - ela ri. - O que te fez pensar que ele estaria aqui? - fico sem lhe responder. - Quem te falou que ele está vivo? Sara? - mais uma vez ela ri. - Ela é tão patética. Ele realmente está vivo, mas esta bem longe de Starling City.

– Está mentindo.

– Estou? Por que ele voltaria? Ele não tem pendências aqui. EU tenho Oliver. - vejo-a se aproximar. - Ou tinha.

– O que quer dizer com isso?

– Vamos lá Oliver. Você sabe o que quero dizer. Não entre na negação. - Thea me rodeia, parando novamente a minha frente. - Quantas mentiras você já me disse? Você escondeu sobre meu pai, sobre Roy, sobre você. Merlin me contou tudo. No começo achava Felicity fofa, mas ao vê-la implorando pela vida... Você não sabe o quanto me senti vingada.

O sorriso nos lábios de Thea mostrava o quanto ela estava satisfeita com aquilo. Mas o pior é saber que eu estava enganado. Aquela não era mais a minha irmã. Thea havia se transformado numa assassina treinada por um membro da Liga do Assassinos. O ódio estampado em seus olhos indicava que não importava o quanto eu sofreria... Aquilo era sua meta.

Me ver sofrendo.

– Como pôde fazer isso Thea?

– Sabe, eu me pergunto a mesma coisa. Aí a resposta vem... Como você pode mentir tanto para mim Ollie?

Sentindo a raiva crescer dentro de mim, ergo meu arco, fazendo-a recuar. Porém, ela ergue o queixo, desafiando-me.

– Você é tão patético quanto a Sara. Você não tem coragem Oliver, você prometeu a ela que nunca mais mataria alguém. Quer mesmo quebrar essa promessa?

Minha mão tremia, e minha cabeça rodava. Sei que Thea não irá parar em Felicity, ela quer minha ruína e matará todos aqueles que amo. Mas ela é minha irmã e eu prometi não matar mais ninguém.

– Vá em frente Oliver, mate sua única irmã e quebre a promessa que fez à Felicity.

Antes que eu pudesse responder, uma espada atravessa o peito de Thea, fazendo-a arfar.

– O quão patética sou agora Thea? - Sara diz atrás dela, antes de puxar a espada novamente.

Vejo minha irmã cair no chão. A poça de sangue se formando embaixo de seu corpo. Queria poder dizer que sinto muito, mas no fundo sei que minha irmã morreu na noite em que saiu de Starling. O que vi hoje não era Thea. Não era minha irmã.

– Não importa o que dizem sobre você Oliver. Você conhece seus princípios, eu conheço. - ela sorri e por momento sinto-me mais calmo. - Eu acredito em você, por que você também não acredita?

A lapide com seu nome fazia várias lembranças surgirem em minha mente. Como nos conhecemos, sua língua afiada... O perigo que ela corria toda vez que entrava em campo comigo. Minha declaração á ela... Tudo passava como um filme em minha cabeça.

Me pergunto como estaríamos se ela tivesse sobrevivido. Estaríamos juntos ou eu teria a afastado completamente de mim? Não vou mentir para mim mesmo. Sei que a deixaria o mais longe possível. Esse foi o meu erro.

Afastá-la.

Se ao menos eu pudesse voltar no tempo e mudar todas as minhas escolhas erradas.