Céu Obscuro escrita por Ariadene Caillot


Capítulo 5
Olhos Brilhantes na escuridão


Notas iniciais do capítulo

Oiee meus lindos, trazendo mais um capítulo para vocês e com o aparecimento de mais alguns novos personagens. To tão feliz que meu tempo deixou eu escrever esse cap, estou muito animada com essa fic e com o apoio de vocês. Boa leitura.



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O teto estava no lugar do chão e o solado estava acima de sua cabeça. Pés podiam ser vistos andando impacientemente de um lado para o outro na sala. O pequeno garoto que estava de cabeça para baixo no sofá apenas observava o jovem adolescente em seus pensamentos. A criança deveria ter sete anos, cabelos quase loiros e curtíssimos, seus olhos eram castanho escuro e em sua bochecha rosada estava um band-aid.

–Fabricio-kun...Ei, Fabricio-kun!

–Fale.

–Você vai afundar o chão.

–Nem se eu andasse por dez anos eu o afundaria.

–Por que está andando pelo mesmo lugar?

–Estou esperando noticias.

–Fabricio pare de andar no mesmo lugar, vai afundar o chão.- falou a empregada ruiva.

–Charlote-chan não comece você também.

A jovem inglesa riu. Vestia o tradicional vestido de empregada, seus cabelos eram um pouco abaixo do ombro, ondulados, presos em dois rabos laterais e ardiam como fogo. Seus olhos pareciam dois diamantes rosa raríssimo e encantadores. Ela trazia em suas mãos uma bandeja de prata contendo duas xicaras de chá com biscoitos e largou na mesa para ambos os garotos.

–Alguma noticia? O pacote já chegou para o destinatário?

–Sim, ele foi entregue hoje.

–Excelente!!! Em poucos dias completaremos o nosso objetivo.

–Não depende apenas de nós, Fabricio-kun. Ainda não cante vitória.

–Então você já achou o livro Fabricio-kun? Incrível!!!

–Obrigado, muito obrigado pelo reconhecimento, Hideo-chan.

–Você sabe que ele fala incrível para qualquer coisa.

–Você adora acabar com meus melhores momentos.

Os três escutaram um longo bocejo. Vinha de outro pequeno garoto de cabelos negro arrepiados de cinco anos. Seu rosto estava com marcas do travesseiro, seus olhos ainda sonolentos e vestia um pijama azul.

–Onee-chan...-Ele bocejou novamente.- Estou com fome.

–Venha comigo, vou preparar algo para você.- ela pegou na mão da criança e o levou para a cozinha.

–Nah, por que bebês tem tratamento diferenciado?

–Hideo-chan, você ainda é um bebê para nós.

–Eu já tenho sete anos!

–Ainda um nenezinho.

–É Hideo, não siga o exemplo de Fabricio que se acha um adulto tendo apenas treze anos. – comentou Sakura, uma mulher de vinte e poucos anos, loira de olhos azuis brilhantes.

–Engraçado, que alguns chefes assumiram a máfia com a minha idade e ninguém falou nada.

–Você é um chefe da máfia ou candidato a tal cargo? Não! Então tal respeito não é válido para você.

–Deviam me levar mais a sério. Olhe quem é o meu pai!

–Não seja vaidoso Fabricio, seu pai é respeitado pelos atos que realizou. Esse seu pensamento demonstra a sua infantilidade.

–Vai pensar diferente quando eu cumprir a missão que ele me incumbiu de realizar. Prometi que não iria decepciona-lo!

A morena apenas se importava com a corrida dos ponteiros do relógio contra o tempo. Mordia a caneta que estava em uma das suas mãos demonstrando ansiedade, a fala do professor apenas ecoava pela sua mente mas nada permanecia nela e seus pés batiam contra o chão em um ritmo constante.

–Eii Haru-chan. – uma jovem garota sentada na carteira atrás dela, cutucou suas costas com o indicador. Haru reagiu dando um pulo de susto.

–S-sim?

–Não tem realmente nenhum problema de eu ir com vocês?

–Claro que não.

–M-mas se eu ficar de vela?

–Um dos nossos amigos não estará com namorada.

–M-mas...

–Meninas, silêncio!

Logos os minutos se passaram e finalmente a última aula teve o seu fim. A jovem guardou o seu material escolar rapidamente e saiu em passos apressados para o corredor, seguido pela garota que sentava atrás dela.

Um pequeno grupo de garotas estava reunido no portão de saída do colégio e o principal assunto da fofoca era sobre os dois belos garotos encostados em uma árvore.

–É aquele rapaz novamente e hoje trouxe um amigo. – comentou uma ruiva com sardas.

–Eu sempre vejo o de cabelos pratas por aqui. Qual menina que ele vem sempre buscar? – comentou uma garota de cabelos castanhos.

–É uma veterana, acho que está na sua sala. Uma garota bem quieta e quase sem amigos. –respondeu uma loira.

–Ela é bonitona?

–Nem chega aos meus pés.- respondeu a ruiva.- Não sei o que essa cara viu nela, ele é lindo parece um modelo.

–Está supondo que eles sejam namorados?

–Ora podem ser parentes apenas.

–Estou torcendo, por tentarei dar em cima dele se estiver solteiro.- comentou a ruiva.

–Olhem, é aquela garota que ele sempre espera. A morena que está correndo. – ela se referia a Haru.

Haru corre e cumprimenta Gokudera e Yamamoto. Cada gesto do casal era observado pelo grupo de garotas que estavam ali e obviamente não passou despercebido quando o rapaz colocou uma mecha da garota atrás da orelha, dançando levemente com seus dedos através do braço dela até entrelaçarem as mãos, terminado por um sorriso discreto.

–Viram isso!? Ela é namorada dele!!! Não acredito!!!– comentou a ruiva indignada.

–Yamamoto-kun e Gokudera-kun, esta é a amiga da Haru, Akemi-chan.

–Prazer!

–Hahaha, Prazer!

–Huh?-Haru estranhou o silêncio da amiga.- Akemi-chan?

–Oi? Ah! Prazer em conhecê-los. A Haru falou muito de vocês.

–O que houve que você se distraiu?

–Nada não. – ela riu chateada e olhou para Yamamoto. –“Uauuu!!! Ele é tão lindooo!!!”- a jovem sentiu seu coração palpitar.

Akemi era uma bela jovem de Osaka que havia se transferido de outro colégio. A jovem possuía longos cabelos pretos, olhos castanhos escuros encantadores, sua pele era pálida e seu rosto sempre estava em alegria. Teve sorte de sentar atrás de Haru e logo a morena se tornou sua primeira amiga, prometendo apresentar para ela à cidade de Nanimori. Em passos lerdos, os quatro se dirigiram para se divertir pela cidade.

Um pouco longe dali, o jovem Vongola aproveitava o tempo livre para descansar junto a amada. Tsuna e Kyoko corriam brincado pela rua. Kyoko correu sendo impedida por um abraço do namorado que a beijou em seguida.

–Não fuja de mim. – falou sorridente.

–Nunca fugirei de você, bobo.

–Você não tem noção do que eu sinto por você, Kyoko-chan. – falou romanticamente e logo corando em seguida, sua afirmação foi dada em impulso. A jovem sorriu feliz e o beijou.

Mal sabia o jovem que ele estava sendo seguido e vigiado.

–Onde estão os guardiões dele!? É um alvo fácil para a Giustizia neste exato momento.- falou Kenjiro para si mesmo.

–Não se esqueça das habilidades dele. Sabe como se proteger.- falou um homem oriental de cabelos negros e longos.

–Eu sei, mas não podemos facilitar.

Em um lugar próximo...O jovem de cabelos negros estava escondido em uma árvore. Apresentava um novo acessório pendurado no pescoço: era similar a mascara de gás mas na parte da testa apresentava chifres e em uma das sua mãos estava um corvo com uma de suas garras sobre o anel negro do jovem.

–Fabricio o que está fazendo?-indagava o homem de sempre pelo telefone.

–Vigiando aquele idiota. Teve a capacidade de dispensar os guardiões e está sozinho com a Kyoko-chan.

–Pela primeira vez não lhe darei bronca. Continue vigiando ele.

–Espere, estou sentindo duas presenças fortes. - ele pega o seu binoculo e vasculha a área.

–Encontrou?

–Hum...Ahá! Kenjiro e mais um homem que não estou reconhecendo estão aqui.

–Então saia do local imediatamente.

–Me perdoe, mas a Epifania não está conseguindo proteger aquele idiota de forma eficiente. Ficarei de apoio e estou muito bem escondido.

–Fabricio, se você for pego colocará tudo a perder. Iremos fracassar.

–Tenho consciência.

–O que está acontecendo agora?

–Hum...-Fabricio com o binóculos observava Tsuna e Kyoko. –O casal está no maior amasso em um banco. Sabe, é um pouco estranho ficar observando isso. – ele colocou o binóculo no colo.

–Já falei que pode sair daí.

–Já discutimos sobre. Enfim, e Claudio temos noticias dele?

–Garoto impaciente, ele mal recebeu o livro e já espera resultado imediato?

–Precisamos resolver este assunto o quanto antes.

–Tudo ao seu tempo garoto.

Quatro adolescentes estavam sentados em uma mesa circular na lanchonete.

–Uauu, quer dizer que todos vocês já foram para a Itália! Que chique!!!

–Hahaha, pois é minha namorada é italiana.

–E onde ela está Yamamoto-kun? Por que não pode vir conosco?

–Ela voltou para o país de origem. Conversamos por celular ou webcam.

Ela se apoiou com os cotovelos na mesa e cruzou os dedos. –Relacionamento a distancia deve ser difícil.

–Hahaha, mas não impossível.

Ela sorriu. – Bem o que mais temos para se fazer na cidade?

–Já fomos ao fliperama, lanchonete, parque, hum...- Haru contava nos dedos.-AH! Cinema!

–De novo? – falou Gokudera que estava sentado ao lado de Haru.

–Tem um filme novo que ainda não vimos!

–Aquele de coelhos falantes com superpoderes?

–Exatamente!

–Ótimo, eu adoro tirar cochilos à tarde.

Haru o belisca. – Gokudera-kun idiota! Não é para dormir no cinema.

–Apenas prevendo o resultado que o filme fará em mim. Fala sério, vai levar todos nós para ver aquilo!?

–Hahaha, por mim sem problema.

–Eu adoro coelhos!

–Ahá! Viu só?

Gokudera suspira. - Ótimo, então vamos ver um filme muito “interessante” sobre coelhos.

Depois do cinema... Akemi e Yamamoto caminhavam juntos a caminho de casa, ambos moravam para o mesmo lado da cidade.

–Então seu pai tem uma loja de sushi?

–Algo assim, hahaha.

–Uauu! Que maneiro!!! Você deve saber cozinhar então.

–Um pouco, hahaha. Bem, por que se mudou de Osaka?

–Trabalho da minha mãe, ela foi transferido para cá.

–Seu pai não se importou?

–Eles se separaram quando eu tinha sete anos. Meu pai mora em Tokyo há anos, então não será muito diferente. E a sua mãe? Trabalha no que?

–Ela partiu há muito tempo.

–Sinto muito!

–Hahaha, tudo bem.

–Haru me contou que participa do clube de beisebol e é um dos melhores jogadores!

–Hahaha não sou o melhor, mas eu amo beisebol. Meu sonho é ser um grande jogador um dia.

–Pretende se juntar aos grandes times após a formatura.

–Sim, só espero me formar.

–Por que?

–Minhas notas nunca são boas, hahaha. – falou ele em plena tranquilidade e Akemi sorriu.

–Se quiser eu o ajudo a estudar.

–Valeu, com dois professores será muito bom.

–Dois?

–Gokudera também nos ajuda muito e se irrita quando tiramos notas ruins da mesma forma.

–Ele tem jeito de ser, como diria minha mãe, uma pessoa “esquentada”.

–Ele se irrita fácil, mas é uma boa pessoa.

–Para ter aceitado assistir um filme sobre coelhos, ele deve amar muito a Haru.

–Com certeza! Passaram muitas coisas para ficarem juntos.

–Como?

–Algum dia ela vai te contar.

–Afirmo que fiquei curiosa. Olha, chegamos! Quer entrar? – ambos pararam em frente a um apartamento de classe média.

Ele sorriu.- Fica para outra hora! Apareça algum dia na loja do meu pai.

–Pode deixar!!!

Yamamoto se despede sorridente e vira no próximo quarteirão. Akemi o observou até desaparecer pela rua e se pegou suspirando pelo jovem.

–Não, não, não! Ele tem namorada Akemi! Mas... É tão lindo e fofo!!! – e ela entrou desconsolada no prédio.

Em um parquinho já muito conhecido, estava o casal sentado em um banco. Haru estava com os pés no banco e encostada em Gokudera. O rapaz acariciava os seus cabelos.

–Será que fizemos bem em deixar Akemi sozinha com o Yamamoto-kun? Haru acha que deveríamos ter acompanhado ela até a casa.

–Se fosse outra cara você poderia ficar preocupada, mas é o Yamamoto. Aquela besta consegue ser sociável. - o rapaz boceja.

–Ehhhhh, Haru está sendo chata para Gokudera-kun estar com sono?

–Não é você, foi o filme do cinema.

–Huf! Dormiu o filme inteiro!!!

–Eu avisei!

–Fez Haru passar vergonha.

Ele riu e beijou a nuca dela. –Boba.

Ela ergueu a cabeça, o olhou e apertou uma de suas bochechas o fazendo rir. –Gokudera-kun que é bobo!

–Você ganha.

–Por que Haru ganha?

–Por abaixar a guarda! – Ele a puxa e a prende em um longo beijo.

Haru se afasta contra a vontade.- Alguém pode nos ver.

–Não há ninguém passando por aqui. –ele a puxa pela cintura e retoma o beijo.

–Está entregue, sã e salva. – falou Tsuna.

–Passou muito rápido.

–Acalme-se, iremos nos ver amanhã.

–Certos dias poderiam ser eternos!

–Como diria meu mestre, somos nós que criamos as horas eternas.

–Que romântico. – ela o abraçou e o beijou rapidamente antes que alguém da sua casa os visse.

–Até amanhã. – disse Tsuna sorrindo, sentia-se flutuar pelo chão.

–Até. – e a garota adentrou sua casa.

Tsuna caminhava com pensamentos felizes e distantes, deixou sua intuição o guiar pelo caminho. Passar as horas com a Kyoko fazia sumir tudo o que era desagradável em sua vida. Não existia Vongola, inimigos, poderes, apenas uma vida de adolescente normal. Mas certamente se ele não estivesse viajando em pensamentos, não seria surpreendido por uma lâmina brilhante apontada para o seu pescoço e encostando-se a sua pele.

–Morra Sawada Tsunayoshi! – clamava o homem com estilo punk. Seus cabelos eram raspados nas laterais e o que sobrou em cima estavam todos arrepiados. Uma jaqueta preta e com desenhos estranhos poderia ser vista cobrindo uma camisa branca aberta no peitoral. Suas mãos estavam enfaixadas e com uma luva preta por cima. Com tamanho ódio usou sua força para acabar com a vida do jovem, mas sua intenção foi interrompida com Tsuna usando sua luva para segurar a lâmina.

–O que eu fiz a você?

–Não estou me vingando pelo que fez a mim, mas para todos nós. Estarei salvando o mundo da sua presença.

–Você é um ex-capanga de Adelina?

Ele riu. – Nossa causa é nobre e nunca vingaríamos uma louca.

–O que eu fiz?

–Pecados terríveis.

–Impossível! Devem estar me confundindo com alguém.

–Não, é você mesmo que queremos. – o homem usa mais força para enfiar a espada no rapaz e Tsuna esquiva rapidamente, se afastando.

–Olha, eu não quero lutar contra você.

–Melhor para mim!- e ele avança em ataque e Tsuna arma sua lança.

–Fabricio retorne para casa.

–Não posso. –disse o garoto em um telhado segurando uma sniper e observando a cena na mira ótica. Utilizava os fones para conversar com o homem no celular. – Sawada-san está sendo atacado por Matt.

–Onde está a Epifania?

–Perdi o sinal deles há algumas horas atrás. Estou vigiando a situação, qualquer coisa irei interferir.

–Seja cauteloso.

–E aproveito a situação para comprovar que a Epifania está fazendo um trabalho porco.

–Bem, os melhores combatentes deles estão no campo de batalha.

–Vou desligar. Eles estão se movendo rapidamente. Até mais.

A espada do rapaz estava no chão, mas o pavor não tomou seu rosto, pelo contrário ele ria em sarcasmo e puxou de sua cintura duas pequenas facas para lutas de curta distância.

–Vou usar o meu verdadeiro talento contra você. – e as duas facas se encheram de energia da tempestade.

A luta se iniciou feroz, o rapaz era muito ágil e habilidoso com as facas, quase conseguiu enfia-las no estomago de Tsuna.

–Bem como falaram, é mais fácil lutar com você nessa forma. Não é tão poderoso e habilidoso assim.

–Nessa forma? – indagou Tsuna confuso sem obter resposta alguma.

O rapaz era rápido, conseguindo fazer raspões nos braços de Tsuna. Ele blasfemava e insultava o jovem Vongola continuamente, fazendo crescer uma grande fúria no futuro chefe. Matt percebeu a alteração do olhar de Tsuna e a forma de se comportar. O jovem se afastou do rapaz punk, guardou sua lança e fechou os pulsos.

Matt se posicionou em defesa, prevendo que Tsuna fosse lutar corpo a corpo contra ele, algo que ele considerou ingênuo já que estava utilizando facas como armas.

–Largou sua lança? Está entregando a luta?

O silêncio foi à resposta do jovem. Matt sentiu um pequeno frio na espinha com a situação: a rua escura, os olhos brilhantes de Tsuna na escuridão e o barulho dos passos lerdos do inimigo. O rapaz da Giustizia permanecia no mesmo local, ele não queria demonstrar que estava sentindo-se ameaçado pelo posicionamento do jovem.

“Ele está deixando aberturas, sei exatamente o que fazer”- pensou Matt. Logo sentiu o ar fugindo de suas vias respiratórias e confrontando os olhos de fogo de Tsuna. – Mal-maldito...

O futuro Vongola apenas o joga no chão com extrema força e logo em seguida executando uma sequência de socos na face do rapaz. Em segundos os hematomas surgiram, o sangue se espalhou pelas roupas e no chão.

–Sawada-san...- falou Matt. Ouvir o nome fez Tsuna recobrar a consciência.

–O q-que...O que eu estou fazendo!?- ele se afasta e olha suas luvas e roupas ensanguentadas.

Matt ri e tosse sangue logo em seguida. –Está apenas fazendo o já esperado por nós... Cometendo mais pecados. Não vai me eliminar agora?- e ele desmaiou.

–Não. Não é assim que eu ajo contra meus inimigos.

–Então você ainda tem consciência do certo e errado meu caro. – falou Paolo surpreso e rodeando Tsuna com mais companheiros.

–Sempre tive.

–Olhe suas mãos e a situação de Matt, imagino o que a Vongola pensaria se visse o que cometeu. Enfim, desista Sawada-san. Este é o seu fim.- disse Paolo.

–Se tentar fugir, Leandro irá atirar a já intima flecha envenena em você. –disse Tarcísio.

–Então, o que escolhe?-indagou Paolo.

Tsuna observava a situação: Matt estava desacordado atrás dele. Havia seis inimigos o rodeando mais o sétimo no telhado. Tentou identificar em qual rua estava e foi quando se deu conta que a luta havia se arrastado para longe de sua casa, com certeza propositalmente. Foi nessa varredura que ele se viu próximo ao templo que sempre realizaram os festivais da cidade e o topo do morro poderia vir a ser um bom esconderijo.

O jovem em segundos se pós no ar e voou para o lugar. Leandro atirou três flechas envenenas nelas, mas nenhuma o acertou, pois para frustação do rapaz elas se desviaram do foco da mira. Leandro rapidamente desceu ao chão e pegou com uma luva especial uma das flechas, a observou e guardou separada das outras.

Mais dois membros da Giustizia vieram socorrer Matt e os outros partiram atrás de Tsuna. Uma vasta parede de energia da chuva foi feita impedindo o caminho deles e dela saiu Kenjiro.

–Kenjiro? Está um pouco atrasado não acha? – disse Paolo rindo.

–Quem está atrasado é você para ser eliminado.

–Cale a boca garoto de merda.- falou Tarcísio.

–Posso ser um garoto, mas quase não sobreviveu quando lutou contra mim.

–Trapaceou, não lutou como um homem de verdade.

–De lembranças ao Fabio.

–Bem vamos eliminar a nossa pedrinha no sapato e seguir em frente.

–Pedrinha? –falou outra voz vindo detrás deles. Era um homem de cabelos curtos e cinza, usava um longo casaco preto e uma lança gigantesca.

–O general da Epifania! – falou Paolo.

–Preparem-se para o terror. – ele sorriu e partiu em ataque.

–Acho que estou seguro agora. - falou Tsuna para si mesmo sentado no mesmo local que Gokudera teve o beijo rejeitado pela Haru. Foi fácil achar aquele local voando.

Ele observava o céu e as palavras de Matt ecoavam em sua cabeça. Ele não conseguia entender que raios de pecados ele havia cometido. Começou a supor que talvez a Vongola estivesse escondendo algo dele e até retirado as memórias do que havia cometido.

Ele observou sua roupa ensanguentada. –Com a minha alma desta forma não duvidaria que eu tivesse realizado algo ruim.

Uma lembrança rápida lhe veio à mente da última vez que havia visto Adelina e a afirmação que não havia esquecido.

–Há uma semente do caos implantada em você. Sua alma está sendo consumida pela noite, assim como a minha foi.

Tsuna retorna da vaga lembrança em um único folego, como se estivesse se afogado. – NÃO!!! Adelina, você ainda consegue me atormentar. Não me tornarei igual a você.

O rapaz começou a se achar maluco por estar falando sozinho e a noite não estava deixando o lugar muito agradável. Sentiu um frio na espinha com algumas sombras assustadoras que se formaram e barulhos estranhos vindo da mata. Ele colocou sua Vongola Gear e desceu até onde normalmente ocorriam os festivais. Quando colocou os pés, conseguiu enxergar perfeitamente o local enfeitado, pessoas dançando e a música animada ecoando pelo céu estrelado. Rapidamente esfregou os olhos e tudo havia sumido.

Enquanto caminhava até a saída, memórias rápidas invadiram sua mente: ele andando com os seus amigos, dançando com Kyoko, no tiro ao alvo tentando conseguir um panda para a namorada e Ryohei ao seu lado, ele dançando com a garota e a triste briga que presenciou. Logo, ele viu que aquelas lembranças não eram dele, mas sim, do clone, especialmente por ter visto Patrícia. Tsuna conseguiu concluir que muitas confusões sentimentais deveriam ter ocorrido. Sentiu a agonia tomando conta do seu coração, mesmo que estas situações fossem tensas ele não havia presenciado o progresso de Gokudera e Haru, de Yamamoto gostando de uma garota, Ryohei pedindo Hana em namoro e o mais importante, o seu progresso com Kyoko.

Nunca havia revelado para ninguém, mas para ele ainda era estranho ver Haru e Gokudera juntos, afinal quando foi para a Itália a situação tensa ainda existia. Aquela sensação culposa pela tristeza da amiga e por ter afastado duas pessoas próximas. Ele ainda tinha medo do que falar e como agir com a jovem, mas Haru parecia não se importar mais com tal fato e percebeu o sentimento forte dela por Gokudera em seus olhos. Quanto ao seu braço direito, ele notou que havia desgrudado um pouco dele, agora seu tempo era dedicado mais para a namorada. Ver Yamamoto conversando de forma melosa era hilário, tal coisa que até mesmo Gokudera e Ryohei concordaram, Tsuna ria muito dessas situações. O único casal que ele não estranhava muito era Ryohei e Hana, talvez porque o amigo já havia contado tal fato descoberto no futuro.

Ele sentou nas escadas de entrada do lugar e refletia sobre o relacionamento com a Kyoko. Era um pouco difícil para ele saber como trata-la e até que ponto chegar à relação. Claudio havia sido claro que ele não teria acesso a essas memórias. Ele se surpreendeu com as ações de Kyoko certa vez que estavam no quarto, à garota se mostrou mais atrevida do que recordava, ele se perguntava se ela ainda seria pura e se não fosse, temia não cumprir os desejos dela.

–Ei garoto!- Tsuna ouviu uma voz masculina e colocou-se rapidamente em pé com o susto. Olhou para a direção da voz e viu alguém com uma mascara semelhante à de gás, mas com chifres. Vestida um casaco marrom que esvoaçava com o vento. Por debaixo estava com uma camiseta branca, calça preta e na cintura com um cinto cheio de balas e outros acessórios pendurados. Pessoas mascaradas havia se tornado um tipo de trauma para o jovem Vongola. - Saia daqui, é perigoso você ficar sozinho.

–Q-q-quem é você!?- disse tremendo.

–Não te interessa, apenas volte para casa antes que tentem te atacar novamente.

–Tsuna!!!- alguém lhe chamou. O rapaz virou e viu Kenjiro subindo as escadas correndo, olhou novamente para onde o homem mascarado estava e ele havia sumido. - Você está bem?

–O que faz aqui!?

–Vim checar se não fizeram nada a você! Demos um jeito em alguns deles, mas outros escaparam.

–Kenjiro-kun, quem é você afinal!? Quem são aq­ueles caras?

–Apenas precisa saber que eu estou protegendo você deles.

–Por que?

–Você é essencial para a máfia.

–Nem sequer a Vongola achou rastros de vocês Epifania e da tal Giustizia.

–Nós, a Epifania, somos um grupo novo por aqui. Mas fazemos de tudo para protegê-lo de seus inimigos.

–Então o homem mascarado de agora pouco era um de vocês?

–Homem mascarado!?

–Nada, acho que foi coisa da minha cabeça.

–Bem, eu não consigo identificar outra presença por aqui. Mas enfim, eu te acompanho até sua casa.

–Kenjiro-kun, por que a Giustizia quer me eliminar?-disse Tsuna ignorando Kenjiro.- Eles são capangas da Adelina?

–Não! Não possuem nenhuma ligação com ela. Eles apenas acham você perigoso por estar com a alma sendo invadida pela noite.

–Isso é mentira! Falaram que cometi pecados terríveis!

–Eles acham que você se juntou com a Adelina e havia traído a Vongola. Mesmo após ter voltado, está com a alma corrompida e apresenta perigo para o mundo da máfia.

–Isso não me parece ser a verdade.

–Vai ter que acreditar em mim por hora. A Epifania apenas quer lhe ajudar!

–De onde vocês são?

–Giustizia é italiana e Epifania é japonesa. Mas ambos os grupos possuem membros de várias nacionalidades.

–Aquele nossos encontro no aeroporto...

–Foi totalmente proposital. Estamos vigiando você desde que retornou da Itália. Não deveria ter saído daquele país, Tsuna-kun.

Tsuna ficou um pouco pensativo, aquela era a segunda vez que Kenjiro se referia ele pelo primeiro nome com tanta intimidade, mesmo aquela sendo a terceira vez que estavam se vendo. Ele se havia acostumado a chamar todos pelo primeiro nome na Itália e não usar substantivos de tratamento, tal fato que retornou a utilizar quando voltou ao Japão. Enfim, aquilo era no mínimo interessante e curioso.

–Meu país é o Japão e minha cidade estava sendo atacada. É claro que eu retornaria. Eram vocês?

–Não. Giustizia estava atacando Nanimori feito louca para chamar sua atenção, já que não o estavam encontrando na cidade.

–Tenho que impedi-los. Meus amigos podem ser machucar.

–Você não fará nada, pois a Epifania os derrotará. Apenas se proteja.

–Enquanto isso meus amigos correm perigo.

–Você é essencial para o mundo da máfia Tsuna-kun! Vale mais que qualquer pessoa.

–É aí se você se engana! Sou apenas um rapaz querendo ter uma vida normal, até assumir o meu lugar de chefe da Vongola. Não tenho mais valor que qualquer outra pessoa.

–Eu entendo sua compaixão pelos próximos e inocentes, mas sem você, tudo estará perdido.

–Compaixão...- Tsuna havia ficado pensativo. Aquela palavra era uma das últimas que ouviu antes de ser raptado.

–Tsuna-kun? O que houve?

–Vou para casa. – ele começou a descer as escadas e Kenjiro o seguiu pelas ruas.- Como sabe onde eu moro?

–Fizemos pesquisas acerca de você, Giustizia com certeza também a fez.

–Por que a máfia nunca me deixa em paz? Eu não poderia ao menos ter um ano de sossego?

–Quando tiver o poder em suas mãos, poderá fazer o que quiser. As pessoas irão se ajoelhar perante você.

–Está maluco!? As pessoas devem ser tratadas de igual para igual.

–Não é assim que funciona.

–Mas é assim que eu irei agir!

–Por que aceitou ser o chefe da Vongola?

–Me obrigaram. “Mentira” – pensou ele.-“Ser o chefe da máfia parece ser a única coisa na qual não irei fracassar.”

–Você deve ter outras ambições.

–Nunca fui uma pessoa ambiciosa, Kenjiro-kun. Apenas sempre quis escapar das obrigações e problemas, mas eles sempre me perseguem.

–Então acho que deveria parar de fugir.

–O que pensa que estou tentando fazer? –disse de forma rude. –Perdão. Normalmente eu não ajo desta forma. Mas essa situação está me deixando mais estressado do que nunca.

–Tudo bem. – disse Kenjiro rindo, parecia não ter se importado com a forma que o jovem agiu.

–Você parece ter a minha idade.

–Tenho 15 anos.

–Onde está estudando?

–Em...Nanimori.

–Então se vemos por lá. Até mais.

–Até mais? – Kenjiro observou que já estavam na frente da casa do rapaz. –Ah sim. Até mais.

O rapaz entrou em casa e correu escadas acima, apenas gritando um cumprimento para Nana. Ele não poderia deixar sua mãe ver o sangue em suas roupas. Abriu rapidamente a porta e deu uma volta na fechadura.

–Tsuna o que aconteceu!?-indagou Reborn.

–Giustizia me atacou, tinha sete deles me rodeando. Eu consegui fugir, me esconder e depois Kenjiro-kun veio atrás de mim dizendo que a Epifania os impediu.

–Estava sem os seus guardiões?

–Eles têm a vida deles Reborn.

–O objetivo deles é te protegerem Tsuna. A partir de amanhã terá escolta.

Ele rufou.- Nem discutirei com você hoje! Vou tomar um banho e dar um jeito nessas roupas antes que minha mãe veja.- tomou em suas mãos uma pilha de roupas e se dirigiu para o banheiro.

“Nunca o vi tal mal humorado”. - pensou Reborn.

Logo o jovem foi dormir e começou a ter vários sonhos, mas apenas um chamou a sua atenção. Tsuna estava em uma sala requintada, semelhante aos cômodos da mansão Vongola. Usava uma camisa de grife branca de mangas compridas, uma calça social preta e um sapato italiano envernizado. Conseguia ver através da janela os belos campos da Itália vastos que se perdiam no horizonte e um céu ensolarado do verão. Mas um canto do local era curioso, apesar de ser dia o canto esquerdo estava totalmente escuro, os moveis pareciam empoeirados e haviam um rapaz sentado em um dos sofás. O jovem Vongola se dirigiu temoroso e curioso até esta parte da sala.

Ao se aproximar o rapaz ergueu seu rosto e Tsuna pode ver que o mesmo usava capuz e mascara preta, carregava um semblante sério no rosto e em suas mãos estava com luvas de couros pretas empoeiradas.

–Quem é você? –indagou Tsuna.

O jovem nada disse apenas seus olhos brilharam como duas joias alaranjadas, deixando o rapaz assustado. Um brilho invadiu a sala e quando sumiu, havia uma barreira entre ele e o rapaz. Quando o jovem tocou a barreira, ela brilhou e ele despertou atrasado para o colégio. Vestiu seu uniforme em segundos, comeu em minutos e se dirigiu para as aulas. Estava com a garganta irritada e com um pouco de tosse, pelo jeito ficar no templo pela noite o havia deixado resfriado.

–Que pesadelo mais estranho. –pensou alto.- Será que significava alguma coisa?

–Décimo!!!- gritou Gokudera e ajoelhou-se diante dele.- Me perdoe, eu deveria ter feito o meu trabalho te protegendo como um verdadeiro braço direito.

–Está tudo bem Gokudera-kun.

–Não deixarei isso acontecer novamente. A partir de hoje estarei sempre lhe acompanhando.

–Você tem namorada agora.

–Ela irá entender.

–Tsuna. – cumprimentou Yamamoto.- Soube de ontem, estarei ajudando a te proteger.

–Obrigado pessoal, mas vocês possuem suas vidas.

–É a nossa função como guardiões décimo!

Em outro local, no shopping Subterrâneo. Um homem ria da situação de três membros da Giustizia acorrentados em cadeiras de ferro, um dos três já estava desacordado. Kenjiro estava encostada na parede apenas observando.

–Pobre Paolo, como está se sentindo com a bunda no ferro? Deve estar doendo muito.

–Cale a boca Akira! – com esta ordem o homem recebeu um soco na boca.

–Paolo!!!

–Quieto Tarcísio! – disse o homem cuspindo sangue.

–É Tarcísio, cale a boca se não quiser perder os dentes.

–Bryan pare de brincar com os convidados. – era Alexandre o general da Epifania entrando na sala.

–Eles não abrem a boca, chefe.

Alexandre remexe o bolso interno e tira um chicote que faz Paolo rir em sarcasmo.

–Chicote? Estamos em um encontro sadomasoquista? –falou Paolo.

–Se você por acaso gosta disso, vai adorar saber o que esse chicote faz.- Alexandre mostra que o chicote na verdade possuía corrente elétrica de tensão alta, fazendo Paolo engolir em seco a provocação. –Então é melhor começar a falar. Onde está o Marco Antonio?

–Acha mesmo que revelarei a localização? – e ele leva uma chicotada nas pernas sentindo o corpo tremer com o choque.

–Fale ou deformo o seu corpo! Onde seu líder se esconde?

Paolo ri. –Quer dizer que o seu chefe teme o Marco?

Alexandre responde a provocação chicotando o estomago dele. Paolo cuspe o sangue, recupera o folego e fala rindo novamente.

–Ele fez a maior confusão na máfia e agora está com o rabo entre as pernas?-ele riu em meio a dor.- Quem dera, a vários grupos atrás da Epifania. –levando mais uma chicotada nas pernas.

–Bryan...- disse o general recolhendo o chicote.- Coloque Paolo na câmara fria e fique lá até congelar os ossos, a menos que ele decida falar.

–Capitão!- disse Tarcísio.

– Leve Paolo.- Bryan o tira da cadeira e o leva para a referida sala, enquanto Alexandre e Kenjiro saem para o corredor.

–Por que levou Paolo para a câmara fria?

–Eu o conheço muito bem. Não irá falar tão fácil. Afinal, se soubermos a localização de Marco a Giustizia estará perdida.

–Algo aconteceu com Marco. Ele sumiu até do campo de batalha após a luta contra o chefe. Deve estar muito ferido.

–Minha intuição diz que ele está muito bem. Desconfio é que ele esteja por aqui.

–Como!? Ele seria louco de abandonar o foco principal da batalha.

–Não se ele fizer a Giustizia cumprir a sua principal missão. E será por estas razões que começaremos a vigiar Sawada-san vinte e quatro horas até localizarmos Marco.

–Então eu não deveria estar aqui para começar.

–Iremos revezar! Soldado cansado não é eficiente. Com certeza Reborn-san já colocou os guardiões apostos após aquele ataque que Sawada-san sofreu.

–Eu não me conformo de ter chegado atrasado.

–Não cometa o mesmo erro na próxima vez.

–Com certeza, senhor.

Em outro local afastado...

–Merda! Paolo, Tarcísio e Robert foram capturados. Eram os nossos melhores homens aqui.

–O que faremos agora?

–Poderíamos resgata-los.

–Não haverá resgate algum.

–Mas Fabio!

–Ordens do Marco. Não podemos perder tempo resgatando nossos homens! Foquem-se em cumprir o nosso objetivo e os problemas serão cessados.

–E o que você sugere?

–Cumprir o nosso objetivo hoje!


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Notas finais do capítulo

Pessoal o que estão achando dos dois grupos novos? Vocês tem alguma curiosidade sobre eles? ^^
Obrigada pro ler e até o próximo *_*



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