Seguindo Estrelas escrita por Saber


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários, sou insegura para escrever então significa muito para mim ouvir outras opiniões! Vou responder assim que puder ;)



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Respira fundo, Amanda, pensa....

– Aaaah eu preciso ir atrás dela de novo Gustavo!

Eu estava de pé na mesa dessa vez, com as mãos nos meus cabelos, como se bagunçá-los mais ainda ajudasse em alguma coisa.

– She said goodbye too many times beforeeeee oh....

Gustavo continuava cantarolando alguma musica do Maroon 5 enquanto folheava a revista. Eu geralmente gostava de ficar escutando musicas com ele, mas aquilo estava me mantando... hehe que trocadilho horrível, eu estou tecnicamente morta.

Segundo os médicos em coma, desde os 17 anos...E eu acordei nesse quarto, demorei um pouco para entender o que estava acontecendo, todo mundo chorava tanto, e haviam tantas faixas enroladas no meu peito, meu rosto completamente branco. Eu tentei falar com a minha mãe, posso ser um quase fantasma de primeira viagem, mas depois de surtar ao ver que ninguém me via, ou que não conseguia tocar ninguém, comecei a testar as teorias de seriados que eu tinha.

Depois de me distrair um tempo com isso percebi que o Tomas me via, só que toda vez que ele perguntava para ela algo como "Mamãe, por que você não leva a mana pra casa?", "Por que a menina está dormindo enquanto a mana só fica de pé?"... E então Dona Helena só abraçava ele forte e chorava, dizendo que eu estava dormindo mas logo iria para casa. Então só de nos olharmos, Tomas entendeu o mesmo que eu, só estávamos magoando a mamãe.

Como você explicaria para alguém que uma criança está vendo o fantasma da irmã em coma, a alma ou sei lá como se chama isso. Ah você poderia chacoalhar algumas correntes, derrubar uns livros da mesa, escrever uma mensagem na parede...

Imagina que legal, você está em coma e faz com que todas as pessoas que te amem saibam que você está vagando por ai, mas não consegue voltar pro seu corpo, que eles vão estar em casa e vão poder se "comunicar" com você, mas pode ser que você nunca será você novamente...Sua mãe ia querer levar você pras compras de Natal e " Olha filha, vamos comprar um vestido novo para você, qual você escolhe? Balance qual dos dois é mais bonito? O azul? Tudo bem, vamos colocar no seu corpo quando chegarmos em casa!"

Ou então imaginar o Gustavo virando um frequentador de médiuns e videntes e sabe quem mais entendo do sobrenatural para salvar a melhor amiga dele presa em um mundo entre o dos vivos e dos mortos...

Talvez seja divertido em Buffy, mas eu realmente quero que eles tenham uma vida o mais normal possível, não vale a pena força-los as duvidas que eu tenho agora.

– O que isso significa, eu consegui senti-la...será que eu estou voltando? Será que devo ir atrás dela, ou foi só o momento, eu estava nervosa demais e consegui segurá-la?

– Gata, você faz tanta falta...amanhã é o meu aniversário, e não vai ter ninguém para me acordar a cada uma hora após a meia noite, só pra me lembrar disso. Nossa como você era insuportável!

Olhei para baixo, e vi Gustavo mais perto da cama, ele estava arrumando meu cabelo. Respirei fundo, eles vinham quase todos os dias me ver. Eu daria o mundo para acordar daquela cama. Eu conseguia sentir o tato dele, sabia que tinha alguém perto do meu corpo, mas era só um formigamento, como encostar levemente em uma tela e sentir estática. Eu queria sentir de verdade, queria poder abraçar minha família, conversar com a Sofia, girar o Tomas no ar pelo pé enquanto poderia escutar ele gritando "De novo, de novo".

– Hey, vai ficar tudo bem... você vai sair dessa! Eu estou aqui, Helena, o Tomas, nós sempre vamos estar.

Foi então que eu percebi, que tinha uma lágrima correndo pelo meu olho... só que dessa vez o meu corpo também estava assim, uma pequena gota, que o Gustavo secou com todo cuidado. Mas assim como na hora que encostei em Sofia, eu senti, senti de verdade, a textura úmida da gota, assim como o calor da mão dela.

Alguma coisa estava mudando desde que conheci a Sofia, e eu tinha que descobrir, afinal não só a minha vida estava passando, como a de todos a minha volta. E eu quero viver com eles!

Olhei na parede no relógio digital, era um sábado, quase 11 da manhã, mas Sofia tinha falado de alguma faculdade, e só havia uma faculdade na cidade. Corri até lá sabia que haveria aula até a hora do almoço.

Um fato engraçado, consigo voltar na hora que quiser para o hospital, mas não me teletransportar para fora, atravessar as coisas era opcional, se me concentrasse bastante poderia até derrubar algum objeto... mas de qualquer forma eu podia correr. E como só ia atravessando as pessoas ao meu redor, cheguei lá extremamente rápido mas ainda assim, vi que quase todo mundo estava saindo.

– Droga, ela pode ter ido embora...- Parei em frente ao portão, o guarda estava encostando uma das partes, pelo jeito todos os carros já tinham ido embora. Não fiz questão de desviar, ele atravessou por mim, e ao mesmo tempo esticou o corpo como se tivesse sentido um vento gelado. Sempre assim eles sentiam um arrepio ao me atravessar, mas nada diferente pra mim.

Bom, eu já estava por lá, ia dar umas voltas, se tiver uma biblioteca, eu poderia ler um pouco, sem ninguém ficaria mais fácil. Estava meio cansada do clima do hospital e queria ler alguma coisa mais interessante.

Subi as escadas correndo, pulando um degrau ou outro, grande beneficio de ser um meio-fantasma, eu não perdia o fôlego. Vi a placa da biblioteca, era num andar acima.

– Ouch!- Senti alguma coisa colidindo contra o meu corpo, espera....corpo? Não poderia ser no hospital, foquei minha mente no que estava a minha frente. Haviam milhares de apostilas espalhadas pelo corredor e uma garota com o pulso enfaixado. ESTAVA ACONTECENDO DE NOVO! - Cuidado pelos corredores você pode machucar alguém... espera... garota da chuva?

Congelei no lugar, de novo, eu estava ouvindo a voz da Sofia, ela estava se levantando do chão com dificuldade por conta do pulso. Mas eu não consegui ajuda-la. Foco Amanda, Foco!

– Hey, garota da chuva? Você está bem?

Droga perdi a noção do tempo, devia parecer uma garota louca encarando alguém que eu arremessei no chão. Mas dei um passo rápido para trás assim que Sofia começou a balançar a mão na minha frente, para ver se eu olhava diretamente para ela.

– Tudo bem...Eu...

Me afastei, e se ela me tocasse e dessa vez fosse como o guarda? Desde que eu mantivesse a distância, nós poderíamos continuar conversando. Quando recuei mais um passo, vi uma apostila sendo jogada para mais fundo no corredor, eu acabara de chutar alguma coisa. EU PODIA EMPURRAR UM OBJETO! Dei um chute de leve na apostila, e comecei a sorrir sem querer.

– Sabe, parece que você nunca viu uma apostila na vida...você tem certeza que está bem...

Ah, foi ai que me toquei, você esbarra na garota, não ajudar ela a se levantar, começa a bagunçar mais as coisas dela... Péssimo começo...

Respirei fundo e olhei para ela, escondendo o máximo que conseguia da minha euforia com um sorriso simpático. Enquanto dentro da minha cabeça eu só escutava "YEEEEEES, VAMOS NESSA GAROTA!"

– É... eu sou meio cabeça de vento, me desculpe...por tudo...- peguei uma das apostilas do chão e entreguei para ela. - e caso você queira saber, eu me chamo Amanda. E ficaria feliz de ajudar a arrumar essa bagunça que eu causei.


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