Escola, farras e garotos... escrita por Aly Campos, Trufa


Capítulo 31
Coração de mãe sempre cabe mais um...


Notas iniciais do capítulo

Oieee meus anjos! Primeiro de tudo eu tenho que pedir desculpas a Queem, porque o Lulu não aparece nesse capítulo, MASSSS MUITA CALMA NESSA HORA! Ele vai aparecer no próximo, porque se não o capítulo ia ficar muito grande.
Depoissss, eu quero agradecer muitooooo a Bianca minha linda, pela recomendação divosa que eu e a Aly amamos. Foi muito linda.
Obs: a vaca da Aly andou me chamando de cabrita nos comentários, mas cabrita é ela. Uma cabrita vacosa por sinal.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/561698/chapter/31

Acordei sentido o cheirinho de panquecas... Queimadas!
É, o mundo não consegue ser inteiramente perfeito.
Esfreguei os olhos e levantei me do sofá... Espera, eu dormi no sofá? Que seja, minha cabeça está doendo demais para eu me preocupar com isso, fora que eu também tenho amor a vida - mesmo que não pareça muito - e não é lá uma atitude muito segura deixar um bando de adolescentes cheio de hormônios sozinhos em uma cozinha.
Falando assim até pareço ter alguma experiência...
Cambaleei aos tropeços em direção a cozinha, deparando-me com uma cena, não sei se digo hilaria ou catastrófica: Lucas apenas com um moletom cinza e um avental cobrindo seu peitoral, escrito "nascida para gastar, forçada a cozinhar" em letras grandes e chamativas, enquanto tentava desgrudar uma panqueca da frigideira. Hilário se não fosse trágico, porque a cozinha parecia uma amostra grátis do que seria o rostinho lindo do meu amigo se a mãe dele a encontrasse naquele estado, totalmente desfigurada.
Antes do furacão Gustavo/Lucas, o cômodo era no estilo de filmes americanos de gente rica, paredes claras, rodeadas de armários, uma ilha no meio da cozinha, cercada de banquinhos coloridos e uma dispensa gigante, com todo tipo de comida existente e imaginária da face da terra, e não, isso não é exagero.
Agora, o lugar se encontrava cheio de panelas sujas e queimadas no fundo, o forno industrial parecia ter explodido um elefante lá dentro, isso sem contar na porção de embalagens espalhadas por aí. Catastrófico, eu sei.
– Eu acho que você ainda não pode casar Luquinha - cantarolei vendo-o dar de ombros.
Apanhei um copo de água e o remédio estendido por Tadeu. Pelas caras animadas dos garotos, eu não foi a única a sentir os efeitos da noitada de ontem, o loiro era o único animado e prestes a colocar fogo na casa ali.
– Ei, você precisa comer alguma coisa antes de tomar isso Jujuba.
– Comer alguma coisa significa morrer intoxicada com essa sua gororoba? - perguntei esboçando uma careta enojada - dispenso.
Lucas mandou-me língua voltando sua atenção ao que deviam ser panquecas, mas que no momento pareciam um bocado preto de algo ainda não explorado pela ciência.
– Bom dia branquela - Arthur disse dando-me um beijo na bochecha depois que me sentei entre ele e Gustavo.
– Vá se ferrar - retruquei com todo meu mau humor no nível premium, bebericando o café do alemão. Folgada? Oi? Imagina.
– Vou aceitar isso como um "bom-dia" da sua parte - resmungou.
– Bom dia Jú! - Gus me cumprimentou dando-me um beijo estalado na testa.
Sorri em resposta, porque no momento, o meio pacote de bolacha recheada enfiada na minha boca não me permitia falar sem babar.
– Vocês são uns ingratos. Eu acordo cedo, faço panquecas...
– Queima panquecas você quis dizer né? - corrigi o monólogo de Lucas, tendo que desviar de uma colher voadora que, por muito pouco mesmo, não acertou a minha fuça.
Céus o garoto fumou água, é?
– Como eu ia dizendo, acordo cedo, faço panquecas e ninguém valoriza meu trabalho.
– Bem vindo ao clube camarada - Gus disse solidário, dando duas batidinhas nas costas do loiro - ontem ninguém deu idéia para o meu pudim.
Homens, fazem qualquer esforcinho e já se sentem as donas de casa.
– Talvez porque seu pudim tenha explodido no forno - Arthur emendou, rindo da careta de Gus.
– Vocês não servem para nada mesmo - constatei de peito estufado, roubando agora o pacote de biscoitos de Tadeu.
– Nós? Falou a garota que explodiu a cozinha tentando fazer miojo - Lucas zombou apertando a ponta do meu nariz, mas soltou-a rapidamente quando ameacei morde-lo.
Vadio, direto no meu ponto fraco.
– Ei, eu não sou culpada, tá beleza? Cada miojo demora em média uns 5 minutos e 6 miojos deveriam ficar prontos em meia hora - expliquei em minha defesa, cruzando os braços e armando uma tromba de todo tamanho.
– Jujuba aquilo era miojo e não a tabuada do cinco - o loiro caminhou até onde eu estava sentada, desarmando meu bico e apertando minhas bochechas.
Eu acho que ou esses garotos não tem medo da morte, ou eu ando sendo boazinha demais nos últimos dias.
– Sai fora Lucas, nem pra fazer miojo eu sirvo. Vou morrer solteirona intoxicada com as suas panquecas - dramatizei recebendo um beijo em cada bochecha do meu amigo.
– Eu aprendo a fazer panquecas pra você não morrer intoxicada, tá pequena?
– Mas eu vou enjoar de comer só isso Lucas.
– Hm... Pensando pelo lado positivo, nenhum de nós sabe cozinhar, então nenhum pode casar...
– Não vi lado positivo nisso.
– Shiu, me deixa terminar - pediu entrelaçando nossos dedos e escorando sua testa na minha - hoje já existe fast food, aí se casarmos podemos explodir de tão gordos, mas de fome a gente não morre. Curtiu a idéia pequena?
– O pequena nem tanto - sorri junto a Lucas - mas essa proposta aí, por acaso é um pedido de casamento?
– Por acaso isso é um "se a senhorita for boazinha eu penso se te quero como esposa"
– Palhaço - bati fraco em seu braço, alargando o sorriso logo em seguida.
– Será que vocês podem parar com essa melação toda? Nós, infelizmente, ainda estamos aqui - Arthur cortou nosso momento, fazendo-me dar de ombros por ter todos os olhares voltados à mim.
– Se quiserem mais privacidade - Tadeu também entrou na encheção de saco, dando uma cutucada "nada discreta" nas costelas de Lucas.
Esse garoto já vai deixar de ser meu cunhado antes mesmo de começar a namorar a Annie.
– Nada de privacidade, porque eu tenho hora pra chegar em casa e essa nanica pega carona comigo - Annie invadiu a cozinha feito um furacão, exalando o perfume de Lucas e um bom humor matinal que só ela, na face da terra inteira, possui tão cedo.
– Um bom dia cairia bem, sabe?
– Gustavo de bom nessa casa só tem eu - brincou a morena puxando me do banquinho - agora vai tomar banho que tem uma toalha limpa estendida na cama e roupas suas no guarda-roupa.
Ei quem deixou ela inverter os papéis? Ontem que eu saiba a mãe era eu.
– Tem roupas suas no quarto dele? - Gustavo perguntou esboçando um sorriso travesso.
– É claro - Annie respondeu sem entender o verdadeiro motivo da pergunta - somos amigos desde sempre.
– Sendo assim nós somos amigos também garotas.
– Cala a boca Gustavo - resmunguei de cara fechada fazendo-o sorrir e me mandar um beijinho no ar. Abusado!
– Como assim você invadiu meu quarto e... Annie você tá usando meu perfume? - Lucas perguntou indignado, cruzando os braços enquanto ignorava os comentários idiotas dos meninos.
Garotos e seus hormônios... Argh!
– Invadir é uma palavra muito feia loiro, eu entrei com a chave dele que, a propósito, está nas minhas mãos - Annie sorriu maroto balançando as chaves - e sim, esse é aquele seu perfume que tá quase acabando.
Lucas espumou de tanta raiva. Nossa e eu aqui pensando que consigo tirar as pessoas do sério, minha amiga ganha disso fácil, fácil.
Decidi não ficar para ver o que aconteceria a seguir, mas pela expressão assassina de Lucas, no mínimo ele faria Annie engolir o elefante explodido no forno e depois toda aquela gororoba chamada de panqueca. Terrível e nojento, assim como eu estou me sentindo depois de dormir naquele sofá imundo.
Peguei a toalha limpa estendida na cama e entrei no banho. O quarto do Lucas era normal comparado ao resto exuberante da casa. Uma cama de casal bem fofa, com edredons mais fofos ainda, um guarda-roupa grande o suficiente, escrivaninha com computador e dois criados mudos de cada lado da cama com abajús e alguns livros da escola. Todo o quarto em tons marrom e cinza. Normal e arrumado de mais para ser o quarto do meu amigo.
Já o banheiro era maravilhoso. Lucas possuía uma banheira de hidromassagem só para ele. Perfeito!
E como a folga é meu segundo nome aproveitei para encher a banheira e deitar confortavelmente lá dentro. Meu pai bem que poderia me dar uma dessas de presente de aniversário, aí sim eu poderia fazer bem mais hora no banho do que já faço.
Será que Lucas se arrependeu? Não por me deixar alugar sua banheira, até porque ele nem sequer me deixou usar seu banheiro, eu que cheguei invadindo mesmo. Mas digo sobre ter me beijado, será que ele se arrependeu? Será que eu fui muito oferecida? Céus, Lucas me acha oferecida?
Calma Ana Jú, ele não acha nada. Bom, talvez ele ache só um pouquinho...
Eu sou a vítima, né? Porque eu fui beijada. Tudo bem que pedi para isso acontecer, mas... Ele me beijou só porque pedi? Só para não me deixar chateada?
Aonde eu vou enfiar minha cara ao olhar Lucas de novo? Na privada. Isso mesmo, vou enfiar o rosto no vazo e dar descarga.
Por que eu estou tão em pânico? Nós somos tipo irmãos, não é? Droga, irmãos não se beijam!
É normal eu ficar... Balançada com o beijo dele?
NÃO! É ÓBVIO QUE NÃO ERA NORMAL! ELE É MEU MELHOR AMIGO! MEU IRMÃO DE CONSIDERAÇÃO!
Esvaziei a banheira sentindo-me a pessoa mais horrível do Universo.
Merda! Foi só um beijo, nada de tão sério como perder minha virgindade com ele ou... Por que raios eu estou pensando isso? O que passou, passou.
Sequei-me e coloquei uma das poucas peças que eu guardava na casa do meu amigo: uma regata amarela, um short jeans desfiado e a rasteirinha da noite anterior. Penteei os cabelos com os dedos e desci rezando para dar de cara com Annie e sumirmos rápido dali. Talvez seja meio covarde da minha parte e meio idiota também. Agimos como dois amigos mais cedo - até um pouco mais - e agora eu sentia-me envergonhada.
Foco Ana Jú, foco... Tira esse garoto da sua cabeça!
– Ainda bem, achei que tinha morrido lá dentro - Lucas resmungou, fazendo-me saltar de susto. Respirei fundo voltando minha atenção de onde a voz do loiro havia vindo, mas rezei para um raio cair na minha testa e eu não poder mais encara-lo. Pelo menos não dá forma tarada que eu o secava.
Lucas estava atirado no sofá onde eu havia dormido enquanto jogava no xbox. Pode ser taradisse da minha parte, mas não pude deixar de reparar o quanto ele ficava extremamente sexy daquele jeito. O peito coberto por uma camisa amarela subia e descia calmamente, os olhos vidrados na TV... Esse garoto quer me matar?
– Cadê a Annie? - perguntei segurando-me para não agarra-lo ali mesmo. Eu só acho que os efeitos da bebida de ontem ainda não passaram.
– Foi embora.
– Como assim foi embora? - arregalei os olhos. Como assim aquela piranha foi embora? E todo aquele papo de me dar uma carona?
– Ué Ana Jú, você demorou pra sair do banheiro e ela foi.
– E os garotos?
– Também.
– Como assim também Lucas? - gritei estressada por ter sido abandonada pelos ingratos dos meus amigos e mais estressada ainda por Lucas preferir jogar xbox do que olhar na minha direção. Eu, a melhor amiga dele. Drama, você por aqui?
– Dá pra parar de berrar que nem uma louca? - pediu ele da forma mais divertida do mundo, pausando o jogo para me fitar sorridente.
Chato, babaca. Não vi graça nenhuma!
– Como parar de berrar? Quem vai me deixar em casa?
– Eu, simples assim - retrucou saltando do sofá já com a chave do carro em mãos.
É, realmente era simples e... O QUE? EU E ELE NO MESMO CARRO? SOZINHOS?
– En-então... Eu posso ir à pé... Você deve ter outras coisas pra fazer... Sabe? - sorri amarelo.
– Não, não tenho nada de importante pra fazer, por isso vou até aproveitar pra passar a tarde na sua casa.
Meu queixo estava no chão e eu me encontrava totalmente chocada enquanto era arrastada para fora da casa.
– E-e... - pensa Ana Jú, pensa - ... Quem vai arrumar a casa?
– A empregada chega daqui a pouco, pode ficar tranquila Jujubinha - Lucas sorriu pela última vez antes de me empurrar para dentro do carro entrando logo em seguida.
Armei um bico de todo tamanho observando a paisagem do lado de fora. Tudo que não me fizesse encara-lo.
Podem me chamar de boba, trouxa... Tudo! Eu estava sendo mesmo.
– Vai ficar assim? Com vergonha de me olhar? - perguntou zombeteiro, sorrindo de lado.
– Vergonha de quê?
– Não sei Ana Jú, me diga você.
Suspirei pesadamente afundando-me no banco do carro.
– Vergonha do que aconteceu ontem - falei em tom baixo, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas.
– Do nosso beijo?
– Não Lucas, do velho do saco - ironizei bem irritada. Se a intenção era me tirar do sério me deixando constrangida no processo, sinto em informar que ele estava conseguindo.
O loiro sorriu tirando a atenção do trânsito para olhar-me.
– Não íamos esquecer?
– E se eu disser que não consigo parar de pensar nisso?
– Quer dizer que a senhorita não consegue esquecer meu Beijo?
– Não afirmei nada - dei de ombros.
– Jú eu... A gente...
– Lucas - quase gritei horrorizada levando as mãos as bochechas - não estou te pedindo em casamento ou... Bem, eu te amo muito, mas não como está imaginando.
O loiro soltou o ar preso nos pulmões, relaxando os ombros.
Céus ele pensava que eu... Que eu estava apaixonada?
– Você não tem noção do peso que tirou das minhas costas - confessou após estacionar em frente a minha casa.
– Eu que não acredito que me senti envergonhada perto de você - também confessei gargalhando seguida dele.
– Sabe o que nós parecemos? - neguei ainda sorrindo - dois bobões.
– Bobo você sempre foi, né? - Não esperei resposta, saltei do carro entrando rapidamente em casa.
Eu nunca me senti tão leve como agora. Tudo continuava normal entre a gente é isso era maravilhoso.
Abri a porta de casa e corri até a cozinha de onde vinha um cheirinho de arroz novo. Mamãe estava com um short florido e uma blusa branca de manga, debruçada sob a pia enquanto cantarolava uma música qualquer.
– Hmmmm... Desse jeito papai apaixona ainda mais, hein mãe? - Anabeth pulou de susto jogando um pano né prato na minha cara. Olha que lindo a hereditariedade da coisa, tal mãe tal filha.
– Tá querendo me matar de susto garota? - mamãe bronqueoou me dando um abraço apertado - me conta, como foi a noite?
– Foi ótima tia Annie - Lucas respondeu no meu lugar envolvendo mamãe em um abraço apertado.
– Achei que tinha me abandonado seu desnaturado - Anabeth brincou sorridente - Nem veio mais me ver.
– Desculpa tia, tava sem tempo.
– E desde quando eu preciso de tempo? - bronqueou puxando de leve a orelha do loiro - Você tem a obrigação de fabricar tempo para me ver.
– Ei! Eu ainda estou aqui, se lembram? E a mãe é minha! - resmunguei abraçando mamãe pela cintura enquanto mandava língua na direção de Lucas.
– Eu sou a mãe dos dois.
– Isso tia Annie, coloca moral aí - o loiro retrucou também abraçando mamãe.
– Me larguem os dois - Anabeth ralhou soltando-se da gente enquanto gargalhavamos - anda Ana Jú me ajuda com a comida e Lucas vai ajudar o Paulo com a piscina.
– Nós temos piscina? - perguntei ainda sorrindo.
– Cala a boca e pica os tomates.
Nossa, carinho de mãe é tão... É tão coisa de mãe mesmo.
Nós tínhamos uma piscina. Uma piscina não muito grande e que ninguém usava porque ninguém se oferecia a limpar, ninguém até hoje, porque milagrosamente papai se ofereceu a fazer isso. Ou foi obrigado. Observando o atual humor da mamãe, nem me assustaria se ela o tivesse forçado a fazer isso.
– Posso saber porque milagre divino alguém vai limpar a piscina? - perguntei logo após picar os tomates e pegando duas cebolas para corta-las.
– A sua tia Cármen está vindo para cá.
Nossa eu até pensei que a mamãe havia dito que a minha tia iria... ESPERA AÍ!
Se a tia Cármen vem para cá, minha prima mala também!
– Você tá brincando né mamis? - sorri amarelo encarando-a apreensiva.
– E eu lá tô com cara de gente que está brincando Ana Jú?
"Também não está com cara de gente que está de bom humor", fiquei tentada a responder, mas fiquei calada, com medo de em vez de receber um pano de prato na cara, acabar com um garfo na testa.
– Por acaso a Patriranha... Digo, a Patrícia vem com ela?
– Ana Jú por acaso você perdeu seu cérebro no caminho de casa? É claro que ela vem, a Patrícia é filha da Cármen e sua prima, tá lembrada Ana Jú? - mamãe olhou-me como se eu fosse uma lesada.
Que bicho mordeu ela hoje?
– Para de ficar aí falando coisas idiotas e vá na casa do Otaviano chama-los para jantar conosco.
– Más nós não vamos almoçar ainda? - perguntei me arrependo logo depois, pois mamãe parecia querer arrancar meu pescoço fora.
Engoli em seco antes de sair correndo porta a fora.
Ajeitei os cabelos da melhor forma apertando a campainha da casa do alemão.
– Lucas se você veio pra... Ana Jú? - Marielle perguntou mudando a expressão brava para surpresa.
– Acho que sou eu né? Por acaso você estava esperando a visita de alguém? - sorri brincalhona vendo-a engasgar com o ar e começar com uma seria de tossidas descontroladas.
– E-eu...?
– É, você esperava o Lucas? - arqueei as sobrancelhas colocando as mãos na cintura.
Aí tem viu.
– Lucas...? E-eu... Claro que não Ana Jú! Você quer falar com o Arthur?
– Bem, eu...
– ARTHUR SUA MULHER ESTÁ AQUI EM BAIXO! - e saiu correndo em direção às escadas.
Eu não sabia ao certo, mas alguma coisa de muito suspeita estava acontecendo aqui. Suspeitíssima por sinal.
– Já veio atrás de um pau?
Balancei a cabeça olhando diretamente nos olhos de Thomas. Droga! Chamar o Otaviano significa ter de chamar também esse encosto. E eu achando que ontem não era meu dia de sorte...
– Não que isso seja da sua conta - retruquei sorrindo ironicamente.
Thomas ameaçou vir em minha direção, mas logo recuou quando Arthur apontou na escada, secando os cabelos com uma toalha.
– Já está com saudades querida? - brincou sorrindo largamente.
– Eu vou indo casal - Thomas falou pra ninguém em especial, já que tanto eu quanto o loiro ignoravamos sua presença.
– Não, você não dá tanta sorte assim alemão. Vim pra convidar vocês para jantarem lá em casa, mamãe faz questão.
– Se a tia Annie faz questão quem sou eu pra contrariar, né?
Fiz uma careta antes de sussurrar próximo ao ouvido de Arthur:
– Minha prima mala vai estar lá, não se assuste muito porque ela é uma assanhada.
– Assanhada é? - perguntou com uma expressão travessa, fazendo-me bater em seu braço.
– Assanhada, chata e nojenta.
Arthur sorriu ainda mais, agarrou minha mão e começou a subir as escadas em direção ao seu quarto. Nossa, quanta gente ousada viu? Um pouco de educação e "você quer subir?" não mata ninguém.
Puxei minha mão e me atirei em sua cama macia.
– Sua prima é gostosa?
– Isso é palavreado que se use comigo?
– Com todo respeito do mundo, sua prima é gostosa?
Revirei os olhos jogando um travesseiro em sua direção.
– Se você fizer pipoca e colocar um filme pra passar aí eu te falo.
– Tudo bem... Mas só vou fazer pipoca porque eu também estou com vontade e não porque a senhorita "pediu" - resmungou de cara fechada já de pé próximo a porta - a folgada aí não vem me ajudar não?
– Você tem duas mãos, isso é suficiente - dei de ombros saltando da cama - e eu vou avisar a dona Anabeth que estou aqui antes que ela mesma venha me procurar.
Sai correndo ignorando os resmungos do alemão. Como menino gosta de se queixar, viu? Deve ser por isso que mamãe é tão mandona, só para deixar papai nos eixos.
Será que se eu namorasse o Luís ele me deixaria mandar nele? Não, mandar fica muito possessivo, porque caso "namorassemos" eu não seria dona dele... E por que eu estou pensando nisso? Namorar... Puft! Essa palavra nem deve existir no vocabulário do moreno.
Adentrei em casa feito um furacão, correndo até a cozinha.
– Mamãezinha linda do meu coração...
– Desembucha logo Ana Jú.
– Já que o almoço está adiantado aqui e...
– Tá, vai logo e vê se volta pra tomar um banho e trocar essa roupa.
Arregalei os olhos. Como assim ir? Eu falei que queria ir à algum lugar?
– Oras Ana Jú, você acaba de voltar da casa de um gato, é claro que você quer ir almoçar lá - Anabeth explicou como se fosse a coisa mais normal do mundo adivinhar o que os outros estão pensando, mas nessa etapa do campeonato eu nem me assusto mais com as maluquices de mamãe. Talvez essa coisa de ser mãe signifique conhecer mais os filhos do que eles mesmos.
– Tá, te amo. Volto mais tarde - beijei-a no rosto saindo do mesmo modo que entrei, feito um furacão.
[...]
– Você tem cheiro um cheiro bom - Arthur ressaltou brincando com meus fios de cabelo esparramados em seu peito.
– É o cheiro do sabonete do Lucas - respondi com a boca cheia de pipocas entrelaçando ainda mais meus pés nos seus.
– Você e o Lucas são amigos a muito tempo?
– Desde que eu nasci.
Nenhum de nós dois prestavamos atenção no filme que passava, a Menina que roubava livros se não me engano, devia ser um filme realmente lindo, mas eu estava muito mais preocupada em não pegar no sono com o carinho que o alemão fazia no meu cabelo é acabar babando feito uma porca. Meu Deus! Imagina o vexame?
– Você não tinha que me falar da sua prima gostosa?
Fiz uma careta apoiando meus cotovelos no peito de Arthur.
– Ela não é gostosa.
– Mas ela tem que ser, a garota é sua prima.
Suspirei.
– Minha família por parte de mãe é toda loira, mas a família por parte do pai da minha prima é morena e ela é morena de olhos pretos e cabelos lisos...
– Qual o problema em ela ser morena? Deve ser gostosa do mesmo jeito - falou enquanto sorria de um jeito safado. Garotos!
– Cala a boca e me deixa terminar - resmunguei tendo as bochechas apertadas. Por que todo mundo gosta de apertar as minhas bochechas? Que droga, esse povo podia ir apertar brasa quente - Ela me detesta por conta disso, porque eu sou loira, de olhos verdes e com a pele branquinha. Não é bem detestar, é meio como se nós duas vivêssemos brigando feito gato e rato.
– Então ela é uma boba, porque não tem como te detestar - retrucou com a boca na minha testa fazendo-me sorrir.
– A gente é prima e... Bom não é como se quisesse afundar a cabeça dela na parede, como tenho vontade de fazer com aquela ruiva aguada da Cala-a-boca. Eu meio que só quero bater a cabeça dela na parede até deixa-la inconsciente.
– Isso é... Tudo bem, eu vou fingir que não escutei isso daí - Arthur me olhou fingindo estar assustado, mas depois desatamos a rir.
Assim como era bom estar com Lucas, era melhor ainda estar com o alemão. Eu me sentia segura, feliz e o melhor de tudo, eu podia ser eu mesma sem nenhum tipo de medo do que pensariam.
– Se eu te beijar agora você vai ficar muito brava? - perguntou ele da forma mais fofa do mundo, esboçando um biquinho lindo.
Não, eu não iria ficar brava, mas eu tinha medo de machuca-lo. E como se lê-se meus pensamentos, acrescentou:
– Eu prometo não me iludir com relação a isso. Vai ser só mais um beijo.
Assenti juntando nossos lábios. No fundo eu sabia que tanto para mim, quanto para ele, não seria só mais um beijo qualquer. Não tinha como ser.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O QUE O NYAH FEZ COM OS PARÁGRAFOS?????? Gente eu tentei pra caramba, editei esse capítulos umas milhões de vezes e NÃO APARECEM OS PARÁGRAFOS. Me perdoem, mas eu não sei o que está acontecendo.
E aí? Merecemos comentários né?
O Lucas é um fofo ne gente? Se ele fosse real em bem que dava uma agarrada nele kkkkkkk E o Arthur? Dois divos. ~chorando aqui por meus personagens não serem reais!
Bjs e até o próximo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escola, farras e garotos..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.