You and I escrita por Isadora


Capítulo 6
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/561126/chapter/6

Jonas, com os gêmeos no colo, aproximou-se de Verônica, que estava sentada na mesma mesa que Herval. O semblante do empresário caiu logo assim que ele avistou o outro.

– Jonas? – estranhou Verônica – o que você tá fazendo aqui?

– Herval Domingues? – falou Jonas, ignorando a pergunta da mulher – você por aqui? Não me diga que veio a Petrópolis a negócios também.

– Pois é, Jonas Marra – respondeu o dono da Plugar – eu vim.

Jonas, então, colocou os filhos de volta no chão. Os pequenos saíram correndo na mesma hora e voltaram imediatamente a brincar.

– Jonas – falou Verônica – eu e a Edna encontramos o Herval por acaso aqui, e ela o chamou pro almoço de aniversário... Herval, nos dá licença um minuto? – pediu Verônica, levantando-se da mesa em que estava com o dono da Plugar.

– Claro – respondeu o fundador da ONG, educado.

– Vamos lá pra dentro – falou a jornalista ao marido. Jonas, então, seguiu Verônica até dentro de casa, até que ela o guiou até a sala de estar. Lá, longe do barulho da festa e de todo o tumulto, ela o encarou.

– Eu achei que tivesse sido bem clara quando pedi um tempo a você, Jonas...

Ele suspirou, antes de responder.

– E foi – falou ele, abaixando a cabeça – mas eu precisava te ver... sei lá, Verônica... não tava mais aguentando de saudade...

– Saudade? – riu ela, irônica – ah, por favor... você não acha que eu vou cair outra vez nesse seu joguinho, acha? Eu não sei mais o que pensar de você, Jonas... você não transmite mais segurança...

– E o Herval? O que que ele veio fazer aqui? A amizade de vocês tá tão séria assim, que vocês já viajam juntos? É isso?

– Jonaas – respondeu ela, ríspida – não faz isso não. Não tenta virar o jogo não, tá legal? Que eu saiba, quem traiu aqui foi você. Traiu e mentiu. Mentiu pra mim mais uma vez, como você sempre faz.

– Verônica, presta a atenção, quantas vezes eu vou ter que te dizer que eu não tenho nada com a Pamela? E que se eu tivesse ou quisesse alguma coisa com ela, eu não teria me me separado?

Verônica levou à mão até a nuca, pensativa – mas você deve adorar a sensação de ser disputado pelas duas, não é mesmo, Jonas Marra?... e quer saber? você ter vindo aqui atrás de mim não ajudou em nada... só atrapalhou...

– Verônica, pelo amor de Deus, o que você quer que eu faça? Quer que eu me humilhe? Me ajoelhe aqui diante de você? É isso?

Antes que a jornalista respondesse alguma coisa, alguém apareceu. Era Barata.

– Desculpe atrapalhar... – falou Barata, sem jeito – é que a Edna pediu pra avisar que já vai partir o bolo...

– Obrigada, Barata, a gente já vai – respondeu Verônica.

– Com licença – respondeu o varejista, saindo, e deixando o casal à sós outra vez.

– Verônica...

– Jonas, depois a gente conversa, ok?

– Tá certo.

***************************

Após a partida do bolo, Herval saiu discretamente, sem cumprimentar ninguém. Já era de noite. Ninguém percebeu a saída dele. Exceto Jonas, que foi atrás do rival – Herval? – chamou o empresário, fazendo o outro virar-se para trás – é impressão minha ou a gente já se conhece de algum lugar? – indagou Jonas, desconfiado.

– Bom... – respondeu o dono da Plugar – eu já estive na Marra International algumas vezes... pode ser isso...

– Deve ser... – respondeu Jonas, encarando-o, até que o outro virou-se novamente para ir embora – Fique longe da Verônica – continuou Jonas, fazendo Herval virar-se outra vez para encará-lo – eu não sei se você reparou, mas eu não tô gostando nada disso, dessa sua fixação por ela.

Herval deu um sorriso.

– Jonas, você vai me desculpar, mas, até onde eu sei, a Verônica não é propriedade sua.

– Você entendeu o que eu quis dizer.

– Não vou entrar no seu jogo, Jonas Marra – respondeu Herval – com licença – e deu-lhe as costas.

Com os braços cruzados, e fazendo caras e bocas, Jonas observou o outro ir embora. Quem era, afinal, aquele cara? E o que ele queria?

******************************

Quando Jonas chegou no quarto, os gêmeos já estavam adormecidos, e Verônica lia um livro, já deitada na cama – Aonde você foi? – perguntou ela, deixando o livro de lado – depois do bolo, você sumiu...

– Precisava de um pouco de ar – respondeu ele, tirando os sapatos – o ar da serra sempre me faz bem – em seguida, ele tirou a jaqueta, depois a camisa... Verônica evitou olhar.

– Vou tomar banho – anunciou ele, tirando a calça – vem comigo?

– Não – respondeu ela, não muito certa do que dizia – eu já tomei... enquanto você saiu...

– Tá certo...

DEPOIS...

Após o banho, Jonas deitou-se na cama e encontrou Verônica já adormecida. Na verdade, ela ainda estava acordada e atenta a todos os movimentos dele, mas fingiu estar dormindo para evitá-lo. Ela sabia que se não fingisse, acabaria cedendo ao charme dele e eles terminariam a noite fazendo amor. E isso não seria prudente. Verônica precisava evitá-lo. Jonas merecia um gelo. Ele deitou-se, então, ao lado dela, fazendo-a sentir-se mais vulnerável, depois abraçou-a com carinho e em seguida beijou-lhe o rosto com ternura. Ela pôde sentir as mãos dele em seu corpo. Mãos grandes e fortes. O cheiro de sabonete que saía dele era maravilhoso. Sem pensar, ela remexeu-se na cama.

– Tá acordada? – sussurrou ele, beijando-lhe o cangote – ei...

Verônica remexeu-se mais uma vez, até que virou-se pra ele – Por que você faz isso, hein? – sussurrou ela, encarando-o – por que uma hora você estraga tudo e na outra você simplesmente vem e faz as coisas certas?

– Verônica... – sussurrou ele, beijando-lhe o ombro – eu preciso de você... - sussurrou ele, beijando-a. Ele beijou-a com carinho. Um beijo suave, quente e romântico. Bem devagar. Sem relutar, ela correspondeu ao beijo. Verônica sabia que devia evitá-lo, dar um gelo nele, mas não conseguia. O coração falava mais alto do que a razão. A razão dizia: castigue-o, afasta-se, ignore-o; mas o coração dizia: perdoe-o, entregue-se, você o ama. Ela manteve os olhos serrados e tentou parar de pensar um pouco. Só queria desfrutar o momento, sentir o amor daquele homem, que ela tanto amava. Era verdade, ela não conseguia resistir a ele. Nunca conseguiu. Mesmo na época em que ele ainda era casado com Pamela, ela não conseguia manter-se longe. O sentimento por Jonas sempre fora contra todos os seus princípios e valores, mas mesmo no passado, era só ele aparecer na frente dela, e dizer as coisas certas, que ela logo se rendia a ele. E agora não era diferente. Jonas, nesse exato momento, beijava-lhe com ternura e paixão. Tocava-lhe o rosto com carinho, fazia juras de amor. Em contrapartida, o empresário, queria aquela mulher pra si. Nunca sentira nada assim por uma mulher antes. Claro que já tivera amores e paixões no passado. Já fizera loucuras durante a relação com Pamela e até mesmo em outras relações extra-conjugais... mas agora era diferente... Verônica era única, diferente, perfeita... com ela, ele sentia-se bem, não um personagem cheio de poderes, acima do bem e do mal, ele sentia-se ele mesmo, aquele Jonas menino, adolescente, jovem, aquele mesmo Jonas que vivera na Taquara, sonhador, humano... ela o compreendia e o fazia sentir-se melhor. Com ela, ele poderia ser quem ele era e não fingir ser outra pessoa. Não precisava se esconder. Nem ocultar seus defeitos. E ela era tão linda... tão atrapalhada e ao mesmo tempo esperta e divertida... tão cheirosa... gostosa... tão curiosa... ouvir a gargalhada dela fazia-lhe bem. Sentir as delicadas mãos em seus cabelos fazia-lhe bem... beijá-la, abraçá-la... isso tudo fazia-lhe bem. Jonas Marra sentia-se o homem mais feliz do mundo – eu te amo... – murmurou ele, antes de beijá-la outra vez. Um beijo lento e delicado. Ela correspondeu ao beijo dele e se amaram como se fosse a primeira vez. Enquanto ele a beijava e a acariciava, ela gemia nos braços dele. Arranhava as costas dele e gritava o nome dele, enquanto sentia o coração bater aceleradamente e o pulsar do sexo dele dentro do seu corpo. Eles fizeram amor. Um amor romântico e gostoso, mais uma vez.

Pela manhã, Jonas falava ao telefone quando Verônica acordou – Murphy, eu vou estar contigo daqui a pouco, ok? Peça para o Davi ver isso pra mim, até eu chegar. Vou desligar agora...

– Bom dia... – falou ela, sonolenta – aconteceu alguma coisa?

– Te acordei? – perguntou ele, beijando-a – desculpe.

– Tudo bem... – respondeu ela, sentando-se na cama, envolta de lençóis – o que foi? Aconteceu alguma coisa?

– É... um novo projeto da Marra que tá deixando todo mundo louco lá... vou ter que ir mais cedo - falou ele, beijando-a - eu vou, mas logo depois eu voltou pra te buscar, ok?

– Não, Jonas, imagina... não precisa... você cheio de coisas pra resolver e ainda vai voltar aqui em Petrópolis pra buscar a gente? Claro que não... a Edna e eu vamos visitar uma exposição daqui a pouco... depois do almoço a gente volta pro Rio... tá bom? – falou ela, segurando-lhe o rosto para dar um beijo apaixonado nele.

– Tá certo então – respondeu ele, correspondendo ao beijo dela.

***********************

Durante a visita a uma exposição de arte, a jornalista e a blogueira conversavam...

– Então quer dizer que o Jonas e o Herval quase discutiram feio ontem, no meio da minha festa? – indagou a blogueira, divertida – tá brincando, né? Como eu não vi isso, Verônica?

– Edna, você precisava ver: que coisa mais constrangedora. Eu nunca imaginaria encontrar o Herval aqui e muito menos que o Jonas fosse aparecer e nos ver juntos!

– Verônica, mas e o Herval, hein? O que você tá achando dessas coincidências todas? Será que são normais?

– Ah, sei lá, Edna... o Herval é um cara legal, sabe, bacana, mas ás vezes eu acho ele tão esquisitão... e desde aquele dia que ele apareceu lá em casa, eu fiquei meio cabreira, eu não sei o que pensar dele.

– E você acha que ele tá interessado em você – concluiu a amiga.

– Edna, eu acho – respondeu Verônica, sincera – por incrível que pareça, eu acho sim. O Herval puxa conversa, sabe? Fala que quer almoçar, inventa um monte de situações... isso não parece meio estranho? Meio 'forçação' de barra?

– E o Jonas, que não é bobo nem nada, já sacou tudo - concluiu outra vez a blogueira.

– Edna, o Jonas tá se mordendo de ciúme – falou Verônica, um pouco divertida.

– Imagino. O grande Jonas Marra cheio de ciúmes – falou a amiga.

***************************

Dirigindo pela manhã, Herval sentia-se confuso. Estava voltando de Petrópolis e um sentimento ruim tentava dominá-lo. Como sentia inveja de Jonas Marra! Como é que aquele cara podia ter tudo na vida? Dinheiro, poder, fama, status, filhos, mulheres... detalhe: Jonas não merecia as mulheres que tinha. Nunca mereceu. Antes Herval o invejava por causa de Pamela. Marra nunca merecera aquela mulher. Agora ele o invejava por causa de... Verônica... ah, Verônica... que mulher impressionante era aquela... inteligente, curiosa, engraçada, espontânea, divertida, linda... Herval sabia que Jonas também não a merecia... Herval serrou os olhos por uns segundos e lembrou-se da última conversa que teve com a jornalista antes de Jonas chegar e estragar tudo... como era agradável estar na companhia dela... Verônica transmitia paz... e ele, Herval precisava dessa paz... ele sorriu... será que estava apaixonado? Não, não era possível. Era castigo de mais estar outra vez apaixonado por uma mulher de Jonas Marra. Não, não podia ser... Herval tentou parar de pensar naquilo. Colocou uma música no rádio e seguiu o seu caminho de volta ao Rio.

***********************


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!