Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 28
Quebradiço


Notas iniciais do capítulo

Hey brother, there's an endless road to rediscover!

Oi gente, quanto tempo em?

Bom, como anteriormente dito, eu reformularei a fic aparte desse cap. 33, e assim será.

Esse capitulo de hoje não está quase nada diferente o anterior, QUASE. Come eu disse, precisava construir uma ideia em cima da antiga ideia, e o capitulo foi, vamos dizer, reciclado.

As diferenças foi a retirada e englobada de trechos no capitulo, principalmente no final(;D) Eu não queria postar agora, mas nem eu mesma aguentava mais não postar sobre Beyond. No entanto assim que este capitulo aqui, terminarei os outro e postarei ainda hoje.

Vou fazer também um revisão nos capítulos anteriores para correção ortográfica (pedido de uma leitora), já que sei que tem muitos , e eu me odeio por isso.

Beijos, e divirtam-se.

Até mais!



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Ele ainda dorme ao meu lado, tão sereno como sempre foi. Meu Peeta, agora mais do que nunca meu. Não me atrevo a interromper tal pureza que é esta atmosfera que nos cerca, o garoto que eu amo não está longe do alcance dos meus dedos, assim como seus lábios que me arrepiam em fascínio.

O que vivemos no dia de ontem ainda enevoa minha mente. Nossos corpos se amando, o calor que era muito mais que apenas um casal adolescente descobrindo a intimidade através do sexo, a vida pulsando em cada batida dos nossos corações. Eu mal consigo pôr os pés no chão, as lembranças me fazem flutuar.

Não senti medo em nem um momento, Peeta me deixou segura em cada ato que fazíamos, temendo me machucar, me dando o tempo certo de senti-lo. Mesmo em um momento assim ele me protegeu, me amou como nem um outro amará, eu sei disso.

É como se eu compreendesse as profundezas do meu entendimento. Cada parte da minha mente despertando para um sentimento que descobrir ao poucos, ironizando o destino que sempre insistiu em nos cruzar, me carregando a superfície de volta para ele.

Tudo está em paz, mas isso me parece tão errado, o silencio transborda como um rio furioso, destruindo a rocha. Os caminhos parecem se afunilar a cada minuto, impedindo o ar de chegar ao pulmões, sufocando conforme raízes perversas que sobem e matam.

Vejo Snow na escuridão que me tornei, seu tom de voz macio ditando nossas vidas, observando o correr de nossos olhos para a direção oposta, um bestante pronto para abocanhar nossos rostos, devorando cada pedacinho de carne.

Todas as ameaças provocam uma dor nos meus ossos. Não vou suportar perdê-lo, não quero isso, definitivamente não.

Algo dentro de min grita em resposta de alerta, me dizendo para ter cuidado com os meus passos, com as minhas palavras. Eu sei, de alguma forma eu sei, nosso tempo juntos está se esgotando, mais cedo ou mais tarde Snow vai cobrar o preço pela minha teimosia, e isso eu não vou poder evitar.

Terei que perder o garoto com o pão sem poder lutar por ele.

Um dia vi estrelas caírem do céu, mas elas viram pó antes de tocarem a terra.

Isso vai me quebrando ao poucos, fragmentos de algo que tenho e se esvai como cinzas o pó, e eu... eu não passo de vidro despedaçado caindo como chuva prateada.

Não percebi quando Peeta acorda, ele me olha com tanto carinho, toca meu rosto com as mãos, beijando-me a testa que fecho os olhos para sentir seus lábios ali. Abraço-o com força, tentando nunca esquecer seu corpo no meu, a sensação dos seus braços quentes ao meu redor.

Minhas lágrimas são incontroláveis, sou uma pessoa terrível por estragar um momento como esse, isso deveria ser romântico, mas estou vendo céu caindo toda vez que fecho os olhos.

Oh! Mas que tolice a minha.

– Está tudo bem, querida... – sussurra ao meu ouvido.

Abro a boca para me desculpar com ele por está chorando. Antes disso, Peeta me cala com um simples sorriso de canto. Então, nos procuramos outra vez, pertenço a ele novamente em carne, cor e alma.

Durante um tempo que não pude contar, deixo todas as minhas preocupações sumirem, tornando-me totalmente vulnerável as peles que se conhecem devagar, aos dedos que causam arrepios, as línguas que se lambem de prazer.

Me permito ir sempre ao seu lado.

***

Acho que dormi outra vez, pois quando abro os olhos novamente Peeta não está mais na cama. Meu corpo inteiro dói quando me movo, suspiro na tentativa de aliviar a pressão dos músculos quando me sento.

Reparando nas marcas de dedos em meus pulsos devido aos apertões que recebi ontem à noite. A dor na parte interna das minhas coxas são as que mais incomodam. No calor do momento é claro que não senti nada, mas com os músculos relaxado, meu corpo começa a pagar o preço de um primeira vez.

Não faço ideia onde minhas roupas foram parar, tenho que entrar no closet de Peeta para pegar uma de suas camisas que são duas vezes maior que eu.

Olho em volta o quarto completamente bagunçado, os lençóis arrastando no chão, um par de travesseiros jogados no canto, algumas peças de roupas debaixo da cama. Me pergunto como elas foram parar lá? E eu não me lembro de termos derrubado aquele abajur.

Desço as escada encontrando ele na cozinha, virado para a pia, cantarolando um canção tranquila. Abra-o por trás sem quer interromper o que faz, ele por sua vez não me dar atenção, continua cantarolando e esfregando a lousa. Não me chateio com isso.

Fecho os olhos sentindo o seu cheiro tão masculino, ouvindo atentamente os sons que ele murmura, posso dizer que a gravidade não existe nesse momento, eu estou flutuando em seu infinito.

Ao acabar, enxuga as mãos em um pano de pratos preso a sua cintura, e se vira para minha. Me abraça e me beija, suspirando ao olhar meu rosto tão menino quanto ele é.

– Sabe? Você fica linda com minha camisa – escondo meu rosto por vergonha –, melhor até do que eu.

– Ah, para com isso. E eu fico linda de qualquer jeito. – também jogo um charminho.

– Concordo plenamente.

Ele envolve minha cintura em seus braços, e eu faço o mesmo em seus ombros, começando mas uma longa sessão de beijos, e não demora muito para as mãozinhas bobas de Peeta chegarem até um pouco depois dos meus quadris.

– Está com fome? – pergunta juntando seu nariz com o meu.

– Você não sabe o quanto. – nós dois rimos da minha resposta.

Não reparei que o café da manhã já estava pronto, as costas de Peeta me distraíram. A mesa está bem recheada, pães, queijos, bolinhos, geleias, e até chocolate para se deliciar, tudo exalando uma cheiro magnifico.

Mas o que mais me surpreendi foi a delicadeza feita por Peeta em forma de flores. Um punhado de prímulas em copo de vidro, brilhantes ainda pela manhã, assim como o sorriso de Prim.

Minha irmã nascera no inverno de 13 anos atrás, e assim com as prímulas que conseguem sobreviver ao inverno, Primrose veio a este mundo com a mesma delicadeza das flores.

Talvez, mas só talvez, eu pudesse construir um muralha em volta de nós, cercaria nossas vidas na costa de uma bela montanha com uma lago, e poderíamos ver o céu queimar quando o sol se fora.

Mas quem sabe ao certo não seria esconder cada uma deles dentro de mim? Construiria uma casa destro da outra, isso seria mais prudente.

Não demoramos em comer, eu já havia passado um noite inteira fora de casa, lembrei que deixei Prim sozinha com nossa mãe desacordada, precisava voltar para lá urgente.

Peeta me ajuda a encontrar minhas roupas, me troquei na sua frente mesmo e não senti nem um pingo de vergonha disso, o que é surpreendente para mim mesma, Peeta apenas rir do meu jeito apressado e desajeitado de pôr as roupas.

Me leva até a porta prometendo ir até minha casa mais tarde, me vigia até que eu atravessasse a rua com segurança, e me espera entra em casa para voltar para sua.

Sempre cuidando de mim...

Prim e minha mãe estavam aconchegadas no sofá da sala, com as pernas cobertas por edredons, retirei as botas me juntando a elas a mesma monotonia. Mamãe está entre minha irmã e eu, me envolvendo em seu abraço quando me encosto nela.

– Onde esteve, filha? Estava preocupada.

– Fiquei na casa do Peeta, ele precisava conversar.

Eu não quis mentir para ela, mas também não podia contar a verdade. Ela certamente iria arrancar os cabelos se soubesse que eu havia me relacionado intimamente com um homem, quando voltei dos Jogos namorando, disse que eu era muito nova para isso.

Mesmo ela adorando Peeta como adora, iria ficar furiosa com ele, e nos proibiria de nos vermos além de esfolar nossas peles vivos, então que seja melhor omitir.

– Vocês estão bem?

– Estamos. – Prim responde – Ninguém veio quando você saiu, acho que a Vila é o único lugar no Distrito que o Pacificadores têm receio de vim.

Pondero o que Prim disse, talvez depois de um dos novos Pacificadores terem agredido Sony, e quase atirar em Peeta, eles tenham ficado com uma certa cisma. Tenho a absoluta certeza de que não se atreveriam matar um de nós, um vencedor, e se isso acontecer, esse Pacificador morrerá em seguida.

– Ouvimos tiros vindo da cidade mais cedo. – minha mãe diz depois de um tempo em silencio – Você não ouviu?

– Não... – dou um longo suspiro cansado – O que será do nosso Distrito, mãe?

– Eu não sei, querida. Eu não sei.

Ela faz carinho nos meus cabelos, me deixando mais relaxada, me deixando protegida. Há muito tempo não permito que faça isso, eu sempre fui a provedora, fazendo de tudo para que não morrermos de fome, enquanto ela se afogava em seus lamento, que me esqueci do que é ter uma mãe, do que são seus beijos na testa ao se despedir a noite, a sensação do seu toque quando tinha febre.

Será que é tarde para recuperarmos esse tempo perdido? Tomara que não.

Passamos praticamente o dia inteiro naquele sofá, nós três, como nunca ficamos antes, agarradas uma a outra, observando a neve cair pela janela.

Peeta chega perto do fim da tarde. Beija Prim, abraça minha mãe com respeito, ele me convida para ir até a casa de seus pais com ele, queria ver como Sony estava.

Caminhamos devagar por causa da neve que começava a cobrir toda a estrada. Passei meu braço pelo dele sem ligar para os olhares que receberíamos as poucas pessoas que encontramos no caminho.

Já chegando a cidade, vejo a praça um cena que me choca, existem estruturas de metal que lembram um pelourinho, pelo menos duas pessoas estão algemadas a estrutura, um deles com as costas rasgadas, ajoelhado no próprio sangue.

As ruas estão quase que desertas, só uns aqui e ali, Pacificadores também rondam a área, nos olhando como águias espreitando um ratinho indefeso.

Existem muitas perguntas eu gostaria que tivessem respostas, mas eu sei que o fato da mudança dos Pacificadores, e a violência com que eles tratam minha gente, é coisa do Snow, sei que ele está me punindo, foi a forma de ele encontrou por causa das minhas amoras. Sei também que isso é só o começo do que ele pode fazer.

Snow me avisou que isso aconteceria. Minha missão era controlar os tumultos nos outros Distritos, apagar o fogo que eu havia incentivado, mas falhei, a prova disso está a poucos metros de mim. Medo e terror afogam qualquer resquício de coragem nos homens.

Ao chegarmos na padaria, encontramos apenas Sasha sentado atrás do balcão, ele abraça cada um de nós, posso ver o quanto ele está cansado. Ele diz que o resto do pessoal está no primeiro andar, fico receosa de subir com Peeta, já que a mãe dele não vai muito com a minha cara, mas tanto ele, quanto Sasha me convencem de ver Sony, afirmando que ele ficará feliz em me ver.

Não escondo o meu desconforto quando subo dos primeiros degraus da escada, aperto a mão de Peeta com forço temendo os olhos de fúria da senhora Mellark. É engraçado que alguém que já enfrentou fome, frio, um arena, e quase morreu tenha medo de uma mulher tão pequena e desprezível.

Assim como a maioria dos comerciante, a casa dos Mellark não é diferente, um imóvel de dois andares onde a loja é em baixo, e a residência em cima. Não é muito grande, porém suficientemente confortável, as paredes da sala são de um amarelo pálido que eu não havia reparado antedês quando vim aqui da primeira vez.

Existem muitos moveis em toda casa, diminuindo ainda mais o espaço do lugar. Peeta nos guia até o corredor – desse me lembro – que leva aos quartos, o último, a esquerda é o quarto dos irmãos dele.

A porta está entre aberta, podemos ouvir vozes baixinhas, e aí a surpresa esperada. Ela sai do quarto se assustando tanto quanto nós ao nos ver.

No seu rosto não tem muitas rugas, nem seus cabelos castanhos, quase loiros, têm fios grisalhos aparentes, o que me faz entender que ela é tão jovem quanto minha mãe é.

Os olhos verdes esfumaçados são exatamente como os das pessoas da Costura, exatamente como os meus. Nora Mellark me observa de cima a baixo, parando nos meus dedos entrelaçados aos dedos do filho.

Encolho os ombros instantaneamente, como se meu corpo preparasse um alto defesa congelando cada um dos meus músculos de tensão.

– Não quero essa garoto da minha casa. – calmamente ela diz ainda me olhando.

– Essa casa também é do meus pai, e dos meus irmãos – Peeta retruca no mesmo tom de voz –, eles adoram a Katniss, ela pode vim aqui quando ela quiser, além de estar comigo, é claro. Não pode me proibir de trazer quem eu quero na casa do meu pai, querida mãezinha.

– Seu insolente! – ela esbraveja com os dentes trincados – Eu te pari, trouxe a sua maldita vida a esse mundo, te alimentei do meu seio e te vesti com meu trabalho, você me deve o mínimo respeito por isso.

As palavras dela são como arames farpados enfiados devagar na pele, a língua que rasteja feito cobra deu o seu bote. Sinto Peeta apertar meus dedos com mais força, em seu rosto posso ver que tem dor, raiva, rancor.

Apesar dele nunca ter me falado nada do seu relacionamento com a mãe, sei que ele sofreu com a rejeição, que ela sempre foi dura com ele, e usava de palavras, a pior arma que existe, para feri-lo.

Eu já fiz o mesmo, mas no meu caso foi o contrário. Já devo ter dito muitas palavra duras a minha mãe sem perceber.

– Do que está me cobrando mãe? Eu sempre fui sua vergonha, não fui?

Ele não espera que ela diga algo, me puxa junto para o quarto fazendo nossos ombros esbarrarem sem querer quando passo por ela.

Assim que entramos, vejo Gabriel respirar fundo, relaxando o rosto em seguida, nos dando uma sorriso amarelo, acho que ele pôde ouvir muito bem as palavra ditas a porta, temo não ser a primeira vez que Peeta e a mãe discutem. Está sentado numa cadeira perto da cama onde Sony dorme.

Sony está bem machucado, o rosto não tão inchado quando ontem, mas a aparência não é nada boa. Gabriel diz que conseguiu alguns analgésicos do farmacêutico da cidade, e Haymitch tinha vindo deixar os morfináceos que Peeta pediu ainda ontem, e isso o ajudou a ter menos dores.

Eu estava certa. Sabia que Peeta não havia se livrado dos seus morfináceos, o meu medo de que ele os voltasse a usar para se drogar me provocava arrepios, mas pelo menos ele deu o remédio para o irmão pelo motivo certo.

Gabriel nos conta também sobre os novos Pacificadores. Descubro um pouco mais sobre o Pacificador Chave, Romulus Thread; Ninguém sabe onde foi para o velho Cray, só se sabe que ele e mais um punhado de Pacificadores antigos no Distrito desapareceram, entre eles Dárius.

Me assusto ao saber de Dárius sumiu com os outros, ele não era exatamente um amigo, mas era um rapaz gentil que sempre conversava comigo e me fazia rir, nem parecia ser um Pacificador de tão convidativo que era com as pessoas. Rezo para que de alguma forma ele tenha fugido, no entanto tenho quase certeza de que isso não aconteceu, e que fizeram mal a Dárius.

Thread vasculhou o 12 de cabo a rabo, punindo cada um com quem encontrava mercadorias ilícitas. Houve chicotadas durante a noite toda até o amanhecer, os que ainda estão presos nas estruturas de metais estão sendo expostos a seus crimes.

Peeta convence seu pai a fechar a padaria só pelo dia de hoje, para que nem um Pacificador tente alguma coisa, pediu também para que o ligassem casso algo acontecesse. Sua atitude de fazer com que Gabriel e Sasha descasem rendo mais um breve discussão com sua mãe.

Ela começa a xinga-lo novamente, dizendo para ele não se meter no ganha pão da família, já que Peeta não os ajuda em nada mesmo sendo rico. Peeta retruca afirmando que ajudaria se Gabriel não fosse tão orgulhoso.

A coisa começa ficar feia, a senhora Mellark chega até a erguer a mão para bater nele, mas eu me meto no meio, puxando Peeta para irmos embora.

Peeta pode ser calmo, paciente de todas as formas, mas quando ele se enfurece não quero estar na pele de quem se meter com ele.

Continuo segurando sua mão, andamos devagar, aos pouco a adrenalina deixa nossos corpos. Mal percebi que estava indo em direção ao Prego.

Não sobrou muita coisa, o prédio era velho, o fogo fez com que o teto desabasse, do lado de fora as paredes estão completamente enegrecidas assim como a fuligem que escorria sobre a neve branca.

Centenas de famílias tiravam seu sustendo do Prego, e agora sobrou apenas cinzas do que um dia foi o lugar mais prazeroso de se está nesse Distrito. Ainda posso ouvir os sons das risadas aqui e ali, crianças correndo, um homem e seus coelhos de estimação, tudo parado em um tempo perdido.

A neve começa a cair mais intensamente agora, os dias passam devagar, mais pessoas sofrem no 12, a cada dia no mínimo vinte ou trinta pessoas chegam a minha casa buscando ajuda da única curandeira que conhecem. Minha mãe começa a trabalhar como nunca, em duas semanas quase todo o seu estoque de remédios acaba, e aí ela tem que improvisar.

Se existe uma rebelião em Panem ela não chegará ao Distrito. Cheguei até a pensar em... possivelmente instigar um revolta por aqui, mas devidas as circunstâncias vejo que não resistiríamos muito tempo uma guerra contra a Capital.

Não mesmo.

Minha mãe já não cobra mais pelos seus serviços, pelo contrário, agora ela além de cuidar dos paciente, também os alimenta. Me acostumei a ver minha casa cheia todos os dias, na maioria da vezes sou eu que sirvo chá as pessoas. Algumas das mulheres trazem seus filhos, com Prim se ocupa ajudando minha mãe, fica por minha conta vigia-las.

Improvisamos camas na sala para aqueles que precisarem de observação possam dormir sob os olhos de minha mãe. Eu nunca tinha visto o quanto Páris Everdeen é um mulher forte até hoje, desde que perdeu meu pai ela nunca mais foi a mesma, mas agora, ela parece ter tirado forças dos ossos para enfrentar esses dias.

Peeta faz uma quantidade exacerbada de pães quase todos os dias. Faz isso par que possamos distribuir porções para todo o distrito, principalmente para quem trabalhava no Prego.

Separamos a quantidade certa de acordo com o número de membros da família, junto com um garrafa pequena de leite fresco que Prim tira todas as manhãs de Lady, sua cabra.

Não vejo Gale desde a nossa última discussão, também não faço a menor questão em ver aquele egoísta. Se Gale não sabe o que quer da sua vida, eu sei bem o que quero da minha: ele tem olhos que mergulham até a alma, e cabelos como o sol no amanhecer.

Peeta e eu passamos mais algumas noite juntos, tudo é novo para mim, mas nada estranho, sei que ser amada no corpo é uma das maneira mais puras que ele tem de demonstrar o que sente por mim.

Ele já esteve com outras mulheres – algo que eu detesto me lembra, principalmente porque foi a Capital quem o obrigou a se vender –, porém Peeta sempre me diz que desde a nossa primeira vez, foi como se o corpo dele apagasse os outros que ele conheceu um dia. A sua alma estava perdida, e a minha alma a reconstruiu de novo.

Passamos horas trancados no quarto, perdidos em um mundo só nosso, onde o prazer flui com os gemidos de nossas bocas. No final da transa sobra alguns centímetros de peles arranhada, marcas nos pescoços, e suor molhando nossos lençóis.

Peeta sussurra nos meus ouvidos o quanto me ama antes que eu adormeça em seus braços.

Mas de uns dias para cá Peeta está estranho, ele passou a me olhar com uma certa ternura que ele não demonstrava antes, beija meu rosto acariciando meus lábios com a ponta dos dedos, observa cada um dos meus movimentos sem deixar nada escapar das suas vistas.

Ele toca meu corpo com tanta delicadeza, que mais parece que sou feita de porcelana e ele tem medo de me quebrar. Desenha a forma dos meus seios quando os beija, descendo lentamente até meus pés.

Seus olhos estão tão distantes, isso me assusta.

Hoje, passo praticamente o dia inteiro sem vê-lo, já é quase hora do jantar, mas aqui em casa não se tem um horário exato para as refeições devido a agitação constante de pessoas.

Entro na casa dele reparando nas poucas luzes acesas. Posso ouvir o som da vitrola tocando na sala, a música lenta cheia de violinos e piano, é tão triste. Peeta está sentado na poltrona perto da janela, com uma taça de vinha nas mãos, já há duas garrafas vazias, e ele vai na metade da terceira.

Estica a mão ao me ver, dano-me um tímido sorriso. Sento-me em seu colo, lhe beijo calmamente sentindo seu calor, a boca tem gosto de vinho e ele está cheirando a álcool, não gosto quando ele extrapola na bebida, sabe disso, mesmo assim ele faz.

– Não acha que já bebeu demais por hoje?

Tento negociar sendo evasiva, mas Peeta me ignora totalmente. Em vez de retrucar ele me beija novamente, acalentando meus cabelos, e as curvas dos meus rosto.

– Minha vida... – ele passa as costas nas mãos nas minhas bochechas – Eu te amo tanto Katniss Everdeen.

– Eu também te amo, Peeta.

Peeta inspira profundamente fechando os olhos com força, então ele deixa seu rosto ser molhado por lágrimas, então percebo o quanto ele está tremulo. Só vi Peeta chorar uma vez, e foi em um momento de desabafo, mas agora não entendo o porquê do choro.

Vê-lo assim me atordoa.

– O que foi meu amor? – Peeta abre os olhos que estão limpos como o céus no verão – Me diz o que está acontecendo com você?

– Preciso te deixar ir.


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Notas finais do capítulo

Ahh... como perceberam, eu mudei de nome.
Mas ainda sou eu tá :)



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