Um grito ressoou pela sala, enquanto uma luz verde inundava a casa.

No segundo seguinte, minha mãe se encontrava sobre o corpo inerte de meu pai, chorando abundantemente.

Outra vez, a sala foi banhada pela mesma luz de momentos antes. Não consegui mais conter as lágrimas que agora escorriam livremente pelo meu rosto.

Meus pais estão mortos. Um dos meus maiores medos aconteceu. Não consegui salvar minha família.

Daqui a alguns segundos, também estarei deitada no chão frio, sem vida. Como os meus amigos reagirão a isso? E ele? Como vai ficar?

E em pensar que demorou tanto tempo para finalmente nos acertarmos. E depois disso, nossa alegria já limitada pela guerra será retirada bruscamente.

O dia mais feliz da minha vida ainda está presente na minha memória.

O dia ensolarado fez os estudantes trocarem o interior do castelo pelos arredores do Lago Negro. Garotas tentavam chamar a atenção dos marotos, enquanto eles andavam diretamente até nós.

Remus lia um enorme livro sobre poções enquanto Potter olhava apaixonadamente para Lily, que estava do meu lado junto com a Dorcas.

Na frente do grupo, vinha o arrogante e idiota do Black, com aquele sorrisinho que encantava quase todas as meninas de Hogwarts. Ele era acompanhado pelos olhares de todas as garotas que estavam aqui, mandando picadelas de vez em quando.

— Queridas damas, como estão neste belíssimo dia?

— Bem, Black, estávamos melhor antes de vocês chegarem.

— Eu discordo totalmente, se você me ama porque preferiria viver sem a minha presença.

Como ele consegue ser tão arrogante e imbecil?

— Mas quem disse que eu te amo? Na verdade, eu te odeio.

Aquele menino abriu mais um daqueles sorrisinhos, ou seja, isso não vai terminar bem.

— Não odeia.

— Odeio.

— Não odeia.

Todos já tinham parado o que estavam fazendo para ouvir a pequena discussão.

— Por Merlin, Lene você gosta dele sim. – disse Dorcas com uma expressão divertida – Porque uma vez eu ouvi...

— Dorcas, calada! – interrompeu uma Lily visivelmente preocupada, pelo menos uma das minhas amigas se preocupa comigo.

— Parece que certa McKinnon sonha comigo.

— Parece que certo Black se acha demais.

— Mas esse Black pode, porque ele é demais. – ele sorriu de novo, dessa vez, um sorriso mais malicioso – Pontas, você não acha que essa McKinnon precisa esfriar a cabeça?

— Acho que sim. – respondeu o Potter com o mesmo sorriso do amigo

Em questão de segundos, Sirius havia me pegado e colocado em seu ombro. Enquanto eu esperneava freneticamente, ele pulou no lago comigo. O choque com a água gelada me fez esquecer, momentaneamente, da pessoa que ainda me segurava.

Voltamos à superfície e antes que Black pudesse fazer alguma coisa, comecei a estapear os braços dele, que eram musculosos devido ao quadribol.

— Qual o seu problema, garoto?

A expressão divertida no rosto dele foi logo substituída por uma séria demais.

— Eu te amo.

Não fiz nada, pois sua boca não deixou. Ele me beijava lentamente, de um jeito que me deixou louca, com certeza, o melhor beijo que já recebi. Depois do que pareceram séculos, nos separamos para respirar.

— Eu também te amo.

Essas palavras escaparam antes que eu as impedisse.

Na margem do lago as pessoas tinham expressões que iam de espantadas e assustadas a raivosas e felizes.

Fui retirada dos pensamentos por duas palavras que eu sempre odiei, Avada Kedavra.

Uma última lágrima percorreu meu rosto enquanto a maldita luz verde me envolveu.

Então, soltei meu ultimo suspiro e fui levada pelo sono eterno.