Eu preciso dizer que te amo escrita por Lizzie Marins


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Tentei descrever o que eu achava que se passava na cabeça da Du...
Repito, primeira fic, tenham paciência...



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Por Eduarda

Acordei cedo, antes mesmo de o sol raiar. Mal consegui pregar os olhos, e o pouco que dormi foi um sono agitado, repleto de pesadelos. Não conseguia desligar a mente um só minuto, será que estou grávida? Não... Existe uma cota de coisas ruins para acontecer na vida de uma pessoa e, definitivamente, eu já havia estourado a minha a muito tempo. Resolvo sair da cama, ficar aqui deitada não vai adiantar nada... Me levanto e escuto os passos de minha mãe preparando o café da manhã na cozinha, acho melhor escapulir antes que ela me veja, sei que ontem ela não engoliu minha desculpa de que estava passando mal por ter comido algo estragado. Ela tem as antenas bem ligadas e eu prefiro não sofrer por antecipação. E afinal tudo não passa de uma suspeita, não tenha sentido mais nada depois daquilo... Deve ser apenas stress! É o que repito para mim mesma enquanto caminho pelas ladeiras ainda vazias do meu bairro.

“– O que será que o João deve estar fazendo agora? Com toda certeza deve estar no sétimo sono, imagina se o Lucas estaria acordado antes das 7h da manhã?”

Me repreendo por pensar nele, aposto que ele nem se lembra que eu existo... Tudo bem que ele andou me telefonando, mandando mensagens... Aposto que levou outro fora daquela ruiva e queria companhia para sair, afogar as mágoas, só que para mim chega, dei um basta naquela situação. A verdade é que a minha amizade com o João sempre foi muito desgastante para mim... Ele sempre aprontando, sumindo, se drogando, passando dos limites e eu ali, pisando em ovos, fazendo o possível e o impossível para que ele estivesse em segurança, quase um guarda costas (um guarda costas de 1.68 e 52 kg... kkkk) ou um anjo da guarda como ele sempre gostou de me chamar... A verdade é que nesses anos todos acho que pensei mais nele do que em mim. Até trancar a faculdade eu tranquei... A desculpa que dei a mim mesma, aos meus pais e ao resto do mundo é de que não tinha certeza de que ciência da computação era a minha vocação, pode? Justo eu tão apaixonada por tecnologia. É óbvio que meu curso tinha muita coisa chata, como toda graduação, mas a parte legal superava e muito a parte tediosa... Só de pensar naqueles laboratórios cheios de máquinas de última geração e internet com alta velocidade de verdade meu coração palpitava! (tudo bem que como aluna de 2º semestre eu ainda não tinha pisado num desses laboratórios, ainda estava na parte teórica da coisa, mas em pouco tempo chegaria lá).

O que realmente aconteceu é que não consegui conciliar o ritmo das baladas e bebedeiras com a rotina da faculdade... Também pudera, quem consegue acompanhar uma aula de cálculo 2 depois de passar a noite dançando funk e enchendo a cara? Sei que deveria ter dado um tempo nesse ritmo frenético, que deveria ter feito como todo universitário que se preze e ter deixado as festas para o fim de semana, até tentei, juro que tentei, mas daí o João Lucas me telefonava em plena quarta feira dizendo que tinha uma balada incrível na Lapa, que eu não podia perder, que a gente ia se divertir muito e tudo o mais... Eu tentava argumentar, dizia que tinha aula no dia seguinte não podia ir e então ele se irritava, dizia que eu era uma traíra, que iria sozinho e que minha companhia não faria falta! Nessas ocasiões eu sentia um aperto enorme no coração e uma preocupação imensa me invadia a mente: Será que ele vai se meter em alguma confusão? Será que ele vai sair por aí dirigindo bêbado e colocando em risco a vida dele e a dos outros? Será que ele vai misturar ecstasy com vodka de novo e vai parar no hospital? Então eu voltava atrás e resolvia ir junto para cuidar do meu amigo...

Não sou hipócrita é óbvio que eu me divertia bastante nessas nossas escapadas! Quantas histórias maravilhosas nós dividimos dessas nossas loucuras! Como da vez que ele furtou o iate do pai dele da marina só pra gente fazer uma festinha no meio da Bahia de Guanabara, uma das periguetes que ele estava pegando caiu no mar e quase se afogou, por pouco não terminou em tragédia (confesso que morri de rir quando o marinheiro resgatou a menina toda molhada e borrocada...). Ou então daquela outra vez que ele fechou a área vip de uma boate badalada só para a gente quando eu reclamei e disse que não iria com ele porque lá era muito apertado e viviam pisando no meu pé! A verdade é que é ótimo ter um amigo milionário e que banca suas noitadas né?

Só que esses nem eram nossos melhores momentos, sabe do que eu mais gostava? De ficar na casa dele, esparramada no tapete do quarto jogando Fifa 14 e comendo aquelas maravilhas que saem da cozinha dos Medeiros Mendonça e Albuquerque... Mas chega de pensar nisso! Repito para mim mesma: - Eduarda essa não é e nunca foi a sua realidade! E vamos tentar dar um jeito nessa vida!

Olho para o céu e o sol já está quente, devo ter caminhado por mais de uma hora. Pego o celular e confirmo são oito e quinze e eu estou morrendo de fome... Voltar para casa nem pensar, minha mãe iria começar a sessão tortura de perguntas e indiretas (eu te avisei... Um dia aquele playboy vai se cansar de vc e aí? Como a senhorita vai se virar?). Não sei o que me doía mais, pensar em escutar essa e outras barbaridades da boca da minha mãe ou constatar que ela está certíssima. É... Acho melhor comer alguma coisa na rua mesmo, e nesse caso nada como o bar do Manoel: Suco fresquinho, comida honesta e barata, afinal, hoje sou eu quem pago meu café da manhã...

Enquanto caminho sinto meu coração ficando em paz! Pela primeira vez em semanas eu consigo vislumbrar uma luz no fim do túnel. Hoje mesmo vou até a Universidade para destrancar a minha matrícula, está na hora de retomar a minha vida, e estudar com toda a certeza vai me ajudar e não pensar no Lucas, quem sabe eu não faço novos amigos por lá? É... Eu tenho 20 anos e uma vida cheia de possibilidades! É nisso que eu vou me agarrar, chega de cuidar de marmanjo, agora eu vou cuidar de mim.

Chego ao bar do Manoel morrendo de fome, e o mais importante me sentindo ótima. Peço um queijo quente e um suco de laranja com acerola... É impossível não se lembrar do Lucas ao entrar nesse lugar (nosso point favorito de fim de noite, para tomar um suco e subir um pouco a glicose, hehehe). Trato de afastar essas lembranças da minha cabeça e começo a mexer no celular, nenhum telefonema ou mensagem: “ - Melhor assim, não caio em tentação...” Seu Manoel chega trazendo o meu pedido, ótimo, estou morrendo de fome e o sanduba parece apetitoso! Dou a primeira mordida feliz, mas logo aquela sensação horrível volta com tudo, um enjôo que mal consigo segurar até chegar ao banheiro, coloco pra fora tudo que tinha no estômago e fico tonta... Lavo a minha boca e o meu rosto... E quando acho que tudo acabou a náusea volta com toda força; vomito novamente e não consigo mais segurar o choro, não posso continuar negando para mim mesma que tem alguma coisa errada, enjôo matinal dois dias seguidos, menstruação atrasada, eu preciso tirar essa dúvida da minha cabeça. Me recomponho, respiro fundo e pago a conta. Seu Manoel pergunta se está tudo bem, eu desconverso e saio de lá correndo, pois preciso encontrar uma farmácia.

Entro na farmácia e visualizo uma atendente (ainda bem, prefiro que seja uma mulher...) peço um teste de gravidez, ela saí para buscar e volta com uma caixinha nas mãos... Pergunto se é seguro e ela me garante que sim! Pago e saio de lá com o saquinho na mão. Preciso me acalmar e encontrar um lugar seguro para fazer esse teste (a minha casa definitivamente está descartada, sei lá se vou conseguir me controlar se der positivo...). Lembro do salão da Xana, lá é seguro, tranqüilo e tenho certeza que vou poder usar o banheiro; chegando lá encontro a Naná fazendo as unhas de uma cliente:

“- Oi Naná tudo bem? E a Xana taí?

– Oi Du, entra aí menina... A Xana foi até o supermercado, saiu ainda agorinha, acho que demora um pouco, é só com ela?

– É sim... Tô precisando retocar a minha raiz, volto mais tarde... Naná será que eu posso usar o banheiro?

–Claro Du, fica a vontade... Já sabe é essa portinha a esquerda”

Agradeço e entro no banheiro, mal posso respirar de tanta ansiedade, sigo as instruções da caixinha e espero os três minutos que parecem intermináveis... Resolvo esperar cinco minutos que é para não ter dúvidas... Pego aquele palitinho em minhas mãos e olho o resultado, está lá duas listrinhas bem nítidas que não deixam espaço para dúvidas: Estou grávida! Duas listrinhas que mudam a minha vida, duas listrinhas que são a minha sentença: “-Estou perdida!”.


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