Pureblood escrita por MaryCherry


Capítulo 12
Doze — Um amigo acamado.


Notas iniciais do capítulo

Oi, como cês tão? Cês tão bem? -q KJSDJKDSJKDSNÇA Espero que sim :D Eu estou escrevendo esse capítulo há umas 8h, por aí, quase sem parar. Pois é, pode-se dizer que eu tô bem mas meus dedos/mãos/pulsos/pescoço/costas de tanto que eu digitei não estão muito legais. Faço tudo pelos meus leitores amorzinhos do coração sdkjjsdkf. Trabalhei duro nesse capítulo (assim como em todos os outros) e por isso realmente espero que gostem e também sintam-se a vontade pra dizer o que estão achando :D Tá? Um beijão e boa leitura~!



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Heartfilia julgou melhor descer para o andar térreo com Scarlet ajudá-la a trazer as três caixas de pizza em segurança até o apartamento; a ruiva andava mais avoada que o normal e seria capaz de derrubar todo o jantar, até mesmo sob o teto do elevador. Simplesmente não conseguiria parar quieta.

Erza sabia que estava com a hiperatividade acima dos próprios níveis normais. Não dormia mais do que duas horas por dia, pintava doze quadros em uma única noite, suas pernas tremiam a maior parte do tempo. Tomar seus remédios devidamente como o médico lhe dissera faria tudo melhorar, mas não queria tomar remédio algum. Detestava medicamentos do tipo e decidiu que jamais tomaria qualquer um que fosse.

Não fazia ideia do que a causava tamanhos transtornos, mas de uma coisa possuía a maior certeza: odiava Jellal Fernandes e sua namoradinha Kagura Mikazuchi. Ódio a primeira vista, foi o que sentira com ambos. Os dois eram irritantes, chatos, babacas, irritantes (de novo!), nojentos e lhe davam nos nervos. Ah, que raiva sentia de vê-los andando de mãozinhas dadas pelo prédio por mais que não soubesse bem o porquê. O casal lhe dava ânsia.

Lucy sorriu para a moça da recepção e pegou duas das caixas; a de pizza de chocolate e a de calabresa. Sua amiga pedira estas para comer sozinha naquele mesmo dia, embora a loira não conseguisse ver como ela terminaria tudo aquilo em uma noite. Era um exagero pedir tudo aquilo, mas Erza estava mais agitada do que habitual; algo a estava incomodando e precisava descontar em alguma coisa. Mas o que poderia ser...?

— Boa noite, sr. Fernandes. — disse Karen, a recepcionista. — Boa noite, srta. Mikazuchi.

A loira viu o síndico do prédio, Jellal, entrar pela porta automática juntamente com Kagura Mikazuchi, aparentemente sua namorada. Lucy a achava realmente bonita; seus cabelos escuros e brilhantes possuíam o corte tradicional japonês, estilo princesa, um dos cortes mais bonitos que Lucy já vira. Caminhava com verdadeira classe, vez ou outra movimentando os olhos para lá e para cá sem expressão facial alguma. Bonita, porém não muito simpática. Mantinha-se séria sempre e não cumprimentava ninguém. Parecia estar num eterno mau humor!

— Boa noite, Karen. — respondeu o rapaz. — Olá, Lucy.

Como de hábito, fez questão de fingir que Erza não existia.

— Olá, sr. Jellal. — Jellal lhe dissera que não havia necessidade do senhor antes de seu nome, mas ela o chamava mesmo assim, timidamente.

Kagura a ignorou, igualmente para com Scarlet. Apertou a mão do rapaz com mais força e andou de nariz empinado até o elevador. O síndico segurou a porta para que elas pudessem entrar; Lucy agradeceu a gentileza e antes de colocar um pé para dentro da cabine, sentiu um puxão no braço.

— Vamos pela escada. — falou Erza alto.

Eram quinze andares.

— M-Mas...

— Vamos. — repetiu a ruiva, mostrando os dentes como um cão raivoso. A loira estremeceu e por fim, subiu até o décimo quinto andar pelas escadas. Finalmente na porta do apartamento, a garota ofegava e sentia gotículas de suor escorrendo por sua testa.

— Deveríamos ter vindo pelo elevador... — disse Lucy assim que entraram no apartamento. Desabou no sofá após subir tantos degraus carregando duas caixas de pizza extra grandes.

— Deveríamos mesmo. — concordou Scarlet, já abrindo a caixa da de calabresa. A loira a olhou confusa; não havia sido ela quem dissera "vamos pela escada"?

Erza deu de ombros.

— Desculpa. Não queria ficar no mesmo elevador que os dois.

— Por quê? — perguntou Heartfilia, fazendo um esforço para caminhar até a cozinha e pegar os pratos. Certamente, a amiga odiava Jellal e Kagura e não tinha problemas em demonstrar como se sentia. Lucy perguntava a si mesma o motivo de tanta raiva...

— Eles me irritam! — grunhiu ela. — Por que é que eles têm que ficar andando de mãos dadas por aí? Os dois são irritantes, odeio os dois! Argh!

A loira mordeu o lábio inferior e sentiu o sangue concentrando-se especialmente em suas bochechas. Poderia ser que Erza estivesse sentindo... ciúmes?

— Por que você está me olhando assim, Lucy? — a ruiva franziu a testa.

— O-Oh, não é nada. — Lucy entregou-lhe um prato.

— Hum. — Erza semicerrou os olhos. — Você tá meio vermelha.

— V-Você também está, Erza! — respondeu a loira, desviando o olhar. — A-Acho que foi por termos subido tanta escada.

Habitualmente, Sting abria o portão da Mansão com o controle pouco depois que Lucy chegava; com a bolsa-sacola presa ao ombro, fitou o lado visível de dentro da casa enquanto aguardava pacientemente alguém abrir para que pudesse entrar. Sentia-se nervosa por estar quase duas horas atrasada por causa do trânsito infernal, por mais que a sra. Dragneel não estivesse. Após alguns minutos, o portão se abriu e Mirajane apareceu ao horizonte caminhando em sua direção.

Sem dúvidas, Mira estava cem por cento Mira de novo. Suas olheiras profundas haviam sumido; o canto de seus olhos enrugavam-se quando dava aquele sorriso largo e capaz de encantar qualquer um. Os cabelos claríssimos estavam bem penteados e presos numa trança simples e bela que deixava-a ainda mais bonita; ou talvez estivesse mais bonita de tão radiante... Aparentemente, solucionara o problema que a incomodara nos últimos dias. Algo com seu namorado... A loira não possuía muitos detalhes da história.

Abraçaram-se e enquanto caminhavam até a casa, a criada olhou ao redor do jardim, esperando encontrar Sting tomando conta das plantas, já que realizando a limpeza na piscina não estava.

— Sting não veio hoje. — disse a albina, deixando escapar um riso que Lucy não entendera muito bem.

Ela assentiu com a cabeça, corada. Como Mira sabia que estava pensando no jardineiro?

— Aconteceu algo com Sting? — perguntou, preocupada. O loiro nunca faltara no trabalho, pelo que ouvira dizer da sra. Dragneel. A propósito, a patroa ainda não havia retornado de sua estadia no spa... Lucy sentia a falta de Olívia e de suas conversas.

— Ele está doentinho, pegou um resfriado terrível. — respondeu a albina, fechando a porta da casa atrás de si. — E, bom, Natsu também não está em casa. Então somos só nós duas.

— Oh, verdade? — disse a criada, perguntando-se aonde Natsu poderia estar. Em seguida, sua expressão tornou-se pensativa; se sentia triste por seu amigo doente... Quando vivia em Rosemary, sempre fazia uma visita aos amigos que ficavam de cama. Levava-os presentes como biscoitinhos que a mesma cozinhava, uma pequena pelúcia, uma cesta de tangerinas... Coisas simples, mas que faziam-os se alegrar ao menos um pouco. Talvez devesse pedir o endereço de Sting para visitá-lo...

— Eu tive uma ideia. — disse a albina, notando as bochechas da amiga ficando vermelhas por algo que estava pensando. — Que acha de fazermos biscoitos para Sting e depois ir até a casa dele? Tenho certeza de que ele vai ficar feliz.

— E-Eu estava pensando nisso agora mesmo! — a loira riu de nervosa, quase certa de que Mira era capaz de ler mentes. Sentia o rosto esquentando cada vez mais com a ideia de ir até a casa dele. Lhe dar um presente. — A-Ahn...

— Não há muito o que limpar por aqui hoje, certo? — a cozinheira lançou-lhe uma piscadela e juntas, foram até a cozinha. — Vamos cozinhar juntas, Lucy?

Era verdade. Nos últimos dias, nada estava fora do lugar pela ausência de Olívia. Apenas precisava retirar o pó de alguns móveis, mas isto era algo que poderia fazer em menos de cinco minutos. E cozinhar com Mirajane seria uma experiência agradável. A garota só não sabia como iriam chegar até a casa do rapaz, provavelmente pegariam um ônibus... Ou vários, dependendo da distância do lugar! Mas isso não era um problema; estava fazendo algo bom. Visitando um amigo doente, agradando-o com biscoitos que certamente ficariam deliciosos.

Enquanto conversavam e riam, o tempo passou voando. Depois de terminar os biscoitos, ambas retiravam o pó especialmente da estante de livros da sala. Como era possível aquela estante ficar tão empoeirada do dia para a noite?

Sentiu falta de não ter um Sting para timidamente observar enquanto limpava o vidro das janelas. E também sentiu falta de não ter um Natsu para arduamente acordá-lo quando o almoço estava pronto. A loira sentia saudades de coisas da rotina tão facilmente...

— O ônibus passa no ponto à uma e vinte. Se andarmos rapidinho, chegamos lá em dez minutos. — disse Mirajane. — Vai ser uma pequena viagem. Mas vai valer a pena!

— Sim. — concordou Lucy com o rosto vermelho, ajudando-a a lavar a louça. Também se sentia sortuda por ter decidido começar a levar um pouco de dinheiro na bolsa; não saberia aonde enterrar o próprio o rosto se tivesse que fazer a amiga pagar sua passagem de ônibus.

O celular de Mira tocou sobre o balcão da cozinha e por um momento, a albina parecia ter se esquecido de respirar. Ao ver a tela do aparelho, a cor levemente rosada de suas bochechas retornaram; era uma mensagem de Gray Fullbuster pedindo para que o portão fosse aberto. A cozinheira não sabia o motivo da visita, já que Natsu não estava em casa. Esperava que fosse rápida devido ao horário do ônibus.

Como sempre, Gray colocou seu carro dentro da garagem. Era o único amigo de Natsu que possuía permissão para isso; para Fullbuster, a Mansão Dragneel era como uma segunda casa.

A loira abriu a porta para recebê-lo com Mira logo atrás de si. Quando seu olhar encontrou-se com o do rapaz, ambos não deixaram de enrusbecer. Gray, principalmente; ficar perto da criada deixava-o completamente sem jeito. Ela era bonita, bonita demais. Desde quando a vira pela primeira vez, sua imagem invadia-lhe os pensamentos. Os cabelos louros e brilhantes, as bochechas coradas que a faziam ser extremamente fofa. E também seu corpo curvilíneo bem marcado pelo uniforme justo de empregada.

Ele queria vê-la a qualquer custo e para isso, decidiu inventar uma desculpa: estava preocupado pois Natsu desaparecera no meio da festa do dia anterior sem deixar qualquer pista e também não respondia mensagens, ligações. Na realidade, o rapaz sabia muito bem aonde o melhor amigo ia: na casa de Flare Corona, sua namorada-que-não-era-namorada. Mas tudo bem, ele poderia fingir que não sabia. Apenas para ter um motivo para dirigir até a Mansão e ver aquela garota tão linda. Lucy. Este era seu nome. Um nome lindo como ela. Um nome que poderia repetir por horas sem se cansar. Dias. Meses.

Mira, que não era nem um pouco tola, sabia que algo estava errado. Como Gray poderia não saber para onde Natsu ia?

— Ele está na casa de Flare. — disse a albina docemente, porém desconfiada. — Certamente Natsu está bem, Gray. Não há com o que se preocupar.

— Ah... — o moreno não conseguia olhar para sua amada Lucy diretamente. — Se está tudo bem com ele, fico tranquilo. Sabe, eu me preocupo com meu amigo...

Gray realmente se preocupava com ele quando não sabia mesmo o que Natsu estava fazendo, o que não era o caso atual; mas salientar o fato ao lado da loira provavelmente a faria pensar em como ele era um cara legal. Se preocupava com o amigo.

— Gostaria de algo para beber, sr. Gray? — disse Heartfilia timidamente.

— N-Não, muito obrigado... — respondeu ele, corando. — J-Já estou de saída...

— Espera aí, mocinho. — falou Mirajane com seu tom brincalhão, colocando as mãos na cintura. Faria um pedido na maior cara de pau possível. — Será que você pode fazer um favor? Para mim e para Lucy.

O rapaz enrijeceu o corpo. Para Lucy?

A casa de Sting ficava praticamente do outro lado da cidade, mas Gray não podia negar dar uma carona para Mira, a quem conhecia e gostava há tantos anos. E também Lucy...

— É muito gentil de sua parte, sr. Gray. — disse a loira em agradecimento entrando no banco de trás do carro.

Para quem quisesse fazer uma refeição na lanchonete Woods, deveria retornar no dia seguinte. Fixa à porta, encontrava-se a placa escrito fechado. Minerva Orlando, a única funcionária daquele lugar, não aparecera para abrir o estabelecimento.

Acariciando os cabelos louros de Sting, observava-o dormir como uma criança pequena. O idiota havia ido para uma festa e, segundo ele, fora atirado na piscina. Em plena noite de Outono, quando a temperatura caía. E por ser mais idiota ainda, simplesmente continuou na porcaria da festa com as roupas encharcadas, pegando vento. O resultado era óbvio: estava profundamente resfriado.

Mal conseguindo falar direito ao telefone, o cara ligara para ela. Para dizer que achava que estava doente, assim, sem se importar com o horário em que fizera aquela maldita ligação. Trinta e dois anos, sua idade.

— Você é um babaca. — sussurrou Minerva, sentindo-se mais tola ainda por ter saído de casa às pressas simplesmente para cuidar dele. Por ficar tão preocupada sendo que aquilo era apenas um resfriado, algo que curaria rápido.

Fitava seus lábios, lábios que sentia arrepios ao vê-los; que lhe provocavam um calor intenso pelo corpo, um desejo que lutava para controlar todos os dias. E agora, estes estavam tão vulneráveis...

Seus pensamentos esvaíram-se assim que ouviu batidas na porta. Levantou para atendê-la, sem saber quem poderia ser. Pensou em Mirajane, a cozinheira e colega de trabalho do rapaz a quem ligara para avisar que ele não estaria indo trabalhar. E com muita sorte, Lucy estaria junto já que também era uma colega de trabalho. Uma amiga, como o loiro gostava de dizer.

Muito bem. Respirou fundo, e lá estavam as duas com um sorriso açucarado no rosto. A loirinha segurava um pote de vidro com um laço grande de fita e biscoitos dentro. Ah, resolveram trazer um presentinho para o coitadinho. Que ação boazinha, não era mesmo?

Ok. Aquelas garotas estavam ali para ver Sting, até lhe trouxeram um presente. Não eram más, portanto Minerva não deveria ser má com elas simplesmente por causa dos ciúmes que sentia. Sentia ciúmes de absolutamente todas as pessoas do sexo oposto com quem o loiro se relacionava e tinha consciência do quão ridícula era. Ele não era seu namorado, muito menos sua propriedade.

— Olá, Minerva. — disse a loirinha, olhando os próprios pés, visivelmente envergonhada. — Podemos entrar? Trouxemos biscoitos para o Sting...

— Claro. — a moça sorriu de canto, controlando-se ao máximo. — Mas acho que ele está dormindo agora.

As conduziu até o pequeno quarto e o viu lentamente abrir seus olhos.

— Mira? — disse Sting baixinho. — L-Lucy?

— O-Olá. — Lucy gaguejou também, vermelha como pimentão.

— Vou ficar na sala para que vocês fiquem mais... à vontade. — Orlando marchou até a sala, fervendo de raiva ao se atirar no sofá velho e rasgado. Era melhor que não visse para não sentir.

— Trouxemos biscoitinhos para você. — falou Mira docemente, aproximando-se da cama. — Puxa... Você está tão abatido...

O loiro riu, tímido por Heartfilia também estar ali.

— É-É... Mas já já melhoro. — fungou.

Lucy se aproximou também, ficando de joelhos.

— Pois é bom que fique mesmo, moço. — disse a albina em seu tom brincalhão. — Quando você não está, parece que falta algo. Não é, Lucy?

Constrangida, a criada concordou com a cabeça, sem olhar diretamente para o rapaz, que acabou por espirrar. Seu espirro conseguia ser incrivelmente adorável; ele morria de vergonha apenas por espirrar na frente da loira.

— Espero que melhore logo, Sting. — quase sussurrou a mais nova, completamente corada.

— Obrigado. — respondeu ele também falando baixo. Céus, como sentia vergonha! Vergonha de tê-la em seu quarto e particularmente vergonha de sua casa. Feita de madeira, caía aos pedaços em meio aos móveis velhos; mal possuía dinheiro para mantê-la, sem falar que estava toda desarrumada. O que ela pensaria dele?

Mirajane teve de quebrar o silêncio mortal pairando sobre o quarto.

— Então, como é que você ficou resfriado assim? — perguntou, curiosamente.

Sting reviveu as memórias da festa em que agora, se arrependia de ter ido. Ou melhor, de ter feito a merda que fizera: com frio e encharcado, ter continuado com a "diversão". Sentia-se um babaca adolescente. E contar aquela história com Lucy presente realmente o envergonhava...

— Essa é uma história... — fungou mais uma vez — Hum, não muito interessante...

Depois de desejar boa noite para Scarlet, Heartfilia foi até o banheiro de seu quarto para escovar os dentes, já de banho tomado e vestindo seu pijama cor-de-rosa favorito. Enquanto a espuma da pasta dentária formava-se em sua boca, a garota fitou o próprio reflexo no espelho.

Lucy não pensava muito a respeito da própria aparência, honestamente. Não se importava em ver-se refletida em um espelho, mas também não tinha certeza se considerava a si mesma bonita. No entanto, se existia algo com o que se preocupava, era o cabelo. Gostava dele, mas não gostava de deixá-lo comprido demais.

A loira adquirira a obsessão há alguns anos: nunca, jamais, deixá-lo crescer muito além dos ombros. Às vezes, o via maior do que realmente estava, causando-lhe uma espécie de pânico. Um pavor que, aos poucos, apoderava-se de todo o seu ser.

— Erza. — chamou com a voz trêmula, escancarando a porta do quarto. — E-Erza.

— Que foi? — perguntou a ruiva, soltando o pincel, assustada pela palidez de seu rosto.

— M-Meu cabelo está maior? — perguntou respirando de modo irregular. — Meu cabelo. Meu cabelo cresceu?

Por que é que ela tem essa neura com o cabelo?, perguntava-se Erza.

— Fica calma. — disse, aproximando-se da amiga. — Vira de costas que eu vou ver, tá?

Scarlet utilizava os dedos para medir o comprimento do cabelo louro abaixo dos ombros. Dois dedos era o máximo que a amiga permitia que tivesse, embora a ruiva não soubesse o porquê. Afinal, qual era o problema de deixar os cabelos crescerem um pouco? Heartfilia já tivera um cabelo tão comprido, ficava realmente bonita com ele. E se não gostaria de tê-los grandes novamente, era só cortar...

— O mesmo que semana passada, Lucy. — Erza não mentiu. — Dois dedos, certinho.

Lucy não se virou.

— O-Obrigada. — sussurrou, voltando para o quarto. — Boa noite, Erza.

A ruiva deu de ombros e logo, já estava concentrada novamente na pintura de seu quadro. Pintar era a única coisa da qual conseguia se focar rapidamente. Feliz, teve tranquilidade para realizar sua obra até que a madrugada chegou e, com isso, barulhos provenientes do apartamento vizinho, o de Jellal Fernandes. Não eram gemidos e gritos irritantes de Kagura, e sim, barulhos de vidros quebrando-se. E depois, a voz abafada de Kagura gritando; só que de raiva. Muita raiva. Nunca a ouvira aumentar o volume da voz se não fosse quando estava fazendo sexo com Jellal e logo, sentiu-se curiosa para saber o que se passava.

Mikazuchi acordaria o prédio inteiro se continuasse berrando daquela maneira, jogando objetos de vidro para lá e para cá. Até que a porta do apartamento se abriu e com isto, mais gritos pelo corredor. A ruiva mantinha uma fresta da própria porta aberta para espiar.

— Eu estou cansada dessa merda, Jellal! — gritava a moça. — Cansada de você. Cansada de tudo! Olha, mesmo quando você decidir que diabos você está querendo, não me procure mais! Chega, ouviu? CHEGA!

— Kag... — o azulado tentou segurá-la pelo pulso, mas ela se afastou de súbito.

— Não me toque! — e dizendo isso, marchou pelo corredor até o elevador. Pelo visto, o casalzinho tivera uma discussão bem feia. E pela expressão de Jellal, ele estava absolutamente arrasado.

Ah, mas não poderia perder a oportunidade.

— He. — riu Erza malignamente, saindo para o corredor. — E então, Jellal? Que é que aconteceu, hein? Perdeu a namoradinha, foi?

— Cala a boca.

— Acho que ela se cansou dessa sua coisinha, né? — debochava infantilmente. — Mas saiba que...

A garota apenas sentiu o corpo bruscamente pressionado contra a parede e uma respiração quente e rápida assoprando sua pele. Antes que pudesse pensar em qualquer coisa, seu grande inimigo simplesmente... A beijava.

De olhos arregalados, tentou se livrar de seus braços, debatendo-se. Soltou um grito abafado que ninguém escutara.

Nunca pensou que seria beijada por ele, muito menos daquela maneira tão feroz e incrivelmente excitante. Na realidade, jamais imaginou que teriam qualquer tipo de contato próximo, que sentiria seus braços ao redor do corpo. E principalmente, nunca imaginou que estaria retribuindo aquele beijo, com vontade. Porque no fim, percebia que estava gostando daquilo e não pensando mais sobre "o depois".

Lucy assistia à cena boquiaberta, imóvel como uma estátua. Afinal, a vida era mesmo uma caixinha de surpresas.


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Notas finais do capítulo

E aí, que tal? :D Até o próximo capítulo, beijão da Mary!