One Night Stand escrita por Katic


Capítulo 6
Uma coca-cola com você




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POV Kate

Lanie me fez vestir uma blusa laranja com um short preto curtíssimo. O tipo de roupa que grita “ei, estou aqui! venham falar comigo”. E eu não estava com a mínima paciência para ser agradável.

Quando saí do quarto, já não parecia que eu estava dentro do nosso apartamento, mas sim no meio de uma balada. Pessoas que eu nunca tinha visto antes passavam por mim e me cumprimentavam como se fossemos velhos amigos. Não sei de onde tirei tantos sorrisos falsos.

– Hey, Kate! Vem dançar! - Ryan gritou, me puxando para o meio da pista improvisada. A música era agitada e instantaneamente meu corpo entrou no ritmo.

Fiquei dançando com ele até o momento que uma garota loira se aproximou e o puxou para um canto da sala. Ele me lançou um olhar de desculpas e em resposta, disse um “aproveita a chance”, mesmo sabendo que ele não conseguiria ouvir por causa do barulho.

Aproveitei a deixa e fui para um lugar que eu estava morrendo de vontade de ir desde que saí do meu quarto.

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POV Rick

Eu a observava de longe. Era bonito o jeito que ela dançava, totalmente envolvida na batida da música. As luzes coloridas brincavam na sua pele. Minha ficha de que ela estava ali, há poucos metros de mim, ainda não havia caído.

Eu só esperava algum sinal, um momento certo ou algo do tipo para criar coragem e ir lá falar com ela, mas antes que isso pudesse acontecer, a vi saindo da pista de dança e a segui.

Kate tinha ido para a cobertura externa. Talvez estava cansada ou simplesmente queria ficar longe do amontoado de universitários bêbados. Abri a porta lentamente, mas mesmo assim ela ouviu o barulho e me observou por alguns segundos em silêncio. Fiquei ali parado, tentando absorver toda a poesia que era aquela mulher iluminada apenas com a luz da lua.

– Se você quiser ficar sozinho, eu posso sair. - Ela disse baixinho. Já não estava mais olhando pra mim. Sentada em um balcão alto, ela observava as luzes da cidade a sua frente.

– Não. Fica.

Desci correndo as escadas. Se eu estava esperando algum sinal para falar com ela, definitivamente aquele era o momento certo. Fui no meu quarto e peguei um livro de poesias, depois passei pela cozinha e peguei uma garrafa de coca-cola. Me muni de toda coragem que podia e fui ao encontro da minha musa.

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Richard entrou na cobertura externa e fechou a porta. Não queria que ninguém atrapalhasse seu momento com Kate. Assim que ela se virou e viu quem tinha entrado, lançou um olhar interrogatório.

– Eu não disse que não ia voltar. - Ele disse imediatamente, estendendo a coca-cola pra ela.

Tem uns 10 tipos de bebibas alcoólicas lá embaixo e você me traz coca-cola?

Ele se inclinou na direção dela e lhe deu o diagnóstico como quem conta um segredo.

– Digamos que eu sei que você não é muito forte pra bebidas. - Ela não falou nada. Apenas pegou a coca-cola da mão dele, dando um sorriso discreto o suficiente para passar quase imperceptível. Quase.

Richard pegou o livro que tinha trago e o folheou até encontrar a página que estava procurando.

– Tomar coca-cola com você é ainda melhor que uma viagem a San Sebastian, Irun,Hendaye, Biarritz, Bayonne ou que ficar enjoado na Travessera de Gracia em Barcelona. - Kate lhe lançou um olhar zangado que ele achou totalmente adorável, mas ele resolveu ignorar e continuou sua leitura. - Em parte porque nessa camisa laranja você parece um São Sebastião melhor e mais feliz. Em parte porque eu gosto tanto de você, em parte porque você gosta tanto de iogurte.

Ele não podia ver, mas ela estava sorrindo. Kate não fazia a menor ideia do que ele estava tentando fazer lendo aquele poema. Ela estava com uma blusa laranja e tomando coca-cola!

– Eu juro que só estou lendo. - Rick disse com um sorriso torto.

– Na luz quente de Nova York às quatro da tarde nós estamos indo e vindo de um lado para o outro como a árvore respirando pelos olhos de seus nós. - Ele não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Ela tinha recitado a parte seguinte do poema.

Percebendo que ele ainda não tinha se recuperado totalmente da surpresa, Kate levantou e se sentou do lado dele.

– Frank O'Hara. Esse é o meu poema favorito. - Ela disse, dando uma explicação do motivo de saber o poema de cabeça.

– E a exposição de retratos parece não ter nenhum rosto, só tinta. - Richard continuou a leitura, mas agora a encarava. Cada palavra era pra ela. - De repente você se surpreende que alguém tenha se dado ao trabalho de pintá-los. Olho pra você e prefiro de longe olhar para você do que para todos os retratos do mundo.

Ele não sabia se era a luz pálida da lua na pele dela, ou o cheiro de cerejas ou a perna dela em contato com a dele, mas seu coração estava totalmente descompassado.

– Exceto talvez às vezes o Cavaleiro Polonês que de qualquer maneira está no Frick. - Ela pegou o livro da mão dele, continuando a leitura. - Aonde graças a Deus você nunca foi de modo que eu posso ir junto com você a primeira vez.

– E o que adianta aos Impressionistas tanta pesquisa quando eles nunca encontraram a pessoa certa para ficar perto de uma árvore quando o sol baixava.

– Ou por sinal Marino Marini que não escolheu o cavaleiro tão bem quanto o cavalo.

– Acho que eles todos deixaram de ter uma experiência maravilhosa que eu não vou desperdiçar por isso estou te contando. - Richard finalizou a leitura. Um sorriso enorme estava estampado no seu rosto.

– Acho que não nos apresentamos direito. Eu sou a Kate. - Ela disse com um sorriso lindo.

– Rick.


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