Pureblood escrita por MaryCherry


Capítulo 24
Vinte e quatro — Batidas do coração.


Notas iniciais do capítulo

Oi, como vão vocês? 。・゚・(。つ∀≦。)・゚・。 Bom, não tenho muito o que dizer aqui hoje. Só quero que saibam que foi um horror pra eu conseguir escrever esse capítulo. Acho que me deu um surto criativo (?) e eu fiquei o dia inteiro trabalhando nele sem parar. Sem falar da última cena, que eu escrevi e reescrevi um milhão de vezes e absolutamente NENHUMA VERSÃO ficava boa. Mas no fim, eu acabei conseguindo me agradar com essa que vocês vão ler (jura? ksoadkdf) espero que gostem do capítulo, sintam-se beijados. Uma boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/561863/chapter/24

Ele pôs o braço ao redor de sua cintura e, extremamente desnorteada, Lucy retirou as mãos do rosto e o viu curvando-se para ficar mais próximo de sua altura. Devagar, pôde enxergar os lábios dele mais de perto; eram convidativos... e abriam-se levemente conforme mais próximos ficavam dos seus. Os olhos dos dois fechavam-se e os lábios se abriam para que pudessem ficar, enfim, perfeitamente encaixados.

Lucy tentava se concentrar na apostila à noite, frustrada por não conseguir compreender uma linha do que se lia. Não era como se estivesse realizando uma verdadeira leitura; apenas corria os olhos pelas palavras sem interpretá-las, sem saber o que significavam. Tudo por causa do que chamava de incidente daquele dia.

Com o rosto em chamas, pressionava o lado esquerdo do peito, sentindo que se não o fizesse seu coração poderia saltar para fora. Tentava negar a si mesma que os batimentos cardíacos estavam assim por causa de Natsu. Não, não poderiam ser por ele.

Certo, poderiam.

Não poderiam.

Ou poderiam?

O calor que percorria seu corpo era estranho e tão mais intenso que o habitual; comprimindo os lábios, fechou os olhos decidida a parar com aquilo, desviando os pensamentos com Natsu para outros que faziam-lhe se colocar em seu lugar. Estava naquela cidade para estudar e conseguir ser aprovada pela universidade, começar a construir o futuro que sempre sonhara. Não tinha tempo para cogitar estar gostando de alguém.

Vermelha como pimentão, se levantou de súbito da escrivaninha, sem condições de continuar o estudo. Saiu do quarto e encontrou Erza esparramada no sofá mordendo uma pizza de chocolate com a alegria de uma criança.

— Ué, já estudou?

— Não exatamente... — suspirou a loira, sempre surpresa por nunca reparar um quilo a mais nela. Perguntava-se se a amiga fazia algum tipo de academia quando estava sozinha em casa; aquela era a única explicação plausível. Ou talvez seu metabolismo fosse acelerado demais.

A segunda hipótese fazia mais sentido, conhecendo-a bem.

— Não consegue estudar? — Erza engoliu mais um pedaço da pizza.

— Ah... — começou Lucy, abrindo a caixa de pizza de calabresa sobre a mesa do cômodo. Sentia um certo enjôo apenas de pensar em calabresa, e talvez fosse a hora de começar a preparar o jantar para ambas. Algo saudável. — Só estou com dificuldades para me concentrar...

A ruiva lançou-lhe um sorriso brevemente malicioso.

— O que te faz ficar tão desconcentrada? — por mania, repuxou os cabelos para trás e deixou a pele pálida e lisa do pescoço à mostra, revelando uma marca avermelhada em meio a leves impressões de dentes, como se alguém tivesse-lhe mordido por ali.

Lucy fixou os olhos arregalados nas marcas e como se tivesse acabado de lembrar de algo, Erza corou e pôs o monte de cabelos avermelhados sobre o lado esquerdo do pescoço. Cruzou os braços, envergonhada e odiando a si mesma por ser tão burra! Burra por esquecer que estava com aquelas marcas suspeitas no pescoço, e ainda mais burra por... ter deixado que Jellal as fizesse?

— A-Ahn... — começou a loira, vendo a amiga tão vermelha que era como se vapor estivesse saindo de seu rosto. Lucy resolveu continuar a conversa como se nada houvesse acontecido, pois nada era de sua conta. Se Erza quisesse lhe contar, o faria mais cedo ou mais tarde. — Bom...

As duas, relembrando acontecimentos que deixavam seus corações prestes a sair pela boca, ficaram em silêncio na sala vez ou outra encarando-se e desviando o olhar para uma parede qualquer.

E Heartfilia, apesar de ter consciência de que não era nem um pouco de sua conta o que a amiga fazia ou deixava de fazer com alguém, pensou preocupadamente se esse alguém havia o feito com seu consentimento. Sabia o quão tal coisa poderia ser... comum, certo?

— Erza. — sussurrou sem olhá-la diretamente, consciente de que era uma grande idiota. — N-Não me entenda mal, eu... eu só estou preocupada.

— Hum? — a ruiva mordiscou o lábio inferior, temendo o que ela diria a seguir.

— Se quiser me contar sobre qualquer coisa, eu estou aqui para você. Vou dar o meu melhor para ajudar...

Scarlet estremeceu, entendendo a preocupação de Lucy. E sentia-se grata por isso, mas aborrecida por ter de admitir a si própria que Jellal não a obrigara a se submeter a nada do que andavam fazendo.

— Obrigada.

Apesar de aliviada por Erza, sentia-se ainda mais nervosa pelas memórias e imaginações com Natsu virem à tona. Cobriu a mão com a boca e se levantou, felizmente contendo o que havia comido durante o dia ainda dentro de si.

— Me desculpe. Acho que não vou... jantar hoje. D-Desculpe.

Virou as costas e foi até o quarto mais uma vez; fechou a porta e respirou profundamente. Droga, seu coração ainda batia como o de uma garotinha apaixonada!

Tentaria estudar mais uma vez antes de frustrar-se novamente por sua falta de foco.

Enquanto algumas sentiam os batimentos cardíacos com velocidade estonteante, outras — como Flare Corona — pensavam que seu coração fosse parar a qualquer momento. No segundo maior cômodo da Mansão Corona, estava a moça com o corpo em parte adormecido sobre a cama de princesa.

Sem expressão facial, Flare molhava o rosto com algumas lágrimas, fitando o teto estampado com fotografias do homem de sua vida. Os cabelos estavam despenteados, a face com vestígios de maquiagem um dia bem feita e o estômago vazio. Recusara-se a fazer qualquer coisa que não fosse dramatizar a própria vida trancafiada no quarto, tudo por causa de seu amado namorado... ou agora ex-namorado?

Natsu nem a respondia mais ao celular, muito menos fizera um mísero comentário sobre o bolo com recheio de maconha que ela havia preparado com o maior carinho e dedicação; pensava se ele ao menos teria provado. E se estava com tanta raiva dela assim, porém principalmente odiava-se por ter sido tão burra.

Claro que se revelar para a sra. Dragneel o deixaria irritado. Claro que aquilo o faria jamais querer olhá-la novamente. Era tudo tão óbvio, e ainda assim insistira em ser uma tola. Não deveria ter feito nada do que realizara, e agora já tendo concluído sua vingança estúpida, havia perdido seu grande amor para sempre. Um capítulo da novela de sua vida que poderia ser intitulado como A Queda da Princesa. Era assim que sentia-se, uma princesa caída... uma princesa atirada às traças no calabouço do término de relacionamentos.

A criada Yukino tentou abrir a porta, porém Flare a havia trancado. Do lado de fora, Yukino começou a bater e falar com ela em tom preocupado.

— Srta. Flare, o jantar está pronto! — disse. — Se desejar, posso trazê-lo...

— Não quero... — respondeu a ruiva, falando mais para si. — Eu não quero comer...

— Tudo bem, mas ao menos... por favor não tranque a porta! — falou a criada. Viu Rogue aproximar-se no corredor balançando um molho de chaves no dedo indicador; ele parecia aborrecido, então ela nada disse quando ele chegou a seu lado e com muita habilidade, pegou a chave que encaixava-se perfeitamente na fechadura e girou-a. Adentrou o quarto de Flare com um chute que deixou uma marca de sapato na porta.

Corona, imóvel, ouviu os passos de Rogue em sua direção.

— Saia daqui. — sussurrou ela, fechando os olhos cheios d’água. Não queria encarar a expressão facial dele que agora lhe era mais apavorante do que nunca. — Me deixe morrer...

Emitiu um gritinho agudo quando seus braços fortes a tiraram bruscamente da cama e carregavam-a em com os pés fora do chão. Yukino apenas assistia a cena sem conseguir fazer nada, e abriu espaço assim que o guarda-costas passou com a moça pela porta.

— M-Me solta! — berrou a ruiva, tentando se debater. — Você está acabando com o meu momento de princesa depressiva. Larga! Eu vou contar pro meu pai!

— Você é a garota mais imbecil que eu já conheci em toda a minha vida. — rosnou o rapaz, colocando-a no chão. Com raiva, olhou-a nos olhos e disse: — Eu não tô nem aí se você se arrepende da burrice que fez ou não, eu apenas faço o meu trabalho. E querendo ou não, você vai jantar hoje. Eu vou enfiar a comida pela sua goela, você ouviu?

Flare bufou e tentou correr, mas ele colocou-a por cima de seu ombro.

— E-Ei, pare com isso! Eu estou falando sério, eu vou ligar pro meu pai!

— Pode ligar. — respondeu Rogue, descendo as escadas com ela sobre o ombro. — Mas depois de jantar.

A criada desceu logo atrás dos dois, sem jeito. Corona olhou-a agressivamente.

— E você que vê tudo isso e nunca faz nada! — gritou para Yukino, qual corpo delicado estremeceu. O guarda-costas apertou-a com força, como sempre fazia ao notar que Flare estava tratando a criada mal.

A ruiva bufou mais uma vez, completamente cheia de se sentir uma criança que precisava de disciplina! Até parecia que Rogue era uma babá. Como diabos seu pai sabia do que ele fazia e sequer dava-lhe uma advertência?

Princesas não podiam ser tratadas assim, de forma alguma.

Na segunda-feira de manhã, Ultear Milkovich estava sentada em seu lugar na sala de aula, encostada na parede verificando qualquer coisa no iPhone 6 enquanto aguardava sua melhor amiga chegar na escola. Apesar de não estar fazendo algo de importante, ficou um tanto irritada quando três garotas de sua classe — que também eram fãs, não poderia esquecer, aproximaram-se e lhe deram bom dia. Se ela estava encostada na parede olhando para o celular, significava que não estava a fim de falar com qualquer um que fosse! Era difícil de compreender?

— Bom dia, meninas. — Ul exibiu os dentes perfeitamente brancos, utilizando o tom de voz mais doce que podia. — Como passaram o fim de semana?

— Ah, eu não fiz nada demais... — falou Kayla, a mais baixa e gordinha das três. Era uma boa pessoa, porém a modelo sentia repulsa de olhá-la; céus, como a mãe de uma criatura daquelas permitia que a própria filha saísse de casa com toda aquela banha aparentemente prestes a sair da roupa de uniforme?

Na realidade, Kayla não era tão acima do peso como Ultear via, mas sua mente estava doentia demais para que percebesse.

Deve ter comido todos os pacotes de Trakinas do armário da cozinha...

— Ahn, você disse algo, Ultear-sama? — perguntou Hanayo, ajeitando o laço cor-de-rosa que prendia a franja arroxeada. Sempre fazia isso como um sinal de nervosismo ao estar perto de Ul, já que ela era sua grande ídola do mundo das celebridades nacionais.

Ela era magérrima, portanto a modelo gostava dela. E também adorava como o sufixo –sama (-digníssimo(a), utilizado para com alguém de respeito máximo) soava em conjunto com seu nome.

— Nada, Nayozinha! — respondeu ela, utilizando todos os seus talentos artísticos para fazer suas bochechas corarem, como se estivesse realmente acanhada. — E-E eu já disse que... Ultear-sama me deixa envergonhada...

— Que fofa! — disse o trio em conjunto, mas começaram a ter uma sensação estranha... uma presença maligna atrás de si.

Viraram-se lenta e tremulamente, certas de que dariam de cara com a personificação do demônio com a qual conviviam todas as manhãs. E lá estava ela, em pouca carne, ossos de sobra e cabelos compridos que caíam em ondas róseas por suas costas. Os olhos verdes fuzilavam as meninas por trás das lentes escuras dos óculos de armação preta.

— Meredy! — falou Ul, verdadeiramente animada. Ignorava a aura demoníaca da amiga. — Bom dia!

— Bom dia, Ul. — respondeu a garota encantadoramente e em seguida retomou a pose. Hanayo, Kayla e Rin abraçavam-se sem perceber, tremendo de medo.

— Vazem.

— Sim, senhora! — gritaram, já correndo em disparada para o outro lado da sala de aula. Ultear poderia dizer que até sentiu pena das três — especialmente de Hanayo, porém teve de morder o lábio com força para conter um riso. Não poderia parecer má na frente de pessoas que a tratavam como ídola, apesar de feliz por Meredy ter feito aquilo antes que sua pequena cota de paciência esgotasse.

— Meredy, não havia necessidade disso! — falou a modelo em bom som para que todos pudessem ouvir, com uma expressão triste. — Coitadinhas, elas vão ficar tristes!

A garota enrolou uma ponta dos cabelos cor-de-rosa no dedo indicador como se não desse a mínima, e realmente não estava nem aí se estivesse ferindo os sentimentos de alguém; a única pessoa da qual se importava de coração era Ul, a melhor amiga que poderia ter. Por isso, sempre mostrava-lhe um lado que gostava de omitir: o lado gentil que possuía como todas as outras pessoas.

— Obrigada. — sussurrou Ultear assim que a amiga colocou uma cadeira em sua frente e sentou-se, assim ninguém poderia enxergar seus movimentos labiais. Em seguida, ela emitiu uma risadinha. — E qual é a dos óculos?

Meredy retirou os óculos escuros por um momento, tornando visível as olheiras profundas que pesavam em seu rosto delicado. A modelo ficou boquiaberta e Meredy recolocou-os, frustrada.

— Não havia maquiagem que desse jeito. — comentou, falando baixo. — E a propósito, desculpe. Eu não consegui descobrir nada sobre a loirinha; na verdade, eu mal consegui dormir nesse fim de semana. Estava comendo duas castanhas por dia, e no sábado e no domingo, tudo o que eu conseguia fazer era me contorcer pensando em comida.

— Não, tudo bem... — respondeu Ultear, decepcionada. Logo, os olhos escuros começaram a brilhar. — Duas castanhas? Como conseguiu?

— Eu ainda não sei. Mas foi horrível. Tentei tomar um café da manhã normal (para alguém com distúrbios alimentares) hoje e tive que botar tudo pra fora. O pior de tudo foi que ontem me pesei e não emagreci nada.

— Mas você já está linda, Meredy. Está mais do que perfeita, olhe todos esses ossos. — disse a modelo, remangando o moletom dela. Estava encantada com o modo do qual os ossos da amiga pareciam prestes a saltar e rasgar sua fina pele. — Quem deveria estar comendo duas castanhas por dia sou eu. Mas agora não está dando para evitar comer um pouco mais... Gray voltou a ficar de olho em mim.

A amiga pensou em como Ul era sortuda por ao menos ter alguém que monitorasse-a para comer direito. Não era como se Meredy tivesse alguém para fazer isso, tampouco para se alarmar quando ela tinha de ir ao hospital devido às suas loucuras alimentares.

Ao pensar nisso, seus olhos enchiam-se d’água. Mas tratou de engolir o choro.

— Ul, você é bonita assim, sabe... — começou ela, dizendo o que realmente pensava. Seu objetivo era ter a aparência de uma modelo como Ultear, mal sabendo que já havia ultrapassado os limites da magreza. Ao se olhar no espelho, tudo o que via era gordura que existia apenas para si...

— Pare de dizer mentiras. — falou Ul entre dentes, irritada. Não acreditava em nada do que Meredy lhe dizia, muito menos do que as revistas de moda falavam, ou sua estilista, ou até mesmo Gray. Somente tinha fé na imagem de si que tinha do reflexo do espelho, e como se via ainda acima do peso, precisava continuar emagrecendo.

— Bom, de qualquer forma... — disse a amiga, colocando uma mecha do cabelo cor-de-rosa para trás. — Como estão os ensaios para o Desfile de Inverno?

— Minha mãe pediu para que eu ficasse alguns dias em casa, mas hoje mesmo eu...

Uma garota claramente tímida aproximou-se de Ultear, encolhendo o corpo ao abrir a boca para falar.

— U-Ultear–sama, desculpe interromper sua conversa...

— Oh, Hana. — falou a modelo com seu jeitinho meigo. — Bom dia. O que foi?

Meredy sequer virou o rosto para encarar Hana.

— B-Bom... — os cabelos cor de ouro de Hana presos em maria-chiquinhas balançavam enquanto ela sacudia a cabeça levemente, acanhada. — Não quero incomodar, mas é que estou muito ansiosa... d-desculpe, eu estou ansiosa demais... e minha irmãzinha também. Gostaria de saber se seu empresário conseguiu os convites para o Desfile...

Ul fez uma expressão triste.

— Desculpe, Hana... — disse ela. — Mas meu empresário me permitiu dar convites apenas para meus parentes... eu o pedi várias vezes, mas ele está mais chato comigo do que nunca.

A loira ficou desapontada.

— Ah, eu entendo... tudo bem! — seus olhos encheram-se d’água e ela fungou, evitando chorar ali. A culpa não era de Ultear... — Certo, desculpe incomodá-la!

Assim que Hana saiu, a modelo revirou os olhos. Definitivamente, não deveria ter ido à escola naquele dia. Estava sem qualquer paciência para aquelas. Eram todas tão entediantes!

— Eu mereço... — murmurou, e a amiga emitiu uma risadinha. Sentia pena por Ul ter de aguentar aquelas garotas chatas todos os dias, porém estava feliz de saber que teria acesso a tudo que envolvia o grandioso evento por já ser uma convidada de honra.

Ultear, por outro lado, pensava em como deveria estar deslumbrante no dia do Desfile de Inverno para impressionar Gray, que obviamente ficaria em uma das primeiras fileiras. Já possuía o convite dele e o de sua mãe e entregaria-os na tarde daquela mesma segunda-feira.

Ele pôs o braço ao redor de sua cintura e, extremamente desnorteada, Lucy retirou as mãos do rosto e o viu curvando-se para ficar mais próximo de sua altura. Devagar, pôde enxergar os lábios dele mais de perto; eram convidativos... e abriam-se levemente conforme mais próximos ficavam dos seus. Os olhos dos dois fechavam-se e os lábios se abriam para que pudessem ficar, enfim, perfeitamente encaixados.

Como se um choque percorresse seu corpo, Natsu sentiu que queria beijá-la para sempre. As carícias alternavam entre beijos rápidos e outros um pouco mais intensos. As mãos do rapaz passeavam pelas curvas bem delineadas de Lucy, que pôs os braços ao redor de seu pescoço e vez ou outra mexia em seu cabelo durante os beijos.

— Senhor, acorde. — disse a loira em um momento de interrupção.

— Hum? — perguntou ele, confuso.

— S-Senhor, já é hora de acordar.

Natsu abriu os olhos devagar e deparou-se com a criada ao lado da cama. Encarou aquele rosto vermelho como pimentão se sentindo um tanto tonto... esfregou os olhos diversas vezes, tentando desfazer a confusão em sua mente.

Demorou para perceber que estivera beijando Lucy coisa alguma. Aquela cena fora uma obra de sua fértil imaginação; o que seu subconsciente desejava que tivesse ocorrido, poderia ser?

Aborrecido, procurou o celular diversas vezes na mesa de cabeceira ao lado da cama até perceber que havia o colocado debaixo do travesseiro. Bufando, apanhou-o e verificou que ainda eram nove horas da manhã. Largou o aparelho em qualquer lugar, fechou os olhos e tapou o rosto sob as cobertas.

— A sra. Dragneel quer tomar o café da manhã com o senhor... — começou Lucy, ouvindo o gemido abafado de Natsu logo em seguida. Corou ainda mais e com delicadeza, começou a descobrir o rosto do rapaz. — Senhor...

Numa rapidez impressionante, a criada foi puxada pelo braço e caiu sobre o colchão a seu lado; ele puxou os lençóis para que ela também fosse coberta e com a cabeça recostada no peito de Natsu, Lucy sentiu o coração batendo como se fosse rasgar seu peito.

Não conseguia dizer nada, abrindo a boca para falar e logo percebendo que a voz falhava. Vermelha de vergonha, a loira enrijecia os músculos que relaxavam pouco a pouco enquanto ela sentia seus batimentos cardíacos, o movimento devagar de inspiração e expiração da caixa torácica e principalmente, desfrutava do cheiro gostoso do perfume dele ali presente.

Senhor. — sussurrou, incapaz de se mover.

Natsu não respondeu, adormecendo novamente enquanto inalava um doce aroma misturado com algo que parecia camomila. Encostou o queixo no topo de sua cabeça e seus braços a trouxeram para mais perto de si; com as bochechas coradas, permaneceram assim por um tempo do qual não faziam ideia de que passara.

Com os olhos azuis aumentando a cada passo, Mirajane caminhou silenciosamente até a cama de Natsu e ficou boquiaberta ao ver que ambos estavam ali deitados de modo tão íntimo. Sem-graça, não sabia se deveria deixá-los como estavam ou fazer algum barulho para que percebessem que tinham de parar com aquilo... antes que Olívia chegasse por impacientemente aguardá-lo para o café da manhã.

A segunda opção seria o melhor a fazer, pois não desejava mal algum a Lucy. Se a patroa soubesse o que estavam aprontando, ela seria a única prejudicada na história.

— Ahn... — falou a albina baixinho, sem saber como continuar. A loira assustou-a dando um pulo de súbito da cama, assim como Natsu saiu do estado de sono que começava a adentrar. Os dois confundiam-se enquanto Lucy endireitava o corpo, agora em pé, terrivelmente envergonhada.

— M-Mira... — começou ela, buscando as palavras corretas para utilizar. Não conseguia encontrá-las. — M-Mira, e-eu... d-digo...

Lágrimas escorriam por seu rosto, oculto por suas trêmulas mãos. Chorava como uma criança amedrontada, por vergonha daquilo parecer algo indecente e por medo de que a sra. Dragneel ficasse sabendo da situação. O que ela poderia pensar de uma criada que se deitava na cama de seu filho?

Envergonhada demais para encarar qualquer um dos dois, Lucy correu porta afora, perguntando a si mesma — novamente — qual seria a razão dos momentos mais constrangedores de todos os tempos terem de acontecer consigo!

Aproximou o rosto do vidro da janela do corredor, abrindo-a para inspirar um pouco do ar lá de fora. Sua vista estava embaçada pelo choro, porém ela viu quando algo dourado parou no gramado... até perceber que Sting a estava olhando!

Recuou, corada, e decidiu definitivamente ficar longe da janela. Deus, quanta coisa em apenas uma manhã!

Depois da escola, Gray disse a Ultear por mensagem de texto que ela poderia vir até sua casa. A modelo pegou um táxi e foi deixada em frente a Mansão Fullbuster, não sem antes autografar um papel para a filha do taxista.

— Minha Sakura é uma grande fã sua! — disse o homem sorrindo como um bobo, e Ul acenou para ele até chegar em frente ao portão. Bufou e apertou o botão de interfone; aguardou pouco tempo até que pôde adentrar o jardim da casa. Mal admirou as belas flores durante o caminho percorrido, ansiosa para entregar o convite do Desfile de Inverno ao primo.

Gray estava a esperando na porta, sorridente e vestindo um blazer verde-escuro que caía muito bem nele. Ul amava aquele blazer, porém não menos que a jaqueta de couro preta que o via usando na maioria das vezes em que se encontravam.

Mas isso não era lá muito importante, já que Gray continuava sendo um colírio para os olhos com qualquer tipo de roupa.

Com as bochechas avermelhadas sem que precisasse fazer qualquer esforço, abraçou o rapaz e sentiu o cheiro agradável de perfume masculino. Animada, entrou na mansão. Encontrou sua tia Mika ocupada com alguns papéis sobre a extensa mesa de vidro da sala, preparando as aulas para a semana seguinte, fazendo relatórios e afins.

— Olá, querida. — cumprimentou Mikasa, recebendo um beijo na bochecha da sobrinha. — Como está?

— Muito bem, obrigada. — respondeu a garota. — Eu vim aqui entregar os convites para o Desfile de Inverno, queria dá-los a vocês pessoalmente.

Com um brilho nos olhos, Ul retirou da bolsa dois envelopes de fundo branco com detalhes bordados em dourado. Sorridente, colocou um na mesa e outro nas mãos de Gray.

— Oh, será em novembro, certo? — disse a sra. Fullbuster, admirando o bordado do convite. — Vou fazer o meu máximo para conseguir ir, querida.

— Obrigada, tia! — falou a modelo eletricamente. — E você, Gray?

— Ah, com certeza vou. — o rapaz bagunçou levemente seus cabelos de tom roxo-escuro e os dois riram juntos.

Mikasa perguntou se a garota não gostaria de beber ou comer algo e Ul recusou educadamente.

— Almocei bastante hoje, tia. — justificou ela em meio a um riso, considerando estar falando a verdade. Havia comido bem mais do que normalmente almoçava... mas ainda assim, não era saudável o suficiente.

— Já que é assim, o que você acha da gente jogar? Se quiser eu te levo no horário do ensaio.

A modelo corou, sempre maravilhada por Gray ser tão gentil. Concordou e subiu as escadas saltitante; o rapaz foi logo atrás dela, não sem antes olhar para a mãe com um olhar confuso. Notou que ela estava rindo silenciosamente, embora ele não tivesse visto motivos para tal.

, a sra. Fullbuster movimentou apenas os lábios. Entendendo coisa alguma, Gray começou a subir os degraus e Mikasa sorriu consigo mesma antes de concentrar-se completamente em seu trabalho novamente.

Achava tão engraçado o modo da sobrinha demonstrar que possuía sentimentos por seu filho através de linguagem corporal, expressão facial, tom de voz... e este nunca perceber. Absolutamente nada, não importava o quanto ela se empenhasse.

Isso até lhe trazia uma certa nostalgia.

Homens...

Mirajane, com os cabelos presos em um rabo-de-cavalo que balançava conforme ela se movia, guardou a touca que utilizara durante o preparo do jantar. Com um suspiro, lembrou-se da cena um tanto surpreendente daquela manhã.

Quem diria que Natsu, quem havia tanto enchido Lucy com suas grosserias, agora estaria prendendo-a em meio a suas cobertas? Podia ser que estivesse desenvolvendo sentimentos românticos por ela, porém Mira o conhecia suficientemente para saber que ele também poderia estar simplesmente brincando com mais uma garota.

Porém a albina sentia-se em uma estranha obrigação de protegê-la, e por isso, estava aborrecida com ele por aparentemente não ter percebido o quão frágil Lucy era; qualquer coisa lhe amedrontava, qualquer coisa a fazia cair no choro. Estava preocupada.

— Que cheiro bom. — comentou o rapaz pegando-a de surpresa na cozinha, atraído pelo cheiro de arroz novinho. Percebendo que Mirajane arregalou os olhos por um momento, franziu a testa. — Aconteceu alguma coisa?

— N-Nada! — Mira desviou o olhar. — Você... chamou sua mãe para jantar?

O rosado deu de ombros.

— Ela disse que está sem fome.

— Entendi... — respondeu a cozinheira, vendo-o apanhar seu prato na mesa devidamente arrumada para a refeição. Natsu se serviu de uma quantidade generosa de arroz, o que havia em maior quantidade do que comparando com os legumes ou a carne.

Mirajane delicadamente pegou o prato das mãos dele e serviu mais uma colher cheia de legumes. Ele bufou e ela lhe devolveu emitindo uma risadinha.

— Bem melhor. Agora vá comer ou irá se atrasar para a faculdade.

— Que besteira... — Natsu revirou os olhos e sentou-se na mesa da sala para começar a comer. Levou uma garfada à boca e enquanto mastigava os grãos de arroz, voltou a se lembrar da manhã daquele dia.

Não bastasse isso, seu coração tornava a batucar como o de um garoto estupidamente apaixonado. Já sentira tal coisa uma vez em sua vida, e agora a ideia de estar gostando de verdade de alguém o amedrontava.

Já sentira todas aquelas coisas que envolviam uma paixão adolescente. E por incrível que pareça, não fora com Mirajane.

Tudo aconteceu em um dia de Julho, debaixo do sol escaldante em meio ao verde daquele lugar do qual ele odiava saber que teria de passar as férias inteiras sem qualquer tipo de comunicação com o mundo exterior. Mas então, ela lhe apareceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

(╯°□°)╯︵ /( ‿⌓‿ ) E aí, o que acharam? Nos vemos no capítulo 25!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pureblood" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.