Escola, farras e garotos... escrita por Aly Campos, Trufa


Capítulo 34
Como ser sequestrada voluntariamente


Notas iniciais do capítulo

Hey leitores mais lindos do mundo!
A Duda está de volta (palmas para mim. Ok, esquece).
Sentiram minha falta? Querem me matar? Sim ou com certeza? Bom, se me matarem vão ficar sem o próximo capítulo :p
Amores, desculpa a demora, é que eu estava com visita e super sem tempo de escrever.
Depois de todo esse show, eu queria agradecer muuuito a fofa da Hanna que fez uma recomendação linda pra fic. Gente, vcs não tem noção do quanto eu estou feliz. Não só pelas recomendações, mas por saber que vcs gostam da história. Muitos beijos, amo muito esses meus leitores fofos (mesmo que eu receba algumas ameaças vez ou outra. Né Gabi? Tá até sumida)
Bjs a todos e boa leitura. Espero que gostem ^^



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– Eu vou na frente.
     Revirei os olhos quando a Cala-a-Boca praticamente voava na direção do carro para alcançar a porta do passageiro.
     - Aproveita e coloca a cabecinha pra fora - provoquei vendo Luís reprimir um sorrisinho.
     - Escuta aqui garota, abaixa esse teu fogo, piranha - retorquiu ela bem ácida, quase me fazendo gargalhar. Ops, ficou estressadinha.
     - Miga, fica calma. Já sabemos que a única piranha aqui é você.
     - Jú, dá pra parar?
     Mandei língua para o moreno pelo retrovisor e o observei imitar o gesto de volta.
     Vamos ser sinceros, quem começou foi ela quando aceitou o convite de mamãe para dormir lá em casa. Nós duas nos detestamos - por um motivo até meio ridículo - e a cobra ainda tenta dividir o mesmo teto que eu. Estou me achando calma até de mais.
     Paramos bem em frente a casa de Ana, que era a poucos metros da casa de Luís. Fiquei tentada a arrasta-lo para sua casa comigo, enquanto a Cala-a-Boca arrumava as tralhas dela sozinha. Mas era meio lógico que a garota daria piti e eu queria evitar ter que estapeala.
     - Tenta não tocar nos móveis, fofa - alfinetou - não quero eles contaminados com sua imundice.
     Abri um sorriso e a empurrei para atravessar a porta de entrada.
     - Mais imundos que quando você os toca? Bom, acho que não ficam - falei em resposta, fazendo-a soltar um gritinho de pura frustração.
     É, minha cota de maldade estava bem alta essa noite.
     - Lu, você não vem? - Ana perguntou com aquela vozinha doce irritante. Por que ela tinha que ser tão perfeitinha? Ruiva, sem espinhas, voz bonita e tantas outras coisas. Por quê? Deus, um pouco de piedade cai bem.
     - Vou lá em casa buscar as coisas que minha mãe pediu, depois volto.
     - Mas... Você não pode - a ruiva fez careta e apontou com desprezo em minha direção. Papai do céu, me dê paciência, porque se o Senhor me der força, eu esmago a cabeça dessa peste na parede mais próxima - não pode me deixar com essa daí.
     Levei as mãos a cintura e a encarei. Como é que é? Essa daí? Olha, eu não sou alimentada o suficiente pela minha mãe pra aguentar tanto desaforo.
     Abri a boca pra manda-la a merda, quando Luís me interrompeu, bem irritado.
     - Ana, não sei qual é essa da implicância entre vocês duas, mas não fale da Jú desse jeito. Principalmente perto de mim.
     Nem preciso falar que a ruiva água de salsicha estava mais perdida que eu. Isso mesmo, eu nem sabia como agir. Desde quando Luís me defendia? Pelo contrário, ele que costuma me zoar.
     Acho que, sinceramente, esse dia está muito confuso para o meu gosto.
     - Quer saber? - a ruiva quase gritou, cerrando as mãos e me fazendo dar alguns passos para trás. Sei lá, só por precaução, vai que baixa uma de Carrie, a estranha nela - ela pode ir. Não preciso da ajuda dessa daí pra nada. Nem de você, Luís. É só mais um mimadinho.
     - Olha quem fala, né querida? Mas ainda bem, me faz um favor enorme. Respirar o mesmo ar que cobras, não faz muito meu estilo - respondi com um sorrisinho, agarrando a mão do moreno e saindo dali.
     Caminhamos a passos largos. A noite no Rio estava abafada e eu não via a hora de voltar para casa.
     Luís, logo atrás de mim, ainda sendo arrastado, não parecia muito contente. Mesmo sem conseguir enxergar seu rosto, dava para imaginar o bico enorme que ele havia armado.
     - Sabe, gosto de segurar a sua mão. Mas preciso que você me solte, para poder abrir a porta - falou com um sorrisinho convencido.
     Fitei nossas mãos ainda juntas e as separei com uma careta. Não tinha sido minha intenção continuar segurando aquele ogro.
     - Você pode subir e me ajudar com as coisas. Se quiser, é claro.
     - Não - respondi - sua cozinha me espera. Não deu pra comer o bastante no jantar, tinha muita gente olhando.
     - E eles saberiam como você é esfomeada - Luís emendou tentando me provocar.
     - Exatamente. É por isso que a sua cozinha é o meu lugar preferido da casa.
     O moreno deu de ombros, terminando de subir as escadas e me deixando sozinha na sala. Aquela casa era realmente bem grande e devia dar um medo danado ficar ali sozinha.
     Comecei a acender todas as luzes pelo caminho. Não que eu fosse medrosa, sabe. Mas vai que tem um maluco psicopata que também curte a cozinha do moreno? Não pegaria bem dar de cara com ele, né? Ok, admito, essa casa dá um baita medo.
     Abri a geladeira e tirei de lá um pedaço de bolo, depois fui até o congelador e roubei algumas colheradas avantajadas do sorvete de chocolate.
     Meu Deus! Aquela casa era o paraíso!
     Se fosse lá em casa, mamãe me encheria o saco por comer de mais. Será que a tia Sara quer me adotar?
     Assim que terminei o doce, lavei a taça usada e a coloquei no escorredor, mas quando ia saindo da cozinha quase morri de tanto susto com um grito vindo do andar de cima.
     Fiquei completamente estática por alguns segundos. Meu coração parecia querer saltar pela boca e meus olhos estavam arregalados.
     - Luís? - gritei após adquirir um pouquinho de coragem. Afinal, não podia ser nada de mais, né?
     Já estava dando as costas a escada que dava ao segundo andar, quando escutei o barulho de portas batendo, para logo em seguida outro grito, um pouco mais agudo que o primeiro, cortar o silêncio da sala.
     Céus! Olha, eu fui uma menina tão boazinha, na maioria das vezes. Tá, talvez não tão boazinha. Quer saber? Foda-se os gritos, se eu dependesse da minha bondade para com os outros para ser ajudada, eu já estava mortinha. Meu anjo da guarda não me parece muito eficiente.
     Praguejei mentalmente mamãe, por ter me colocado nessa fria, enquanto subia as escadas. Porque Luís ainda estava no outro andar e, querendo ou não, eu tinha que fazer alguma coisa.
    Quando terminei de subir os degraus senti um leve arrepio. As luzes dos dois corredores (um dando para a esquerda e outro para a direita) estavam apagados e eu não me lembrava bem onde ficava o interruptor.
     Tentei focar a visão, quando vi uma fresta de luz vinda da porta entreaberta do quarto dos pais do moreno. Seja lá o que tinha naquela casa, vinha daquele cômodo.
     - Luís, seu maldito! Juro que vou te matar se descobrir que isso tudo é coisa sua - ameacei tentando parecer intimidadora. Só que, analisando minhas circunstâncias, a coisa estava bem precária para o meu lado.
     Achei o interruptor e o acendi. Nem preciso dizer que o ar sinistro se esvaiu um pouco. Cheguei a cogitar a ideia de que o psicopata que invadiu a casa teria mais medo de mim, do que eu dele. Bom, é a vida.
     Antes de empurrar a porta, fiz um testamento mental, deixando todos os meus CDs pra Susy, já as dívidas na confeitaria lá perto de casa, eu deixo para os meus pais mesmo. E aquele castigo na loja da mamãe, ela vai ter que reconsiderar. Para as minhas amigas eu deixo minha caixinha de recordações, onde a gente guardava todas as cartinhas que ganhávamos quando éramos crianças. Sério, você se assustaria se soubesse das pessoas que a Clara já foi afim. Bom, por fim, quero todo mundo chorando litros no meu funeral. Não tem essa de "ela não queria nos ver triste". Queria sim, pode se engasgar com suas lágrimas agora, porque eu mereço.
     Depois de terminar meu breve testamento que, infelizmente, ninguém vai ficar sabendo, girei a maçaneta com todo o pingo de coragem que me restou.
     Mas eu preferia nem ter girado.
     Eu devia é ter ficado em casa!
     Qual é? Não vim ao mundo pra isso.
     Do outro lado, se matando de rir (como o esperado), estava, ninguém mais, ninguém menos, que o desalmado do Luís. Como eu disse, não nasci pra isso.
     - Você tinha que se escutar falando, Jujuba - zombou as gargalhadas.
     Desgraçado!
     Agarrei uma escova da penteadeira e o acertei na barriga. Bem feito. Meu modo vingativo entrou em ação.
     Até meu anjo da guarda deve estar zombando da minha cara. Os dois homens mais idiotas da minha vida.
     - Se você teve tanto tempo pra tirar com a minha cara, já deve ter terminado com tudo - conclui bem estressada - tô indo embora.
     Luis parou por um instante de se queixar de como tinha sido forte o meu arremesso e que ele devia ter fraturado alguns ossos (dramático como sempre), para me seguir pelo corredor.
     - Não venha atrás de mim. Consigo um táxi - resmunguei de cara fechada.
     - Jujuba! Ei! Foi só uma brincadeira - justificou-se segurando meu braço na metade da escada.
     Virei com meu melhor olhar assassino.
     - Sério? Achei que fosse seu retardo mental falando mais alto - Puxei meu braço com certa brutalidade e voltei a descer as escadas.
     Metade daquele showzinho era drama, mas Luís merecia. Onde já se viu, me enganar desse jeito. E eu já ia fazendo testamento mental e tudo.
     - Ana Jú, são quase meia noite. Onde você vai conseguir táxi?
     - Eu vou a pé então - falei sem nem me dar o trabalho de encara-lo. Parei em frente a porta e segurei a maçaneta.
     - Sozinha? Para com isso Jujuba. Juro que não faço mais, mas, por favor, vem comigo. Não quero que nada te aconteça.
     Só deixando claro que minha decisão seguinte foi muito bem pensada. Afinal, eu não estava a fim de ir pra casa a pé, nem mesmo sozinha, correndo o risco de ser estuprada por um maluco de verdade.
     - Tudo bem - suspirei passando as mãos pelos cabelos - só aceito a carona porque eu não quero dar de frente com um psicopata de verdade. Só que eu ainda estou bem brava com você.
     O moreno abriu um sorrisinho e saiu em disparada, alegando que ia pegar as coisas que havia separado. Alguns minutos depois já estávamos no carro.
     - Vamos passar na Ana? - perguntou após parar a algumas quadras da casa da ruiva azeda.
     - Você quem sabe. Não respondo pelos meus atos, caso eu esgoele aquela vaca.
     Luís me encarou com um olhar divertido, mas após ver que eu falava bem sério, recuou.
     - Eu falo com a tia Annie que ela preferiu dormir em casa.
     Dei de ombros ligando o rádio do carro, onde Sorry, do Justin Bieber, começava a tocar. Aumentei o volume e cantarolei de acordo com a música.
     - Sério isso, Ana Jú?
     Olhei o moreno pelo canto do olho. Ele me observava vez ou outra, sorrindo da minha maluquice e desafinação total. Porque se tem uma coisa que eu não sei fazer mesmo, é cantar.
     Já estávamos bem perto de casa, quando ele, simplesmente, desviou do caminho certo, pegando a avenida.
     - Mas que merda é essa? - perguntei meio irritada.
     - Quero te levar a um lugar.
     Arqueei as sobrancelhas e o encarei cética. Ele queria?
     - Olha, seria interessante se você me perguntasse se eu quero ir à esse lugar. Não me levar até lá sem mais nem menos - argumentei enquanto encenava com as mãos fazendo todo o drama possível. Eu queria conhecer seja lá qual for o "lugar" a qual Luís queria me levar, mas meu censo de encheção de saco não me permitia ignorar o fato de que ele não havia me consultado.
     - Tudo bem, Ana Jú. Se te faz tão feliz assim - disse com um suspiro, fixando os olhos na rua pouco movimentada que havíamos entrado. Se me lembro bem, isso levava para fora da cidade, o que, no meu ver, não devia significar coisa boa - Você quer ir comigo?
     - Aonde?
     Isso o fez soltar um sorrisinho e me olhar de soslaio, antes de responder:
     - É surpresa. Vai querer ir, ou não?
     - E eu tenho escolha?
     - Não - falou depois de me encarar abobado - digamos que, temporariamente, a senhorita está sequestrada.
     - Oh! Sério? Não faça isso senhor - encenei da pior forma possível. Aquilo havia ficado tão péssimo que, tanto eu, quanto Luís caímos na gargalhada.
     - Ainda bem que você nem pensa em ser atriz.
     - Ainda bem que você nem tenta me sequestrar de verdade - retruquei.
     - Por quê?
     - Porque você ganharia um belo chute nas bolas.
     O moreno me encarou por alguns segundos e depois desviou a atenção para a estrada.
     - Esse seria um chute que valeria a pena.
     Abri a boca para argumentar, mas dela não saiu nada. E, pela primeira vez em anos, não me arrependi de gostar do moreno.


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Notas finais do capítulo

E então, gente? Mereço comentários? O que vcs acham que o Lulu vai aprontar? Façam suas apostas e até o próximo.



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