Frenchy's not bad escrita por Nata
Notas iniciais do capítulo
Gostaria de dedicar essa fanfic para minha adorável Maura, porque sem você, minha cara, nada disso seria possível. Meus pensamentos agradecem por terem a honra de sua imagem. E, por favor, seja a voz da sanidade que resta no mundo.
puta que pariu.
faltava um dia. apenas um dia.
é claro que num período de 24 horas muitas coisas poderiam acontecer. são 1440 minutos de pura catástrofe e merda. maura não conseguia calar a boca por um segundo. não que isso fosse novidade, mas, porra, ninguém realmente se importa com nada que acontece naquele colégio. se a sala fosse incendiada, no mínimo meia dúzia de pessoas se mobilizariam.
maura: quer estudar para a prova de matemática?
eu: não.
maura: porque não?
eu: porque não. agora cala a boca, tenho que ir pra casa.
a aula nem tinha acabado, mas eu sai. não é como se aqueles últimos 10 minutos de aula fizessem diferença em um dia comum, mas hoje tudo estava diferente. cheguei em casa e fui direto para o computador. minha mãe estava na cozinha, o que fez com que eu não fosse comer um sanduíche. mas, é claro, ela percebeu a minha presença.
mãe: chegou mais cedo em casa?
sem resposta.
mãe: não vai comer nada?
sem resposta.
mãe: tudo bem, finja que eu não estou aqui.
não é como se eu não estivesse fazendo isso, mas ouvir ela falar me fez sentir culpado. a culpa não era dela de faltarem apenas 18 horas para o meu encontro com isaac, e, por pensar nisso, eu nem escolhi o que vestir. quer dizer, é claro que seria uma calça e uma camiseta, mas qual? quer dizer, não que eu ligue pra isso, e nem o isaac liga, mas mesmo assim abro meu guarda roupa e não acho nada de inovador. decido escolher isso quando acordar.
ligo meu computador e vejo isaac online. quando abro a janela do chat, ele me manda uma mensagem quase que imediatamente.
amarradopelopai: vejo alguém mais cedo aqui hoje.
grayscale: realmente. fugi na última aula só para falar com você.
amarradopelopai: isso é tão lindo.
grayscale: oh, não chores.
amarradopelopai: tentarei.
amarradopelopai: ansioso?
grayscale: imagina, apenas surtando.
amarradopelopai: vou te abraçar.
grayscale: bem apertado.
amarradopelopai: uau.
grayscale: uau.
depois disso, isaac disse que tinha que dormir, o dia havia sido longo. decidi fazer o mesmo, até porque o meu dia tinha sido cansativo. quando deito na cama, parece que o sono resolve brincar de pique-esconde. fixo meu olhar no teto e espero, de olhos fechados, que essas 18 horas passem voando. quando caí no sono já eram 2h da manhã, e aproveitei ao máximo aquele descanso. o dia seguinte seria longo.
quando acordei fiz o que havia planejado: peguei a primeira roupa do armário e vesti. por sorte, era um conjunto aceitável, uma calça jeans normal e uma camiseta com uma figura de um robô feito de silver tape. desço as escadas arrumando o cabelo, aproveito que minha mãe não está na cozinha e engulo dois pães direto. mesmo que eu não fosse me encontrar com isaac, o caminho até chicago era longo. só não sabia como ia dizer para minha mãe.
droga, tinha esquecido do detalhe "mãe".
mãe: onde você vai?
eu: é feio aparecer assim de surpresa.
mãe: você não vai para a escola, não é?
eu: o dia está tão lindo, porque você não sai e toma um ar?
mãe: will.
eu: não, mãe, eu não vou para a aula.
mãe: isso tem a ver com a maura?
eu: não, eu não estou saindo com a maura.
minha mãe sempre achou que eu tinha algo com a maura. a maura também costumava achar isso, até eu gritar com ela e dizer que ninguém a quer comer.
eu: olha, eu adoraria continuar essa conversa, mas eu realmente tenho que ir. provavelmente não volto pro jantar.
sai e fechei a porta atrás de mim. andei por 3 quarteirões e esperei a polícia vir atrás de mim. esperei minha mãe vir atrás de mim. esperei até a maura, mas não apareceu ninguém. bom, assim pelo menos eu teria sossego com o isaac.
~
peguei o trem até chicago, o que demorou cerca de 1 hora e meia. no caminho, imaginei o que falaria para ele quando chegasse. ou como realmente ele seria: tudo que sei dele é o que vi nas poucas fotos, o suficiente para me deixar apaixonado. o físico de isaac não foi o que me atraiu, mas a louca genialidade que ele tem. até porque, para gostar de alguém a distância, o físico deve ser a última coisa.
o vento bate no meu cabelo, o que faz com que fique estupidamente melhor do que antes. quase vomitei ao perceber que, daqui a alguns minutos, eu chegaria lá. o resto do caminho não foi dos melhores, mas logo acabou. a espera finalmente valeria a pena.
quando desci na estação, peguei a folha do google maps que eu tinha imprimido com o endereço e comecei a andar pelas ruas. são cerca de 12 horas e eu estou com fome. mas não ligo para isso. continuo pelas ruas até chegar a 3 quadras de distância. meu coração se encontra a mil quando eu viro na rua do endereço. a loja frenchy's era de longe a loja que menos chamava atenção, o que achei bom. me aproximei das portas, e quando estava prestes a abri-las, uma voz disse atrás de mim:
voz: eu não faria isso se fosse você.
eu: hm, e porque não?
voz: você não sabe o que tem aí, certo?
uma loja?
eu: uma loja?
voz: um amigo me indicou esse endereço para um encontro, disse que seria um bom lugar. bem, acho que ele me enganou.
meu coração teve um ataque.
eu: um encontro?
voz: sim, mas acho que minha sanidade chegou atrasada.
eu: por favor, seja a voz da sanidade que resta no mundo.
voz: will?
eu: isaac.
~
isaac me levou para comer em uma das lanchonetes da redondeza, que, pelo o que ele sabia, era a menos pior.
eu: enfim, o que realmente era aquela loja?
isaac: uma sex-shop.
eu: adoraria conhecer seu amigo e perguntar porquê diabos eles mandou nós nos encontrarmos numa sex-shop.
isaac: essa, com certeza, será a primeira coisa que eu vou fazer quando voltar.
eu: eu acho que você não deveria voltar, acho que deveríamos fugir para o
alasca.
isaac: não poderia ser o egito? não gosto muito de frio.
eu: feito.
isaac: feito.
eu: feito.
isaac: porque ainda estamos falando "feito"?
eu: não sei, acho que era só para manter a sua voz em ação.
ele riu e deu uma mordida no sanduíche de peito de peru que havia pedido para si. eu estava comendo um delicioso x-nada. nada de hambúrguer, nada de tomate, apenas o "x" mesmo. observar as pessoas enquanto comem pode até ser um hábito errado, mas olhar o molho de maionese que juntou no canto da boca dele era excitante. não que eu fosse ficar de pau duro por isso, mas o seu jeito despreocupado era cativante.
isaac: você está me olhando.
eu: estou olhando sua maionese.
tiro a maionese do canto da boca com meu dedo e como-a eu mesmo.
isaac: ah, desculpe, um pouco bagunçado.
isso, na verdade, não importava. quero dizer, ele se sujar de sanduíche e essas coisas. conversamos pelas horas seguintes, ainda sentados em nossas mesas, com assuntos infinitos. ele me pergunta sobre minha mãe e maura, e eu digo que é estranho nenhuma das duas terem ligado para mim, mas eu não dou importância. quando começa a escurecer, eu percebo que talvez seja hora de voltar para casa. enquanto penso nisso, vejo um garoto, de idade parecida com a minha, entrando também na sex-shop. espero ele sair para descobrir se ele havia sido mais uma vítima ou estava realmente comprando algo de lá. quando saiu, segurava uma sacola de plástico preta e parecia um pouco confuso. decidi deixar de prestar atenção nele e focar em isaac.
eu: devemos ir embora?
isaac: mas já? nem deu tempo para te agarrar.
eu: não seja por isso.
aproximei minha cadeira da dele e esperei ele me abraçar. ele o fez, o que deixou todo o meu corpo arrepiado. eu estava ali. nós estávamos ali, eu e isaac. depois desse momento deixei para trás toda a preocupação que eu tinha até antes de ir para chicago: minha mãe, maura, e toda a pressão da sociedade. hoje, tudo isso valeu a pena.
eu: então, egito?
isaac: egito.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero, insistentemente, que Will Grayson e Isaac Sem Sobrenome vivam uma intensa relação amorosa. E, desculpem a demora para postagem, vida de escravo é dura.