Ordens Médicas escrita por Lyria


Capítulo 1
Capítulo Único




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Nico acreditava que poderia invocar acidentalmente o mundo inferior inteiro à terra caso ouvisse mais uma vez as palavras "ordens médicas".

Era o terceiro dia que ele passava naquela maldita enfermaria por pedido de Will Solace, e o filho de Apolo usava sempre esta mesma justificativa para impedi-lo de fazer qualquer coisa que quisesse.

Não pode sair da enfermaria, tem que ficar em repouso. Ordens médicas.

Nem pense em usar seus poderes do mundo inferior! Ordens médicas.

Nada de hambúrgueres, só comida saudável. Ordens médicas.

Sem camiseta de caveira na enfermaria. Ordens médicas.

Não, é estritamente proibido receber visitas de Jason Grace. Ordens médicas.

É, ele também não entendia muito bem a última proibição. Talvez Will temesse que Jason quebrasse suas costelas em um abraço de urso — o que era compreensível —, ou que a aura radiante do filho de Júpiter drenasse suas energias obscuras — o que não faria sentido, já que Will era, tipo, o filho do Deus do Sol, e estava grudado nele vinte e quatro horas por dia. Nico tentou argumentar com ele sobre isso, mas como resposta, Will apenas balançou a cabeça negativamente.

Ordens médicas.

E foi assim que ele se deu conta de que, mais cedo ou mais tarde, as ordens médicas de Will Solace, ao invés de fazê-lo melhorar, iam acabar com ele de vez. Ele tentara escapar despercebido da enfermaria na noite anterior, mas Will devia ter um detector interno de Nico di Ângelo em fuga, porque no minuto seguinte lá estava ele, com uma expressão severa, repetindo pela vigésima vez o quanto era necessário que ele permanecesse em completo repouso para que suas feridas se curassem, e como não iria perdoá-lo caso ele tentasse fugir de novo.

Infelizmente, tal ameaça deu certo, pois Nico — apesar de estar constantemente reclamando para si próprio da teimosia do outro garoto — não tinha a mínima intenção de fazer qualquer coisa que pudesse afastá-lo de si.

Sim, era ridículo... Ele havia finalmente superado aquela queda patética que tinha por Percy Jackson, só para logo em seguida se apaixonar completamente por aquele estúpido filho de Apolo. Ele não aprendia mesmo...

E nesse momento, por alguma coincidência ou ironia do destino, Will anunciou que ele tinha visitantes. Nico perguntou-se se finalmente o outro havia se convencido de que Jason não era uma doença contagiosa quando, para sua surpresa, Percy e Annabeth se aproximaram de seu leito. A loira tinha uma expressão sorridente e simpática, enquanto Percy... Bem, ele não parecia muito confortável com a situação.

— Hey. — disse Nico a eles.

— Como está se sentindo? — perguntou Annabeth.

— Estou bem. — respondeu Nico, dando de ombros — Mas Will insiste em me tratar como se eu estivesse morrendo. Talvez ele goste de me fazer comer coisas sem gosto, ou algo do tipo.

— Bem, ele é um médico. — respondeu Annabeth — Esse é praticamente o passatempo favorito deles.

Annabeth continuou com aquele breve diálogo, parecendo animada por finalmente poder conversar direito com o filho de Hades. Percy permaneceu em silêncio o tempo todo — algo nada típico dele —, o que fez com que a namorada o olhasse pelo canto dos olhos, os lábios franzindo-se levemente em impaciência.

— Bem, Nico... — disse ela, levantando-se — Percy disse que queria falar algo com você, e foi por isso que nós viemos aqui. Mas parece que ele é estúpido demais para tomar a iniciativa, então eu vou dar uma volta por aí, enquanto vocês dois se falam, ok?

Percy olhou para ela com uma expressão incrédula, e fez menção de protestar, mas o olhar que Annabeth lhe lançou fez com que ele mudasse de ideia imediatamente. Ela desejou melhoras a Nico, e se foi.

E assim, eles ficaram naquela situação ligeiramente constrangedora. Se isso tivesse acontecido algumas semanas antes, Nico provavelmente teria viajado pelas sombras para longe dali, mas agora, ele mais se sentia mal por Percy que por si próprio. Assim, devia ser meio estranho descobrir que outro cara teve uma paixonite secreta por você desde os dez anos de idade...

— Então... — disse o filho de Hades, mais para tentar acabar com aquele clima pesado — Você queria me dizer alguma coisa...?

Talvez ele tivesse dito as palavras mágicas, pois no instante seguinte, Percy Jackson respirou fundo e começou a falar sem parar.

— Eu só queria dizer que eu não tinha percebido que você gostava de mim, eu pensei que você me odiasse e fui um péssimo amigo esse tempo todo, se não fosse por você eu teria morrido pelo menos umas dez vezes, e eu queria que a gente pudesse se dar bem e tudo mais, mas entendo se você quiser me transformar em um zumbi, porque eu sou um cabeça de alga idiota que não sabe fazer merda nenhuma direito, e...

— Ei, calma... Espere um pouco.

Nico levantou a mão, pedindo para que Percy se silenciasse. O filho de Poseidon obedeceu, olhando-o com uma expressão que parecia a de um cãozinho com medo de ser chutado, e Nico percebeu que ainda era meio fraco contra aquilo.

— Você está falando rápido demais, e está fazendo a minha cabeça doer. — informou di Ângelo – E, além disso, eu não tenho o poder de transformar as pessoas em zumbis.

Só em fantasmas. — acrescentou em pensamento, achando melhor não dizer isso em voz alta.

— D-desculpe...

Por algum motivo, era engraçado ver Percy agindo de forma hesitante, já que ele era famoso por ser impulsivo e não pensar muito antes de dizer ou fazer qualquer coisa.

— Eu sempre pensei que era um bom amigo, sabe? — prosseguiu ele, de uma maneira menos desesperada — Mas a verdade é que, com o tempo, eu abandonei muitas das pessoas que eram próximas a mim: Bob, Calipso... E você. Eu não percebi isso até pouco tempo atrás, e... Deuses, eu fiquei com tanta raiva de mim mesmo por isso...

— Você tinha outras preocupações. — Nico tentou tranquilizá-lo — Como, sei lá, derrotar Cronos e Gaia, atravessar o tártaro e salvar o mundo.

— Isso não é desculpa para deixar de lado alguém com quem eu me importo!

Aquela frase meio que pegou Nico de surpresa, e ele agradeceu mentalmente por ter superado seus sentimentos por Percy, caso contrário, provavelmente teria tido um ataque cardíaco, e acordado em seu novo quarto decorado com crânios de monges no mundo inferior — sério, o pai dele estava brincando ou não quando disse aquilo?

— Eu tinha prometido à Bianca que ia cuidar de você. — prosseguiu Percy, seriamente — Mas eu não fiz isso. Eu estava feliz depois da guerra, então simplesmente pensei que você também estava bem... Eu nunca parei para pensar em como você estava se sentindo, e...

— Percy, já chega. — o tom de Nico era sério, mas não estava carregado de raiva, como geralmente estaria à menção de Bianca — Não há como mudar o passado, então não há motivos para ficar se culpando pelo que aconteceu.

Percy ficou em silêncio por um tempo, mordendo brevemente o lábio inferior antes de continuar.

— Eu devia ter percebido antes... — era óbvio para Nico do que ele falava — Esse tempo todo eu pensei que você me odiasse.

— É, eu até que tentei. — admitiu, dando de ombros — Mas acho que não dá pra odiar um idiota com complexo de herói como você por muito tempo.

Um meio sorriso surgiu no canto da boca de Percy, mas logo ele pareceu hesitante novamente.

— Você não está... Com raiva de mim? — perguntou.

— Não. — era a verdade.

— Você acha que podemos ser amigos?

— Acho que sim.

Em menos de dois segundos, a expressão hesitante de Percy deu lugar àquele familiar sorriso estúpido, tão típico do filho de Poseidon.

— Mesmo? — disse ele, em meio a um riso animado — É ótimo ouvir isso, Nico!

E é claro que, no instante seguinte, ele recebeu um exagerado abraço de Percy Jackson. Ninguém parecia mais respeitar o fato de ele sempre dizer não gostar de contato físico, então Nico decidiu que era melhor começar a se acostumar com o jeito daquele bando de semideuses sentimentais demonstrarem afeto.

Além disso, se fosse algo vindo de Hazel, Reyna, Jason, ou até mesmo Percy... Bem, ele não podia dizer que considerava algo ruim.

Meio sem jeito, ele retribuiu aquele abraço.

É, talvez uma amizade com aquele garoto não fosse uma má ideia...

Aquela cena foi subitamente interrompida quando alguém afastou Percy de Nico, e o garoto mais novo não ficou nada surpreso ao se dar conta de que se tratava de Will Solace.

— Desculpe, mas o tempo de visita acabou. — disse ele com um amigável sorriso, o qual não parecia alcançar seus olhos.

— Ah... — Percy pareceu meio desapontado — Mas eu queria...

— Você sabe que o Nico precisa descansar, não é, Percy Jackson? — prosseguiu Will, e seu tom suave tinha um fundo meio congelante — Vocês podem conversar o quanto quiserem depois que ele tiver se recuperado completamente. Entende o que quero dizer?

— Eu... Ahn... Sim...?

— Que bom! Então, vamos andando.

Dizendo isso, Will guiou Percy para fora. Antes de deixar a enfermaria, porém, Percy olhou para Nico com uma expressão animada.

— Vamos sair juntos quando você melhorar, ok? — disse ele — Nós podemos chamar o Jason e...

Nico teve a impressão de que Percy havia sido brutalmente empurrado para fora por Will, mas talvez ele só estivesse imaginando coisas. Solace se aproximou dele pouco depois, e por algum motivo, ele parecia ligeiramente irritado.

— Deixe eu adivinhar... — disse Nico — Não posso ficar perto de Percy Jackson por ordens médicas?

Will desviou o olhar, uma expressão indecifrável em seu rosto.

— Não exatamente.

Antes que Nico pudesse questioná-lo sobre aquela estranha resposta, Will se afastou, e Nico teve a desagradável sensação de que havia deixado algo realmente importante passar despercebido.

~*~

Aquilo já estava começando a irritá-lo.

Até aquele momento, Will praticamente proibira os demais filhos de Apolo de chegarem perto de Nico, e cuidara dele sozinho. Agora, porém, ele sempre arranjava algum motivo para estar ocupado demais quando Nico queria falar com ele.

Neste ponto, até mesmo Percy Jackson, com toda a sua lerdeza habitual, teria se dado conta de que estava sendo evitado.

Em um ato de pura rebelião, Nico se levantou da cama, e seguiu com passos firmes até onde aquele maldito Will Solace estava, parando atrás deste.

— Qual é o problema? — ele perguntou.

Will se voltou para ele, franzindo o cenho ao vê-lo de pé.

— Eu te disse para não...

— Isso não importa agora. — retrucou Nico — O que eu fiz para você começar a me evitar?

Will arregalou ligeiramente os olhos, parecendo surpreso com a pergunta. Isso, de certa forma, acalmou Nico: talvez Will realmente não estivesse com raiva dele.

O filho de Apolo fez menção de responder, mas não o fez. Olhou brevemente ao redor, mordendo o interior dos lábios pensativamente.

— Aqui não é o melhor lugar para falar disso. — disse ele em tom baixo, e então, segurou Nico pelo braço — Venha comigo.

Eles deixaram o local, e por alguns instantes, Will pareceu procurar por algum lugar onde pudessem conversar com privacidade. Nico notou a expressão tensa do amigo, e achou melhor ajudá-lo com tal tarefa antes que ele tivesse um surto.

— Podemos ir ao chalé de Hades, se quiser. — sugeriu.

O filho de Apolo pensou brevemente sobre aquilo, e acabou por concordar. Eles adentraram aquele local obscuro e ridiculamente decorado, que ainda tinha um lençol — estendido por Hazel dias antes — dividindo o quarto. Will, porém, não comentou sobre nada disso, seguindo Nico até sua cama, sentando-se sobre esta ao lado dele, correndo seus olhos ao redor de maneira impaciente. Nico perguntou-se brevemente se o cômodo mórbido incomodava ao outro, e estava prestes a sugerir que procurassem outro lugar, quando, inesperadamente, sentiu os braços de Will ao seu redor.

Neste ponto de sua vida, ele acreditava estar acostumado com esse tipo de contato, mas sua reação instintiva ao ser abraçado pelo cara de quem gostava, obviamente, foi se afastar e parecer completamente chocado. Parabéns, di Ângelo... Se antes já seria difícil ter uma chance com ele, agora você acaba de tornar isso impossível!

Will pareceu meio perdido entre a tristeza, a irritação e a decepção, mas a emoção mais evidente era, sem dúvidas, a última. Ele se afastou sem dizer nada.

— Desculpe. — Nico tentou consertar aquilo — Eu não estava esperando...

— Nico. — interrompeu-o o outro — Você me vê como um amigo?

Nico desviou o olhar, vendo-se em uma situação ligeiramente complicada.

— Sim. — respondeu — Mais do que isso, na verdade... — isso ele não disse.

— Então, porque não é a mesma coisa?

Nico franziu o cenho, sem saber ao certo o que o outro queria dizer com aquilo.

— Não é a mesma coisa...? — repetiu.

Para a surpresa de Nico, quando Will respondeu, sua voz estava alta e ligeiramente trêmula.

— Não é mesma coisa de quando você está com seus amigos! Jason, Reyna, Percy... Você sempre parece feliz ao lado deles... Você deixa eles se aproximarem de você naturalmente. Já eu, se não tivesse praticamente te obrigado a ficar de repouso na enfermaria por três dias, nunca teria conseguido ficar perto de você de novo!

Nico desviou o olhar, sentindo-se um pouco culpado.

— Eu pensei que você não quisesse estar perto de mim. — admitiu em voz baixa.

Will o olhou com uma expressão incrédula, como se ele tivesse dito algo absurdo.

— E por que eu não ia querer? — questionou — Pensei que tivesse deixado isso claro o suficiente! Eu quero ser seu amigo, eu quero estar sempre próximo a você.

Se o coração de Nico sobrevivera tranquilamente às palavras de Percy Jackson, fora apenas para entrar em combustão espontânea pelas de Will Solace.

— Eu estive pensando em você por tanto tempo... Desde o final da guerra contra Cronos. — prosseguiu Will — Eu queria me aproximar de você, falar com você, ser seu amigo... Mas você estava sempre rodeado por pessoas que te admiravam, e eu nunca consegui reunir coragem para isso... E de repente, você foi embora sem dizer nada. No começo, eu achei que estava tudo bem, e que só tinha sido um grande azar, mas quando te reencontrei alguns dias atrás... Eu não sei o que aconteceu. — ele virou o rosto, parecendo subitamente sem graça — Tudo que eu senti naquela época voltou de uma única vez, e eu...

Ele hesitou antes de continuar.

— No começo eu pensei que só queria ser seu amigo, como antes. Mas então eu te vi com outras pessoas... Você parecia estar se dando bem com todos, quando nem mesmo tinha vindo me ver depois da batalha... Isso me fez sentir irritado, e...

Will se calou. Com aquelas palavras, Nico teve súbitos flashes das incontáveis vezes que vira Percy e Annabeth juntos, de mãos dadas, se beijando, rindo, felizes um ao lado do outro...

— Você está com ciúmes? — perguntou, incerto.

— E se eu estiver? — retrucou Will, baixando o tom de voz — Não é como se eu pudesse competir com Jason Grace ou Percy Jackson...

Ao ouvir aquilo, Nico tentou conter o riso, mas não conseguiu. Will arqueou as sobrancelhas, como se não soubesse o que pensar daquela estranha reação.

— Isso soa tão irônico vindo de você... — comentou Nico, balançando brevemente a cabeça.

— Por quê? — Will parecia genuinamente confuso com toda aquela situação, algo que, sem explicações lógicas, apenas fez com que Nico gostasse ainda mais dele.

— Will Solace... Você é um idiota.

Em outra situação, ou com outra pessoa, Nico nem mesmo teria cogitado a possibilidade de fazer o que fez no momento seguinte; mas, como se tratava de Will, não hesitou: levou suas mãos ao rosto do outro garoto e uniu seus lábios.

Eles passaram alguns instantes daquela forma, até finalmente se separarem. Os olhos azuis de Will estavam arregalados em surpresa, e ele pareceu querer dizer algo, mas seja lá o que fosse, morreu em sua garganta. Nico franziu o cenho.

— É melhor você dizer alguma coisa, Solace. — disse ele — Ou eu vou achar que entendi tudo errado, e vou viajar pelas sombras para o lugar mais distante daqui que...

Will não disse nada, em vez disso, puxou Nico para perto de si, beijando-o mais uma vez.

— Nada de viajar pelas sombras. — disse ele, ao se separarem brevemente.

Nico arqueou a sobrancelha, um sorriso torto surgindo em seus lábios.

— Ordens médicas?

— É... Ordens médicas.

Eles sorriram ternamente um para o outro, e voltaram a se beijar, desta vez, sem se separarem por um longo tempo.

~*~

No dia seguinte, Will finalmente deu alta a Nico.

O filho de Hades seguiu em direção à mesa de Zeus, sentando-se ao lado de Jason. O garoto mais velho pareceu um pouco surpreso por vê-lo ali, mas não comentou nada, limitando-se a sorrir levemente, como se apreciasse a companhia do outro.

— Você parece feliz. — comentou o loiro após algum tempo.

— Jason. — disse Nico — Eu sou gay.

— Tá... — Jason arqueou a sobrancelha com aquele inesperado, mas nada surpreendente comentário — Agora me conte uma novidade.

— Eu estou namorando Will Solace.

Nico não sabia que reação ele esperava de Jason, mas certamente não era que ele se levantasse bruscamente da mesa, arregalasse os olhos, e começasse a rir alto, para depois se sentar novamente a pedido de Nico, e então continuar rindo, com uma expressão alegre e boba em seu rosto.

— Wow, cara! Sério? — perguntou ele — Isso... Isso é incrível!

— É, eu sei. — respondeu Nico.

— Ah, eu não acredito! — mais risos — Estou tão feliz por você!

E ele realmente estava, isso ficava claro por sua expressão e seu tom de voz. Jason era um bom amigo, e Nico estava feliz por tê-lo ao seu lado em um momento feliz como aquele, assim como o tivera em um momento difícil pouco tempo antes. Era estranho pensar nisso, mas ele devia muito do que estava vivendo naquele momento ao filho de Júpiter, a primeira pessoa que o havia aceitado por quem ele realmente era.

Mal tivera tempo de completar seu pensamento, Nico sentiu algo empurrá-lo delicadamente para o lado, e quando se deu conta, Will havia se materializado atrás deles, e agora se acomodava entre ele e Jason diante da mesa, com um largo sorriso no rosto.

— Olá, espero não estar interrompendo. — disse ele de forma assustadoramente simpática — A propósito, sou Will Solace, namorado de Nico di Ângelo.

Ele estendeu a mão para Jason, que lançou um olhar divertido para Nico antes de apertá-la.

— Jason Grace. — respondeu ele — Nico me contou sobre vocês. Fico feliz por saber que estão juntos.

A expressão de Will se tornou mais amistosa ao ouvir aquilo — talvez por não encontrar sinais de rivalidade em Jason? —, e Nico pensou que, futuramente, poderia vir a surgir uma amizade entre aqueles dois semideuses, tão semelhantes na aparência e tão diferentes na personalidade. Seria bom se esse fosse o caso, pois agora que ele estava começando a ter amigos, queria estar próximo a eles sempre que possível, e compensar por todos aqueles anos de solidão que ele vivera.

E, acima de tudo, queria estar ao lado de Will Solace.

Ele sorriu consigo mesmo: tinha uma irmã maravilhosa, amigos incríveis e um namorado estupidamente irritante e perfeito. Sua vida, que sempre parecera caótica e obscurecida pelas trevas, agora parecia completa.

Pela primeira vez em muito tempo, Nico di Ângelo se sentiu vivo.

Ele se sentia feliz.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, e se puder, deixe um comentário com sua opinião. :)