Sinopse: Afinal, atire a primeira pedra quem nunca teve uma daquelas paixonites de quinze minutos, seja no ônibus, no mercado, em lojas…

Classificação: 13+

Avisos: UA. Pre-slash. No meio do texto têm alguns erros, mas isso é porque é onde ocorrem os diálogos pelo Facebook, e não é todo mundo que escreve tããão certinho na internet. E ah - as palavras sublinhadas são as marcações.

–---------

Jason Grace nunca fora um grande fã de pegar ônibus ou metro. Mas de fato, pegar ônibus sempre soara pior aos seus ouvidos.

Podem o chamar de fresco, mas ele simplesmente não gostava daquele empurra-empurra que sempre teve, sem falar nas pessoas que se esfregavam nele — intencionalmente ou não. Ainda tinha também aquele povo mal educado, que mesmo o ônibus estando cheio, não ajudam os outros segurando suas pastas, bolsas, mochilas, ou o que quer que seja. Sem falar no motorista que dava aqueles solavancos estranhos, quase fazendo todos caírem.

Mas, por sorte, Jason não precisava usar tanto assim o transporte público. Tudo que precisava ficava perto da sua casa — incluindo sua escola — e quando ele precisava ir à algum lugar mais distante, sua irmã mais velha Thalia o levava. Mesmo que andar de carro com ela seja quase suicídio.

Mas então, apenas para estragar sua felicidade, Piper McLean, sua melhor amiga e ex-namorada, se mudou para o outro lado do Queens com seu pai.

E, Thalia lhe avisara que não levaria-o lá de carro.

Sem muita opção, se ele quisesse ver Piper pelo menos, Jason iria ter de pegar ônibus, já que o metro ficava um pouco distante da casa da garota.

Mas tudo bem, sempre que ele ia na casa da sua amiga o ônibus estava vazio. Principalmente pelo fato de ser agosto, o auge das férias de escola e todo mundo estava na praia.

Todavia, aquela terça-feira estava sendo diferente.

Jason, sendo o bom cabeça de vento que era, havia conseguido perder o horário que sempre pegava o ônibus (hey, os dois ficaram vendo séries no Netflix, então não era bem sua culpa). Agora, cá estava ele, pegando o ônibus às 19h. Basicamente, o horário de “pique”.

Jason praguejou baixinho enquanto passava pelas pessoas no ônibus. Aquela sensação de passar quase colado aos desconhecidos nunca deixaria de ser estranha.

Foi com um suspiro de alivio que ele achou um lugar onde podia se enfiar, por assim dizer. Colocou sua bolsa masculina no chão e se segurou, olhando para a janela do ônibus. Não demorou para outras pessoas passarem se esfregando por ele, provavelmente tentando chegar o mais perto possível da porta de desembarque.

Ele suspirou, e foi só então que notara o garoto que estava sentado no banco a sua frente.

O menino estava usando uma touca preta que escondia grande parte do seu cabelo negro deixando apenas uma parte da sua franja desgrenhada a mostra. Vestia uma camisa listrada branca e preta com as mangas arregaçadas até seus cotovelos. No seu braço, dava para se avistar algumas pequenas pintinhas.

Ele era... Bem, bonito.

O garoto estava olhando para o banco da frente distraído enquanto comia um pacote de biscoitos recheados.

Jason tinha plena ciência de que ele já estava secando o garoto há quase cinco minutos e isso podia até parecer uma situação anormal, mas ele não podia ligar menos. Mesmo se ele estivesse parecendo um pervertido encarando um estranho daquela maneira.

Mas veja bem, foi desse jeito que ele notou algumas pequenas coisas sobre o garoto. Como o jeito que seu nariz era um pouco chato na ponta, ou a forma que ele comia a bolacha como se alguém estivesse o obrigando, e também como ele toda hora tirava a franja do cabelo dos seus olhos...

O moreno provavelmente tinha notado que Jason estava o encarando, porque ele se virou lentamente e encontrou seu olhar. E cara, aquele garoto tinha olhos bastante escuros. Jason, quase que imediatamente, passou a gostar ainda mais dele.

Os dois se encararam sem jeito por um segundo; Jason apertou mais forte o local onde estava se segurando sentindo uma imensa vergonha, enquanto o outro garoto apenas engoliu em seco. Ele suspirou e elevou o pacote de bolacha para mais perto de Jason.

— Quer um pouco? — Perguntou o moreno com uma voz calma; uma coloração vermelha parecia se arrastar por suas bochechas.

Jason não conseguiu deixar de corar fortemente e piscar algumas vezes, negando com a cabeça veemente.

Ele deu de ombros, e ainda meio desconfortável, voltou a olhar pra frente. Jason tentou monitorar seus olhares, mas não dera muito certo.

Poucos minutos depois, o garoto guardou seu pacote vazio de bolacha na mochila, descendo uma parada antes da de Jason.

Bem, ele desceu na mesma parada de Percy Jackson.

O loiro suspirou contrariado ao ver o moreno ajeitar sua mochila nas costas, enquanto o ônibus voltava a andar. Seu coração falhou uma batida e Jason bufou, notando o quão perdedor ele era por ter uma daquelas paixões platônicas de 15 minutos.

Mas, se ele tivesse sorte, ele bem que poderia encontrar o garoto moreno de novo, certo?

.

+

.

Depois de duas semanas, Jason chegara a conclusão que não, ele não iria mais achar o garoto moreno do ônibus.

Mas olhe, ele realmente havia tentado. Durante pelo menos cinco vezes naquelas últimas duas semanas, ele tinha ido a casa de Piper só para tentar pegar o mesmo ônibus que ele, no mesmo horário.

Entretanto, ele não o achou. Infelizmente.

Mas mesmo assim ali estava Jason, mais uma vez na casa de Piper McLean. Os dois estavam atirados na cama da garota, que aparentemente chorava de rir da situação do seu ex.

Talvez contar para sua amiga o motivo de suas visitas mais frequentes não fosse uma boa ideia.

E vamos lá — aquilo nem era tão engraçado assim.

Nem tão patético.

— Sabe — a garota começou, limpando algumas lágrimas que caiam de seus olhos —, você é um dos maiores perdedores que eu já conheci.

Jason revirou os olhos.

— Cale a boca, Pipes.

— Ok, ok, me desculpa. — Ela falou, dando um sorriso sacana. — Mas, isso é engraçado pra caramba. E eu aqui me iludindo achando que era muito especial e que você não conseguia passar tanto tempo sem ver o meu belo rosto... Estou decepcionada.

Mais uma vez, Jason revirou os olhos.

— Achei que tinha dito pra você calar a boca. — Ele bufou. — Para com isso. Até porque você é campeã de gostar de pessoas aleatórias na rua.

Ela deu de ombros.

— É. Mas diferente de você, não fico encarando-a como se fosse sugar sua alma.

— Mas você nem sabe como eu estaca encarando ele! — Defendeu-se.

— Bem, para ele te oferecer comida, imagino o quão discreto você estava sendo. — Apontou a garota, com um sorriso sarcástico.

Jason suspirou. Piper era terrível.

— Por que nós estamos ainda falando sobre isso exatamente? — ele gemeu.

— Mas sabe — a garota ignorou Jason —, você poderia tentar acha-lo no Facebook ou sei lá.

— E como exatamente eu vou fazer isso? Não sei nem seu nome.

— Ué, não é óbvio? Você tem vários amigos que moram por aqui, algum deles tem que conhecê-lo. Você pode escrever um texto de como ele era e postar. Vá que você ache ele. — A menina brincou.

Jason pareceu pensar sobre isso por um minuto, antes de sorrir abertamente.

— Boa ideia, Pipes! — Ele exclamou.

— Ah, não. — Ela arregalou os olhos. — Eu estava brincando. BRINCANDO. Você não levou isso a sério, né?

Jason nada respondeu, apenas cantarolou evasivamente.

— Ok, você é inacreditável. — Ela falou debilmente. — Mas ainda vou acreditar que você tem um pouco de bom senso nessa sua cabeça de vento e que não fará isso. Se bem que, seria engraçado...

Jason sorriu torto, observando Piper dar de ombros e ligar a TV. Naquela tarde, iriam ver um filme.

.

+

.

Dois dias depois, Jason se encontrava sentado em frente ao computador encarando a página incial do Facebook.

Em pouco menos de uma hora ele teria que sair para ir ao seu treino de vôlei, porque mesmo sendo férias da escola, Ares não dava moleza para ninguém. Ele estalou os dedos nervosamente; pelo menos já estava pronto.

Na casa de Piper, ele meio que estava brincando sobre postar o texto, mas depois de refletir isso, ele pensou algo como “por que não?”. Todas as pessoas que Jason conhecia sabiam que ele era bissexual e ok, as chances de ele encontrar aquele garoto eram mínimas, mas vamos lá, se ele postasse sobre o garoto isso renderia altas risadas.

Então mais uma vez; por que não?

Jason tamborilou os dedos na sua perna antes de começar a escrever.

Ele demorou um pouco demais para escrever, visto que toda hora parava porque a) ele estava com vergonha, b) ele também se esquecia um pouco das características do garoto e c) ele realmente estava fazendo isso? Sério?

Ele torceu o nariz e depois de ter certeza que estava pronto, apertou no botão “enviar”.

Jason Grace — Agora mesmo

Há quase três semanas, numa terça, eu peguei um ônibus no Queens por volta das sete da noite. Lá eu meio que fiquei na frente de um garoto bonito pra caralho. Ele usava uma touca preta, tinha cabelos e olhos negros e estava vestindo uma blusa preta e branca se não me engano. Sua pele era bem clara e havia algumas pintas em seu braço. Ele tinha olheiras e um pouco de sardas também. Ele estava comendo um biscoito recheado e me ofereceu um. Sei lá, só queria compartilhar o quão bonitinho ele era e que eu tive uma espécie de queda perdedora por ele nos 15 minutos que ficamos naquele ônibus. Era só isso msm.

Jason suspirou e desligou o computador. Suas orelhas ardiam de vergonha e ele tinha uma vontade imensa de religá-lo e excluir aquela merda. Piper tinha razão: aquilo era ridículo. Bem, essa era mais ou menos sua intenção, mas continuava.

Entretanto, ele não fez nada disso.

O loiro simplesmente ignorou sua vergonha e rumou para o ginásio do seu colégio, pensando que provavelmente ele estaria alguns minutos atrasados.

.

+

.

Levaram pelo menos três horas para Jason se sentar novamente na sua cadeira em frente ao seu computador.

Seu cabelo ainda estava pingando por conta do banho recente, mas ele não deu muita bola: apenas passou sua mão pelo rosto, afastando as gotículas de água.

Ligou seu computador e quase que automaticamente entrou no Facebook. Jason franziu o cenho ao ver a quantidade de notificações que tinha por conta do seu post e clicou no mesmo, começando a ler os comentários.

Annabeth Chase: Juro que nunca mais vou zoar o Percy depois dessa. Ademais, admiro sua coragem ‘w’ e cara, eu já devo ter visto um garoto parecido com esse...

Calypso Atlas: Ahhhh, que fofo ♥ espero que se achem, meu novo otp *3*

Dakota: Vc teve tempo até pra notar a pinta do braço do cara mas não pediu o numero de telefone? e.e

Luke Castellan: que coisa mais gay véi

Piper McLean: KKKKKKKKKKKKK vc fez mesmo isso? Caramba, to jogada no chão.

Leo Valdez: Ok, isso tudo foi muito fofo, engraçado e gay, mas...

Leo Valdez: Percy Jackson, esse ai não se parece com aquele seu primo que foi posar ai na terça? ‘-‘

Percy Jackson: pior. Parece o Nico :v até o horário do ônibus é igual... Eu acho

Percy Jackson: PS. Jason, vc é muito romântico :v

Leo Valdez: É esse o nome dele mesmo! Marca ele ai :v

Percy Jackson: Nico di Angelo. Pq você não marcou ele?

Leo Valdez: Pq o Nico me assusta.

Percy Jackson: Para de marcar ele, Nico odeia isso.

Leo Valdez: Para com o que? De marcar o Nico?

Percy Jackson: É. E Nico, diga oi pro seu novo namorado :v

Leo Valdez: É! Não o deixe no vácuo di Angelo.

Nico di Angelo: Parem de me marcar, eu já vi isso. ¬¬

Leo Valdez: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Nico di Angelo: ...

Percy Jackson: Ops :P acho que alguém não queria socializar...

Nico di Angelo: Hã... Olá?

Percy Jackson: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK ME SINTO UM CUPIDO, PQP.

Annabeth Chase: Ahhh, por isso que esse garoto me era familiar! O primo de Percy, como pude não fazer essa associação?

Calypso Atlas: PQP, QUE COISA MAIS FOFA. SE CASEM LOGO, AF.

Piper McLean: Não é que você achou mesmo o amor da sua vida, Jason? E ele é bonitinho mesmo...

Nico di Angelo: ‘-‘

Leo Valdez: Sempre que eu achar que passei vergonha, vou me lembrar disso e me sentirei melhor. Apenas sinto muito pelo Nico :P

Reyna Ávila: POR DEUS KKKKKKKKKKKKKKKKKK Jason, TO TE AMANDO POR FAZER ISSO

Reyna Ávila: Acho que nunca ri tanto na minha vida. Viu Nico, nunca mais reclame que ninguém te quer e.e

Nico di Angelo: Isso, continuem rindo, só porque não é com vocês.

Nico di Angelo: E cale a boca, Reyna.

Depois disso ainda tinha mais alguns comentários de gargalhadas e coisas do tipo. Mas Jason não teve vontade de ler, ele estava muito sem graça e...

Puta que pariu.

Ele achara mesmo aquele cara na internet?

Jason piscou algumas vezes abobalhado, antes de passar o cursor do mouse sobre o nome de Nico para ver sua foto de perfil melhor.

Merda.

Aquilo realmente estava acontecendo?

Na foto, dava para se ver um vislumbre de um garoto dolorosamente branco. Seus cabelos negros caíam pelo seu rosto e algumas pequenas sardas pintavam seu nariz e suas bochechas. Ele estava com o rosto virado para o lado, seus lábios repuxados num sorriso torto.

Ok. O garoto do ônibus tinha uma coloração um pouco mais saudável e sua franja parecia mais bagunçada, mas não tinha sombras de duvida que era o mesmo cara.

O. Mesmo. Cara.

Que porra é essa?

Ele observou a foto por mais alguns segundos, antes de clicar nela e entrar em seu perfil.

Nico di Angelo. Primo de Percy Jackson.

Claro.

Os dois tinham cinco amigos em comum (incluindo Percy, Leo e Reyna, sua colega de escola) e bem, Jason não prestou muita atenção no seu perfil, ele só...

Wow.

Tudo era pra ser apenas uma brincadeira besta porque Jason era um perdedor e mesmo aquilo sendo vergonhoso, ele meio que queria... Bem, ele não sabia direito o que queria, era só para se divertir.

Mas ele realmente achara o garoto do ônibus.

Que porra ele deveria fazer agora?

Jason passou as mãos em seus cabelos curtos, e num ato de coragem apertou no botão para mandar uma solicitação de amizade.

E três dias depois, Nico di Angelo havia o aceito.