Querido diário,

Não fomos para a cama exatamente cedo – nem mesmo um pouco tarde – ou chegamos a dormir, a menos que você considere uma boa noite de sono ficar deitada dentro de um saco de dormir rosa sobre o carpete da Sala Precisa com Emmy e May com vários doces e revistas de fofocas esparramados pelo chão.

Quando o despertador avisou que já eram 7 horas, decidimos que ou passaríamos uma hora nos arrumando, deixando de tomar o café da manhã, ou vestiríamos nossos uniformes e comeriamos como rainhas antes da aula de Transfigurações – ou Historia da Magia para a Emmy que é um ano mais nova.

A.S. (Antes de Solomon), waffles e bagels teriam certamente p´revalecido. Mas hoje, minhas amigas preferiram estar lindas e encantadoras para um professor. Só que, eu nunca serei lindo e encantador ou poderia sobreviver até o almoço sem antes ter comigo o café. Então no meu caso eu preferi ir comer.

Assim que me sentei e comecei a colocar uma porção grande de baicom com ovos no meu prato eu ouvi murmúrios e quando olhei para onde todos olhavam vi Shirley e Sirius se beijando na porta do Salão e depois ela estava provavelmente indo se arrumar para o professor Solomon.

Senti meu estomago dar um giro de 360º graus com aquela cena e se eu já tivesse comigo alguma coisa provavelmente teria vomitado todo o meu café. Vi o resto dos marotos chegando e a ruivinha que era monitora junto.

- Só espero que eles não sentem aqui – digo levando um pedaço grande de baicom a boco.

Eu realmente queria morrer, porque assim que eu terminei de dizer isso eles se sentaram do meu lado. Fechei os olhos, contei até 10 e rezei para que tudo aquilo não passasse de um terrível pesadelo.

- Droga – murmurei antes de voltar a comer.

Queria terminar logo o meu café e se eu tivesse sorte eles não pegariam no meu pé e simplesmente me esqueceriam. Isso seria o meu sonho, já que praticamente toda vez que eles vem falar comigo eu saio ofendida – quando vou falar com eles também, mas eu não faço mais isso.

- Se não é o patinho feio – ouvi a voz de Tiago, mas tentei ignorar.

- Não vai nos cumprimentar? – dessa vez foi o meu irmão – ou só vai ficar ai comendo feito uma porca.

- Porque você não me esquece? – digo em um misto de raiva e magoa.

- Porque é incrivelmente divertido te irritar patinho feio – sussurrou Sirius.

Eu odiava aquele apelido que o Black insistia em usar sempre que se referia a mim. Patinho Feio, quer dizer eu sei que não sou a garota mais bonita da escola. Mas, ele precisa me humilhar?

- É Lupin – digo pondo mais um pedaço de baicom na boca.

- Quem disse que você pode ficar usando o meu sobrenome? – disse Remo.

- Acho que a partir do momento que somos gêmeos – digo revirando os olhos – e talvez o fato de que o sobrenome não é só seu.

- Você não sabe o quanto eu me envergonho de ser irmão de uma garota tão ridícula quanto você – disse Remo com nojo na voz.

Olhei pra baixo e comecei a sentir meus olhos ficarem molhados, droga eu não queria chorar. Não na frente dele. Eu não posso deixar ele continuar falando assim comigo, quer dizer o que eu fiz pra ele.

- E eu queria ser filha única, mas nem sempre temos o que queremos – digo olhando pra baixo e terminando com o baicom.

Eu ia sair dali quando a coruja de papai chegou e deixou uma carta para mim e outra para o Remo, mas tudo o que aquele insensível foi mandar a coruja devolver a carta para o nosso pai sem nem ao menor a ler!

- Peter ele está melhor? – falo para a coruja de papai lhe fazendo carinha.

- Píu, Píu – disse ela olhando pra baixo tristemente.

- Ele vai melhorar – digo fazendo carinho nela e lhe dando uma torrada.

- Você está cada dia mais louca – falou Remo.

- E você mais idiota – digo me levantando e saindo correndo dali.

Vou diretora para a sala de Transfigurações e abro a carta de papai, assim que começo a ler sinto uma enorme vontade de chorar. Mas, eu não faria isso sobre hipótese alguma.

É melhor eu colar a carta aqui assim eu não vou a perder e nem ter que explicar o porque do meu sentimento de tristeza. Carta:

Prezada Srta. Lupin

Aqui é do hospital publico de Clifford onde seu pai ontem a noite foi internado na madrugada de hoje graças a um derrame, ele está para sair da UTI hoje mesmo, mas precisamos da sua autorização ou da do seu irmão para o mandar para um de nossos quartos.
Devemos a lembrar que se ele ficar aqui terá todo o atendimento necessário para sua recuperação e uma enfermeira que poderá estar 24h por dia a sua disposição. Caso esta autorização não chegue até amanhã ele será mandado para casa onde não podemos garantir sua saúde graças ao seu quadro delicado.
No seguinte momento foi detectado que seu pai tem um sopro no coração e qualquer noticia triste ou forte pode ser o que basta para sua morte. Por isso nós aqui do hospital Clifford pedimos para que a senhorita e o vosso irmão tentem não lhe dar mais noticias ou tristezas até pelo menos que seu quadro mostre algum sinal de melhoras.

Com todo o respeito,
Claire Rupert enfermeira chefe

Ps: Não se preocupe Rebecca eu mesma estarei cuidando de seu pai e sei o quanto ele sofre pelo desprezo do monstro do seu irmão. Farei todo o possível para que ele continue vivo e hoje mandei fazer a sobremesa favorita dele torta de maracujá.

Então essa é a carta, assim que a li fui correndo para o Corujal e pegueia coruja de Emilly emprestada para mandar uma carta para Claire autorizando o que ela me pediu. Na pequena vila de Roseville onde vivemos todos me conhecem e sabem a maldade que meu irmão fez nos abandonando para ficar com os amigos.

Eu passo todos os verões com minhas amigas em casa cuidando de papai e quando estou na escola é Claire que se encarrega disso junto com nossa visinha. Já pensei em estudar no colegio publico de magia da vila para ajudar a cuidar de papai, mas ele nunca permitiu.

- Bex tudo vai melhorar – disse Macey tentando me reconfortar

- Você viu isso? – perguntei a olhando seria.

- Não – disse ela olhando para baixo.

Passei o dia inteiro triste e nem a aula do professor Solomon conseguiu me animar e ele estava um gato com aquela camisa social com alguns botões abertos mostrando. Tudo bem até eu suspirei quando vi isso, mas passei o resto da aula preocupada com meu pai e com a cabeça baixa.

A aula acabou e graças a Merlin já era hora do almoço e depois do almoço só teríamos dois tempos de historia da magia. O resto seria apenas de tempo livre que eu poderei ficar na cama embaixo do meu cobertor e ter um ótimo sono que eu não tive na noite passada.

Finalmente a aula acabará e eu guardei meu material rapidamente querendo sair dali o mais rápido possível. Eu precisava de sorvete de menta com pedaçinhos de chocolate.

- Srta. Lupin – disse o professor Solomon com sua voz terrivelmente sexy.

- S...Sim professor – digo tremula.

- Espere um pouco, tenho algo muito serio para falar com você – disse o professor.

Me encostei em uma mesa e vi todas as pessoas da classe saindo, ninguém parecia me notar e alguns pareciam se perguntar quem seria a garota Lupin. Dou um suspiro pesado e logo vejo a porta se fechando.

- Srta. Lupin notei que não parecia bem na minha aula – disse o professor folheando alguns livros.

- Recebi uma péssima noticia recentemente – falei com pesar.

- Creio que sim, sabe você parece uma boa aluna – disse o professor calmo – seus professores a elogiaram muito.

- Não acho que seja tudo isso – falo com as bochechas coradas.

- Mas, saiba que é sim Srta. Lupin – disse o professor com um pequeno sorriso no canto dos lábios – você é diferente das outras garotas, é pura de espírito e não se deixa levar pro futilidades.

- Eu nunca seria tão bonita quanto elas – digo triste.

- Você ainda é uma lagarta, mas logo irá desabrochar e mostrar a borboleta que a dentro de você – disse ele calmo – porque não vai descansar? Creio que a Srta. Morgan pode te passar a matéria.

Beijos sonolentos
Bex.