You and I escrita por Isadora


Capítulo 14
Capítulo 14




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Quando Herval, finalmente, parou o carro, ele e Verônica puderam conversar melhor. Ele estava visivelmente mais calmo...

– Verônica, por favor, eu não queria fazer isso – falou ele, fitando-a – por favor, me perdoa.

– Herval, eu quero ir embora – pediu ela – meu Deus do céu, aonde você quer chegar com tudo isso? Você já ultrapassou a barreira do limite, não acha?

– Eu não sei o que deu em mim, Verônica – falou ele, passando as mãos pelos cabelos – eu me desesperei. Foi isso. Surtei quando a Pamela me falou que você e o Jonas tinham voltado, surtei quando você defendeu o Jonas na minha frente.. foi isso. Mas eu não sou esse homem descontrolado que você viu aqui. Por favor, acredite em mim. Me dá uma outra chance.

– Herval – respondeu ela, fitando-o – o que você fez hoje foi imperdoável. Você mentiu pra mim, me usou, teve a coragem de me ameaçar com uma arma, me agrediu, me levou contra a minha vontade... o que você quer que eu pense de você depois de tudo isso?

– Verônica, pelo amor de Deus, me escuta: eu precisei fazer isso. Precisei fazer tudo isso pra te forçar a me ouvir. Eu disse que ia te contar os podres do Jonas. Eu vou te contar, mas para isso, eu precisava que você estivesse disposta a ouvir.

– E depois de tudo isso, você acha mesmo que eu vou perder o meu tempo ouvindo o que você tem a me dizer sobre o Jonas? Herval, mesmo que o Jonas fosse esse monstro que você diz que ele é, você não seria nenhum pouco diferente dele, você não acha?

– Verônica, não me compare com o Jonas. Por favor.

– O Jonas, pelo menos, nunca me sequestrou, agrediu nem me intimidou com uma arma.

– Verônica – falou ele, com a cabeça baixa – eu sei que o que eu fiz hoje com você foi monstruoso, mas eu tive meus motivos. Por favor...

– Não justifica, Herval – respondeu ela – e eu não tô nenhum pouco interessada nas suas explicações. Com licença, eu quero ir embora...

– Veronica – falou ele, segurando-lhe o braço – eu não sou esse monstro que você viu. Eu não ia usar essa arma. Olha... – ele pegou a arma da cintura e mostrou a ela – tá sem bala. Eu tava blefando o tempo todo. Claro que eu não ia te machucar.

– Herval, eu realmente não sei mais o que pensar. Chega. Não quero ouvir mais nada.

– Tudo bem, então vamos ao que interessa: o Jonas é um assassino. Ele mandou matar o meu irmão. Pronto.

Ela fitou-o, perplexa.

– Como você é baixo, hein. Que história mais absurda. Foi pra isso que você me chamou aqui? Pra isso que fez toda essa encenação? Com licença, eu me recuso a ouvir isso... – falou ela, antes de sair do carro.

– Verônica...

Olhando para trás, para ter certeza de que ele não a estava seguindo, a jornalista tratou logo de pegar um táxi e sair da vista do fundador da ONG. Que cara louco! Deus do céu! Como ela sofrera na mão daquele lunático. Achou que o pior poderia, sim, ter acontecido. E depois de tudo, ele ainda vem com aquela cara de pau de dizer que tudo não havia passado de um blefe, de uma encenação? Noss, mas que sujeito louco! Bom, no carro, Verônica tratou de pegar o celular e ligar para casa. Vicente atendeu. Foi emocionante ouvir a voz do filho e depois dos gêmeos também. Após conversar um pouco com os três, ela pôde encostar no sofá do carro e relaxar mais. Verônica suspirou. Tudo o que queria naquele momento era chegar em casa e correr para os braços dos filhos e do marido. Não pretendia ver Herval Domingues nunca mais na sua frente.

*************************

Brian Benson bateu duas vezes na porta de vidro da sala de Jonas Marra, antes de entrar...

– Brian, dude! – exclamou Jonas, avistando o amigo.

– E aí, my man, my brother, tudo bem? – perguntou o guru, entrando.

– Tudo certo, man – respondeu o empresário – foi bom você ter vindo... precisava mesmo conversar.

– Aconteceu alguma coisa?

– Não – respondeu Jonas, levantando-se – quer dizer, nada muito sério... a Manu pediu demissão, Brian.

– Oh, man – exclamou o guru – sério?

– Yeah, dude – respondeu o magnata – e o momento não podia ser pior, já que eu e o Davi também não estamos nos dando bem.

– Você e o Davi? Ué, achei que já tinha se acertado...

– Brian, acredita que aquele muleque teve a ousadia de me acusar de ser o mandante da surra que o Herval levou? Ele falou isso na minha cara.

– Oh, man... sério isso?

– Pois é – continuou Jonas – e a gente quase brigou feio aqui, Brian. E quer saber? Sinceramente, eu não acho que o Davi vai ficar por muito tempo ainda na Marra. Mais dia ou menos dia, ele vai acabar pedindo demissão, man, ou eu vou demiti-lo.

– Djonas – falou Brian, olhando para baixo – eu sei que não foi você que fez aquilo com o Herval.

– Bom saber que você confia de mim, dude. Fico feliz.

– Man, eu sei que não foi você porque... porque fui eu. Fui eu que mandei darem uma surra no Herval, Djonas.

Silêncio. Jonas fitou o amigo, sem saber o que dizer.

– Como assim? – perguntou o empresário, depois de alguns segundos.

– Yeah, man – respondeu o guru, encarando-o – quem contratou dois homens para fazer o serviço fui eu.

– E por que, Brian?

– Eu não sei, man... confesso que não gostei da atitude daquele cara naquela noite, no evento do Regenera... por causa dele, quase foi tudo a perder, Djonas. Ele te insultou, te desafiou, promoveu a maior confusão na festa... havia jornalistas ali, man... quase que o projeto do transumanismo vai por água abaixo.

Jonas Marra passou uma das mãos na cabeça, sem saber o que dizer. Ele nunca esperaria uma atitude daquela vinda de Brian. E sem consultá-lo.

– Eu sei que o que fiz foi errado, man – continuou Brian – eu cheguei a me arrepender logo depois, mas já era tarde. Os caras já tinham ido.

– Brian, você tem noção do que se transformou a minha vida depois disso? Dessa história? Todo mundo desconfiando de mim. Eu quase perdi a Verônica... o Davi veio me confrontar... o Herval tá me acusando. E você me diz que foi você, man?

– Eu sei, Djonas... me desculpe. Eu sei que errei feio. Não pensei que isso poderia acabar te expondo. Você, com certeza, seria o maior suspeito, depois daquela confusão toda na Plugar.

– Quem foram os caras?

– Eu não conheço. Liguei para um número qualquer naquela noite mesmo e contratei o serviço. Foi logo assim que você saiu, atordoado, atrás dele e da Verônica. Fiquei preocupado com você também, com o que poderia acontecer... você saiu descontrolado atrás deles.

– Brian, eu sei me cuidar sozinho.

– Eu sei, man, mas sabe como é... bom, mas se você quiser, eu conto a verdade para todo mundo. Que você é inocente, brother. Eu conto. Sem problemas.

– Esquece, Brian – respondeu Jonas, com as mãos na cintura – deixa isso pra lá. Daqui a pouco todo mundo esquece essa história. Assim eu espero. Não vá também se expor por causa disso. Além do mais, eu sendo culpado ou não, todos irão sempre desconfiar de mim mesmo. Faz parte do jogo da fama, man. Já aprendi a lidar com isso.

– Ok. Mas e essa história da demissão da Manu, Djonas? E a sussessão da Marra, como vai ficar tudo isso?

– Eu vou resolver isso, dude. Se não for a Manu, vai ser o Davi, e se não for o Davi, eu acharei um sussessor a altura da minha empresa, Brian. Não vou me preocupar com isso. Jovem talentoso no Brasil é o que não falta. Aliás, tem o Vicente, meu enteado. O cara é fera.

– Oh, yeah, já fiquei sabendo. Isso aí, man. Otimismo. No final, vai dar tudo certo. Confie.

– Eu confio, Brian. Eu confio.









***************

Após colocar as crianças na cama, Jonas entrou no quarto e encontrou Verônica, deitada, assistindo a um filme...

– Que filme é esse? – indagou ele, deitando-se ao lado dela.

– Não sei... tá começando agora – respondeu ela, virando-se para deitar no peito dele – e eles, dormiram direitinho?

– Como dois anjos – respondeu ele, antes de abraçá-la, enquanto fitava a televisão. Ela o observou.

– Como foi hoje o seu dia? – perguntou, carinhosa – tudo bem lá na Marra?

– Tudo – respondeu ele, sem deixar de mirar a tela –Tudo na mesma. Mas não esquenta comigo. Eu já tô acostumado com esse ritmo. Já enfrentei dias piores. E o seu, como foi?

– Ah, um dia longo, chato, cansativo e tenso – respondeu ela, mas pensou melhor e decidiu não contar a ele tudo o que havia acontecido. Não seria uma boa ideia. Jonas já tinha seus próprios problemas e se ele soubesse que Herval ainda teve a audácia de enconstar-lhe a mão e quase sequestrá-la, isso não ia prestar. Não mesmo. Uma confusão se instalaria. E ela não queria saber de confusão. Suspirou, cansada.

– Que foi que ficou quietinha de repente? – perguntou ele, beijando-lhe o ombro.

– Nada – respondeu ela, forçando um sorriso – tava só pensando aqui...

– Em quê?

– Na gente. Na nossa vida... nos nossos filhos.

– Que que tem?

– Que que tem que nada... e tava pensando também que você tá só me enrolando, né, Jonas Marra? Cadê a nossa viagem de barco? O nosso casamento? Você não tinha me peço a mão? Ou foi tudo um sonho?

– Calma. A gente ainda vai casar e ainda vai viajar de barco também. Fique tranquila. Eu prometo.

– Eu tô tranquila. Claro que tô tranquila – respondeu ela, tentando se desvencilhar dos beijos dele e, de repente, começou a passar mal... ela, então, sentou-se na cama.

– Que foi? – perguntou ele, preocupado – tudo bem?

– Só uma tontura... um mal estar de repente... nada demais.

Silêncio. Ele ficou sem saber o que fazer.

– Tem que ir no médico ver isso então...

– Eu não sei, Jonas – falou ela, com a mão na testa – acho que estou grávida.

– Sério?

– Acho que sim... eu tô tendo enjoos, tontura, mal estar, comendo mais que o normal...

– Comer mais que o normal você sempre comeu, né?...

Ela, então, o encarou.

– Quer deixar de ser implicante?

– Eu tô falando sério – falou ele, rindo – você sempre comeu mais que o normal. Então, quer dizer que agora tá comendo mais “ainda” que o normal. Tá comendo o quê... como três?

– Quer parar? – falou ela, atirando um travesseiro no rosto dele.

– Ah, vem cá então – falou ele, puxando-a de volta para o peito dele – melhorou?

– Um pouquinho...

– Então quer dizer que vem mais um Mini Jonas por aí...

– Mini Jonas – repetiu ela, fitando-o – você é mesmo muito convencido, sabia? Até nisso? Por que tem que ser no masculino, sempre referindo a você? Mini Jonas... e se for menina?

– Aí vai ser uma mini Verônica. Se tivesse uma versão de Jonas no feminino, poderíamos pensar também.

– Ah, que graça! Você é muito engraçadinho.

– Tô brincando – falou ele, beijando-a.

– Sei... Jonas...

– O quê?

– O filme...

– A gente não quer ver esse filme...

– Quer sim – respondeu ela, entre os beijos dele – eu tava vendo o filme...

– A gente grava e amanhã você vê...

– Safado... você é muito safado... isso que você é...

Ele riu e continuou beijando-a. Eles, então, terminaram a noite se amando...

**********************

No dia seguinte, Jonas acompanhou Verônica no médico...

– Bom – falou a médica, sorridente – Verônica, Jonas, meus parabéns – e entregando-lhes o exame – vocês estão mesmo grávidos.

O casal sorriu, enquanto olhava o exame.

– E da pra saber se são gêmeos, doutora? – perguntou Jonas, descontraído.

– Jonas! - repreendeu Verônica - gêmeos de novo, não, né?

– Que que tem?

– Não precisam ser dois. Um tá bom.

A médica sorriu.

– Ainda não dá pra saber, não, Jonas – respondeu em seguida – mas eu te adianto, Verônica, que é possível, sim, que venham mais dois por aí.

– Sério, doutora? – falou Verônica, forçando um sorriso nada animador – jura?

– Imaginem só mais um casalzinho de gêmeos – falou a médica, sorrindo.

– Tá vendo? – falou Jonas com Verônica, que parecia cada vez mais tensa. Jonas achou graça.

– Você tá adorando isso, né? – falou a jornalista pro empresário, em tom de brincadeira – tá se divertindo.

– Relaxa – respondeu ele, beijando-lhe a testa.

– Eu tô relaxada... não pareço relaxada? Mas eu tô... eu tô relaxada.

E ao chegarem em casa, contaram a novidade para os gêmeos, que adoraram.

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