6 MESES DEPOIS

– Hey, garota!! - Lanie correu para abraçar a amiga. Faziam cinco meses desde que Kate havia ido para a Rússia e o único contato entre elas havia sido via chamadas no Skype.

– Nossa, como eu senti sua falta! E como eu senti falta desse apartamento. - Disse percorrendo o caminho da sala até o seu antigo quarto. Lá dentro haviam apenas algumas caixas que ela havia deixado para trás.

– Pensei que alguém já tivesse tomado conta do meu quarto.

– Nunca. Esse quarto é e sempre será seu canto. Mas como tá pesado pra Ryan e eu pagarmos as contas, estamos procurando uma nova pessoa, que vai ficar naquele quarto. - Lanie disse, apontando para a porta em frente ao quarto de Kate.

– Só vim passar três dias, mas daqui há seis meses eu volto definitivamente.

– Vou fazer desses seus três dias os mais inesquecíveis da sua vida.

– Eu não duvido. - Kate falou sorrindo, conhecia muito bem a amiga que tinha.

– E então… Algum namorado lá pela Rússia?

– Não. - Beckett respondeu, seca. Aquele era um assunto que ela definitivamente queria evitar.

– “Não”? Assim? Na lata? Aí tem coisa por trás, Katherine Beckett.

– Ok, Lanie. Tem um cara.

– Qual o nome dele?

– Eu não sei. - A morena a olhou com cara de quem não acredita. - Eu realmente não sei.

– Onde se conheceram?

– Em um bar.

– Oh meu Deus, quer dizer que eu te mando pra Moscou com a única finalidade de estudar e você me aparece aqui apaixonada por um cara que conheceu em um bar?

– Primeiro, não estou apaixonada e segundo, eu o conheci aqui. Nós passamos a noite juntos, mas a minha vida tava uma bagunça, então eu saí da cama dele antes que nós nos envolvêssemos, você sabe... pessoalmente.

– Deixa eu ver se entendi direito… Você teve um caso de uma noite só com um cara em Stanford, nem mesmo sabe o nome dele e está apaixonada?

– Já te falei que não estou apaixonada! Longe disso… Eu só não consegui tirar ele da cabeça.

– Ele não saiu dos seus pensamentos pelos últimos 6 meses?

– Basicamente.

– Amiga, no meu vocabulário isso se chama paixão.

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– Grande noite! Parabéns, Rodgers! - Esposito estava visivelmente mais animado que Richard.

Sim, é uma grande noite, afinal é o lançamento do seu primeiro livro. Um livro totalmente inspirado nela.

– Que seja. - O escritor saiu andando a passos largos para o lado de fora da livraria. Toda aquela pompa estava o sufocando.

– Ei, Rodgers! O que aconteceu? - Esposito correu para alcançá-lo, não podia deixar o amigo ir embora no meio da própria festa.

– Eu… eu esperava que ela aparecesse. - Richard confessou, totalmente frustrado. - A verdade é que se não fosse por ela, eu teria continuado escrevendo poemas que nunca seriam publicados. E agora eu tenho um contrato em uma grande editora. Eu só esperava que tudo isso fizesse com que ela voltasse pra mim… Pros meus braços. Eu preciso dela.

– Ei, cara. Ela vai aparecer. Ela vai ler seu livro e vai ver que a sexy detetive Katherine Noveau é inspirada nela.

– Eu realmente espero que isso aconteça, Espo.

– Agora vamos que sua festa mal começou.

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Era o último dia que ela ficaria em Stanford e sabia que essa era a hora de enfrentar seus medos. Seu voo sairia em menos de duas horas, então já deixou as malas prontas antes de sair para a casa dos seus pais. A sua casa.

Desde a morte de Johanna, ela evitava passar por lá. A dor de ficar de ficar naquele espaço era grande demais.

Entrou sem bater na porta. Analisou cada canto tão familiar e ficou tão imersa naquele lugar que ela costumava chamar de lar que quase pode ouvir o sorriso da mãe na cozinho ou o barulho dos saltos dela no chão de madeira.

– Katie? - Era a voz do seu pai. Ela se virou para ficar de frente para ele. Jim estava muito mais acabado do que ela previa. Sua barba estava enorme, seu cabelo com um aspecto sujo e suas roupas velhas. Não reconheceu a imagem do seu pai naquele homem.

– Eu vim saber como você está. - Kate falou baixinho, não sabia qual seria a reação dele. A última vez que o viu ele não conseguia parar de beber por um só segundo e isso já fazia mais de um ano.

– Saia daqui. - O senhor falou com a voz firme, sem deixar qualquer dúvida sobre a sua vontade.

– Pai, eu…

– Saia daqui agora!

Beckett não conseguia controlar o nó que se formava em sua garganta. Como o seu próprio pai a expulsou de casa? Ele era a única família que ela tinha.

Ele não era a única pessoa que estava sofrendo com a morte de Johanna. Só Deus sabe o inferno que Kate estava passando desde a morte da sua mãe.

Ela já mal conseguia controlar as lágrimas quando viu a última pessoa que espera ver depois de todo esse tempo longe dos Estados Unidos.

Atravessou a rua a fim de se aproximar mais para confirmar que não era só mais uma ilusão criada pela sua cabeça. Mas aquilo era real.

Não era ele, mas uma foto em tamanho natural dele. O garoto do bar. O cara que não sai dos seus pensamentos há mais de 6 meses.

– Richard Castle. - Ela leu a placa, sorrindo em meio as lágrimas. Finalmente sabia quem ele era.

Rapidamente entrou no lugar onde estava a foto dele e sorriu mais uma vez ao reconhecer a livraria onde sua mãe lhe levava todos os domingos. Pronto, o nó na sua garganta já havia sido esquecido.

Caminhou até a prateleira que exibia o livro dele e pegou um exemplar.

– Frozen Noveau. - Leu em voz alta. - Belo título.