Pureblood escrita por MaryCherry


Capítulo 15
Quinze — A dor da tempestade.


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, espero que esteja tudo bem com vocês! Antes de mais nada, quero agradecer todo o apoio que me deram até aqui, a compreensão, vocês são incríveis. Demorei, demorei sim, mas aqui estou eu com mais um capítulo para vocês! sduhhdusf Ele ficou um tanto extenso, mas o total de palavras aqui lhes mostradas são as que eu realmente precisava para contar a história desse capítulo, então leiam com paciência e preparem seus corações (hã, pelo título mesmo já dá pra ver que a coisa aqui não é muito comédia não q) KDSJFKGÇ Tomara que gostem dele tanto quanto eu, um beijão para todos e um mais do que especial para minha leitora Juh Kushieda, que contribuiu para que Pureblood contabilizasse mais uma recomendação! OMFG, como eu amo vocês, gente! Muito obrigada, agora vou parar de tomar o tempo dos meus biscoitinhos e deixar enfim, lerem o que eu escrevi. Beijão, nos vemos lá embaixo~!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/561863/chapter/15

— Oh, sim, amanhã é aniversário da sra. Dragneel. — disse Lucy ao telefone, fitando-se no espelho do banheiro. Já estava de banho tomado e pijamas, esperando terminar sua conversa para escovar os dentes e por fim dormir.

— Claro que é. — respondeu Layla. Sua mãe estava mais uma vez... estranha.

— Ahn... bom... amanhã Mirajane vai preparar várias refeições preferidas dela, desde cedo. Consegui terminar de limpar tudo antes de voltar para casa, então acredito que eu vá amarrar os balões para recebê-la. Mira me contou que a sra. Dragneel gosta de balões, apesar de não gostar de comemorar seu aniversário. — Lucy riu. — Não é estranho?

É sim.

— Mamãe.

Hum?

Por favor, me conte o que realmente está acontecendo! — disse a loira, um pouco intrigada com a falta de ânimo da mãe ao telefone. Se havia algo acontecendo com ela, por que não falava? Nunca escondiam algo uma da outra...

Você não pode exigir nada, afinal, sua própria voz ecoou em sua cabeça, também há coisas que você jamais contaria para ela. Lucy estremeceu.

— Não deveria se preocupar, meu bem. Eu estou me sentindo ótima, apenas... cansada. Realmente cansada...

Está se sobrecarregando demais, mamãe. Por favor, descanse um pouco... eu me preocupo em saber que não estou aí para te fazer descansar corretamente!

Layla fungou do outro lado da linha e em seguida emitiu uma risada doce.

Certo, certo... — uma voz familiar surgiu ao fundo. — Ah, tia Juvia quer te perguntar uma coisa. Vou passar para ela e...

— Lucy! — berrou Juvia. — Me ajuda, me dá uma luz! Tô num dilema que me destrói a cada dia que passa, uma dúvida que poderá afetar minha vida... ou minha morte. Algo que eu penso a cada segundo, que me consome... lentamente... e me levará...

A loira arregalou os olhos, pensando que era algo verdadeiramente sério.

— D-Diga!

Olha, que é que você acha? — disse sua tia. — Deixo o cabelo azul tradicional assim mesmo ou faço umas mechas verdes bem legais? Ou pinto de roxo total? Eu não aguento mais esta indecisão! Eu vou morreeeeeeer!

Lucy riu; era claro que, se tratando de tia Juvia, uma simples coloração capilar seria questão de vida ou morte. A garota jamais conhecera outra pessoa adulta que gostasse tanto de mudar a cor dos cabelos como Juvia.

Abriu a boca para responder e ouviu um grito de fúria vindo da sala; em seguida, algo sendo atirado ao chão e algo quebrando. Mais um vaso de flores arruínado.

Heartfilia não fazia ideia do que acontecera com Scarlet nos últimos dias, mas possuía uma suspeita de que era algo relacionado ao síndico-inimigo-que-a-beijava-no-corredor-do-prédio-de-modo-impróprio, Jellal Fernandes. Ultimamente, sempre que o humor de Erza estava para mais ou para menos, era ele a razão. E certamente, algo bom não estava acontecendo ali.

— Tia... eu te ligo daqui a pouquinho e respondo. — Lucy desligou e foi até a sala, encontrando sua amiga pisando furiosamente em cima de uma tela, o cavalete do outro lado do cômodo, um vaso belíssimo de flores em pedaços.

— Erza! — a loira segurou gentilmente seus ombros. — Erza, fique calma!

— Não! — gritou ela como uma criança birrenta, começando a chorar compulsivamente em seguida.

Vá dormir! — Jellal socou a parede diretamente de seu apartamento, o que fez Erza chorar mais ainda.

Sai daqui! Vai embora!

— Mas eu não tô aí!

A ruiva marchou em direção à porta, pronta para iniciar uma discussão no corredor quando Lucy a segurou. Jellal e Erza pareciam duas crianças!

— Erza... calma... tudo bem... vamos para a cama. — a loira falava com ela como se fosse um bebê.

Erza soluçou deixando-se levar pelos braços gentis da amiga. Foram até o quarto da moça e esta resolveu tomar banho e retirar aquele jeans e camiseta folgada que já ficara durante todo o dia, colocar um pijama quentinho para a noite de Outono. Não estava bem acostumada a vestir pijamas... os vestiu da mesma forma, por mais que fosse provável que os mancharia de tinta mais tarde. Como uma criança, deitou na cama e deixou que Lucy a cobrisse.

— Lucy. — chamou Scarlet, antes que ela fosse embora após dar-lhe um beijinho de boa-noite.

— Sim?

As bochechas da moça ficaram tão vermelhas quanto a cor de seu cabelo.

— Me conta uma historinha?

A loira a achou realmente fofa com aquele pedido e rosto corado, exatamente como uma criança pequenininha. Sorridente, sentou-se ao lado dela na cama.

— Que historinha você quer?

— A deste livro. — Erza sacou um livro de capa colorida um tanto desbotado de debaixo do travesseiro. Na capa, via-se uma garotinha sorridente segurando um pincel que destacava-se em meio à tantas outras crianças com rosto inexpressivo.

Erza e o pincel mágico. — Lucy leu o título em voz alta, demorando a perceber que afinal, o nome da protagonista era Erza, uma garotinha que adorava pintar telas! E o nome do autor do livro era Takumi Scarlet. — Oh...

Takumi Scarlet, o pai de sua amiga. Um empresário brilhante, carinhoso com sua filha e muito gentil. Lucy o vira uma vez e também percebera o amor que possuía por Erza; ao contrário de sua mãe, ele a amava independentemente de seus problemas que tivera desde que nascera. E apesar de ser um empresário, adorava artes e gostava de saber que sua filha era uma artista. Takumi Scarlet, um nome tão visto em jornais e em internet, agora no passado...

Lucy olhou para Erza e esta respirava profundamente com um sorriso no rosto, de olhos fechados, aguardando ansiosamente o começo da história. Então, a loira começou a ler a primeira página.

— Era uma vez uma linda menina chamada Erza. Ela tinha uma pele muito branca, olhos castanhos e brilhantes, um cabelo bem grande e ruivo que voava de um lado para o outro quando ela corria. Ah, sim, Erza gostava muito de correr. O tempo todo! Corria pela casa, corria pelo parque, corria pela escola, lugar onde passava suas tardes da semana.

Erza tinha muita energia, por isso corria tanto. Só que seus amiguinhos não possuíam a mesma energia, e os adultos sempre atarefados, também não tinham tempo para correr com ela. Então, a ruivinha corria sozinha.

“Um dia, Erza se deu conta de que se sentia só: queria alguém para não apenas correr, mas também conversar e ajudá-la a pentear o cabelo de suas bonequinhas que o papai lhe dava de presente. E por mais que buscasse um amigo, não encontrava de jeito nenhum...”

“Aquilo lhe foi entristecendo, entristecendo... e a ruivinha perdia sua vontade de correr por aí. Em certa tarde de sábado, se sentou na sombra de uma árvore grande do parque, pensativa. Queria um amigo, ah, como queria um amigo! Quando será que o encontraria? E em que lugar ele estaria?”

Psiu! Ouviu uma voz fina sussurrar, mas não achou que fosse com ela. Afinal, ninguém mais gostava de falar com Erza... Mas um coelhinho branco surgiu em sua frente com uma caixinha vermelha. Que caixinha era aquela?”

Oi, Erza!” disse o Senhor Coelhinho, arrastando a caixa misteriosa com as patas. “Seu papai Takumi pediu-me para te entregar isto. Ele espera que você goste!”

Para mim?” perguntou a ruivinha, confusa, segurando a caixinha nas mãos. Quando foi perguntar ao coelho branco se não era um engano (poderiam existir milhares de papais Takumi pelo Japão!), ele já havia sumido sem deixar rastros. O que restou-lhe foi abrir o presente, curiosa.”

“Dentro da caixa, estava um objeto que já vira antes: um pincel! Mas por quê seu papai pedira para o Senhor Coelhinho lhe entregar um pincel? Perguntaria para ele quando recebesse sua ligação à noite, diretamente da cidade grande de Tóquio! Mas enquanto isso, arrumaria algo para fazer com o tal pincel.”

A leitura da loira foi interrompida por um ronco baixinho de Erza: pela primeira vez na vida, ela estava dormindo. A cena mal parecia real! Puxa, como a amiga havia ficado relaxada mesmo com tão pouco tempo de história: sua expressão era angelical, não parecendo que estava chorando descontroladamente há alguns minutos. Não quis acordá-la: fechou o livro sentindo algumas lágrimas rolarem por seu rosto, sensibilizada com aquela historinha tão bonita escrita de um pai para sua filha. Tudo deixava Lucy sensibilizada, mas uma das principais coisas era o carinho de pais e filhos...

Amanhã continuaria a leitura. Colocou o livro em cima da mesinha e deu um beijo na testa da amiga; chegando em seu quarto, fez uma rápida ligação para sua mãe e tia e lhes desejou uma boa noite. Em seguida, beijou delicadamente sua amada pedra azul (a Howlita), seu modo de conexão com Cana. Ela dormia com a pedra sobre o travesseiro diariamente agora.

Deu boa noite à todos, fez uma pequena oração para Deus e dormiu. Ou tentou.

Não tivera sonhos ruins, ou ao menos não se lembrava de nenhum deles; no entanto, sentia que não tivera uma boa noite de sono. A sensação era de que não tivera um minuto de descanso, sem falar do aperto estranho que sentia no peito. Uma angústia, algo que a fazia querer chorar mesmo sem saber porquê. Mas não podia deixar-se levar pelos sentimentos ruins. Eles passariam e aquele dia era uma data comemorativa: o aniversário de sua tão querida patroa. Não podia se deixar levar pelos sentimentos ruins e a tristeza que a tempestade forte transmitia, uma tempestade esquisita. Em dias de Outono como aquele, chuvas daquela maneira não eram nada comuns...

Acordou quase junto com Scarlet, incrível! Tomaram um bom café-da-manhã juntas e depois de Erza vestir qualquer roupa para levá-la de carro, ambas saíram e a ruiva não estava muito falante, parecia estar longe da realidade; também não olhou Jellal diretamente, de modo que foram em silêncio até a garagem e durante todo o trajeto. Erza estava até dirigindo em uma velocidade aceitável, considerando também a forte chuva.

— Lucy. — a voz da ruiva soava baixa; ela segurou na manga de seu casaco antes que Lucy abrisse o guarda-chuva para ir até a Mansão. Havia um pequeno sorriso em seus lábios. — Obrigada.

A loira sorriu de volta e então foi, perguntando-se se Sting viria com aquela chuvarada toda. Bom, o jardim havia sido completamente arrumado no dia anterior; não havia trabalho para ele fazer no final das contas. Mas talvez aquela tempestade arruinasse seus esforços.

— Bom dia, Lucy! — cumprimentou Mira, sorridente na cozinha.

— Bom dia, Mira. — Lucy sorriu de volta, ignorando aquele aperto chato dentro do peito. — Você está preparando um café da manhã para a sra. Dragneel? Ela chega daqui a pouco?

A albina fez uma expressão decepcionada.

— Ah, não não. — respondeu. — Ela me disse que chegará perto da noite, então estou aqui somente para cozinhar para os garotos. Se bem conheço Gray, logo ele estará acordado.

— O sr. Gray está aqui? — Heartfilia sentiu o rosto esquentar sem saber muito bem porquê. — D-Digo, é realmente uma pena... Acho que terei de deixar o presente que fiz para ela em cima da mesa, então. Quando ela chegar, já terei ido.

— Ah, o que é seu presente? — perguntou Mira, curiosa.

— Nada demais... — Lucy pôs uma caixinha pequena e lilás sobre a mesinha. — Alguns biscoitinhos. Diet.

Mirajane riu.

— Tenho certeza de que ela vai adorar. E sim, Gray resolveu passar o fim de semana aqui para jogar e comemorar o aniversário da Olívia. Na verdade, Gray não gosta muito de festas, então Natsu fica aqui com ele e ele não verá Flare. Sei que é errado, mas me sento um pouco aliviada por isso. — a albina mordeu o lábio, corada. — Sei que Natsu já é maior de idade, mas ainda assim, me sinto responsável por ele. E não sei se Flare faz realmente um bem...

— S-Sim. — Lucy corou. — Bem, eu posso te ajudar?

— Seria gentil de sua parte! — respondeu Mirajane com um sorriso.

Dentro da bandeja grande, havia café da manhã para os dois rapazes. Heartfilia bateu na porta, temendo acordar os dois, mas felizmente um deles já havia acordado: Gray. Ainda bocejando, ele ficou com o rosto incrivelmente vermelho quando abriu a porta para ela: seus cabelos negros mais bagunçados do que de costume e um pijama de calça xadrez com uma camiseta lisa o deixavam... um charme.

— Bom dia, sr. Natsu. — a loira disse, embora Natsu talvez não estivesse ouvindo. — Bom dia, sr. G-Gray. Trouxe café para os dois.

— B-Bom d-dia. — Gray gaguejava, por mais que tentasse se controlar. — Muito obrigado...

— Vou deixar aqui para os dois e... — a criada tentou esconder o espanto ao perceber o quão bagunçado o quarto de Natsu se encontrava. Caixas de pizza aqui, caixas de pizza acolá. Pratos, copos, talheres: uma amontoação de coisas. Toda a limpeza que fizera... — Oh.

Fullbuster olhou a bagunça que os dois fizeram no cômodo, constrangido.

— É-É... eu vou levar esses pratos lá embaixo...

— Isto é-é o que devo fazer, senhor. — disse Lucy, pondo a bandeja sobre a mesa. — Espero que desfrutem do café da manhã.

— Desculpe por essa zona. — falou Gray com certo peso na consciência. Não queria que sua amada Lucy pensasse que ele era um cara que só sabia fazer bagunça, ainda mais na casa de outras pessoas. — D-Desculpe...

— Calem a boca. — delirou Natsu, acordando aos pouquinhos.

Os dois riram baixo.

— Sem problemas, sr. Gray. — ela sorriu timidamente e prestes a começar a recolher os pratos, sentiu o peito doer um pouco mais: levou as mãos até ele e respirou profundamente até que seu corpo ficou fraco e ela não percebeu que havia caído em seus braços; não havia desmaiado, mas era como se por alguns segundos, não estivesse ali realmente... e a fraqueza repentina sumira tão rápido quanto viera, mas o incômodo no peito permanecia.

— Lucy! — o rapaz disse, alarmado. — Está tudo bem?

Lucy ergueu a cabeça e lentamente, desvencilhou-se de seus braços. Assentiu positivamente com a cabeça e então começou a executar sua tarefa de pegar os talheres, pratos, caixas de pizza, o que mais achasse no meio daquela zona.

— Mesmo? — Gray parecia tão preocupado.

— Sim. — respondeu ela. — Foi só uma tontura, mas já estou me sentindo bem novamente.

— H-Hum. — ele não parecia muito convencido disso. — Sério, me deixe te ajudar com isso. Eu sou culpado por essa bagunça toda também, depois eu subo e tomo o café.

— Ah, tudo bem... mas não sinta-se culpado! — Lucy sorriu e ambos levaram tudo para o andar de baixo; a criada não sentiu mais qualquer coisa fora o desconforto no peito. Ao menos, pensou que não sentiria.

Ao voltar para o quarto, riu ao ver Natsu se embolando no lençol tentando ficar verdadeiramente acordado. Em seguida, começou a repassar o momento em que segurou o corpo tão pequeno e frágil de Lucy em seus braços, e também lembrou-se da palidez em que ela estava antes de cair. Por que será que estava tão cansada? Será que estava se esforçando demais no trabalho? Será que estava com problemas em sua vida pessoal da qual não possuía conhecimento?

Após aquela palidez e fraqueza de repente, a cor voltara ao rosto dela, o que o deixou um pouquinho mais tranquilo. Mas nunca saberia quando aquilo podia voltar a acontecer... era melhor ficar de olho.

— Parece que Sting não virá hoje. — comentou Mira enquanto ela e Lucy preparavam o almoço. — Realmente, com esta tempestade, é bem complicado... e também, não havia nada para fazer no jardim.

— É... — a loira parecia um tanto decepcionada. Gostava de quando Sting estava na Mansão, por mais que trabalhassem um pouco distantes um do outro. No entanto, pensava menos nele do que de costume: havia aquele incômodo no peitoral que aumentava; lentamente, mas aumentava. Será que estaria com algum problema cardíaco? Estremeceu com a ideia.

Gray apareceu na cozinha com Natsu logo atrás de si, este ainda de pijamas. Ao contrário de Gray, ele quase precisaria de alguém para tirar seu pijama por ele. E o fato de que só veria sua mãe no dia do aniversário dela ao começo da noite não o deixava lá muito animado.

— Fazendo o almoço? — começou o moreno, aproximando-se para ver o que elas estavam cozinhando.

— Queremos ajudar... — Dragneel se esforçou para continuar a frase. — Vocês.

Vocês. Mira e Lucy. Não somente Mira, mas também Lucy. Natsu queria ajudar as duas.

— Oba! — comemorou a albina, pedindo-lhes para descascar algumas batatas. E logo, Gray decidiu puxar assunto apesar da timidez. Mas do que poderia falar...?

— Que chuvarada, hein? — e imediatamente desejou ficar calado. Entre tantas coisas das quais poderia dizer, tinha que ser justamente sobre o tempo? Quem fica conversando sobre o tempo? Sentiu-se um idiota.

— Sim. — Lucy foi a primeira a concordar. — É uma pena... se não estivesse chovendo, eu poderia pendurar os balões para a sra. Dragneel. Apesar de que ela só os veria de noite, acho que... ficaria...

Balões.

Balões...

Balões, huh?

A criada largou a faca que utilizava para cortar cenouras e imediatamente, quis urrar de dor. Pressionou o peitoral com as mãos como se fosse adiantar de algo para cessar o quão dolorido estava; seu coração apertava-se cada vez mais e mais... e depois não sabia de mais nada. Desesperada por ar para seus pulmões, hiperventilava e perdeu o controle dos músculos do corpo, sentindo-se desabar.

“Mamãe, os balões são tão incríveis!”, ouviu uma voz infantil da qual não conhecia ecoar.

Lucy, aguente firme.

Calma, calma, vai ficar tudo bem.

“Olhe, mamãe! Eu aprendi a como fazer um cachorrinho!”, a mesma voz de criança disse. E então, a visão de Lucy ficou escura em sua totalidade e ela não pensava mais. Simplesmente via aos poucos, uma cena se iluminando. Em uma casinha que caía aos pequenos pedaços, havia uma bela moça com roupas de doméstica e cabelos lisos, negros e muito compridos. Seus olhos eram igualmente escuros, mas ainda assim, era alguém que ela conhecia... o nome daquela moça poderia ser Olívia?

“Mamãe! Mamãe!”, mais uma vez, a voz da garotinha pequena foi ouvida por Heartfilia. E então, uma criança pulava animada na frente da moça bela, sua mãe. Quando pôde visualizar melhor, viu que ela possuía os mesmos cabelos negros de “mamãe”. E olhos tão verdes quanto esmeraldas reluzentes. Oh, sim, aquela definitivamente era Olívia. Olívia e sua mãe, vivendo em uma casinha pobre de madeira.

“Sim, querida?”, disse a mãe, interrompendo seu afazer doméstico. Ela sorria...

“Olhe, me diga se eu fiz certo!”, a pequena Olívia estendeu um cachorrinho feito de balão vermelho para ela, com um brilho nos olhos esverdeados. “Fiz do jeitinho que me ensinou!”

A mãe bateu palmas e lhe deu um beijo na testa.

“Sim, sim, está muito bonito!”, respondeu. “Dê um nome para ele, Olívia!”

Hum... é macho? Então acho que vai ser Au-au. Será que ele gostou desse nome?

A mulher riu.

“Sim, sim, é um bom nome. E, bom, quando você não puder brincar com o Au-au, o que acha de ele ter uma amiguinha?”

“É uma boa ideia, mamãe. Você pode fazê-la? Eu tenho uma bexiga cor-de-rosa aqui...” e tirou um balão por encher do bolso. Sabia muito bem agora como fazer um cachorrinho de balão, mas adorava ver sua linda mãe fazer obras de arte com as bexigas em um timing surreal. Mamãe era tão perfeita em tudo o que fazia, era bonito de se ver!

A cena mudou para uma Olívia um pouco mais crescida: era um dia de tempestade forte, com raios e inundações nas ruas. A luz dos raios vez ou outra davam um pouco de nitidez ao rosto da garotinha, e podia-se ver que ela encontrava-se em estado desumano: pálida, claramente desnutrida, de cabelos despenteados e olheiras profundas. Nada como na cena anterior. Algo havia acontecido, sua mãe era uma pessoa boa demais para que deixasse a filha naquele estado. Lucy sabia que havia ocorrido algo naquele tempo.

Parabéns...” a criança batia palmas e cantava com a voz fraca, como se estivesse prestes a perder os sentidos a qualquer momento. “Parabéns... para mim...

Lágrimas começavam a escorrer por seu rosto; não muitas devido àquela desidratação total.

Mamãe, você pode me fazer... um cachorrinho...” Olívia claramente delirava; já não havia mais vida em seu corpo. “Quando eu crescer, papai... eu vou fazer muito dinheiro para nós vendendo meus cachorrinhos de balão...

E com tantas marcas de feridas em sua carne que quase não existia mais, estremeceu e desabou. Estava... morrendo. Olívia estava morrendo. Tudo ficou na escuridão mais uma vez.

Chega, disse Cana. Sim, Cana.

— Lucy.

— Lucy, por favor, acorde! — alguém encostou em sua mão.

— Vejam, as bochechas dela já estão com um pouco de cor...

Lentamente, a loira foi abrindo os olhos e sua visão desfocada logo voltou ao normal. Em cima de si, estavam as pessoas a quem ela reconheceu aos poucos: sua mente estava um tanto confusa... Gray, Mira e Natsu. Um mais pálido do que o outro.

— Lucy! — os três disseram juntos, aparentemente mais aliviados.

— Hum... — ela conseguiu falar com a voz arrastada. — Pessoal?

— Ah, graças a Deus! — Mirajane chorou emocionada, feliz por ver que o rosto de Lucy já estava com cor novamente.

— Que é que aconteceu? — perguntou a criada, perdida em sua confusão mental.

— Você se sentiu mal enquanto fazíamos o almoço. — disse Gray, aquele que segurava sua mão. Não percebia, pois se notasse o que estava fazendo, provavelmente morreria de vergonha. — Não se lembra?

A loira respirou fundo.

— S-Sim. Eu lembro.

— Como você se sente agora? — Natsu falou pela primeira vez naquele momento, ainda com o rosto branco como papel. Continuava com a expressão séria, mas seu tom de voz entregava que na realidade se importava com o que acabara de acontecer. Havia ficado muito assustado ao ver Lucy grunhindo de dor, agoniada, enquanto caía; e o fato de como estava fria e pálida agravou sua... preocupação. Mas o quê? Estava mesmo preocupado com ela? Nunca se preocupava com ninguém (com raras exceções)... e também, percebera que Gray segurava a mão dela. E de certa forma, era desagradável.

— Só um pouco... confusa. — ela fez menção de se levantar, mas foi impedida por Fullbuster.

— Fique um pouco mais deitada. — disse ele, sério e tenso. — Se levantar assim, pode acabar desmaiando de novo.

— C-Certo... — murmurou, fitando o teto.

Respirava profundamente, tentando processar o que havia visto... mas será que havia visto mesmo? Não era algo de sua cabeça? Mas por que sua mente inventaria uma história sobre a sra. Dragneel? E se... Cana estivesse por trás daquilo também? E se quisesse lhe mostrar algo mais?

Precisava de respostas com urgência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenha sido do agrado de vocês. Comentários sempre são bem-vindos, seja para elogios, sugestões, dúvidas, críticas (construtivas, vamos usar a educação). Obrigada por lerem até aqui e nos vemos no capítulo 16! Beijão da Mary.