Pureblood escrita por MaryCherry


Capítulo 21
Vinte e um — Não visto, apenas sentido.


Notas iniciais do capítulo

Oi, biscoitinhos! Tudo bom com vocês? Aproveitaram o feriado? (*≧▽≦) Espero que estejam bem de qualquer forma. Nas notas finais do capítulo passado, eu disse que queria conhecer meus leitores fantasminhas... e não é que uns se relevaram mesmo? DSLFJASKOPSDFG Fico muito feliz de saber que usuários que nunca vi antes nos reviews estão começando a comentar, isso é legal demais. Não sejam tímidos, ok?~ ♡(*´∀`*)人(*´∀`*)♡
Aqui estamos no capítulo 21 (eu nem acredito que já escrevi 21 capítulos dessa história, mas gente dskpsfdkoa) e ele contém a continuação do encontro Stincy ~~hmmm~~ e cenas que irão fazer vocês surtar muuito, além de outras que... OK, não vou contar tudo o que acontece aqui porque se não perde a graça. Leiam e tirem suas próprias conclusões, beleza?? Beijos e boa leitura! (=^・ェ・^=)



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Sting estacionou o carro em frente ao prédio de luxo na rua iluminada pelos postes da rua; o céu, envolto pela escuridão da noite, parecia mais estrelado do que das noites anteriores. Por outro lado, a temperatura da quase madrugada naquele Outono fazia com que puxar o ar pela boca uma vez fosse suficiente para ter a garganta congelada. Felizmente, Sting possuía uma jaqueta quentinha debaixo do banco e que teria emprestado para Lucy se ela não tivesse insistido tanto para que ele a vestisse. Aquele casaquinho branco a mantinha aquecida, assegurou.

Uma música instrumental suave tocava baixa no rádio que finalmente resolvera pegar algum sinal naquela noite. A batida era ouvida em silêncio, silêncio que predominava desde que retornaram do cinema. Ambos estavam envergonhados, sem saber o que falar. E o loiro pensava com certo remorso que talvez o que fizera pudesse prejudicar a amizade que construíam. Amizade, era o que ele ao menos desejava ter com ela...

— Lucy. — quase sussurrou ele. A garota virou a cabeça e seus olhares se encontraram, deixando-os ainda mais constrangidos.

— S-Sim?

— M-Me desculpe! — Sting falou nervoso, aumentando o volume da voz subitamente. — Me desculpe por qualquer coisa que eu tenha feito que você não gostou. Eu não queria te fazer se sentir desconfortável. E-Eu só... acho que fiquei feliz demais por estar indo assistir a um filme com você. E você estava tão...

Os olhos castanhos o fitavam como se pedissem que ele parasse de falar. Timidamente, ela pôs o dedo indicador entre seus lábios e tirou a voz do fundo da garganta.

— Eu peço desculpas por fazê-lo pensar que eu fiquei desconfortável, chateada, ou qualquer outra coisa. — falou. — Não me entenda mal. Eu realmente gostei de hoje, apesar de algumas coisas que não esperávamos...

Os dois emitiram um riso.

— Foi um passeio agradável, você foi bom comigo o tempo todo. Eu me senti bem com tudo, Sting.

Tudo envolvia a ida ao shopping, ao comportamento dele durante cada segundo. Ao filme que apesar de ser relacionado a guerras, era interessante e talvez Lucy não o assistiria se ele não lhe tivesse convidado. Perderia um filme e tanto!

Tudo também encaixava o momento em que, no escurinho da sala de cinema, Sting lentamente entrelaçou seus dedos aos dela sobre o apoio da poltrona e beijou um lado de seu rosto com carinho, fazendo cócegas em seu pescoço, fazendo-a rir por um segundo. A loira permitia os beijos, embora não demonstrasse que estava gostando e nem desgostando; parecia completamente absorta pelo revoltado Max e as cenas de ação. Quando o filme acabou, ela se levantou com ele e ficou em silêncio a maior parte do caminho de volta para casa, inconscientemente contraindo os músculos. Poderia parecer que não, mas sentira mais do que demonstrava.

— E eu só não sei lidar muito bem com esse tipo de coisa. — continuou Lucy, como se sentisse que possuía a obrigação de se explicar; quanto mais falava, mais sentia que piorava a situação. — B-Bom, de qualquer forma, desculpe. Você é legal.

O loiro sorriu tremulamente e segurou as duas mãos dela, sem dedo ou qualquer outra coisa para atrapalhar verem o rosto um do outro. Queria dizer uma coisa, e acabou falando outra.

— Você também é legal. — e sentiu-se o maior idiota da História dos Idiotas. Idiota, idiota, idiota!

O casal riu nervosamente e vermelhos como pimentão, sem perceber, as pontas geladas de seus narizes encontraram-se. Com um sorriso acanhado, balançaram a cabeça levemente de um lado para o outro. Um beijo de esquimó, perfeito na tarde da noite fria.

— Boa noite, Sting.

— Boa noite, Lucy.

Lucy saiu do carro e adentrou o prédio com o passo apressado, escondendo o rosto sob as mãos. O coração batia acelerado como nunca e ela, voltando o que era para si “lucidez”, se perguntou se deveria realmente sentir aquelas coisas. Coração acelerado, respiração irregular, pernas trêmulas sem ser por causa do frio.

Uma onda de felicidade e que inevitavelmente, transformou-se em dor. E mais tarde, sem que ninguém ouvisse, escorreria em lágrimas molhando o travesseiro.

O volume do rádio no Idea de Scarlet estava incrivelmente baixo. A ruiva, sinceramente, não estava com vontade de ouvir música; preferia escutar o relato de Lucy sobre o encontro que tivera noite passada. Um relato detalhadíssimo, como ela pedira.

— V-Você quer detalhes? — a loira corou, mordendo o lábio.

— Quero sim! — respondeu a ruiva. — Todos, os mínimos... pra saber se ele fez algo que não deveria com você. Apesar de depois da minha ameaça, ele...

Lucy arregalou os olhos, lembrando-se daquele curto momento em que viu a amiga sussurrar algo no ouvido dele. Teria-lhe dito algo ameaçador para assustá-lo?

— Erza! — exclamou ela, observando a expressão desconcertada de Erza; certamente, havia falado mais do que o necessário. Lucy não precisava ser que Sting fora ameaçado! A vermelhidão de seu rosto mostrava que ela preferia passar o resto de sua vida sem ter conhecimento daquilo. — O que disse para ele, exatamente?

— Bom, n-não foi nada demais... — começou Scarlet, atrapalhada. — Foi só uma brincadeirinha, eu queria me certificar de que você estaria segura. Apesar de parecer um cara legal, nunca se sabe! Mas eu não disse nada de muito horrível, imagine.

Heartfilia decidiu não perguntar mais nada, pois possuía a plena certeza que não seria capaz de encarar Sting se soubesse o que Erza aprontara. Ao invés disso, começou a contar desde o momento em que entraram no carro, gaguejando um pouco.

— E quando chegamos, ele estacionou o carro dentro do shopping e-e... abriu a porta para mim. E-Eu me senti apavorada quando vi aquele mar de gente, e acho que ele percebeu que eu estava nervosa. Por isso, andamos de mãos dadas... — o rosto de Lucy estava vermelho como nunca. — Para não nos perdemos. P-Por favor, não ria! Foi realmente para que eu não me distanciasse dele!

“Faltavam poucos minutos para a sessão começar e estávamos indo até o cinema quando de repente, ele começou a olhar para o lado um pouco espantado... q-quando eu também olhei, vi que... que o sr. Gray e o sr. Natsu estavam lá. É incrível como conseguimos nos encontrar naquele lugar tão cheio...

Sting e eu estávamos em dúvida se íamos cumprimentá-los ou não, mas apesar de eu estar envergonhada por vê-los e saber que eles nos viram de mãos dadas, como se ele fosse meu namorado... seria falta de educação, certo? Então fomos até eles e eu percebi que o rosto do sr. Gray estava vermelho, parecia que estava com muita febre. Eu espero que ele não esteja doente... enquanto Sting e o sr. Gray conversavam algo, o sr. Natsu estava quieto e não abriu a boca durante o tempo todo em que estivemos juntos. É o jeito dele.

Um pouco depois, senti algo puxando a manga do meu casaco. Era um menino muito pequeno e ele era uma graça, mas estava chorando muito quando me chamou. Ele me pediu ajuda pois estava perdido da mãe e eu o coloquei no colo para fazê-lo parar de chorar. Funcionou! Ah, o nome dele era Daniel. Era tão fofo e me chamava de maninha!

O problema era que o filme já iria começar e não havia nenhum segurança que pudesse levá-lo até o balcão. Mas eu não poderia deixá-lo no meio de tantos adultos, perdido. Disse aos rapazes que eles poderiam ir na frente para não perderem o filme, mas no fim eles acabaram indo junto. Foi até melhor, pois assim eu não ficaria tão perdida quanto Daniel. Não fazia ideia de onde ficava algum dos tais balcões!

Ah, Daniel queria que Sting lhe contasse uma piada de pontinho, você sabe? Durante o caminho todo que fizemos, ele não riu nem um pouquinho. Quando a mãe dele chegou, ela estava com lágrimas nos olhos e nos agradecia muitíssimo por termos trazido seu filho em um lugar onde ela poderia encontrá-lo. Eu senti que não precisava de agradecimento algum, pois sempre vejo como uma obrigação que faço de bom grado que é ajudar uma criança. Eu gosto tanto de crianças...

Eu me apeguei a Daniel mesmo que o conhecendo há poucos minutos, por isso foi difícil entregá-lo no colo da mãe. Mas ele ficou tão feliz que também fiquei contente. E ele falou que havia perdido o Muf de pelúcia... que na verdade era um Smurf.

Quando estávamos voltando, Sting me contou que se lembrou do afilhado de uma amiga que adorava os Smurfs e ria muito toda a vez que ouvia o seguinte: “o que é um pontinho azul no meio da praia? É um Smurf tomando Sol!””

Erza emitiu uma gargalhada e Lucy interrompeu a fala para rir também. A ruiva tentava conter seus risos, curiosa para saber o resto da história. Era impressionante como possuía vinte anos e achava tanta graça em piadinhas feitas para crianças de cinco.

— Enfim, era essa a piadinha que Daniel queria ouvir, e Sting se sentiu extremamente feliz por conseguir fazer uma criança rir. Ele me contou que não se dava muito bem com crianças... e só um pouco depois, lhe surgiu uma oportunidade para fazer amizade com uma. Depois disso, entramos na sala de cinema um pouco em cima da hora e depois, ele me deixou aqui em frente.

A ruiva franziu a testa.

— E é só isso? — perguntou, brava.

Lucy desviou o olhar, corando; omitira os acontecimentos dentro da sala de cinema e também dentro do carro. Mas sentia tanta vergonha de contar sobre aquilo!

— B-Bem, sim.

— Mas aconteceu algo durante o filme? No carro? Uns beijinhos? Uma mão aqui, outra ali? Ele se passou com você? — Scarlet fez as perguntas uma atrás da outra, sem dar tempo para a loira pensar direito.

— N-Não aconteceu nada demais, realmente...

Tomou um susto quando Erza colou seu rosto ao dela.

— Nem um beijinho?

Ficaram em silêncio enquanto os olhos de Erza a encaravam, ansiosos por uma resposta.

— E-Erza, o sinal está verde... — disse Lucy, apontando para o sinaleiro. — O-Os motoristas atrás de nós vão ficar aborrecidos.

— Um beijinho... — continuou a ruiva, amedrontadora.

A garota engoliu em seco, quase explodindo de timidez.

— C-Certo! Ele me beijou! M-Me beijou uma vez no rosto. Não, f-foi mais de uma vez! Mas só no rosto, está bem? Pronto? S-Satisfeita?

Scarlet sorriu e voltou a pisar no acelerado, levando uma expressão leve como uma pena.

— Muito. — respondeu, assobiando durante o resto do trajeto até a Mansão. Aumentou a música, mas trocou o CD para um disco com músicas com batidas românticas de uma artista internacional que Lucy não conhecia.

Ao descer do carro para ir trabalhar, a loira pendurou a bolsa pela alça no ombro esquerdo. Normalmente a carregava pelo ombro direito, mas acordara com uma dor naquela região que ia até a lateral do pescoço por ter dormido completamente encolhida na noite anterior, fria demais para uma noite de Outono.

E ao se encontrar com Sting depois de vê-lo tomando conta das plantas como ela tomava conta de crianças, Lucy sorriu e o abraçou sem muito pensar. Dando-se conta, deu um passo para trás, constrangida.

— B-Bom dia, Sting.

— Bom dia, Lucy. — respondeu ele, mexendo sem parar nos cabelos louros. Sua maior mania quando ficava nervoso. — T-Tudo bem com você? Dormiu bem?

— Oh, sim. Apesar de ter sentido um pouco de frio... a noite estava bem gelada, não acha?

— Sim, estava. — disse o jardineiro. — Eu dormi meio encolhido, aí tive até que passar um Gelol antes de sair de casa. Fiquei com dor no pescoço, sabe...

A loira massageou a lateral direita do pescoço.

— Eu o entendo. Também tive de passar Gelol por aqui, mas aparentemente não aliviou coisa alguma. Eu só espero que passe logo, e trouxe um na bolsa para aplicar daqui a algumas horas. Vai ser difícil trabalhar desse jeito...

— Espero que você melhore logo. — disse Sting, enrusbecido.

A criada agradeceu e despediu-se dele, caminhando até a porta de entrada da Mansão. Adentrou a casa, passou pela sala principal e foi até a cozinha cumprimentar Mirajane. A albina estava colocando pães fresquinhos em um dos cestos que seria posto sobre a mesa.

— Bom dia, Mira. — disse Lucy, vendo-a se virar para ela com as bochechas levemente vermelhas.

— Bom dia, Lucy. — a cozinheira falava mais rápido do que de costume. — Tudo bem? Como está? Alguma novidade? Algo que você queira me contar? Algo que você não queira me contar?

Poxa vida, mal havia livrado-se da tontura devido às mil e uma perguntas de Erza, e agora tinha de lidar com aquela fala rápida e entusiasmada de Mirajane. Mas... será que ela sabia sobre a noite passada? Podia ser que não... o melhor era não arriscar.

— Estou bem e... não tenho nada demais para contar. E você?

A aura de euforia desaparecera completamente, como se tivesse ouvido a resposta que não queria.

— Ah... não, também não. Mas felizmente, está tudo bem comigo.

— Fico feliz por isso. — a loira sorriu acanhadamente e a primeira coisa que fez, claro, foi apanhar o espanador e começar a tirar o pó da estante da sala. Céus, como aquela estante vivia cheia de pó...

Duas mãos delicadas chegaram por trás e cobriram seus olhos, deixando seu campo de visão completamente escuro. Lucy não disse nada, assustada pelo acontecimento repentino. Nem pensou em quem poderia ser.

— Bom dia! — a voz da sra. Dragneel parecia lhe fazer cócegas e ao se virar, a loira corou. Sua patroa estava sempre muito bonita, era verdade; porém, em especial, naquele dia ela estava com uma aura diferente. Uma cara de quem havia acabado de acordar, mas como se tivesse despertado de um sono doce que tivera, envolvida nas pétalas de uma flor. Uma fada de olhos verdes.

— B-Bom dia, sra. Dragneel. — a criada fez uma reverência, ouvindo o soar de sua risada. Olívia parecia definitivamente... animada. Será que o sr. Dragneel estaria retornando de viagem hoje ou amanhã?

— Bom dia, Mira. — disse a mulher, saltitando até a cozinha. Mira ficou igualmente surpresa com tamanha empolgação, também se perguntando se teria alguma relação com o empresário. — Ah, Lucy, poderia chamar o Natsu para mim? Quero tomar café da manhã com ele.

— Sim, sra. Dragneel.

A loira aproveitou para levar o aspirador, já que pretendia aspirar o andar de cima mais tarde. Colocou o aspirador num canto do corredor e utilizou o braço esquerdo para abrir a porta do quarto, já que qualquer movimento com o direito lhe doía. As cortinas estavam fechadas e como habitual, Natsu estava totalmente coberto pelos lençóis.

— Bom dia, sr. Natsu... — disse a criada baixinho, aproximando-se da cama. — Sei que o senhor deve estar querendo dormir, mas a sra. Dragneel.. Nha!

Lucy deu um gritinho e um passo para trás, assustada com o modo do qual o rapaz sentou-se na cama. Não esperava que ele já estivesse tão bem acordado.

— Céus, o senhor me assustou...

O rapaz conteve um riso, missão quase impossível. Ela ficava engraçada quando se assustava. Mas não iria demonstrar que pensava isso; ainda se sentia um pouco estranho por ter visto-a de mãos dadas com Sting no shopping. Estranhamente irritado por isso e também por estar se importando com aquilo.

Ele se levantou enquanto uma bala de menta dissolvia na língua. Deus, como amava balas de menta. Era um vício para si, tão vício quanto álcool e as drogas que usava às escondidas. E felizmente, aquela obsessão por mentol não era algo que precisava ser secreto. Um segredo a menos para pesar em suas costas.

— É mesmo?

— S-Sim, senhor! — respondeu Lucy, trêmula enquanto ele se aproximava. A escuridão o estava deixando assustador... como se ele fosse uma parte dela.

Sem saber o motivo de estar tão apavorada, ela correu até as cortinas e as abriu com toda a força, utilizando os dois braços. O resultado foi quase imediato; ela gemeu de dor e quase se ajoelhou, levando a mão esquerda ao ombro.

Agora, com a luz do dia adentrando o cômodo, não sentia mais aquele pavor ao ouvir sua voz, ou ver seu rosto. Apenas podia perceber seus olhos verdes a estudando até o fundo da alma.

— Você está com dor? — perguntou Natsu, mais uma vez usando seu tom de voz incompreensível. Não poderia saber se ele estava perguntando por perguntar, por ironia ou preocupação.

Abaixou a cabeça, corando com a ideia de que o rapaz pudesse ter se importado.

— Estou.

— Vira de costas.

Lucy engoliu em seco e obedeceu, sem saber o que pensar.

Sentiu arrepios quando a mão dele tocou-lhe o ombro direito, respirando mais rápido.

— O-O que... — se calou assim que Natsu começou a massagear a região, num misto de surpresa... e vergonha. Aos poucos, os músculos tensionados relaxavam e a criada viu-se sonolenta, absorvendo as sensações daquela massagem inusitada por vir dele.

Lentamente, parou de pensar no porquê de estar recebendo aquilo, parou de se preocupar com qualquer coisa. Somente dizia para si mesma como o toque dele era agradável...

Ambos estavam em transe. O rapaz foi o primeiro a se dar conta do que estava fazendo quando a sentiu cair em seu peito, um tanto trêmula. Arregalou os olhos por um momento; aonde diabos estava com a cabeça?

— Lucy. — chamou ele, vendo que ela continuava da mesma maneira. Seus olhos estavam abertos, mas Lucy não parecia ver qualquer coisa. — Lucy, tudo bem?

A criada saiu de cima de seu peitoral como num impulso, grudando-se ao vidro da janela. Ofegava com o rosto vermelho, incapaz de encará-lo. Aquele momento fora... especial.

— E-Eu acabo de l-lembrar que o vidro das janelas do corredor precisa ser... ser limpo. — murmurou, apressando o passo em direção à porta. Fechou-a e precisou parar de andar por um momento, inspirando e expirando profundamente, forçando sua mente a processar tudo o que sentira.

Sua cabeça confusa pudera perceber que ao menos naquele momento, sentiu algo realmente forte; mais forte do que todas as vezes em que esteve com Sting. Ao menos, uma parte de si dizia isso. A outra, tentava negar para não deixá-la ainda mais perdida.

Trajada em um vestido rosa de lã que mostrava o mínimo possível de pele, uma maquiagem extremamente natural e o cabelo desumanamente comprido preso em um coque alto estava uma versão de Flare Corona que poucos conheciam. Arrumada como uma verdadeira princesa, a moça se sentou no banco de trás do Porsche preto, verificando se havia algum fio de cabelo fora do lugar em seu espelhinho.

Rogue dirigia até a Mansão Dragneel. Flare estava indo tomar um chá da tarde na companhia de sua sogrinha; sabia que Natsu não queria assumi-la para a mãe, e estaria disposta a ficar em seu canto se ele não a estivesse ignorando tanto nos últimos tempos. O amava muito, verdade. Mas não aceitava ser tratada como brinquedo, sentindo-se uma tola.

Ligar para Olívia era sua pequena vingança para que ele aprendesse que ela era uma princesa e não podia ser posta de lado assim, sem mais nem menos. Porém, claro, ainda queria agradá-lo; finalmente conseguira cozinhar sozinha um bolinho decente que levava maconha como um dos ingredientes. Flare embrulhou o cupcake em um pacote de corações vermelhos, usando aquilo como principal desculpa para ir até a casa do namorado.

Sorriu maldosamente consigo mesma ao lembrar do quão entusiasmada sua sogra pareceu ao telefone quando dissera que era namorada de seu filho e que adoraria surpreendê-lo, levando para ele um bolinho feito com o maior carinho. Conversou com ela como se fossem amigas de infância utilizando seu tom de voz mais doce e no fim, Olívia disse que a receberia com o maior prazer e que não contaria nada para Natsu, já que seria uma surpresa.

Assim que o Porsche chegou em frente a mansão, os portões foram abertos e Rogue viu Sting trabalhando, e este lhe acenou com a expressão um tanto confusa; o que lhe intrigava era Flare estar ali, naquele horário, quando a sra. Dragneel estava em casa.

Rogue estacionou o carro na garagem e viu a porta da casa ser aberta por uma moça loira e de corpo esbelto com uniforme de empregada; apesar do corpo saliente, ela tinha uma expressão angelical no rosto, como a de uma criança.

O guarda-costas agradeceu pelo vidro do carro ser completamente escuro por fora. Lucy não o enxergaria se ele não saísse de dentro do veículo.

A loira sorriu claramente por educação, fazendo uma breve reverência a Flare. Fechou a porta e Corona encontrou Olívia com um sorriso estampado no rosto, e honestamente achou sua roupa bonita. Uma camisa azul colocada para dentro de uma saia preta esvoaçante; nada a mal, mas não era como se ela pudesse vestir uma coisa daquelas. Preferia os decotes e pernas à mostra. Por isso, sentia-se tão desconfortável consigo mesma naquele vestido cor de rosa.

— Olá, querida. — disse a sra. Dragneel, lhe dando um abraço apertado. Por cima do ombro dela, Flare viu Natsu semicerrando os olhos no sofá, com um ar de nos acertamos mais tarde. — Estou contente por conhecer você. Ah, filho, você encontrou uma namorada tão linda!

Lucy serviu chá nas xícaras sobre a mesa de vidro e parecendo um tanto transtornada, voltou para a cozinha. Ficar com Mirajane talvez a fizesse se sentir melhor.

O rosado deu de ombros, tentando parecer feliz com tudo. Desejava estapear a ruiva mil vezes, mas queria ver sua mãe feliz.

— Meu amor, eu estava com saudades. — ronronou Flare, beijando seu rosto e em seguida seus lábios; não muito rapidamente e nem profundamente, pois sua atual personalidade não permitia o mínimo de ousadia ou nada que pudesse ser interpretado de tal maneira.

A princesa se sentou na cadeira ao lado do rapaz e agia como uma garotinha inocente, aparentemente entrando naquela casa pela primeira vez.

— Natsu nunca havia me trazido aqui. Esta casa é realmente bonita, sra. Dragneel. — comentou Flare, pegando a xícara de chá com a maior delicadeza do mundo; não se esquecendo, claro, de esticar o dedo mindinho.

— Obrigada, querida. Eu decidi cada detalhe da decoração, então é ótimo que tenha gostado. Mas me conte, filho, por que nunca trouxe Flare aqui?

— Não sei. — respondeu ele, engolindo um biscoito.

— Oh, sim. Vamos explicar para ele como eu sei que você viria aqui, querida. — falou Olívia. — Tudo começou quando sua namorada me ligou noite passada, me contando tudo o que você nunca me disse! E ela pediu para que eu guardasse segredo pois queria fazer uma surpresa.

— Isso mesmo. — Corona assentiu com a cabeça, apanhando uma caixinha embrulhada da bolsa. — Fiz um cupcake para você, meu amorzinho. Espero que goste. Foi difícil fazê-lo sozinha, sabia? Mas valeu muito a pena...

— Obrigado. — disse Natsu secamente, pensando que jogaria aquela caixa no lixo depois que ela fosse embora. Se pudesse, jogaria Flare no lixo.

Mascarada por um sorriso adorável, Olívia ria internamente, pensando em como aquela garota era uma péssima atriz.

Enquanto isso, na cozinha, Lucy estava sentada no chão com a cabeça entre as pernas, banhada de suor frio. Tremia e, com a ajuda de Mirajane, tentava expirar e inspirar profundamente para ficar calma.

— N-Não chame ninguém. — murmurava a loira, chorando baixo.

Lucy começou a se sentir estranha desde que abrira a porta para Flare, avistando o carro em que ela viera. Sensível como era, notou que a atmosfera da casa havia mudado e isso afetava-lhe por inteiro. Era algo ruim, pesado, algo que a fazia querer chorar sem parar. Estava com tonturas, um pouco de náusea, dificuldade para falar e respirar com calma. Sentia o suor frio escorrendo pela testa.

— Você está muito nervosa... — disse a albina, acariciando seus cabelos loiros. — Vamos nos acalmar, está bem? Respire bem devagar...

— N-Não consigo.

— Consegue sim, eu sei que você consegue. — Mirajane a abraçou, preocupada. Utilizava um tom de voz maternal, como Cana quando queria lhe consolar.

A loira caiu no choro com os pensamentos todos embaralhados, um aperto no peito. Algo não estava correto, e era estranho que aquelas sensações tivessem aparecido exatamente quando Flare chegou. Ela não era uma pessoa lá muito simpática ou aparentava ser do bem, mas quando ela estava dormindo na Mansão e tomou o café da manhã ali, na mesma mesa, Lucy não sentiu absolutamente nada naquele dia que não fosse o pequeno temor por uma expressão mal encarada. Normal.

No entanto, a energia negativa ali não era normal. Alguém estava carregado, e não podia ser Mirajane, Flare, Natsu ou a sra. Dragneel, muito menos Sting. Então, quem poderia ser?

Do lado de fora da casa, Rogue desceu do carro para acender o terceiro maço de cigarro do dia. Queria ir embora dali o mais rápido possível.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Contem nos comentários suas impressões. Nos vemos no capítulo 22. ヽ(▽^〃ヽ)ヽ(〃^▽^〃)ノ(ノ〃^▽)ノ