Dizer Sim, não é o Bastante! escrita por Pat Black


Capítulo 1
Nada que você já não saiba




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One

 

- Por quê? Porque nós dois Castiel?

O Impala estava parado do lado de fora da casa de Bobby e os irmãos encurralavam o anjo junto a este.

O céu estava cinza escuro e nuvens pesadas a oeste prenunciavam que a tormenta ia ser violenta, apesar de ainda distante.

- E não se atreva a sumir sem me dar uma resposta seu arrogante bastardo.

- Dean! – Sam sussurrou tocando no braço deste.

O mais velho deu um safanão se afastando, virando de costas para os dois, pendendo a cabeça e passando a mão no rosto tentando se acalmar.

Castiel continuava observando o humano que arrancara do inferno e encarava como amigo.

- Sinto pela sua dor! – murmurou como uma desculpa.

Dean lhe encarou sem se mover, os olhos faiscando de raiva e dor.

- O que sabe sobre o que sinto, heim? Você não as conhecia... Elas eram nossas amigas, nossas parceiras... E a Jo... – Sentiu que engasgava por um momento... A voz falhou – Ela tinha toda uma vida pela frente... Ainda tínhamos... Tinha muito para viver. Então não me diga que sente pela nossa dor... Diga sim o que sabe... Nos dê respostas... A verdade.

Castiel baixou a cabeça, fugindo daquele olhar cortante e magoado, triste e enraivecido. Quis escapar da pergunta como sempre, fugir daquele olhar acusador que lhe trazia tanto desconforto... Só que pela primeira vez não o fez.

Ficou ali parado, fixando o chão enlameado pela chuva recente, observando sem ver seus sapatos sujos, se sentindo tão ou mais mortal que os dois humanos que o observavam.

Dean deu um sorriso que mais parecia um esgar sacudindo a cabeça enquanto se afastava numa atitude de incredulidade e desgosto.

O anjo nunca lhe dera respostas diretas, mesmo em circunstâncias piores e críticas, por que o faria agora?

Colocando a mão na cintura olhou para o céu nublado e escuro como a vida deles, lembrando das últimas vinte e quatro horas... Da figura de Jo no chão, ensangüentada, quebrada e ainda assim tão cheia de coragem... De sua impotência em ajudá-la, bem como seu triste fim... Aquelas lembranças davam um nó no seu estômago e tinham acrescentado mais alguns centímetros no buraco em seu peito. O gosto do último beijo que deveria ser doce seguia amargo em seus lábios.

Sam olhava de um para o outro débil. Não sabia como ajudar Dean. Não tinha palavras que pudesse dizer ao irmão para aliviar a dor que ele sentia e o desgosto por se encher de culpa pela morte das amigas.

Deus, aquilo não tinha sido culpa de ninguém. Todos eles tinham ido atrás de Lúcifer sabendo que para alguns seria uma missão só de ida.

Sam sabia disso, Dean sabia disso, Ellen e Jo também.

Mas seu irmão se culpava. Ele sempre se culpava quando algo fugia ao seu controle como se fosse responsável por cada vida ao seu comando. Só que não era. Mas como convencê-lo disso?

- Em algum momento Castiel, você vai ter que responder nossas perguntas. Talvez o que disser nos ajude, talvez não... Mas saber a verdade, de certa forma é algum consolo. – Sam falou para o anjo que ainda mantinha a cabeça baixa.

- Gabriel nos disse que tudo se resumia a nós - Dean apartou suavizando a voz – Que tinha que ser a gente... Por quê?

 - Você sabe que eles nunca me disseram muito.

A voz macia respondeu sem encará-los.

- Mas você deve saber alguma coisa. – O anjo permaneceu calado – Porra Castiel, responde uma maldita pergunta sem meditar tanto.

- Está no sangue!

Dean e Sam se entreolharam confusos por um momento.

- Sangue... Quer dizer de demônio? – Sam perguntou sem entender, pois como sangue de demônio poderia ter algo haver com Dean... Com ele sim, mas nunca com Dean.

- Claro que não Sam. Falo de sangue como genética.

- E isso significa... – Dean questionou se aproximando mais de Castiel.

- Família. – Cass falou erguendo a cabeça e fitando Dean – Quando nos conhecemos lhe disse que existiam pessoas especiais... Pessoas que reconheceriam a minha voz, minha verdadeira voz.

- Sim, sim lembro, mas aonde você quer chegar, desembucha logo.

- Anjos não podem simplesmente usar um receptáculo sem a permissão deste, isso vocês sabem... Sabem também que para alguns só existe um receptáculo, como você e o Michael, Dean... Ou você e o Lúcifer, Sam.

- Mas Lúcifer conseguiu um, você viu. – disse Sam

- Temporário e pouco poderoso... Aquela casca não vai agüentar muito. E ele sabe. Ele precisara um que o suporte, um que além de único tenha sido melhorado especialmente para ele.

Sam deu um passo para trás lembrando-se de Azazel e Ruby... De toda aquela merda de sangue demoníaco e de todas as cagadas que dera em sua vida.

- Você já percebeu não é Sam? – Perguntou Castiel – Quando falo em genética?

- Quer dizer descendência. – Sam respondeu.

Dois segundos...

- Está dizendo que temos sangue de anjos correndo em nossas veias? – Dean perguntou de olhos arregalados

- Sim – respondeu o anjo suspirando e espalmando as mãos com vagar em seu próprio peito – Como o Jimmy aqui... Anjos não precisam só de permissão... Precisamos de um elo com o corpo humano. E esse elo só existe naqueles que nascerem de nós aqui na terra ou que carreguem em seu sangue essa marca. Filhos... Descendentes.

- De anjos como Anna? – perguntaram os irmãos ao mesmo tempo

Castiel afirmou com a cabeça

- A mamãe sempre... – começou o mais velho mais foi cortado por Cass.

- Sua mãe não... Seu pai!

- Tá de brincadeira né não? – Dean sorriu forçado não acreditando.

- Eu não brincaria sobre isso. Por que acha que levaram seu pai para o Inferno, para que ele quebrasse o primeiro selo, quando tantos outros homens justos, talvez até mais do que ele, andam pela terra?

Os irmãos permaneceram em silêncio.

- E por que acha que foram atrás de você depois Dean?

Dean e Sam ficaram parados em silêncio por um longo tempo.

Castiel sabia que não contará nada de novo aos irmãos. Eles mesmos talvez até já compreendessem aquela verdade.

Porém saber aquilo não ia lhes ajudar, não iria melhorar as coisas ou revelar uma forma de vencerem Lúcifer. Aquela pequena informação apenas lhes mostrava que destino não existe... Eles não tinham seu destino traçado, apenas possuíam um dom que outros queriam explorar.

Sem querer revelar mais nada ele bateu suas asas e se foi.

 

 

 

 

 

 


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