Gélido escrita por SH


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

A última temporada foi repleta de feelings johklock! O final de The Sign of Three foi tão triste, a expressão do Sherlock depois de dar a notícia para o Watson e a Marry, ele saindo da festa, como se não fizesse parte daquilo. Me partiu o coração. Foi nesse episódio que eu tive CERTEZA que o Sherlock sente algo a mais pelo John, mas é algo tão puro que ele prefere sair desse círculo que o Jonh e a Mary são que magoá-los (♥ ! !).

Bom, eu precisava compartilhar isso com alguém OPAZKAOZPKZ.
Por isso, essa one ~eu só consigo fazer ones~ é com esse clima dramático, mas ainda sim "felicidade do John acima de tudo".

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/560883/chapter/1

A toalha branca circundava a cintura de Holmes enquanto gotas mornas escorriam pelas costas desnudas. Ele parou ao encarar a cama, e um sentimento que o estava corroendo havia algum tempo o invadira outra vez.

Ali, naquela cama, estava o terno e gravata que Holmes usaria no dia seguinte, no casamento de John.

Ele havia ficado igualmente surpreso e honrado ao ser chamado por John para ser o seu padrinho de casamento, porém um sentimento maior que ambos era a dor. Uma dor que Holmes não sabia nem de onde, nem porque estava ali. Só quando John saiu do antigo apartamento da dupla, atual apenas de Sherlock, ele a sentiu. Seu coração pesava e ele não sentia vontade de sorrir, sem John ali também não fazia sentido sorrir.

Até mesmo Mrs. Hudson notava que o detetive não estava com a mesma empolgação de meses atrás. Toda vez que ela falava animadamente sobre o casamento de John, ela via o olhar opaco de Sherlock alcançar o chão.

Holmes deixou a toalha escorrer ao piso e apanhou uma blusa e calça brancas. Não se dando nem o trabalho de pentear os cabelos que John já chegou a comentar serem bonitos. Ao trazer essa lembrança à tona, um sorriso fraco tomou o rosto de Sherlock e o seu coração só pesou mais.

Melhor amigo, foi assim que John chamou Sherlock no dia do convite para o apadrinhado. Ele tentou titular John assim também, mas havia algo estranho, errado. Melhor amigo ainda parecia pouco para se referir à John. O médico era mais que um amigo ou um melhor amigo, eles eram... companheiros. John era sua dupla; enquanto Holmes era a cabeça, Watson era as mãos; Holmes o raciocínio, Watson a sensação. Holmes a frieza, Watson a afetividade.

Sherlock já tinha experimentado a sensação de perder John algumas vezes, era algo como essa dor de agora. Como se ao casar-se ele deixasse de ser seu John, ou talvez Holmes que deixasse de ser o seu Sherlock.

O detetive deitou-se no chão gelado, e aquilo parecia conforta-lo, era como se o chão dissesse que Sherlock não era o único frio, que o coração que Sherlock possuía a mesma algidez que aquele piso escuro; e ali ficou.

"Sherlock!" a voz de Mrs. Hudson vinha distante "O que está fazendo deitado no chão, Sherlock?"

Ele abriu um pouco os olhos, o suficiente para querer fecha-los outra vez. Sentiu os dedos finos de Mrs. Hudson agarrarem seu braço e sacudir o corpo fraco de Holmes. Ela dizia para abrir os olhos, mas ele não tinha vontade. Ela pousou a palma da mão sobre sua testa quente e o soltou.

"Está queimando! Deus, vou ligar para John!"

Ah, aquele nome. Era quase um entorpecente.

Ao ser chamado novamente, Sherlock abriu os olhos, pois a voz era de John.

"O que houve com você?" Watson checou sua temperatura e assumiu uma expressão preocupada no rosto. Ergeu o corpo de Holmes para colocá-lo em cima da cama.

"Mrs. Hudson, tire essas roupas daqui." e ela carregou o terno e gravata para longe. "Sherlock! Sherlock! Deite-se."

Ao sentir o conforto da cama em suas costas Sherlock segurou fraco o pulso de John, que tentou soltar-se.

"Eu preciso trazer um pano molhado e um chá para você, eu já volto."

"Fique."

"Não, Sherlock, eu tenho de-"

"Fique aqui... deite-se comigo..."

Sherlock ainda sentia vontade de fechar os olhos, mas ele sentia mais vontade ainda de olhar para o rosto do médico. As sombracelhas erguidas, a boca entreaberta, o cabelo arrumado, como sempre. O pulso de John ainda estava preso pelos dedos de Sherlock, que escorregou a mão para a de John. Sherlock sentiu o anel de noivado no dedo de Watson e conteve a vontade de tira-lo.

John apretou a mão suada de Holmes, e foi puxado para a cama. Caiu em cima do detetive, com ambas as pernas, uma de cada lado, do corpo de Sherlock, e as mãos abertas no colchão entre o rosto do detetive. Aquela era uma situação tão estranha e tão constrangedora, mas Holmes parecia não se importar.

Sherlock colocou as mãos nas coxas de Watosn, que subiram para a cintura, passando pelos ombros e chegando ao rosto. Ao rosto corado de John. Ele tinha as sombracelhas franzidas, estava confuso. Os polegares de Sherlock acarinhavam as maçãs do rosto de Watson.

John permanesceu calado. Por mais que Sherlock estivesse queimando em febre o detetive parecia ainda mais doente sentimentalmente. E os dois ficaram ali. Se olhando por cerca de... Watson já havia perdido as contas. O médico acariciava os fios escuros de Holmes, que se permitiu fechar os olhos outra vez. Quando a respiração do detetive se normalizou, Watson deu-se que ele havia, enfim, dormido.

As vezes Sherlock Holmes parecia uma criança frágil. John não sabia lidar com esse Sherlock. Por mais que a sua personalidade egocêntrica o irritasse por completo, era mais fácil de conviver do que com o Holmes calado, doente, confuso e carente. Talvez fosse só isso que Sherlock precisasse, de carinho.

Watson conteve uma risada ao se imaginar sendo carinhoso com Holmes. O detevite riria dele, e usaria isso contra o ex-militar até o fim da sua vida.

Seus olhos meio azuis, meio verdes, meio acinzentados pairaram novamente no Sherlock indefeso. Suspirou. Fechou os olhos ao balançar a cabeça para os lados e seguiu escada abaixo a procura de um pano umedecido e ervas para o chá de Holmes. Não se surpreendeu ao ver Mrs. Hudson na cozinha com um pequeno bule em mãos.

"Oh, John!" exclamou ao colocar o bule na mesa. "Sherlock anda tão cabisbaixo. Ele precisa de você. Sherlock não é mais o mesmo!"

John pensou que Mrs. Hudson fosse lhe perguntar o estado de saúde do detetive, mas ela o conhecia bem demais: Sherlock ficaria bom logo.

"O que quer dizer?"

"Desde que você se mudou Sherlock vive assim, sem ânimo."

"Está dizendo que eu sou a causa?"

"Oh, querido. Só você não vê? Sherlock é louco por você!"

Só podia ser piada. Entretanto, Watson não conseguiu não ficar desconcertado ao ouvir aquilo. Mrs. Hudson continuou:

"As vezes o escuto murmurando seu nome. E ele olha todos os dias para aquele terno e gravata."

"Ele deve estar nevoso com o discurso que fará no dia. Holmes não é bom com pessoas, ainda mais com um número grande de pessoas."

Mrs. Hudson fez estalinhos com a língua balançando a cabeça. Catou uma bandeija e colocou a xícara com o chá já preparado entregando-a a John. O médico agradeceu com um sorriso, mas ainda pensava sobre o que ela havia dito.

O ex-militar se ocupou em umedecer um pano, colocá-lo sobre a bandeija e dirigir-se para as escadas. Empurrou a porta com o quadril e a fechou com o pé. Repousou a bandeja na mesa de Holmes e apanhou o pano.

Sherlock agora ronronava, tinha até uma aparência angelical com a boca entreaberta. Watson colocou o tecido sobre a testa de Holmes, que se moveu.

"Sherlock." John o chamou, esperou o detetive abrir os olhos e encará-lo. "Por que está assim?"

Sherlock franziu as sobrancelhas. Havia John descoberto? Mas algo dizia que não, John só estava preocupado. O moreno se permitiu um sorriso.

"Olha, Sherlock, se você se sente desconfortável em ser meu padrinho e em fazer um discurso, só quero dizer que você dê um jeito nisso! Você é o meu padrinho, e eu não quero mais vê-lo caído no chão! E por que você está me olhando assim?!"

"Devia passar menos tempo escolhendo as mesas, John."

Watson começou a rir. A rir compulsivamente. Se escorou na cama, com os joelhos dobrados, e riu até ficar sem ar.

"Sherlock..." dizia ainda resgatando ar dos pulmões. "Eu queria tanto te esganar agora." e voltou a rir.

E Sherlock riu junto, tossindo vez ou outra. E eles ficaram rindo como não faziam a muito tempo.

"Eu não vou abandonar você, Sherlock." Watson olhava para o teto alvo. "Você é a pessoa mais importante pra mim, depois de Mary."

"Mary..."

"Eu a amo, Sherlock. Eu quero uma vida com ela..."

"Claro."

"Obrigado." John soltou um riso pelo nariz. "Por tudo. Por viver comigo. Por me fazer sentir vivo. Se eu não tivesse te conhecido, provavelmente, ainda estaria por ai mancando... sem escrever uma única palavra no meu blog. Seria uma vida muito chata. Mas eu tive você. Você me salvou."

O médico ficou um momento em silêncio, enquanto o coração de Sherlock se enchia de alguma coisa muito boa.
"Essa é a hora que você ri de mim."

E Holmes riu mesmo.

Watson fechou a cara, o que fez Sherlock rir mais.

E John poderia se casar, ter uma família com Mary, amá-la; mas Holmes percebeu que ele nunca deixaria de ser o Sherlock de Watosn. E o médico sempre estaria ali para ser seu John.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Que o Sherlock não tenha ficado OOC, amém!

Se você chegou até aqui, obrigada. E se tiver gostado, mais obrigada ainda!!