Liv, a virgem
Capítulo 1 — A tentação é uma tortura

Liv Riordan — Point Of View (P.O.V)

Stefan beijou meu pescoço e passou suas mãos livremente sobre meu corpo, me causando arrepios e me deixando completamente exitada. Então ele atacou minha boca com um beijo selvagem, que acabou machucando meus lábios, partindo em direção à minha blusa, conseguindo abrir os primeiros botões.

Beijei seu pescoço e abri os olhos, para encará-lo, mas só o que pude ver foi a flor murcha e destruída que estava estampada em um quadro na minha parede do quarto.

Então eu afastei-o, dizendo:

— Acho que nós deveríamos parar!

Ele revirou os olhos e me encarou com um pouquinho de frustração.

— Claro…. Você estragou o clima mesmo.

— Não fale assim Stefan, eu simplesmente não posso agora. — falei.

— Tudo bem, mesmo estando realmente frustrado eu ainda amo você meu amor.

Não aguentei e ri da cara dele. Aquilo era tão clichê! Bem, olha quem fala: a garota que se guarda para o casamento!

— Oh, eu também amo você, amor. —falei carinhosamente.

Ele se levantou da cama e abotoou os botões da sua camisa, calçando os sapatos e me dando um beijo carinhoso.

Eu e Stefan namorávamos á dois anos. Eu o havia conhecido em uma palestra da faculdade e ele havia ficado a palestra toda me encarando, então, quando eu estava quase indo embora ele me convidou para sair e depois disso não nos afastamos mais.

Mas, o que era realmente curioso era que nós dois éramos completamente virgens. Quero dizer, nós estávamos nos guardando para depois do casamento, e sempre que nós nos beijávamos ou algo do tipo, o clima ia esquentando e quase “quebrávamos a regra”.

Deixe-me explicar melhor: essa regra não era questão de obrigação, eu não “deveria” fazer isso. Na verdade era questão de ser uma boa neta.

Fechei meus olhos, sonolenta, e aproveitei para tentar lembrar da ocasião que mudou minha vida quando eu tinha mais ou menos uns onze anos:

“— Olhe para a flor que está nas suas mãos, Liv. — Vovó pediu.

Fiz o que ela mandou, encarando o belo lírio branco que estava em minha mão.

— Repare como ela é perfeita. — Realmente era uma flor incrível e perfeita — Agora minha filha, aperte ela.

— Sério isso mãe? — minha mãe perguntou, encarando vovó. — Isso é tão idiota….

— Estou educando sua filha Jane. — Vovó falou, pacientemente. — Vamos Liv, aperte a flor!

Olhei para minha mão aberta e encarei aquela preciosa flor. Era uma flor tão linda que chegava à ser uma barbaridade destruí-la, apertando-a. Mas como fui educada a obedecer completamente minha avó, apertei a flor, fechando os olhos com uma certa dó.

—Ótimo! — Vovó falou — Agora abra a mão e tente fazê-la nova.

Abri minha mão e encarei aquele lírio branco amassado, que estava começando a manchar suas delicadas pétalas.

— Não tem como, vovó.

— Isso mesmo Liv, você não pode mais voltar atrás. E é exatamente isso que acontece quando você perde a virgindade, você nunca poderá voltar atrás. Nunca esqueça isso, Liv!

Eu era bem nova e não ligava muito para namorados e essas coisas, mas, vovó achou melhor me ensinar aquilo. E realmente eu não esqueceria.”

Minha mãe engravidou de mim com apenas dezesseis anos, e era por isso que quando eu era bem novinha, minha avó quis que eu fizesse aquela experiência com a flor. Era um aprendizado e os aprendizados que minha avó me ensinavam eu nunca poderia esquecer. Ela era uma mulher antiga e experiente, portanto eu preferia seguir os conselhos dela.

Eu não tinha vergonha da minha mãe por ela ter engravidado com dezesseis anos, eu apenas não queria seguir uma vida assim. Eu queria trabalhar, fazer meus cursos, estudar e construir minha vida para que, enfim, eu possa ter uma família. Eu só me sentia ás vezes estranha em relação á minha mãe, pois, era muito injusto eu entrar em um lugar com ela e as pessoas acharem que ela era minha irmã ou minha prima. Minha mãe era uma mulher de trinta e cinco anos, mas, na verdade, ela não aparenta ter isso, minha mãe é bem valorizada e prioriza sua aparência, ainda mais, por ser a cantora mais famosa do clube Swing 46. Quase todas as noites ela canta nesse local, e é extremamente apreciada pelos homens e admiradores secretos dela. Portanto, minha avó seria a melhor opção para me direcionar ao caminho certo.

Me levantei da cama e fui em direção ao banheiro, me encostando ao batente da porta para ficar observando Stefan. Meu deus, aquele homem era tão lindo! Eu mal podia acreditar que ele era todo e absolutamente meu. E quando nos casássemos, iria ser mais perfeito ainda.

— Já estou indo, vou ter uma reunião importante hoje. Me deseje sorte.

— Boa sorte amor. Sei que você vai conseguir.

Stefan me deu o último beijo matinal e saiu pela porta do meu apartamento.

Aproveitei a deixa dele e me preparei para tomar um banho. Stefan nunca havia me visto sem muitas roupas, quero dizer, tirando o fato de eu ser modelo e ter que fazer photoshots seminua ele nunca me viu assim frente a frente. Era uma questão de tentação, pois, a tentação levava á quebra de promessas em relação á minha avó, portanto fim da história.

Eu era modelo á mais ou menos oito meses. Esse meu trabalho veio para mim de uma forma tão inesperada que chegava á ser até simples de contar a história toda.

Eu estava no meu segundo ano da faculdade, no primeiro semestre quando foi um homem barbado muito bonito dar uma “conferida” em algumas pessoas. Ele estava buscando novas pessoas para fazer parte de sua agência de modelos e eu com minha sorte absurda acabei sendo uma das escolhidas.

Confesso que quando fiquei sabendo que eu era uma das escolhidas eu não demonstrei muito ânimo em relação á esse trabalho. Modelo não era uma coisa que fosse fazer prioridade na minha vida, mas então pedi ajuda para minha avó e ela me aconselhou á “experimentar novos horizontes”. Então foi exatamente isso que eu fiz, e hoje, digamos que eu sou um “rostinho importante” na agência.

Fechei a torneira e me enrolei em uma toalha, vestindo depois um vestido acinturado. Hoje seria mais um dia de fotos, mas, para minha sorte hoje era sexta feira, portanto eu teria dois dias de sol, praia e namoro com o Stefan.

Sai do banheiro segurando a toalha e mais uma vez olhei para o quadro na parede. A for que estava lá estava murcha e totalmente manchada, mas ainda dava para identificar um lírio branco ali. Aquilo era uma lembrança, uma promessa. Eu cumpriria aquilo de qualquer jeito, pois, eu seria uma boa neta.

°°°

Logo após enfrentar o gigantesco trânsito de Nova York, cheguei sã e salva na agência de modelos pela qual eu fazia parte. Não era um local muito conhecido, pois a agência ainda estava no seu período de “crescer” portanto Robert, meu patrão, fazia quase tudo para alcançar sua meta de deixar sua marca registrada no mundo da fama e da moda.

Como todos os dias que eu chegava na agência Spencer sempre vinha até mim para me cumprimentar, mas hoje ela estava ao pé á todo instante. Ela era minha melhor amiga na faculdade e me conhecia a anos, e por pura sorte e coincidência ela também foi uma das escolhidas a participar da agência. Bem, como eu conhecia aquela incherida a anos, eu sabia que ela queria me perguntar algo, então falei:

— O que você quer me perguntar Spencer? — aproveitei e guardei minha bolsa em meu armário.

— Rolou? — ela perguntou demonstrando ansiedade.

— Do que você está falando? — as vezes ela fazia isso, perguntava e falava coisas sem nexo algum, fazendo-me ficar por fora do que ela estava falando.

— Você e o Stefan! Vocês transaram?

— Spencer! — adverti-a.

Eu contava absolutamente tudo da minha vida para a Spencer, pois éramos melhores amigas desde pequenas, mas confesso que muitas vezes ela me irritava muito com essas manias de ficar conversando sobre meus assuntos em voz alta, para todos poderem ouvir.

— Foi mal! É que eu já estou ficando frustrada por você Liv… Poxa, você e o Stefan namoram a dois anos e nunca rolou nada mais quente. Ser santinha as vezes cansa sabia?

— Você pode até pensar assim Spencer, mas para mim essa história toda de fazer coisas quentes não combina nesse tempo da minha vida. Eu quero crescer profissionalmente para que eu possa construir minha vida.

— E o que a sua vida profissional tem a ver com sexo? — ela perguntou com uma das sobrancelhas levantadas.

— Nada! A questão é que quero fazer tudo na regra da igreja. Quero me casar quando eu estiver pronta para, por fim, poder perder a minha virgindade. Também quero ser uma boa neta para que minha avó tenha orgulho de mim. Ela queria que minha mãe seguisse esse caminho, e minha mãe seguiu suas vontades próprias e deu no que deu. Ela ficou grávida de mim!

— Continuo achando tudo isso uma besteira… Você por um acaso já pensou se o Stefan aceita isso tudo?

Fiquei em silêncio. Stefan nunca deu sua opinião sobre esse assunto, ele apenas aceitava e não me forçava à nada.

Sacudi a cabeça.

— Vamos acabar com esse assunto, tudo bem?

Spencer assentiu com tédio e se apoiou no armário.

— Meu deus. Quem é o moreno de sorriso tentador? — ela estava olhando fixamente para a porta da agência.

— Bom dia, meninas. — a voz do “moreno tentador” era totalmente sedosa, era o tipo de voz masculina que era muito difícil se esquecer.

— Quem é você? — uma das modelos que estava conosco na sala perguntou.

— Meu nome é Tyler, mas podem me conhecer como o novo patrão de vocês.

— O que aconteceu com o Robert? — perguntei.

— O “cabeça da empresa” andou conferindo as tabelas de progresso e reparou que Robert não fez muitas coisas para melhorar a marca da empresa, então ele simplesmente foi substituído por mim. É só isso que vocês tem que saber por enquanto.

“Cabeça da Empresa” era o termo que usávamos para indicar o verdadeiro dono da “Finale Model”. Nenhuma das modelos nunca soube quem era esse homem, pois como Robert sempre disse o Cabeça da Empresa sempre era representado por homens calculamente escolhidos. Pelo visto Tyler seria mesmo o novo representante.

— Bem, o outro aviso que tenho que dar a vocês é que será iniciado um estudo detalhado sobre todas as modelos, e irei escolhei somente uma para representar a empresa. A escolhida irá em um evento beneficente da empresa e terá a missão de ficar com uma calda de sereia para fazer propaganda de um parceiro da empresa. Boa sorte á todas.

Tyler saiu pela porta do closet das garotas e em seguida seguiu um silêncio constrangedor. Então, inesperadamente Spencer começou a rir.

— Esse cara é louco? Que ideia mais sem lógica. Uma calda de sereia! Meu deus, minha meta de vida é me polpar de fazer papel de idiota com uma calda… Primeiramente achei que esse moreno com sorriso bonito era uma boa investida amorosa, mas acho melhor não. Cara estranho e soberbo!

Sacudi a cabeça e sorri. Pelo que eu conhecia Spencer, logo ela mudaria de opinião sobre ele e tentaria chamá-lo para sair. Eu conhecia minha amiga muito bem e sabia das roubadas que ela fazia constantemente. E era exatamente por isso e por vários outros motivos que eu não era “ousada”. Toda ousadia exagerada sempre acabava em decepções e arrependimentos.

°°°

Todas as sextas eu sempre ligava para minha mãe, para manter, não só ela mas como a mim informada das coisas que aconteciam na vida uma da outra. Não éramos o exemplo perfeito de convivência entre mãe e filha, mas confiávamos uma na outra.

— Como foi essa sua semana no trabalho? — ela perguntou.

— Cansativa. Fiz três photoshops detalhados sobre temas diversos… Mas, não sei como será daqui para frente, pois Robert foi substituído.

— Substituído? — minha mãe perguntou confusa.

— É… Veio um moreno muito mandão no lugar dele, e pelo vistou vou passar um pouquinho de raiva daqui para frente.

— Por que, Liv?

— Acredita que ele inventou um “concurso” e quem ganhar terá que fazer o papel de uma sereia em um evento beneficente em parceria com uma outra empresa? Terá calda e tudo! Achei isso tudo uma bobeira, aposto que ele só está organizando isso para mostrar superioridade a todas nós. Ele quer marcar território em um lugar mal conhecido…

— Calma Liv, você é forte e conseguirá passar por tudo isso. — ela me tranquilizou.

— Obrigado mãe. Mas, me diga, como foi a sua semana?

— Ótima! Rubens está pensando em organizar mais festas no clube, e ele implorou para que eu pudesse cantar. E ele até me disse que tem gente interessada na minha música, tem pessoas até querendo fazer contato para negócios profissionais. Acredita nisso? Estou tão feliz!

— Que maravilha mãe! Fico tão feliz por você… Tenho que arrumar um tempo para ir em um show seu. Eu ainda não acredito que sou tão ocupada que mal consigo ver uma apresentação da minha própria mãe.

— Tudo bem querida, não quero que você veja isso como uma obrigação, venha quando der… E o Stefan, como vai?

— Muito bem mãe … Ah, se você está se referindo a sexo, não, eu não perdi a virgindade.

— Muito bem. Pelo visto você vai mesmo seguir os caminhos da sua avó. Fico feliz.

— Obrigado mãe. Mãe vou desligar, tudo bem? Vou fazer uma ligação de boa noite para o Stefan e já vou me deitar. Boa noite mãe, fica com Deus.

— Boa noite meu amor.

Encerrei a ligação e me arrumei em minha cama, me posicionando em uma maneira boa para que eu pudesse ligar para o Stefan. No terceiro toque ele atendeu.

— Amor, tudo bem? — ele perguntou.

— Claro meu amor, só liguei para desejar boa noite. Ah, nosso compromisso para amanhã está de pé?

— Sim, claro. Descansaremos em uma praia maravilhosa com muito sol e água de coco. Aguarde.

— Não vejo a hora! Necessito disso para poder descansar … Bem, tudo bem amor, até amanhã de manhã, tudo bem? Boa noite. Eu te amo.

— Até amanhã meu amor. Eu te amo.

Desliguei o celular e deitei minha cabeça no travesseiro. Amanhã seria um ótimo dia, eu iria para a praia com o amor da minha vida, iriamos aproveitar e descansar ao máximo, juntos. Pois era exatamente assim que permaneceríamos para o futuro não conhecido. Juntos até o fim.