Frenchy's not bad escrita por Nata


Capítulo 1
Will Grayson


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de dedicar essa fanfic para minha adorável Maura, porque sem você, minha cara, nada disso seria possível. Meus pensamentos agradecem por terem a honra de sua imagem. E, por favor, seja a voz da sanidade que resta no mundo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/561877/chapter/1

puta que pariu.

faltava um dia. apenas um dia.

é claro que num período de 24 horas muitas coisas poderiam acontecer. são 1440 minutos de pura catástrofe e merda. maura não conseguia calar a boca por um segundo. não que isso fosse novidade, mas, porra, ninguém realmente se importa com nada que acontece naquele colégio. se a sala fosse incendiada, no mínimo meia dúzia de pessoas se mobilizariam.

maura: quer estudar para a prova de matemática?

eu: não.

maura: porque não?

eu: porque não. agora cala a boca, tenho que ir pra casa.

a aula nem tinha acabado, mas eu sai. não é como se aqueles últimos 10 minutos de aula fizessem diferença em um dia comum, mas hoje tudo estava diferente. cheguei em casa e fui direto para o computador. minha mãe estava na cozinha, o que fez com que eu não fosse comer um sanduíche. mas, é claro, ela percebeu a minha presença.

mãe: chegou mais cedo em casa?

sem resposta.

mãe: não vai comer nada?

sem resposta.

mãe: tudo bem, finja que eu não estou aqui.

não é como se eu não estivesse fazendo isso, mas ouvir ela falar me fez sentir culpado. a culpa não era dela de faltarem apenas 18 horas para o meu encontro com isaac, e, por pensar nisso, eu nem escolhi o que vestir. quer dizer, é claro que seria uma calça e uma camiseta, mas qual? quer dizer, não que eu ligue pra isso, e nem o isaac liga, mas mesmo assim abro meu guarda roupa e não acho nada de inovador. decido escolher isso quando acordar.

ligo meu computador e vejo isaac online. quando abro a janela do chat, ele me manda uma mensagem quase que imediatamente.

amarradopelopai: vejo alguém mais cedo aqui hoje.

grayscale: realmente. fugi na última aula só para falar com você.

amarradopelopai: isso é tão lindo.

grayscale: oh, não chores.

amarradopelopai: tentarei.

amarradopelopai: ansioso?

grayscale: imagina, apenas surtando.

amarradopelopai: vou te abraçar.

grayscale: bem apertado.

amarradopelopai: uau.

grayscale: uau.

depois disso, isaac disse que tinha que dormir, o dia havia sido longo. decidi fazer o mesmo, até porque o meu dia tinha sido cansativo. quando deito na cama, parece que o sono resolve brincar de pique-esconde. fixo meu olhar no teto e espero, de olhos fechados, que essas 18 horas passem voando. quando caí no sono já eram 2h da manhã, e aproveitei ao máximo aquele descanso. o dia seguinte seria longo.

quando acordei fiz o que havia planejado: peguei a primeira roupa do armário e vesti. por sorte, era um conjunto aceitável, uma calça jeans normal e uma camiseta com uma figura de um robô feito de silver tape. desço as escadas arrumando o cabelo, aproveito que minha mãe não está na cozinha e engulo dois pães direto. mesmo que eu não fosse me encontrar com isaac, o caminho até chicago era longo. só não sabia como ia dizer para minha mãe.

droga, tinha esquecido do detalhe "mãe".

mãe: onde você vai?

eu: é feio aparecer assim de surpresa.

mãe: você não vai para a escola, não é?

eu: o dia está tão lindo, porque você não sai e toma um ar?

mãe: will.

eu: não, mãe, eu não vou para a aula.

mãe: isso tem a ver com a maura?

eu: não, eu não estou saindo com a maura.

minha mãe sempre achou que eu tinha algo com a maura. a maura também costumava achar isso, até eu gritar com ela e dizer que ninguém a quer comer.

eu: olha, eu adoraria continuar essa conversa, mas eu realmente tenho que ir. provavelmente não volto pro jantar.

sai e fechei a porta atrás de mim. andei por 3 quarteirões e esperei a polícia vir atrás de mim. esperei minha mãe vir atrás de mim. esperei até a maura, mas não apareceu ninguém. bom, assim pelo menos eu teria sossego com o isaac.


~

peguei o trem até chicago, o que demorou cerca de 1 hora e meia. no caminho, imaginei o que falaria para ele quando chegasse. ou como realmente ele seria: tudo que sei dele é o que vi nas poucas fotos, o suficiente para me deixar apaixonado. o físico de isaac não foi o que me atraiu, mas a louca genialidade que ele tem. até porque, para gostar de alguém a distância, o físico deve ser a última coisa.

o vento bate no meu cabelo, o que faz com que fique estupidamente melhor do que antes. quase vomitei ao perceber que, daqui a alguns minutos, eu chegaria lá. o resto do caminho não foi dos melhores, mas logo acabou. a espera finalmente valeria a pena.

quando desci na estação, peguei a folha do google maps que eu tinha imprimido com o endereço e comecei a andar pelas ruas. são cerca de 12 horas e eu estou com fome. mas não ligo para isso. continuo pelas ruas até chegar a 3 quadras de distância. meu coração se encontra a mil quando eu viro na rua do endereço. a loja frenchy's era de longe a loja que menos chamava atenção, o que achei bom. me aproximei das portas, e quando estava prestes a abri-las, uma voz disse atrás de mim:

voz: eu não faria isso se fosse você.

eu: hm, e porque não?

voz: você não sabe o que tem aí, certo?

uma loja?

eu: uma loja?

voz: um amigo me indicou esse endereço para um encontro, disse que seria um bom lugar. bem, acho que ele me enganou.

meu coração teve um ataque.

eu: um encontro?

voz: sim, mas acho que minha sanidade chegou atrasada.

eu: por favor, seja a voz da sanidade que resta no mundo.

voz: will?

eu: isaac.


~

isaac me levou para comer em uma das lanchonetes da redondeza, que, pelo o que ele sabia, era a menos pior.

eu: enfim, o que realmente era aquela loja?

isaac: uma sex-shop.

eu: adoraria conhecer seu amigo e perguntar porquê diabos eles mandou nós nos encontrarmos numa sex-shop.

isaac: essa, com certeza, será a primeira coisa que eu vou fazer quando voltar.

eu: eu acho que você não deveria voltar, acho que deveríamos fugir para o
alasca.

isaac: não poderia ser o egito? não gosto muito de frio.

eu: feito.

isaac: feito.

eu: feito.

isaac: porque ainda estamos falando "feito"?

eu: não sei, acho que era só para manter a sua voz em ação.

ele riu e deu uma mordida no sanduíche de peito de peru que havia pedido para si. eu estava comendo um delicioso x-nada. nada de hambúrguer, nada de tomate, apenas o "x" mesmo. observar as pessoas enquanto comem pode até ser um hábito errado, mas olhar o molho de maionese que juntou no canto da boca dele era excitante. não que eu fosse ficar de pau duro por isso, mas o seu jeito despreocupado era cativante.

isaac: você está me olhando.

eu: estou olhando sua maionese.

tiro a maionese do canto da boca com meu dedo e como-a eu mesmo.

isaac: ah, desculpe, um pouco bagunçado.

isso, na verdade, não importava. quero dizer, ele se sujar de sanduíche e essas coisas. conversamos pelas horas seguintes, ainda sentados em nossas mesas, com assuntos infinitos. ele me pergunta sobre minha mãe e maura, e eu digo que é estranho nenhuma das duas terem ligado para mim, mas eu não dou importância. quando começa a escurecer, eu percebo que talvez seja hora de voltar para casa. enquanto penso nisso, vejo um garoto, de idade parecida com a minha, entrando também na sex-shop. espero ele sair para descobrir se ele havia sido mais uma vítima ou estava realmente comprando algo de lá. quando saiu, segurava uma sacola de plástico preta e parecia um pouco confuso. decidi deixar de prestar atenção nele e focar em isaac.

eu: devemos ir embora?

isaac: mas já? nem deu tempo para te agarrar.

eu: não seja por isso.

aproximei minha cadeira da dele e esperei ele me abraçar. ele o fez, o que deixou todo o meu corpo arrepiado. eu estava ali. nós estávamos ali, eu e isaac. depois desse momento deixei para trás toda a preocupação que eu tinha até antes de ir para chicago: minha mãe, maura, e toda a pressão da sociedade. hoje, tudo isso valeu a pena.

eu: então, egito?

isaac: egito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero, insistentemente, que Will Grayson e Isaac Sem Sobrenome vivam uma intensa relação amorosa. E, desculpem a demora para postagem, vida de escravo é dura.