Evitando Regras escrita por Thea


Capítulo 1
Evitando Dúvidas




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Festas, jantares, bailes beneficentes, entrevistas e fotógrafos. Isso era mais do que o suficiente para manter o olimpo feliz, infelizmente, não eram nem de perto meu modo preferido de passar, minha recente adquirida, aposentadoria.

Jason e Thalia pareciam pensar o mesmo – e embora Nico e Hazel estejam emburrados por terem sido excluídos dessa coisa toda, sei que se sentem estupidamente agradecidos.

As câmeras estão apontadas para mim, os flashes disparam a todo instante, ninfas, sátiros, semideuses e até mesmo deuses menores gritavam como tietes enquanto eu atravessava o tapete vermelho até os aposentos onde, por puro protocolo, ou estupidez, os três futuros reis da civilização olimpiana deviam acompanhar a oferenda dos deuses.

Em menos de uma semana estarei num jogo que apesar de parecer o começo da liberdade, mais parece um campo minado. E inevitavelmente, estou entrando no jogo, no jogo dos deuses. No começo eu até apoiei os protestos dos semideuses por um novo governo, mas agora que as coisas estão para mudar, preferia estar numa cova.

O decreto foi dado há um mês. Um novo país seria colonizado por nós (a nação olimpiana), um tão grande que é quase do tamanho de todo o continente Americano – ainda estou surpreso pelo fato dos mortais não notarem as centenas de países que restam para serem habitados. O país será dividido em três territórios, três governantes. Três reis.

Foi decretado que os semideuses mais capacitados seriam seus governantes.

E é aí que eu entro. Percy Jackson, um medíocre aspirante a escritor, ex ministro de ações militares e diplomáticas da Alemanha, ex líder do acampamento grego, ex pretor do acampamento romano e delinquente nas horas vagas.

No fim das contas, acho que terem nos escolhido foi mais uma forma de punição do que uma honraria, afinal, deixei essa vida de semideus a muito tempo, e isso foi considerado um insulto aos deuses durante muitos anos. Veja bem, os deuses têm seculos e mais séculos para viver, e eu estou quase na casa dos trinta, não há tempo para jogos egoístas de deuses.

Thalia e Jason não estão muito melhores. Ambos passaram a coagir o ramo de lutas vale-tudo entre e o tráfico na civilização olimpiana. Mas acima de tudo, estão nos punindo por saber de mais.

Estamos prestes a começar uma nova civilização olimpiana. O povo pediu por mudanças – que ótimo que querem mudanças, sério mesmo mas não estou gostando do modo como as mesmas estão afetando a minha droga de vida. De fato que só poderemos tomar posse para governar após obtermos nossos “pares governamentais”.

Entendem o que quis dizer por trás dessas palavras bonitas? PORRA, simples, eu preciso casar antes de me tornar rei!

Vinte mulheres seriam voluntariamente cedidas por seus respectivos pais olimpianos para participar da Seleção, dessas vinte, dez serão cedidas a mim e dez à Jason. O processo seria o mesmo para Thalia.

Nico e Hazel foram totalmente ignorados. Os deuses não acreditam que um gay possa governar, tal como acreditam que Hazel devia estar morta. – Eu acredito que todos nós devíamos estar mortos, mas vê se eles perguntaram o que eu achava? Não! Eles apenas me notificaram por uma carta com letras garranchudas que eu devia, basicamente, escolher uma esposa, casar, brigar com meus primos pela escolha do meu território e então governar.

Eu não tenho opção, isso foi deixado bem claro.

E tudo começa nesta tarde, qual os deuses designarão quais mulheres participarão da seleção. Tudo será televisionado, os deuses, a minha reação e a dos meus primos e até mesmo a dos escolhidos.

Eu provavelmente devia estar preocupado com a hipótese de me casar com uma megera, mas o que me chama a atenção é que ninguém mencionou o que acontece com as mulheres/homens rejeitadas (os) após a Seleção.

Observei Jason aumentar a passada rumo ao trono do meio. Isso diz muito sobre o que ele está achando dessa coisa toda.

Thalia estava andando muito devagar, provavelmente por causa dos saltos. Embora ela esteja brincando de vadiar a alguns anos, costuma fazer isso de tênis.

Andei rapidamente até estar a seu lado e lhe lacei a cintura. Ela me olhou agradecida, mas continha um sorriso cheio de malícia. Eu sabia que as câmeras estavam em nos focando, era impossível prever quem estava nos observando por trás das telas, provavelmente todo mundo. Mas quem sou eu para me importar?

Acompanhei Thalia até seu trono e refiz meu caminho até o que restou, à esquerda de Jason, mantendo a expressão impassível, meus olhos provavelmente me traiam, eu queria soltar uma gargalhada, mesmo não entendendo bem o porque de estar me contendo.

Era como estar no palco de um show. Eu estava no sentado no trono como um dos holofotes. Haviam câmeras e uma multidão. Centenas de olhos idolatrando pessoas que eles pensam que conhecem. Pessoas que mataram, traíram, mentiram e manipularam.

Minha respiração estava acelerando, eu estava ofegante e começando a ficar com raiva. Voltar a toda essa atmosfera que os olimpianos transmitiam, o desejo de serem liderados, de colocar a responsabilidade em alguém... isso tudo estava me afetando. Eu só queria uma taça de vinho e um bloquinho acompanhado de uma caneta para escrever alguma coisa... qualquer coisa.

Jason tomou partido diante das câmeras:

É realmente ótimo saber que todos estão empenhados pelas mudanças. Falo por mim e por meus primos quando digo que estamos muito felizes de partilhar desse grande momento da história olimpiana.

Thalia tossiu passando os pés por cima da cabeceira do trono, quase que deitando lateralmente.

Sério mesmo? – zombei afrouxando a gravata e cruzando as pernas.

Droga Percy, se vamos ter de fazer isso, vamos fazer direito. Não ficarei registrado na história como um rei de merda. – Jason sussurrou, na obvia, e provavelmente falha, tentativa de que os microfones não captassem sua fala.

Mas ele já era um rei de merda, era o rei do tráfico. – eu gostaria retrucar, mas deixei passar, afinal, já fiz coisas piores e ele sabe disso.

Acho que você está muito preocupado com a história. – disse – A nossa história só é útil quando pode nos livrar da morte. Mas saiba de uma coisa, ela acaba com nós três mortos. Opa, spoiler.

Jason revirou os olhos

Quanto tempo mais isso vai demorar? Esse troço é desconfortável, além do que, quero conhecer meus maridinhos. – Thalia riu se revirando no trono.

Quem olha pensa que você terá um harém. – o olhar de Jason deixava explícito que se Thalia tivesse um único marido, estava no lucro.

Talvez devesse ficar ansiosa pra comprar umas roupas com mais tecido. Seu vestuário pode pegar mau no conteúdo qual Jason ficará marcado pela história. – bufei impaciente. Nossa, estávamos realmente preparados para ser reis.

Zeus começou seu tedioso discurso antes que os irmãos pudessem retrucar. Assistíamos tudo por um enorme telão de LED, que por vezes mostrava o amontoado de semideuses que assistia a cerimonia mundo à fora.

Jason foi o primeiro a ter suas garotas anunciadas. Joguei em seu cabelo perfeitamente arrumado um miolo de linha que estava em meu paletó quando anunciaram a penúltima mulher, Piper. – Sendo que a última foi a irmã da Pretora Reyna, Hyla, eu acho.

Os homens para Thalia foram anunciados logo depois. Eu não conhecia a maioria, e não prestei muita atenção, então os únicos nomes que ficaram para mim foram os gêmeos Stoll.

Achei engraçada a reação de um dos designados à Thalia. Ele simplesmente pegou uma corda amarrou numa árvore e tentou laçar uma forca. – Claro que Quíron o impediu assim que percebeu o que o coitado faria.

A minha vez chegou. Apoie os cotovelos aos joelhos e olhei atento para o telão, no qual mostrava o que se passava nos acampamentos. Semideuses tensos e garotas confiantes, o silêncio era papável. Estava obvio o interesse maior para saber quem seriam as minhas felizardas.

Bem... acabemos com esse suspense de uma vez, hora de conhecer uma das nossas futuras rainhas.” - disse Zeus

Oferenda por Belona, Reyna Avila.” - saiu o primeiro nome e eu não fazia ideia do que pensar. Reyna? Não sei mais nada sobre ela, poderia ter se transformado numa esnobe. Mas baseado no que eu conhecia, é um bom nome. Forte, uma líder e bonita, sem dúvidas.

Sua imagem se sobressaiu no telão, as pessoas aplaudiam e gritavam, seu nome. Ela usava uma toga e parecia um pouco envergonhada, colocou as mãos no rosto, mas pude ver que seus lábios estavam pressionados em um sorriso. Não me atrevia a olhar a reação de Jason, mas Thalia riu alto.

Oferenda por Ares, Clarisse La Rue.” - santo deus.

O telão mostrou a reação do acampamento grego e de Clarisse. Ela havia se engasgado com suco e isso me fez sorrir, o que foi um erro, pois isso apareceu no telão.

Zeus disse mais alguns nomes que eu, infelizmente, não conhecia duas oferendas de Atena, duas de Apolo, uma de Afrodite e uma de Artémis – as coisas mudaram, as caçadoras não eram mais castas. Pude ver Thalia e Jason sussurrando. Os malditos estavam fazendo aposta as minhas custas!

Oferenda por Atena, Annabeth Chase.” - meu mundo caiu.

Thalia gritou eufórica, até mesmo Jason riu – embora tenha perdido a aposta. Os flashes voltaram a todo vapor, a multidão gritava. O telão mostro muitos olhares debochados e risonhos dos meus ex companheiros de acampamento e uma Annabeth furiosa, pude ver o porque, ela tinha um anel no dedo. Estava noiva. Eita merda!

Aí caramba! Eu tô lascado.

Se Atena é contra um casamento – evidentemente que é isso – ela não precisa jogar a bomba pra cima de mim!

Minha reação não apareceu na transmissão novamente, o que achei conveniente de mais.

Mas apareceu uma coisa mais interessante. O rosto de Atena. Era como se ela olhasse especificamente para mim, tinha um sorriso nada discreto no rosto e um olhar inocente e sobrancelhas arqueadas. Que engraçada essa deusa desgraçada.

Ela estava me desafiando! Quanta audácia!

O jogo ficou diferente agora. Os deuses meteram os pinos no tabuleiro, porém somos nos três – eu, Thalia e Jason, quem meche os pinos. E tenho que dar um entrevista agora mesmo. É hora da primeira jogada.

Quando recebi minha carta de notificação, estava decidido a mandar o olimpo e os deuses para o diabo que os quisesse. E eu estava disposto a fazer isso até hoje. Até a hora dessa maldita cerimonia. Até o minuto que Zeus anunciou a última das oferendas de Atena. Até o segundo que os olhos dela encontraram os meus pelo telão e eu me lembrei das últimas palavras que disse a ela: “Não poder mudar nada está me matando e eu não pretendo morrer em mais nenhum sentido pelo olimpo. Sinto muito.”

Eu já tive essa chance antes. Posso mudar alguma coisa, posso mudar tudo. Não vou deixá-la escapar desta vez. Gosto de mudanças, não de regras. E é por isso, que pretendo evitá-las.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Devo continuar este projeto? O que gostariam que acontecessem na história?

O próximo capítulo deve sair essa semana, até mais!!

Ps: desculpem pela escrita idiotamente rebuscada X