Gabriel acabou por dormir ali mesmo. Sorri, afagando seu rosto e o deixando descansar. Levantei-me, saí do quarto e voltei pro nosso. Os garotos me encararam.

— Quanto tempo demora pra se ensinar alguém a fazer umas bebidinhas? – resmungou Bernardo – Você que é lenta demorou menos que... Cacete, Amanda, você tá chorando?

— Oh, que novidade – brincou Chris, correndo e me abraçando.

Desabei e acabei por contar pra eles tudo o que estava acontecendo. Apenas para os dois. Nem mesmo Thiago ouviu. Bernardo suspirou e afagou meu rosto.

— Você precisa de um tempo pra ti.

— Eu sei, Bernardo, eu sei.

— Não, tipo... Só pra ti. Pega seus cigarros, um livro, vai ler, Amanda.

Eu o encarei, assentindo. Saí do quarto e fui ao meu cantinho sagrado, fazer o que eu fazia de melhor. E aquela rotina solitária se repetiu até o dia de festa, enquanto eu não estava nos preparativos ou em aula.

(...)

As três semanas haviam se passado, e hoje era a sexta-feira do baile. Estávamos todos incrivelmente ansiosos e eu praticamente pulava na cadeira.

Minha relação com Gabriel depois daquele dia da ressaca se resumia a olhares intensos que falavam mais que qualquer palavra propriamente dita. E então ele lançou aquele olhar de “que porra você tá fazendo” e eu o encarei de volta, sorrindo e abaixando os olhos logo depois. Quando o sinal da última aula tocou, eu praticamente voei até o lugar reservado para a festa. Matt estava lá, sem camisa, arrumando as bebidas num lugar escondido e os shots em cima da bancada. Sorri.

— Olha só, que rapaz prestativo – disse, sentando-me ao lado dos copos.

— Se você quebrar um só shot antes de estar bêbada eu juro por Deus que acabo com a sua vida.

Levantei-me fazendo careta e ele riu, bagunçando meus cabelos. Continuei caminhando pelo ambiente da festa e tudo parecia em seu devido lugar. Mais que isso, estava tudo perfeito! Subi correndo para me trocar, e as garotas já estavam loucas.

— Eu não sei me maquiar! – gritava Desirèe

— E eu não consigo abotoar esse maldito vestido! – choramingou Bruna.

— Vocês são duas ridículas – Chloe reclamou

— Calem a boca todas vocês. Temos algumas horas antes da...

— Horas? Amanda, sua tonta, tá tudo marcado pra daqui a uma hora e meia.

Daí eu me desesperei. Saí correndo pra tomar meu banho, me ajeitar e sair logo. Quando faltavam 15 minutos para a festa, os garotos entraram no quarto. Estávamos todas de máscara, e Bernardo me fitou.

— Quem é você?

Fiquei muda. Ele levantou minha máscara e me deu um tapa na testa, me fazendo rir e abraça-lo. Ajeitei sua gravata e coloquei a máscara que havíamos feito pra ele. Bê sorriu e me beijou a testa. Repeti o processo com Thiago, Gus e Chris. Os outros se viraram pra fazê-lo.

— Essa festa, Amanda... – sussurrou Chris, apertando meu braço no elevador – Ela promete.

A partir daí, eu não me lembro de muito.