Céu Obscuro escrita por Ariadene Caillot


Capítulo 17
Inimigos próximos




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                No shopping subterrâneo, Epifania aguardava ansiosamente pela viagem a Austrália que seria dali uma semana. Os membros já estavam fazendo os tão esperados preparativos. Um dos membros que possuíam acesso às câmeras aos arredores do shopping, observava as gravações do dia anterior e seus olhos se arregalaram. Pelo rádio ele chamou os principais membros do grupo para a sua sala.

—O que houve para sermos chamados com tanta emergência?

—General, veja. –o homem mostrou a gravação de um garoto pulando na árvore e conversando com um rapaz.

—Ei Kenjiro, não é o seu melhor amigo ali?-disse Matt em deboche.

—Ex- amigo. Então ele realmente está aqui. –disse Kenjiro.

                -Não me surpreende que ele esteja aqui, mas sim, Gokudera-kun estar conversando com ele. Como se conheceram? –disse Matt.

            -Isso explica porque a Vongola está achando os anciões facilmente. –concluiu o General.

—Há possibilidade de Fabricio ter contado tudo a ele?

—Duvido que o professor e o tio dele permitiriam.

—Kenjiro, você o conhece melhor que ninguém. O rastreie e descubra o seu esconderijo.

***

Claudio estava despojado em sua cadeira convencional na biblioteca, o livro azul de letras douradas estava aberto diante dele seguido de vários outros livros. Uma de suas mãos estava pendurada ao ar enquanto a outra brincava com um lápis em cima da mesa. Seus olhos estavam fixos em uma pilha de livros do outro lado da mesa, mas seus pensamentos estavam longe. Gokudera cochilava em uma poltrona com um livro em mãos.

—Não achei que estaria aqui. –disse Leonardo adentrando a sala.

Claudio apenas balançou a cabeça deixando o homem confuso. –Eu... A anciã... –ele balbuciou algo, obrigando o homem a se aproximar dele.

—Sim Claudio?

—A anciã simplesmente sumiu.

— Epifania achou o ancião da água. Tsuna agora tem chances.

—Não importam o que digam, como a Vongola permitiu Tsuna ir?

—O fato é, assim como eu percebi, Reborn e Iemitsu notaram que ele está ficando instável. Não conseguimos prever o que ele poderá fazer, é melhor a Vongola estar junto.

—Acho que todos compartilham a mesma opinião. –disse Gokudera ainda com a voz rouca de sono. –Senão não estaríamos aqui.

—Você também não confia na Epifania. – afirmou Leonardo. -Gokudera, você chegou a concluir que as causas de seu envenenamento na caverna...

—Sim. Eu desconfio deles.

—Como confiar em um grupo que não há registro algum? Até parecem que surgiram do nada.

—A Vongola se faz a mesma pergunta há muito tempo sobre Giustizia e Epifania.

—Queria saber de onde esse povo surgiu.

O celular de Gokudera vibra indicando que era um sms de Irie Shouchi, na mensagem ele pedia para que o rapaz olha-se em seu e-mail. Hayato pegou um notebook que estava em uma mesa da biblioteca e checou as informações, Leonardo e Claudio acabaram adentrando em outras conversas que mal perceberam.

O e-mail era sobre os moradores da mansão que Gokudera vinha investigando e se tratava principalmente da extensa árvore biológica de Kazumi. Os olhos de Gokudera se arregalaram inesperadamente, ele imprimiu as informações e saindo assim às pressas.

Ele andava distraído a caminho da lanchonete que Kazumi trabalhava, relendo várias vezes o que lhe foi revelado.

—Olá irmão! –disse alguém. Hayato saiu do mundo dos pensamentos e viu que se tratava de Kazumi. –Por essas bandas novamente.

—Estava dando uma volta.

—Arejando a mente? Parece que algo te perturba.

—Algumas coisas.

—Vamos bater em alguns caras, estou no intervalo.

Gokudera apenas ri ironicamente e segue ao lado de Kazumi.

—Sakura estava falando sobre você outro dia, eu disse que acho que você tem uma namorada. -Gokudera apenas o olha sem demonstrar reações.- Aí eu pensei, você deve ser um cara sem valor ou veio ali por algum interesse. Estou apostando na segunda opção. –e ele para o rapaz o olhando fixamente, Hayato apenas o encara. –Naquela briga, você demonstrou técnicas que não são aprendidas nas ruas, garoto.

—Observei o mesmo.

Kazumi ri ironicamente. –Sakura também me disse que viu um garoto pular de uma árvore e conversaram. –Ele fechou uma das mãos a segurando com a outra. As veias saltaram pela pele. –Terá que me dizer um motivo muito bom para não te bater aqui e agora. Quem é você?

—Essa pergunta é minha.

Obrigada pelas lições para conquistar confiança de um homem Gokudera. Aprendi muito com o seu sucesso de hoje. –disse Scarlet.

“Quieta!”

Garoto burro. Use as habilidades que lhe dei para sair desta situação. Sair nos punhos não resultará em nada.

Gokudera logo se lembrou dos arabescos da primeira vez que fora na lanchonete, havia adquirido algumas informações valiosas naquele dia. -Você carrega uma revolta dentro de si.

—Do que está falando? –ele cerrou os dentes.

—Desconfiança. Medo. Insegurança. Tive todos eles comigo. Era por isso que eu fumava e só parei quando consegui solucionar o problema. Fuji de casa e briguei muito na rua para descontar minha raiva em qualquer um e não ganhava nenhuma merda de satisfação. Mas se é isso que quer vá em frente. – Apesar das palavras, Gokudera com certeza revidaria se caso ele lutasse.

—Acha que vou parar apenas com palavras?

Gokudera deu de ombros. Kazumi apertou os punhos, respirou fundo e deu alguns passos para trás do rapaz a sua frente, relaxando os músculos logo em seguida.

—Fugiu de casa? Como vou acreditar nisso?

—Enquanto eu era ingênuo dentro da minha casa eu estava feliz, até eu descobrir por uma empregada que uma jovem que me visitava algumas vezes por ano era a minha mãe biológica e não a mulher que meu pai estava casado. E para piorar, eu soube que meu pai tinha eliminado forjando um acidente para a minha mãe biológica. Eu não podia viver sob o mesmo teto que ele.

Kazumi o observou assustado. –Sei quando uma pessoa não está mentindo. –ele relaxou completamente e se apoiou em uma parede. -Sinto muito pelo que te aconteceu. Mas, você perdoou seu pai?

—Não foi ele. Minha mãe na verdade estava doente. Descobri através das cartas que ambos trocavam.

—Não foi feliz, mas dá para se conformar. -disse olhando para a parede pensativo. –Eu... Eu morava em uma casa de ricos. –disse finalizando com um sorriso desanimado. - Minha mãe era empregada e meu avô era mordomo. Foi travada uma batalha entre gangues e perdi ambos quando tinha onze anos. O patrão deles me colocou com os seus capangas e quando tive idade suficiente eu fugi. O problema que até certo tempo atrás, eu ainda estava sendo perseguido por eles.

—Achou que eu era um deles. –disse cruzando os braços. -Também desconfiaria.

—Como pode ver não posso me aproximar de ninguém com medo de ser atacado.

—Elimine esses merdas da sua vida.

—Quem vem ao meu encontro vê estrelas. Está é minha estratégia.

—A vida era boa antes disso?

—Sim.-disse sorrindo nostálgico. - Eu lembro que tinha crianças quase da minha idade na casa, especialmente os netos deles. Me dava bem com a neta e o neto do patrão. Mas sempre achei os homens que trabalhavam para ele estranhos. Meu pai era um deles. –Kazumi olha o celular. –Nossa! Conversar sobre o passado faz o tempo voar. Preciso ir, até mais.

—Até.

Ele era da máfia.

“O avô dele era mordomo.”

Gokudera, não deixe seus sentimentos afetarem essa sua missão pessoal.

“Você sabe o que eu posso estar presenciando aqui?”

Claro. Assim como eu sei que você tem consciência da teoria correta. Não forje histórias apenas para beneficio próprio.

“Há uma grande possibilidade!”

Gokudera, respire fundo. Seus poderes estão se confundindo com os seus sentimentos e não prevejo um resultado benéfico saindo disso. Se quiser continuar com esta missão, tenha isso em mente.

“Não sabe o que eu sei.”

Vai começar a ser um cabeça dura igual ao seu futuro chefe? Acorde! Eu não o elegi por essas atitudes! Até mais. Vá refrescar essa mente.

Hayato apenas bufa e segue para casa, logo Haru estaria lá.

Mais tarde...

—O que está preocupando Gokudera-kun?

—Eu entrei na casa que Lavina-chan mora.

—Sério!? Lavina-chan nem convidou Haru-chan.

Ele ri e a abraça. –Conheci o pai dela. –Haru o olha profundamente.

—E...

—Ele veio falar sobre eu ser um eleito, sobre a corrupção do Décimo, entre outras coisas. Esse lance de ser eleito agora, eu consigo ver e sentir muitas coisas. Algo naquela casa me fez investiga-los e descobri algumas coisas.

—Hahi. Tipo o quê?

—Investiguei em nome de quem estava aquela casa, ela está alugada em nome de Kazumi Ichiro. Ele trabalha em uma lanchonete e com o salário que ganha não paga nem 10% do aluguel daquela mansão. Vasculhando a sua árvore genealógica, descobri que seu avô chamava-se Masao, trabalhava como mordomo.

—O que Gokudera-kun está insinuando? Haru está confusa.

—Há algo que não lhe contei. – segue-se o silêncio. – Minha mãe biológica chamava-se Lavina e aquela garota é praticamente idêntica a ela.

—Haru ainda não entendeu.

—Haru se conseguimos viajar uma vez para o futuro, o que impediria de eles serem do passado?

Haru manteve-se em silêncio, o observava com ternura. –Haru sabe que deve ser importante para Gokudera-kun, mas, o que Gokudera-kun acha de primeiro ajudarmos Tsuna-kun?

Ele coloca as mãos na cabeça. –Novamente, estou me desvirtuando do meu caminho. Como braço direito, o Décimo sempre deverá ser minha prioridade.

Pelo menos alguém para lhe colocar juízo.

“Quieta Scarlet”.

—Gokudera-kun! Você está bem?

—Estou pensando. Você confia na Epifania? Confia realmente que a escolha de seguirmos para este ancião é seguro?

—Haru não tem uma intuição privilegiada como de Tsuna-kun, mas parece fácil demais.

—A Vongola está desesperada. –disse ele enquanto se debruçava no parapeito. Haru o envolta com seus braços.

—Haru confia em Gokudera-kun. Se estiver vendo algo errado, tente achar o outro caminho.

Gokudera fica pensativo.

Na sede da Epifania...

—O que está fazendo Kenjiro?

O jovem estava vasculhando as câmeras das ruas. – Tentando achar aquele idiota arrogante. Mas não acho nenhum rastro.

—Espere! Vi algo. Olhe. –ele apontava para uma garotinha pulando um muro alto.

—Essa garotinha seria a Lavina? Então estão escondidos nesta bela mansão. – Kenjiro sorria vitorioso.

—Kenjiro, pare de perder tempo com isso. Temos uma viagem para fazer.

—Quando eu retornar, vou atrás dele.

Na casa de Tsuna...

—Olá Nono. O que precisa? –era Reborn ao telefone.

—Cancele esta viagem.

—Cancelar!? Seria por qual motivo?

—É algo um pouco complicado para explicar por telefone Reborn. Mas cancele e diminuía nossos laços com a Epifania.

—Mas Nono...

—Até mais. – e desligou.

—Nono disse para cancelar a viagem.

—O quê!? – respondeu Tsuna. –Ele está louco!? É a minha salvação!!!

—Nono sabe o que está fazendo Tsuna. Deve ter obtido algum tipo de informação perigosa.

—A única coisa perigosa por aqui é protelarem a purificação da minha alma. –Tsuna sobe correndo para o quarto e bate a porta com força.

—O que o Nono exatamente disse? –perguntou Iemitsu.

—Enfraquecer nossos laços com Epifania. Ele deve ter descoberto algo.


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