Não Vou Controlar escrita por Stewartnic


Capítulo 1
O inesperado acontece


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Capítulo 1 – O inesperado acontece

Pov Marina

Eu estava me curando. Não, eu não estava curada, nem ao menos perto disso, apenas estava tentando. Eu tinha dito a mim mesma após a minha última crise de choro, que eu iria tentar. Não vinha sendo fácil, admito, era um caminho longo e tortuoso. Os dias passavam se arrastando e eu quase tinha a sensação de ver o tempo parar por breves segundos, diante dos meus olhos. A nuvem escura e melancólica sempre estava lá, presente, como uma sombra. Eu vinha a evitando ao máximo. Fugia, corria, me escondia e até a enganava traçando vários caminhos. Lara, minha psicóloga, me dera várias dicas de como eu agir caso essa sombra resolvesse permanecer. Eu dançava no meu quarto, — desengonçada, mas dançava — tentava sorrir ao máximo, corria e andava de bicicleta. Fazia isso como uma rotina. Não são coisas que eu estava acostumada a querer fazer, mas eu realmente estava tentando.

Estava fazendo dez dias em que eu não tinha tido mais nenhuma crise, nenhum rompante, dez dias em que eu vinha evitando e fugindo da sombra, não deixando ela me levar. Dez dias em que eu sentia orgulho de mim mesma.

Também estava fazendo um ano que eu não recebia mais notícias de Vanessa. Vanessa foi durante muito tempo a minha melhor amiga, minha irmã postiça, a minha identificação imediata. Ainda me lembro da primeira vez que a gente se viu como se fosse ontem. Eu acabara de me mudar de escola e estava indo para a quinta-série, cheia de expectativas e apreensões. Lembro que ao entrar na sala eu logo a vi. Estava fazendo guerrinha de papel em um grupo de uns 4 meninos, contra um outro grupo de 5 meninas. A professora então pediu para que todos fizessem silêncio para que eu pudesse me apresentar. Foi só aí que ela notou a minha presença. Arqueou uma sobrancelha e balançou levemente a cabeça, fazendo com que seus cachinhos ruivos “voassem” de um lado para o outro. Depois da minha breve apresentação a professora pediu para que eu me sentasse no último lugar ainda disponível da sala, que, por coincidência ou não, ficava bem na frente de Vanessa. Depois disso nós duas parecíamos nunca mais querer largar do pé uma da outra, às vezes quase que literalmente! Andávamos juntas de cima a baixo e ela sempre ficava me chamando por apelidos super carinhosos como mimadinha, metida e pretensiosa. Em troca eu também não pegava leve e sempre que podia a chamava de Vanessinha, terror ruivo e docinho, que eram os que a deixavam mais irritada. Apesar das tantas vezes que vi Vanessa acordar de cara amarrada, eu sempre a considerei da mesma maneira, como uma pessoa que sabia fazer as melhores graças e falar as melhores coisas para tentar te animar. Como eu sempre costumava a dizer, Vanessinha era o senso de humor em pessoa.

Então chegou na oitava-série, que foi quando Vitor começou a dar em cima de mim. Mesmo dizendo para Vanessa que eu não tinha o mínimo de interesse nele — o que era estranhamente verdade, pois mesmo ele sendo o menino mais desejado da escola, eu não o desejava — ela continuava paranóica e triste achando que eu a abandonaria. Depois de alguns dias Vanessa me disse que seus pais precisavam se mudar e que sendo assim, ela também precisaria mudar de escola. Dali em diante eu nunca mais a vi e nem soube notícias.

Por algum motivo, depois da oitava-série eu nunca mais consegui fazer grandes amigos e muito menos arranjar namorados. De um jeito estranhamente confuso e que eu não entendia, Vanessa tinha sido a única pessoa que até então fez com que eu fosse eu mesma e ao longo do tempo, inconscientemente, eu fui me fechando para tudo e para todos. Meus pais resolveram que eu precisava passar a fazer consultas após o meu primeiro surto de puro desespero. Eu fui. Claro. Desde então, todas as quartas-feiras, ao meio dia, eu vou me consultar com a Lara em seu apartamento que ela faz de consultório.

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Como eu vinha tendo dez dias “tranquilos” eu até me dei ao luxo de debruçar sobre a borda da janela do meu quarto, vendo o tempo e a noite passar, lenta e tranquila. Foi assim, então, que o inesperado aconteceu. Senti meu coração apertar sobre o peito, minhas pernas balançarem um pouco, por um segundo, me senti estranhamente completa, coisa que só aconteceu — em proporções bem menores — algumas vezes quando eu estive ao lado de Vanessa. Na casa à frente, debruçada sobre a sacada, avistei aquela que parecia a dona da noite, a dona da Terra, a dona do meu novo mundo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Não deixem de comentar! Pois leitores são tão importantes quanto escritores. Lembrem-se que sem um não existiria o outro! Beijoooooo ♥