P.O.V Aria

–Pensei que havíamos progredido -Ben diz

–Não mandei você se foder acho que isso quer dizer que progredimos, não? -digo

–Mas você nunca fez isso -ele observa

–Se quiser posso resolver esse problema agora -digo em tom ácido

Não estou com a menor paciência para isso e sei que ele percebeu isso desde que começamos essa sessão

–Acho que já percebeu que não vamos chegar a lugar nenhum então podemos acabar por hoje? -pergunto

Nesse momento as coisas que aconteceram noite passada me vem a mente, o modo que eles se olhavam, o fato dele não ter nem se quer se importado por eu ter ido embora, sinto minha visão ficar embaçada por conta de lágrimas que começam a se acumular em meus olhos

“Não é hora pra isso, controle-se!"

Enxugo as lágrimas com a palma da mão e me levanto

Eu teria saido da sala se ele não tivesse segurado meu braço

–Pode me contar o que está acontecendo, não precisa me ver apenas como seu psiquiatra e sim como amigo -Ben diz ficando de pé

É talvez eu tenha perdido tempo de mais com Tate, porque nunca parei para reparar no quão gato é meu psiquiatra

–Realmente quer saber? eu sou uma idiota completa apenas isso, andava por aí com um lema de vida que era em síntese “o amor é uma merda ,por isso nunca vou gostar de ninguém" mas aí cheguei aqui e magicamente eu passei a sentir algo por alguém e no fundo eu continuava tendo a certeza de que só ia me ferrar porque ele nem se quer sente algo por mim e eu sempre soube disso, e é algo tão patético da minha parte ter tentado mesmo assim, mas eu estava me sentindo bem, pela primeira vez em bastante tempo eu consegui voltar a confiar e dar importância a alguém em minha vida, mas ontem eu fui obrigada a lembrar que a vida é uma merda -digo sem entender o porquê de ter falado tudo isso para ele

–Ok acho que enlouqueci de vez, por que disse isso tudo a você? -falo

–Talvez porque finalmente esteja confiando em mim, pelo menos foi o que a nossa consulta passada e essa mostraram -ele diz

–Naquele dia foi diferente eu estava falando sobre Mary hoje não -digo

–Acabamos por hoje -digo saindo da sala sem esperar resposta

Subo para meu quarto depressa e ao entrar vejo Tate sentado em minha cama

–Por que está aqui? -pergunto tentando manter meu tom de voz calmo

–Acho que preciso me explicar pelo que aconteceu ontem -ele diz se levantando e vindo em minha direção

–Você nao precisa explicar porra nenhuma, as coisas ficaram bem claras, aliás já estavam bem claras desde que começamos com isso que tivemos,na verdad ficou claro no dia em que eu prometi para mim mesma que estaria com você sempre que precisasse, eu sempre soube que você a ama, só que mesmo assim eu decidi tentar e de certo modo foi bom, eu pude ter certeza que a maneira que eu vivia antes de vir pra cá era melhor para mim, obrigada Tate -digo

–Eu...-ele tenta dizer algo mas levo meu dedo indicador até seus lábios mostrando que quero que ele cale a boca

Ficamos alguns instantes em silêncio, não olho em seus olhos em nenhum momento pois sei que se eu fizer isso vou acabar fazendo coisas das quais vou me arrepender

–É...depois de ontem ficou óbvio que seja lá que merda a gente tinha acabou mas tem uma coisa que preciso fazer antes de te mandar sair, porque você precisa saber que independente do quanto goste de Violet ela nunca vai ser melhor que eu -digo e o beijo

Minhas mãos vão em direção aos seus cabelos enquanto as dele estão em minha cintura

Antes que eu perca o controle me afasto dele e ainda com a minha máscara de superioridade digo:

–Isso foi só para deixar as coisas bem claras, você vai voltar com Violet mas nunca vai me esquecer, porque eu sou o melhor que poderia querer, agora pode por favor

Ele parece bem chocado com as coisas que eu disse, talvez porque não achasse que eu podia ser tão fria ou talvez porque ele já me conhece tão bem que sabe que estou mentindo descaradamente e que no fundo não estou nem um pouco bem, apesar de acreditar mais na segunda opção mantenho minha expressão

E em silêncio ele sai do meu quarto, antes de fechar a porta ele me lança um último olhar que me faz ter vontade de gritar “por favor volta, eu preciso de você" mas não digo nada