Hermione Granger

Fiquei em completo estado de choque ao ver o rosto por trás daquela máscara. Era mesmo o Malfoy, não apenas algum delírio, coisa da minha cabeça, Draco Malfoy realmente estava ali, me encarando com os olhos acinzentados arregalados de surpresa.

—Você... Nós... –Eu não sabia o que dizer, então apenas dei as costas indo em direção a porta.

E eu cheguei bem próxima dela, mas ele me puxou antes que eu conseguisse sair, colando-me ao seu corpo. Seus lábios estavam próximos dos meus e algo em mim queria beijá-lo de novo, mas não era certo. Não quando ele era Draco Malfoy e eu Hermione Granger. Nunca daria certo, era um fato comprovado pela história.

—Me solta. –Mandei.

—Vai embora só porque sabe quem eu sou? –Ele arqueou as sobrancelhas. –Eu sou tão ruim assim?

—Não, mas nós dois juntos somos.

—Você não sabe disso.

—Sei que não quero me arrepender do que vai acontecer se eu ficar.

—E o que acha que vai acontecer? –Perguntou, se aproximando mais.

—Malfoy, não provoca.

—Não estou provocando, Granger. –Falou, mas ainda sim me deu um selinho demorado. Em seguida ele se afastou, ainda sem desgrudar os olhos de mim e indicou a porta para que eu saísse se assim quisesse.

Mas eu não queria. Por impulso – e também loucura, só isso explicaria o meu comportamento – eu andei até ele rapidamente e o beijei de novo. Senti um sorriso quando ele me puxou mais para si.

Nós continuamos os beijos até que a grande porta se abrir, fazendo um barulho alto. Parados lá estavam Gina e Harry. Os dois pareciam surpresos, embora de formas diferentes. Enquanto a ruiva sorria, meu melhor amigo parecia confuso.

—Mione... Nós... Me desculpe, é que... –Mas ele não sabia mais o que dizer, então ficava olhando para a namorada em busca de ajuda.

Eu não disse nada, apenas saí de lá o mais rápido possível. Não sei bem quando comecei a correr, nem mesmo para onde estava indo, mas ao cruzar o corredor bati com tudo em alguém e por pouco não caí no chão.

Rony segurava meus braços para evitar a queda e parecia muito bêbado. Ele me soltou, tentando entender o que estava acontecendo e demorando um pouco para me reconhecer, mas quando finalmente percebeu quem estava diante dele, o ruivo parou.

—Oi.

—Oi. –Murmurei e tentei continuar meu caminho, mas ele me segurou mais uma vez.

—Eu não queria ter deixado você sozinha no baile.

—Não se preocupe, está tudo bem.

—Quem era o cara que estava beijando quando eu voltei?

—Eu não acho que seja uma boa ideia nós falarmos sobre isso agora.

—E por que não?

—Porque você está bêbado e eu realmente quero esquecer o que aconteceu naquele baile.

—Hermione... –Ele murmurou baixo, se aproximando e passando uma das mãos por minha cintura. –Eu sei que eu fui um babaca, mas eu amo você. Sabe disso, não é?

—Rony, como eu disse, é melhor nós conversarmos amanhã. –Falei, tentando empurrá-lo para longe.

—Você não sente nada? Por favor, Hermione, eu preciso saber, você não sente nada quando está comigo?

Draco Malfoy

Eu andava pelos corredores sem rumo atrás da castanha com quem eu havia passado todo o baile. Segui em direção ao pequeno apartamento que dividíamos, pensando em tudo o que ela disse, até que ouvi sua voz em um dos corredores.

—Rony, não é o melhor momento para termos essa conversa, por favor, me solta. –Ela pedia enquanto o ruivo a segurava perto.

—Eu preciso de uma resposta, Hermione! –Ele gritou. Claramente estava bêbado e parecia péssimo, mas ainda sim assustador.

—Nós somos amigos, por que quer tanto acabar com isso? Me solta!

—Não ouviu a dama? Solte-a. –Mandei, com a varinha pronta caso ele se recusasse.

—O que pretende, filhote de Comensal? –O Weasley questionou, se virando para mim com um sorriso divertido no rosto. –Nós dois sabemos que não vai fazer nada, você é um covarde.

—Acha mesmo? Porque se não soltá-la agora vai ser estuporado pelo covarde.

Por um momento ele se descuidou e Hermione o empurrou, vindo até mim. Ela colocou uma das mãos em meu ombro e, embora eu duvidasse muito que aquele idiota fosse capaz de machucá-la, ela tremia um pouco.

—Vamos embora, por favor. –Hermione pediu.

—Está escolhendo ele?! –O Weasley gritou e eu perdi a paciência.

—Petrificus Totalus! –Gritei e ele caiu no chão.

A garota nem ao menos olhou, apenas seguiu na frente em direção ao quarto. Me apressei para acompanhá-la, tirando meu paletó e colocando sobre seus ombros.

Nós continuamos em silêncio o resto do caminho, e quando chegamos ao apartamento eu fiz questão de acompanhá-la até o quarto, deixando-a apenas quando estávamos na porta dela.

—Boa noite, morena. –Ela riu, parecendo esquecer por um momento o que havia acontecido. Dei um leve sorriso para a garota e devagar fui fechando a porta.

—Malfoy? –Ela chamou.

—Sim?

—Você poderia... dormir aqui? –Ela disse e eu arqueei as sobrancelhas. –Quero dizer... Me desculpe, eu não acho que você queira... Eu não queria...

—Claro. –Falei e ela me olhou surpresa.

Entrei no quarto dela e ela se deitou na cama. Devagar eu me deitei também e ela colocou sua cabeça em meu peito. Acariciei seus cabelos e fiquei ali até que Hermione finalmente dormisse e quando senti sua respiração se acalmando eu beijei o topo de sua cabeça e me levantei com cuidado para não acordá-la.

—Boa noite, morena.

Hermione Granger

—Boa noite. –Murmurei, em resposta ao tom doce que eu nunca pensei que sairia dos lábios de Draco Malfoy.

Ainda havia muito que eu não entendia quando se tratava daquele sonserino, principalmente a confusão em que ele parecia estar metido no momento. Em um momento se parecia com o Draco Malfoy que eu havia conhecido e repudiava minha presença naquela escola com todas as forças, mas em outro eu jurava que ele me queria por perto e também que conseguia ver esses dois brigando para descobrir qual estava certo, afinal.

Eu não o julgava. Dentro de mim também havia uma briga entre a Hermione que passou anos sendo maltratada por aquele garoto e a Hermione que tinha sentimentos por ele, e eu não fazia ideia de qual delas estava ganhando.