Just a lost star escrita por Khaleesi


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Me empolguei um pouco e cap ficou grande...

Tem uma musica nessa cap, e o nome dela é Wish you were here da Avril Lavigne



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– Cas... – Bliss a chamou.

As duas estavam deitadas na grama, no jardim da casa de Bliss, uma do lado da outra, de olhos fechados, aproveitando o sol.

– Que? – Cassie disse, sem se mexer, nem abrir os olhos.

– Tenho um segredo – Bliss disse.

– Que segredo?

– Se eu te contar vai deixar de ser segredo – Bliss disse. Ela sempre fazia aquilo. Com aquelas mesmas palavras. Incitava a curiosidade dos outros apenas por diversão.

– Então não conta. – Cassie respondeu. Cassie era a única que era imune aos truques de Bliss. Talvez seja por isso que Bliss gostava tanto de Cassie.

– Você é tão chata.

– Obrigada.

– Sebastian me beijou – Bliss disse.

Cassie abriu os olhos e encarou o céu. Completamente azul. Sem nuvens.

– Quando? – Cassie perguntou ainda encarando o céu.

– Ontem. Na festa da Felicity.

– ...oh...

Cassie não sabia o que dizer. As palavras de Bliss criaram uma armadura de indiferença ao redor de Cassie.

– Você... gosta dele?

– Eu não sei... É o Sebastian.

“Meu Sebastian” – Cassie pensou.

Uma vez, na 6 º serie, dois garotos se chamavam Sebastian. Todos os diferenciavam como Sebastian da Cassie ( porque eles sempre andavam juntos) e O Outro Sebastian. E Sebastian ficou sendo o Sebastian da Cassie por muito tempo. Anos. Até aquele momento.

Naquele momento, Cassie sabia que ela tinha perdido qualquer direito de posse sobre Sebastian.

Porque Sebastian tinha beijado Bliss.

Cassie estava começando a odiar o azul do céu.

– Você acha que ele gosta de mim? – Bliss perguntou.

– Não sei. Ele te beijou, não foi?

– E você?

– O que tem eu? – perguntou Cassie confusa.

– Você gosta do Sebastian?

“Que diferença faz? Ele escolheu beijar você. V-O-C-Ê.” – Cassie pensou, mordendo a parte interna da bochecha.

– Você sabe que não – Cassie respondeu.

– Sei lá... Vocês dois sempre foram... tão próximos. Sempre achei que ele gostasse de você.

– Mas ele beijou você, então ele obviamente não gosta de mim – disse Cassie, sem conseguir conter a grosseira em sua voz. Ela respirou fundo e olhou para Bliss. – Acho que vocês combinam. Acho que você deveria dar uma chance.

– De verdade?

E se Cassie tivesse dito não? E se Cassie tivesse dito que gostava de Sebastian? Ou, e se Bliss tivesse a decência de perceber isso por si mesma, e ter ficado longe de Sebastian?

Milhares de “E se” pipocavam dentro da cabeça de Cassie. Quem sabe um desses “e se” salvasse a vida de Bliss.

Cassie levantou da sua cama e foi para o banheiro. No armário do banheiro havia 4 blisters com comprimidos de cores e tamanhos diferentes. Antidepressivos, estabilizadores de humor e vitaminas. Toda vez que Cassie os tomava, ela se sentava no chão do banheiro. Ela se sentia enjoada, e sua cabeça ficava nublada. Suas mãos ficavam tremulas e ela começava a suar frio.

Então, 5 minutos depois, tudo passava. Isso eram apenas algumas reações adversas dos seus medicamentos para depressão. Ela odiava ter que tomar aquilo todos os dias, mas ela tinha medo do que aconteceria se ela não os tomasse. Era muito cedo ainda. E como era fim de semana, ela não o que fazer. Jonathan e George ainda estavam dormindo. E já que era tão cedo, Cassie sentiu que precisava tomar seus remédios ainda.

Sem ter o que fazer, Cassie sentou-se na sua cama e encarou a parede branca por alguns minutos. Ela não queria assistir televisão, nem mexer na internet. Ela podia ficar ouvindo musica, mas seu corpo estava recusando a ficar parado. Seu corpo pedia para se movimentar.

Ela foi até o seu guarda-roupas onde bem no fundo, uma caixa estava soterrada por roupas e livros. Era um caixa de sapatos. E dentro dela, estavam os tênis de corrida de Cassie. Fazia tanto tempo que Cassie nãos os via que por um segundo pensou se eram os menos tênis. Pensou que seria estranho calça-los.

Mas não foi. Eles se encaixaram perfeitamente. Como se fizessem parte de Cassie. Ela trocou de roupa e foi até a cozinha, onde deixou um bilhete para Jonathan, então pegou seu celular, fones de ouvido e chaves e saiu.

Assim que ela colocou os pés na calçada, ela começou a correr. Ela sabia que devia se alongar antes, mas o impulso de sair correndo por ai sem rumo foi mais forte. Ela não sabia para onde estava indo até perceber que tinha acabado de entrar no parque que ficava a três quadras de distância de onde ela e Jonathan moravam. Outras pessoas também se exercitavam no parque mas Cassie não prestou atenção em nenhum deles.

Ela só queria correr. O mais rápido possível. Seus pulmões começaram a arder e ela sentia que o oxigênio ao seu redor não era o suficiente. Ela também sentia que tinha perdido o controle sob as próprias pernas. Elas se movimentavam por vontade própria, ignorando toda a dor que crescia cada vez mais devido ao longo tempo que ficou sem correr de verdade. Tudo ao seu redor parecia um grande borrão verde.

I can be tough
I can be strong

But with you, it's not like that at all

There's a girl
That gives a shit
Behind this wall
You've just walked through it

– Cassie! - Bliss gritou correndo na sua direção, feito um louca dentro do aeroporto. Cassie tinha acabado de voltar de viagem e Bliss tinha prometido que ela seria a primeira pessoa que ela veria ao sair do avião. E de fato foi. Bliss correu e se jogou em cima de Cassie fazendo as duas caírem no chão rindo. – Nunca mais saia viagem. Esses foram as duas semanas mais entediantes da minha vida – disse Bliss ainda no chão ao lado de Cassie.

And I remember, all those crazy things you said
You left them riding through my head
You're always there, you're everywhere
But right now I wish you were here.
All those crazy things we did
Didn't think about it, just went with it
You're always there, you're everywhere
But right now I wish you were here

– Você me promete uma coisa? – perguntou Bliss, as duas tinham 14 anos e estavam no quarto de Cassie fazendo um trabalho escolar.

– O que?

– Que nunca vamos nos separar.

– Nunca?

– Nunca. A gente vai para a mesma faculdade, ai viramos colegas de quarto, depois de nos formar vamos comprar um apartamento super legal no centro da cidade e ficar até de madrugada bebendo vinho e assistindo televisão e reclamando dos nossos trabalhos. Depois, vamos nos casar, com dois caras que também sejam melhores amigos, e vamos ser vizinhas. Nossos filhos vão se apaixonar um pelo outro e vão se casar e daqui a 60 anos, vamos estar sentadas na varanda da casa de nossos filhos, bebendo chá ( batizado com vodka) vendo nossos netos brincarem....

– Nossa... parece que você pensou em tudo.

– É claro que sim. Na minha fantasia ideal, nós nos casamos com gêmeos, mas se isso acontecer, nossos filhos não vão poder se casar porque são primos, e isso é incesto...

– Essa é uma promessa muito louca. Eu gostei. Eu prometo que nunca vamos nos separar.

Damn, damn, damn,
What I'd do to have you
Here, here, here
I wish you were here.
Damn, damn, damn
What I'd do to have you
Near, near, near
I wish you were here.

Cassie não podia conter a alegria. Se ela não estivesse tão cansada, ela sairia pulando e gritando pela pista de corrida. Tinha conseguido o segundo lugar na semi-final do campeonato estadual, e isso significava uma vaga na grande final. Onde só os melhores competiam. Ela procurou Bliss na arquibancada, mas não a viu. Cassie viu sua mãe se aproximando, ela estava com olhos vermelhos e com lagrimas, e Cassie concluiu que era de orgulho... até olhar para seu pai, e perceber que ele tinha uma expressão estranha no rosto. Ele não estava feliz por ela ter ganhado. Alguma coisa tinha acontecido.

I love the way you are
It's who I am, don't have to try hard
We always say, say like it is
And the truth is that I really miss

– Cassie... – sua mãe disse se aproximando e a abraçando.

– Mãe.... o que aconteceu? Aconteceu alguma coisa com Jonathan?

– Cassie.... É a Bliss... Aconteceu algo com ela... – seu pai disse cuidadosamente.

All those crazy things you said
You left them riding through my head
You're always there, you're everywhere
But right now I wish you were here.
All those crazy things we did
Didn't think about it, just went with it
You're always there, you're everywhere
But right now I wish you were here


Então Cassie sentiu seu mundo cair aos poucos. No momento que seu pai disse isso, ela pensou apenas que Bliss tinha se machucado, ou aprontado alguma coisa... Cassie jamais pensou que Bliss tinha morrido.

Bliss não podia morrer. Elas ainda não tinham entrado na faculdade, não tinham se casado com melhores amigos, seus filhos não tinham se apaixonado. 60 anos não tinham se passado.

Damn, damn, damn,
What I'd do to have you
Here, here, here
I wish you were here.
Damn, damn, damn
What I'd do to have you
Near, near, near
I wish you were here.

De certo, tanto Bliss, quanto ela mesma, eram imortais na cabeça de Cassie. Quando você tem 16 anos, você nunca acorda pensando que você pode morrer hoje. Ou que alguém que você conhece pode morrer hoje. Porque você é tão jovem e acredita que ainda tem a vida inteira pelo frente. Pelo menos era isso que Bliss acreditava.

– Droga Bliss! – Cassie disse. Ela ainda estava correndo, e mal percebeu suas lagrimas se juntando ao suor no seu rosto.

Aos poucos foi diminuindo o passo até para completamente de correr. Ela olhou ao redor e percebeu que não conhecia aquela parte do parque. Aparentemente ninguém conhecia, porque não tinha ninguém ali.

– Droga! Droga! Droga! – disse Cassie chutando a arvore mais próxima. – Mas que porra Blis! Você me fez prometer! Você quebrou a droga da promessa! Você me deixou! - Cassie parecia descontrolada. Ela chutava e socava a arvore ao mesmo tempo que gritava e chorava.

– Deixou o Sebastian! Seus pais! Você me deixou! – seu ataque contra a pobre arvore acabou, então ela apoiou as costas no tronco da arvore e foi descendo até sentir o chão. Abraçou seus joelhos e deixou as lagrimas correrem.

– Sinto sua falta. – Cassie sussurrou olhando para a grama. – Sinto tanto, tanto, tanto a sua falta. Você era a minha melhor amiga...

Cassie não sabe por quanto tempo exatamente ela ficou ali, mas quando finalmente se sentiu recuperada, ela se levantou e se xingou. Esse era o tipo de coisa que acontecia quando ela não tomava os remédios assim que levantava da cama. Era preferia ficar dopada do que descontrolada.

Ela voltou a andar para a parte mais movimentada do parque, até que...

– Cassie! – alguém a chamou.

Ela olhou para trás e viu Adam correndo na sua direção. Seu coração parou por alguns instantes. Será que Adam tinha visto o ataque de Cassie, caso sim, o que ela faria?

– Eu te vi correndo – Adam disse parando ao seu lado. – Entendi porque a professora quer você na equipe. Eu não consegui te acompanhar... Teve uma hora que você completamente desapareceu. Você é incrível correndo... Você treina todo dia?

– Não... é a primeira vez que eu corro em... meses... muitos meses... – Cassie respondeu, tentando descobrir qualquer pista de que Adam tinha visto a sua cena.

– Sério? Eu não acredito.... Você é tão... rápida.

– Obrigada.

– Você realmente devia considerar entrar para a equipe de atletismo.

– Não, obrigada – Cassie respondeu.

Adam riu.

– Você é quem sabe. Você mora aqui perto?

– Mais ou menos.

– Seus pais se mudaram para cá a muito tempo?

– Não moro com meus pais.

– Não? Você mora com quem?

– Com alguém...

– Você nunca dá uma resposta direta?

– As vezes – Cassie respondeu. – Preciso ir embora. Tchau.

Ela começou a se afastar de Adam e correu para casa. Ela não conhecia Adam, mas podia dizer que ele era um cara legal, e ela até gostaria de conversar com ele, desde que ele parasse de perguntar sobre a vida dela. Mas ela não podia fazer aquilo naquele momento. Ela tinha que correr para casa e tomar seus remédios.

– Onde você estava? – perguntou Jonathan no segundo que Cassie passou pela porta.

– No parque – respondeu Cassie sem parar para falar com ele, atravessando direto a cozinha em direção ao banheiro.

– Você não me avisou – Jonathan disse a seguindo

– Deixei um bilhete – Cassie respondeu abrindo o armário do banheiro e pegando os blisters.

– “Já volto” não é exatamente um bilhete. E ainda por cima, você saiu sem tomar o seu medicamento! George ficou preocupado quando acordou e viu o bilhete. Tenho que ligar para ele mais tarde para avisar que você esta bem...

– Mas que merda Jonathan! Você queria que eu voltasse a correr, eu voltei, feliz? Você pode, por favor, parar de me tratar como se eu fosse uma ameaça para mim mesma, e me deixar ter um pouco de liberdade?! – Cassie jogando os comprimidos na boca e bebendo água direto da torneira.

Depois que os engoliu ela sentou no chão. E Jonathan sentou-se ao seu lado.

– Eu sei que as vezes eu exagero, - Jonathan disse - mas eu conversei com Thomas e...

– George sabe que meu psicólogo é seu ex-namorado? – Cassie perguntou.

– Sim, ele sabe. Mas não falamos sobre isso.E não troque de assunto. Thomas disse que você pode ter uma recaída a qualquer momento, e que é importante prestar atenção em você. Para que você sempre tome seu medicamento, por exemplo.

– Eu sei, eu sei... Mas eu já sai de casa porque eu não aguentava mais os nossos pais fazendo isso!

– Vamos fazer o seguinte... Eu paro de pegar no seu pé, se você se abrir mais comigo, ok? Eu preciso saber que você confia em mim, para que eu posso confiar em você. O que acha?

– Você quer jogar Uma pergunta e não sabe como me pedir? – perguntou Cassie olhando para tento, tentando controlar o enjoo.

Uma pergunta era um jogo que ela e Jonathan tinham inventado quando eram crianças. Cada um faz uma pergunta (geralmente sobre algo que eles já sabem que é verdade, mas querem confirmar) e o outro pode ou não responder. Parece um jogo bobo, mas foi assim que eles criaram intimidade.

“Uma pergunta: De quem você gosta mais, Bliss ou Sebastian?” – Jonathan perguntou uma vez.

“Uma pergunta: De quem você gosta mais... de garotos ou de garotas?” Cassie perguntou quando começou a suspeitar que talvez o irmão não fosse tão comum quanto parecia. Jonathan ficou irritado com a pergunta e se trancou no quarto. Cassie foi atrás mas ele não a deixou entrar.

“Uma resposta: Eu gosto da Bliss como amiga... E gosto do Sebastian, mais do que um amigo” – Ela respondeu para a porta. Foi a primeira vez na vida que ela admitiu que sentia algo por Sebastian. “ E eu amo você, gostando de garotos ou garotas.”

– Podemos jogar Uma Pergunta. Ou podemos ser diretos um com o outro – respondeu Jonathan.

– E qual seria a graça disso?

– Uma pergunta: Por que você voltou a correr? – perguntou Jonathan.

– Uma pergunta: George realmente sabe que Thomas, meu psicólogo, é seu ex-namorado?

Eles ficaram em silêncio encarando o teto.

– George não sabe que Thomas é meu ex – Jonathan disse por fim. – Ele deve suspeitar de alguma coisa, ele não é idiota, mas eu nunca confirmei nada.

– Eu não voltei a correr. Isso foi só uma... “recaída”... – Cassie disse olhando seus dedos trêmulos. – Não vai acontecer de novo.

– Você pode correr daqui até a Russia se você quiser. Eu não me importo. Desde que você tome seu medicamento, e me avise.

– Ok. – Cassie respondeu.

– Ok... – Jonathan disse, e um sorriu para o outro.


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