Castle chagou na delegacia, já procurando por Kate. Mas ela não estava em lugar nenhum.

–Onde Beckett está? -Perguntou para os meninos.

O olhar que recebeu dos dois deu medo.

–Então você ainda se importa com ela? Achei que nunca mais veríamos você por aqui. -Esposito disse.

–Gente...

–Você tem noção do que fez com ela? -Continuo, andando na direção do escritor.

–Javi! -Ryan chamou a atenção dele, pedindo para ir com calma.

–Okay gente, eu fiz algumas coisas que não devia ter feito, mas eu estou aqui tentando consertar meus erros.

–Nós nunca esperávamos isso de você, Castle. Beckett te amava. -Ryan o repreendeu.

–Ela mentiu para mim. -Castle se defendeu, mesmo sabendo que nem ele próprio aceitava mais essa desculpa.

–E você desiste por causa disso? Depois de todos esses anos, quando vocês estavam quase lá, você desiste?

–Olha, eu sei que errei, e nunca vou me perdoar por isso, mas vocês precisam me ajudar. Eu tenho que encontra-la.

–Não é tarde demais, Castle? Você já não a fez sofrer muito? Além disse, ela não quer falar com você, nem com ninguém.

–Eu tenho que falar com ela, eu preciso. Por favor, me digam onde ela está. -Castle implorou, desesperado.

–Você arruinou a vida dela. -Esposito continuou, o olhar agressivo.

–Eu sei, e eu realmente sinto muito, por isso quero falar com ela. Ela entendeu algumas coisas erradas, e eu preciso que ela saiba a verdade.

Ryan e Esposito se olharam, silenciosamente analisando a situação.

–Nós não sabemos onde ela está. -Ryan confessou, sentando-se em uma cadeira ali perto.

–Como assim não sabem? -Arregalou os olhos.

–Ela não aparece aqui faz dois dias. -Esposito resmungou.

–Tentou o celular e o telefone? -Castle perguntou, franzindo a testa.

–Claro que sim, Castle.

–E foram até a casa dela? -Sentou ao lado de Ryan.

–Sim, Lanie ligou alguns minutos atrás dizendo que está vazio. As roupas estão bagunçadas na cama.

–Oh Deus, será que ela está bem? Alguém pode ter sequestrado ela ou...

–Lanie acha que ela vai viajar, a mala sumiu. -Esposito cortou o raciocínio dele.

Castle se calou. Para onde ela podia estar indo? Ou pior, e se ela já não estivesse mais em New York? O que ele faria?

–Vocês precisam acha-la. Tentem o celular, cartão de crédito, qualquer coisa. -Ele implorou, passando a mão pelos cabelos.

–Nós tentamos, cara. Mas Beckett é boa nisso, ela não quer ser encontrada. Sem atividades no celular ou no cartão, o caro está em casa.

–Então vamos ficar aqui sentados sem fazer nada enquanto ela vai para sabe-se lá que lugar do mundo? -Castle perguntou indignado.

–Não Castle. Nós vamos dar um jeito de encontra-la, você vai ficar ai e pensar nas coisas que fez para ela. -Espo disse, com o dedo apontado para o peito do escritor.

–E quem é você para me dar ordens? -Castle levantou-se, ficando na frente do detetive.

–O cara que vai encontrar Kate e te poupar de passar o resto da vida sofrendo como está agora. -Disse e saiu, caminhando até sua mesa.

Castle suspirou e sentou novamente. Ryan, ao seu lado, pôs uma mão no ombro de Castle.

–Ele só está preocupado com Kate, você sabe... Ele é como o irmão mais novo que acha que pode fazer tudo para proteger Kate. Mas não se preocupe, ele só está com medo do que pode acontecer, não com raiva de você. Não muita. -O detetive sorriu fraco e saiu, se juntando ao parceiro.

Castle caminhou até o canto da delegacia e sentou em um pequeno e velho sofá que havia ali. Olhando para a mesa de Beckett, ele começou a perceber as coisas. A cadeira que ele costumava sentar estava no mesmo lugar e sobre a mesa havia um pequeno enfeite que ele tinha dado para Beckett alguns anos atrás.

Ela sempre deixava na gaveta, agora estava ao lado da família de elefantes.

Castle tinha feito a escolha errada. Agora estava tão claro.

No momento mais importante dos últimos anos, quando deveria ter lutado pelo amor da sua vida, ele desistiu, se escondendo atrás do orgulho e do medo.

Deve ter sido um inferno para ela, achar que ele não a amava mais. Que não a queria mais. Como se convencer o coração fosse tão fácil quanto a mente.

Apesar de tentar muito esquecê-la, Kate continuava sendo a mulher da sua vida, e agora a amor era ainda maior, a saudade e a vontade de segura-la nos braços e protegê-la de tudo. Até dele mesmo.

As coisas que ela tinha escrito na carta... Eram coisas pelas quais ninguém deviam passar.

Quando ela mais precisou dele, ele não estava lá.

Oh, Kate. Onde você está?

Ela era tão forte e determinada, tinha aguentado e enfrentado tantas coisas, e agora ele tinha sido o causador dessa dor pela qual ela estava passando.

Tudo bem, ela tinha mentido por quase um ano, mas ele poderia ter esperado mais alguns dias, ou perguntado diretamente para ela.

Maldita mente impulsiva. Eles poderiam estar bem e felizes agora.

Mas não estavam. E por culpa dele.

Agora, vendo a cadeira vazia e a mesa solitária, onde os dois tinham compartilhado tantos momentos e trocado tantos olhares íntimos, onde ele tinha deixado vários copos de café, um jeito de dizer "eu te amo", Castle sabia que nunca se perdoaria se deixasse Kate ir embora.

Vários minutos se passaram, mas para ele, o tempo estava parado. Respirou fundo e resolveu buscar uma xicara de café.

Castle estava preparando o café quando Ryan o chamou. Era algo sobre Kate, tinha que ser.

–Encontraram ela? -Foi logo perguntando.

–Sim. -Espo disse sem olha-lo.

–E onde ela está?

–No aeroporto. Ela acabou de fazer check-in.

–Droga, para onde ela vai?

–Carolina do Sul. -Ryan disse, pesquisando alguma coisa no computador.

–Quanto tempo falta para o voo dela? -Castle perguntou, um pouco aliviado por finalmente encontra-la, mas também preocupado por ela estar no aeroporto. Kate não podia embarcar. Não sem antes ouvir o que ele tinha para falar.

–Meia hora. Da tempo de chegar lá. -Ryan disse, já levantando da cadeira.

–Vamos.

~~~~~

Kate Beckett odiava esperar. E os dez minutos restantes para a hora do embarque pareiam se arrastar.

Ela já tinha pensado no plano diversas vezes.

Chegar na Carolina do Sul, pedir as férias que estavam acumuladas e passar um tempo com seu pai, esquecer Castle e talvez conhecer pessoas novas.

Ela sabia que nunca amaria outro homem novamente, mas isso não a impedia de namorar. Recomeçar.

Kate não sabia se estava fazendo a cosa certa, mas naquele momento era a única coisa que queria. Sair do lugar rodeado de lembranças de um homem que nunca voltaria.

E ela estaria livre em apenas alguns minutos.

Beckett começou a reunir suas malas quando a primeira chamada para o voo foi feita. Caminhou até o inicio da fila e virou, olhando uma ultima vez para trás antes de partir.

Não era como se ela não fosse voltar em algumas semanas, quando as férias do seu pai acabassem, mas era um novo começo, um novo capitulo de sua vida onde Castle não fazia parte.

E ela estava prestes a colocar um pequeno sorriso motivador no rosto e caminhar para a entrada do avião quando escutou um grito.

Um grito do seu nome.

A voz inconfundível. Mesmo depois de tantos dias.

Largando a mala, ela caminhou para fora da fila, tendo uma visão melhor.

–Castle?

–Kate! -Ele disse, tentando recuperar o folego. -Você não pode embarcar.