P. O. V Austin

As imagens da Allycia a esvair-se em sangue à minha frente continuam a aparecer na minha cabeça. A Angie não para de chorar pois está tremendamente assustada com tudo o que aconteceu, foi horrível. Neste momento continuámos à espera de alguma notícia dos médicos mas parece que me estão a evitar. Ando de um lado para o outro com a menina ao colo a tentar acalmá-la, mas não está a resultar, e só espero que a minha mãe chegue aqui rapidamente.
Sentei-me e acabei por conseguir adormecer a Angie. Ouvi o meu nome ser chamado e levantei-me cuidadosamente, indo ter com o médico. Vi a minha mãe a correr na minha direção e passei a Angie para o colo.

— Como é que está a Ally ?! E o bebé? — perguntei preocupado.

—'Eu ... — o medico engoliu em seco e encarou-nos. — Infelizmente tenho más notícias.

— O que é que se passa? Por favor, diga-nos de uma vez por todas. — pediu minha mãe.

— Eu lamento. — abanou a cabeça — A paciente está bem de saúde mas… perdeu o bebé.

Perdi todas as minhas forças e acabei caído no chão com lágrimas a escorrerem pela cara. Acabei de perder um filho, um bebé. Acabei de perder algo de mim e da mulher da minha vida, algo que demorou tanto tempo a concretizar.
Entre lágrimas consegui ver alguns médicos à minha volta a tentarem-me ajudar a levantar, mas eu apenas não conseguia. Ouvi a voz de Angie e fui buscar forças, sabe-se lá onde, e levantei-me lentamente.

— Filho, eu lamento tanto. — disse minha mãe, a chorar. — Acho que a devias ir ver, eu fico com a Angie.

— O que é que eu lhe vou dizer, mãe? Como é que lhe vou dizer que perdeu o filho? Ajuda-me, por favor.— perguntei desesperado abraçando-a.

— Vai com calma. Ela vai precisar muito do teu apoio.

— Papá! — chamou Angie saltando para o meu colo e limpando-me as lágrimas. —'Quelu ver a mamã.

— Desculpa, meu amor, mas vais ter que ficar com a vovó um bocadinho, sim?

— E a tia Rydel também já vem. O papá vem já com a mamã. O médico disse que ela já pode vir embora e tem que estar em repouso. — falou minha mãe.

— Então eu…eu vou ajudá-la e tentar contar-lhe o que aconteceu. — voltando a passar a Angie para o colo da minha mãe e dirigindo-me ao médico que me deu a pior notícia da minha vida.— Pode-me levar ao quarto dela?

— Venha comigo. — começou a andar e segui-o. —Tente-lhe contar o que aconteceu, está bem? Vá com calma, ela ainda não faz a mínima ideia de que… já não está grávida.

— Eu sei. — uma lágrima voltou a escorrer pelo meu rosto.

P. O. V Ally

Passados tantos meses e voltei a acordar na porcaria do hospital. Senti-me um pouco tonta e carreguei num dos botões que tem ao lado da cama, aparecendo um médico em segundos. Apenas sorriu de uma maneira…triste? Isso é possível?
Tirou-me o cateter e deu-me autorização para me vestir e pediu que esperasse pois viria alguém buscar-me. Mas afinal o que é que se passa? Eu estou bem? O…o bebé?! Porque é que ele saiu sem me dizer nada? Porra!
Vesti uma roupa que estava pousada numa cadeira ao lado da minha cama e fiquei à espera que alguém aparecesse. Esse alguém tem que ser o meu namorado

— Posso? —: perguntou o loiro eu apenas levantando-me e abraçando-o.

— Oh Amor, o que é que se está a passar ? — perguntei se ele respondesse o loiro dando-me um suave beijo nos lábios pediu : Senta-te, por favor.

— Amor, o que é que se passa? Vou ter que ficar em repouso por causa do bebé? — perguntei curiosa.

— Em relação ao bebé…— engoliu em seco e vi lágrimas formarem-se nos seus olhos.

— O que é que se passa com o bebé, Austin? O QUE É QUE SE PASSA?

— Eu lamento, Alls. — abraçando-me e eu continuo sem entender. — você perdeste o bebé.

— O quê? Não! Isso não é possível! Não pode ser! Não, Austin! Isso é mentira! — me soltei com lágrimas nos olhos e o loiro com lágrimas a escorrerem pelo seu rosto falou ;
— Amor… Nós podemos tentar outra vez e…

— Não, Moon! Não! — começando a chorar compulsivamente. — Nós lutámos tanto por isto…

—Anda cá.... Morena !

Acabei por desistir e cair nos braços do loiro, chorando junto ao seu peito. Ouvi os seus soluços e comecei a chorar ainda mais, se é que isso é possível. Ouvi a sua voz sussurrar que tudo vai ficar bem, mas eu sei que não. Acabei de perder um ser que estava dentro de mim.
Chegámos a casa dirigi-me para o nosso quarto, fechando a porta de seguida. A Mimi e a Rydel fizeram questão de vir conosco para nos apoiar e animar-nos mas não senti qualquer diferença no meu humor. Como é que um passeio de bicicleta pode acabar assim?
Despi a minha roupa e entrei na casa de banho para tomar um duche. Depois de ligar a água, deslizei até ao chão da banheira e encolhi o meu corpo. Não consigo parar de chorar, não quero sair deste quarto e apenas fazer de conta que está tudo bem e que nada aconteceu. Eu apenas pedi uma nova oportunidade para recomeçar a minha vida com uma família feliz e acabei por estragar tudo. Parece que está tudo contra mim e que nunca serei verdadeiramente feliz.
Aprecei-me a acabar de tomar banho e vesti um pijama quente. Voltei a deitar-me na cama e apenas me deixei estar a olhar para o teto, como se isso me fosse ajudar a superar isto.

— Posso? —' ouvir a voz do meu namorado ecoar no quarto.

— Sim. — continuando a encarar o teto.

— A minha mãe e a minha irmã vão embora, elas queriam-se despedir de ti…

— Okay... Vamos !? — falei levantando da cama.

— Espera! — agarrando-me no braço. — Como é que estás?

— Como é que achas que eu estou? —disse num sussurro.

— Nós vamos passar por isto juntos, amor. — falou o meu namorado beijando minha testa.

— Eu sei ...