PV Johanna:

Eu fiquei com Daniel em seu quarto depois do enterro de seu pai. Nós namoramos um pouco, tivemos uma pequena discussão sobre meus poderes, as novas habilidades que eu tinha. Eu sabia que Daniel precisava se distrair das lembranças recentes, ele estava muito triste com tudo ainda. Eu fiquei com ele também durante a noite, conversando sobre qualquer assunto que surgisse só para manter a ambos distraídos.

Quando um dos empregados foi até o quarto do Daniel para levar a janta ele pediu que trouxessem roupas minhas. Eu fiquei morrendo de vergonha, imaginando que iriam pensar que eu estava dormindo com Daniel, naquele sentido. Eu disse para ele isso e ele riu.

– Johanna, se vão pensar ou não que eu dormi com você, isso não importa. Nós sabemos o que acontece entre nós. E eu não poderia te deixar sair do meu quarto com minhas roupas. Isso sim faria os outros pensarem besteira.

– É, você está certo. Eu posso passar a noite aqui? Sem fazer nada é claro - digo brincando com ele.

– Claro que pode. Juro me comportar.

– Obrigada Daniel.

– Boa noite - ele me diz.

– Boa noite Daniel - dei-lhe boa noite e tentei dormir. Foi difícil pegar no sono porque havia dormido o dia todo, mas eu consegui. Daniel dormia feito uma pedra, tinha inveja dele nessa questão.

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Já havia se passado uma semana desde a morte de nosso rei. As coisas estavam voltando ao seu normal aos poucos. A rainha Kathrin anunciou que em quatro meses Loki e Addie se casariam. Eu fiquei tão feliz com a notícia.

Eu tive dificuldade em contar a Addie e Samuel como seu pai havia morrido. Pode ter sido com sua magia, mas fui eu quem a libertou, não deixava de ser culpada. Para minha surpresa, eles não ficaram bravos comigo, eles sabiam o que seu pai havia feito e me perdoaram. Sam foi preso em seu quarto por Randall, ele ficou um dia inteiro amarrado e amordaçado em seu quarto até que Loki o encontrou. Foi bom para todos que Randall finalmente foi detido, nunca mais faria mal a ninguém. Naquela semana também seria a execução de Henry. Ele foi julgado e todos votaram que ele fosse executado por ser cúmplice na morte de minha mãe há muitos anos atrás, pelas demais vidas tiradas na última guerra, onde ele era um dos responsáveis também e por trair o reino, se rebelando contra nós. Quando Isabella soube da execução de Henry, decidiu vir ao castelo.

O dia havia chegado e Henry seria morto pelos crimes que cometeu. Isabella estava fora de si, teve que ser contida pelos guardas. Ela insultou a rainha e seus filhos, fazendo Kathrin perder a paciência e condená-la também.

– JÁ CHEGA! Você quer seu marido? Pois bem, serão executados juntos. Está bom assim pra você? - a rainha pergunta a Isabella. Um silêncio se faz naquele lugar. Quando um dos guardas pega em seu braço ela surta de novo.

– Me solte seu subordinado de uma figa! Eu não vou morrer hoje - ela disse.

– Mais respeito, por favor. Ele é como todos nós aqui, você não é melhor do que ninguém aqui, pelo contrário, é uma mentirosa sem coração - Loki se irritou e a repreendeu por insultar o guarda.

– Podem levá-la para junto de Henry - ordena Kathrin.

– Espere! Eu tenho uma ideia melhor - eu digo. Eu não sabia exatamente se aceitariam, mas eu iria propor mesmo assim.

– Diga Johanna - disse a rainha Kathrin.

– Esses dois sempre se acharam superiores, fizeram mal a pessoas inocentes só para conquistarem o que queriam. Morrer não seria um castigo tão forte para eles. Eu sugiro que eles sejam empregados do castelo, assim aprenderão a não se exaltar e irão pagar por todos os anos de sofrimento que trouxeram à minha família. Terão muitos anos para pensar no que fizeram.

– Excelente ideia Johanna. Será isso então. Guardas, podem levá-los daqui - a rainha disse. Depois ela anunciou a data do casamento de Loki e Addie, que seria em quatro meses.

Depois de vencermos o exército de Randall e Henry, não tinha mais porque esconder que eu e Remy éramos irmãos, então ele foi apresentado a todo o reino como Remy Tristan, meu irmão mais velho. Parecia que agora eu teria um sossego de toda a perseguição e poderia enfim aproveitar minha nova vida.

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Depois do julgamento de Henry e Isabella as coisas pareciam estar calmas em Svetilnik. Desde que eu vim para o castelo Nancy me visitou duas vezes. Eu não sabia o porquê de ela não vir. Depois que a guerra acabou e Henry e Isabella não mais importunavam ninguém, ela resolveu aparecer. Nancy e eu tínhamos muito para conversar, ficamos mais de três meses sem nos vermos, mas a primeira coisa que perguntei a ela quando a vi foi por que ela não me visitava. Nancy evitava vir até o castelo por causa de Henry e Isabella. Se ela me visse eles a interrogavam a respeito de tudo, então ela parou de vir. Ainda bem que agora isso estava acabado.

Com a morte de Randall, Samuel passou a ser o treinador em seu lugar e o exército ficou sob o comando de Jasper. Eu continuei a treinar arco e flecha com Remy, mas também ajudava Loki com os treinos de magia, agora que eu possuía mais magia do que os outros eu havia aprendido a controlá-la e ajudava nos treinos. A harmonia havia voltado, finalmente, ao nosso reino.

Depois de ter perdido Snow naquela batalha eu nunca mais havia participado dos treinos de montaria. Já havia se passado um mês desde o conflito e ainda estávamos nos recuperando da perda do nosso rei.Daniel me convenceu a voltar a treinar montaria. Ele disse que eu podia treinar com Rohm, o cavalo dele. Depois de muita insistência da parte de Daniel eu acabei aceitando e foi muito bom ele ter insistido, pois eu continuei com os treinos depois daquele dia. Eu senti falta de cavalgar e quando voltei me senti muito melhor. Dimitri ainda estava desaparecido e Loki cada vez mais determinado a encontrá-lo. Daniel se juntou a ele nessa iniciativa de vingança. Eu sabia exatamente como eles se sentiam, pois me sentia assim com Randall. Depois que Randall morreu congelado, eu não libertei os poderes de mais ninguém. Minha magia estava sob controle, mas eu ainda tinha medo.

A paixão de Stepan era cavalgar, e tendo uma de suas pernas amputadas ele não mais o podia fazer. Ele era muito amigo de Jasper, que me contou que Stepan estava muito deprimido por não poder fazer o que ele mais gostava, cavalgar. Eu decidi fazer algo para tentar animá-lo. Stepan era um meio-sangue, então ele tinha magia dentro de si, só precisava que alguém com Spark a libertasse, e foi o que eu decidi fazer. Eu o avisei sobre os riscos e tudo o mais que pude antes de o fazer, ele disse que queria, então resolvi tentar.

– Johanna, eu não vou queimar até morrer né? - ele me perguntou quando eu toquei em seu peito para libertar sua magia.

– Não Stepan. Por que perguntou isso?

– É que sou um descendente dos Jotuns do fogo. Randall morreu congelado porque era do gelo, se acontecer aquilo comigo, da magia se virar contra mim, eu vou queimar até morrer, que nem nas histórias que contam nos livros sobre a magia Jotun.

– Escuta Stepan, eu fiz aquilo com Randall, eu acho. Eu imaginei ele congelando e quis que aquilo acontecesse. A mente domina o corpo, eu imaginei e aconteceu. Fique tranquilo, não vou fazer isso com você.

– Que bom. Então vamos terminar logo com isso.

– Certo, deixe eu me concentrar - eu digo. Eu conseguia sentir o poder de Stepan, tentei fazer como quando libertei o Spark de Remy. Não queria que nada desse errado, então fiz tudo com muita calma. Eu consegui, libertei a magia de Stepan sem machucá-lo. Nancy quando soube, quis que eu fizesse o mesmo a ela, e logo Jasper também. Quando vi, todos os meus amigos meio-sangue estavam me pedindo para libertar sua magia. Bem, eu não neguei, eu fiz, libertei a magia de Nancy, de Jasper, Samuel, até a de Addie. Stepan e Jasper tinham magia de fogo, os outros, de gelo.

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Certo dia eu estava em meu quarto lendo, quando de repente Isabella entrou.

– Bater na porta é uma boa maneira de demonstrar educação, sabia? - digo quando a vejo parada em minha frente.

– Desculpe, é que eu queria muito te ver. Por isso vim aqui - ela me diz. Não parecia isso, ela sempre foi tão cínica, não me enganava mais.

– Não, você não queria. O que realmente você quer?

– Bem, já que você é influente o bastante para fazer com que eu e seu pai sejamos empregados aqui, pode ser influente para nos liberar dessas funções, não?

– Primeiro, vocês não são meus pais, são dois malucos manipuladores e mentirosos. Segundo, eu já fiz demais poupando a vida de vocês. Agora, se você não quer que eu mude de ideia e volte atrás, é melhor me esquecer.

– Você é igual sua mãe. Se acha superior só por causa de seu poder. Pois saiba que você ainda vai se arrepender do que está fazendo com nós.

– Já chega! Sai do meu quarto antes que você se dê mais mal ainda - disse. Isabella saiu. Aquela foi a última vez que ela tentou conversar comigo. Eu cresci achando que ela e Henry eram meus pais, é claro quem eu sentia algo por eles, mas quando soube de tudo o que fizeram, passei a gostar cada vez menos deles. Eu dei a ideia de fazer deles empregados porque não queria ver eles morrerem. Eu me achava fraca por isso, por poupar a vida de quem só mentiu para mim a minha vida toda.

Eu não tinha porque esconder mais nada de ninguém, então agora todos sabiam que eu namorava com Daniel, que Remy era meu irmão e que ambos possuíamos Spark. Depois de descobrirem sobre o Spark, poucos procuraram a mim e a Remy para libertar sua magia, a maioria dos que nos procuraram foram os jovens, os demais acho que já haviam se habituado a viver sem magia.

As coisas estavam voltando para seu devido lugar conforme o tempo passava e Loki e Addie se preparavam para serem os novos rei e rainha de Svetilnik assim que se casassem. Eu e Daniel estávamos nos dando muito bem também. Ele acompanhou a mim e a Remy até Oakley quando fomos visitar nosso pai. Meu pai vivia com seus dois irmãos e com Remy. Eu e Remy éramos os últimos Tristan com Spark que ainda viviam. Depois de conhecer um pouco mais o mundo humano e meu pai, Remy disse a mim e a Daniel que queria voltar para Oakley. Ele tinha uma namorada em Oakley, Valerie, e também não queria ficar longe do pai. Ele me fez prometer que visitaria ele e o pai. Remy voltaria para Oakley depois da coroação de Loki e Addie. Eu sentiria falta de tê-lo sempre comigo, cuidando de mim, pegando no pé de Daniel com ciúmes de mim.

Apesar de tantas mudanças eu estava bem, estava feliz. Eu estava finalmente vivendo a vida que eu queria, e não a que os outros queriam que eu vivesse.