Morning

Por volta das três da manhã eu fazia o check-in para pegar meu vôo de volta a Nova York. Havia tantos anos que eu não ia a Seattle e agora o que eu mais queria era ir embora e não mais voltar. Quase tive um treco quando atendi ao telefone que me fez voltar a dois dias atrás

“Srta Suemaker?”

- Sim

“Aqui é do conselho tutelar da cidade de Seattle. Infelizmente seus pais faleceram em um acidente de automóvel e como, parente mais próximo, a senhorita ficou com a guarda de sua irmã Carly”

- Como assim meus pais faleceram? Isso é uma brincadeira muito sem graça.

“Sinto muito, mas não é brincadeira”

Carly tem 16 anos (ela é quatro anos mais nova do que eu). Nos dávamos bem quando éramos pequenas, quase inseparáveis. Mas não mantivemos muito contato nos últimos anos em que moro que em Nova York (me mudei por ter conseguido um ótimo estagio em revista de musica) Sempre que eu ligava pedindo noticias, mamãe dizia que estava tendo muitos problemas com Carly e suas mas companhias.

Mamãe. Nem tive tempo de dizer o quanto ela era importante para mim, o quanto amava a ela e ao papai.

E a parti de agora a responsabilidade de cuidar da minha irmã seria totalmente minha  

Afternon

Depois de acomodar a Carly no meu apartamento, eu teria de dar uma passada no trabalho. Estava com um pouco de medo de deixá-la sozinha não só por causa de seus problemas, mas por todo o trauma pelo qual deveria estar passando.

- Tem comida na geladeira. O controle azul é da TV a cabo e o notebook esta encima da bancada.

-Hm

-Eu volto do trabalho as sete, mas qualquer problema é só ligar no meu celular. O numero está colado na geladeira. – enquanto lhe dava as instruções comecei a caçar minhas coisas pela sala.

- Você fez um mapa do AP pra mim, também?

- Eu só quero que você fique bem. – parei no meio da minha “caçada de objetos pessoais” e a olhei com cara de pena.

- Relaxa. Eu vou ficar legal – ela se jogou no sofá e ligou a TV

- Até mais tarde, então – lhe dei um beijo na testa e sai.

Na redação as coisas estavam mais agitadas do que o normal. Prova disso foi o grito que a Sofie deu logo que entrei em seu campo de vista.

- Finalmente você chegou. Joe (nosso editor-chefe) está doente. Temos duas matérias pendentes, e ninguém capaz de faze- las.

-Tem algum fotografo pelo menos?

-- Não- disse ela desanimando mais ainda

- Eu posso fazer as fotos – disse uma voz atrás de mim.

Quando me virei para ver que era dei de cara com um deus grego loiro, alto de olhos verdes e dono de um sorriso que me deixou sem ar.

- E você quem é?- a voz da Sofie saiu meio estranha, um misto de surpresa e nervoso.

- Meu nome é Jensen Ackles. Acabei de me formar em jornalismo e vim entregar meu currículo – passou uma pasta para ela que começou a examinar enquanto ele continuava – Também fiz aulas de fotografia por uns tempos.

- Já trabalho em uma revista antes?

-Não. Só estagiei em jornais.

- Tudo bem, você fica conosco. Samantha ele é seu, no bom sentindo. – ela riu e saiu andando depois de me entregar a pasta. Indiquei que ele me acompanhasse até a minha sala.

Fui até a minha mesa e comecei a organizar as matérias que faltavam. Ele esperava em pé que lhe indicasse o que fazer.

- Você precisara entregar seus documentos no departamento pessoal. Como as coisas por lá demoram um bom tempo, creio que só nos veremos amanhã. Eu vou marcar as reportagens e entrevistas que devem estar editadas no máximo até sábado.

- Mais hoje é quinta – a voz dele era tão sedutora mesmo numa conversa normal

- Trabalharemos muito neste final de semana. Algum problema?

- Nenhum – ele deu de ombros –Adoro trabalho. Mas o que exatamente eu irei fazer?

- Sofie diria que você será meu assistente, mas na verdade seremos uma equipe e sua ajuda será fundamental, ainda mais sabendo que você também fotografa. – eu precisava de ajuda era pra ser mais organizada não consigo encontrar nada no elo perdido que é a minha mesa.

- Se isso contar mais alguns pontos, eu também toco guitarra. – eu ri

- Então você é multi talentoso. Esta no lugar certo.- quando terminei de falar olhei par ele que me olhava de volta. Não faço idéia de quanto tempo ficamos nos encerando.

- Onde que fica o DP? – disse ele depois de alguns minutos que ficamos nos olhando

- Sexto andar. – respondi sem ter certeza de conseguiria encontrar minha voz, após uma troca de olhares daquele tipo.

- Obrigado pela oportunidade e será um prazer fazer trabalhar com uma mulher tão bonita como você. – ele piscou e se despediu – Até amanhã – falou sorrindo

-Até – respondi retribuindo seu sorriso. Sorriso este que me deixou desconcertada o resto da tarde inteira.

Passei a tarde inteira o telefone marcando a entrevista com o Green Day e a cobertura do show do Paramore no Hard Rock. Entre um telefonema e outro, Jared (meu amigo desde o ensino médio e a dois anos meu namorado que veio estudar direito em Nova York) me ligou dizendo que queria ir jantar em seu restaurante favorito, com minha irmão e eu.

Fui para a casa a sete como havia dito a Carly e lhe contei sobre o jantar. Ela não ficou nem um pouco animada, mas concordou em ir. Jared nos pegou as nove e fomos jantar. Enquanto esperávamos a comida ele tentou ser cordial com a minha irmã.

-Quanto tempo não a vejo, garota. Você esta tão... Diferente. - foi a maneira mais sutil que encontrou para se referir a sua versão antes e depois. A versão antes de quando ainda morávamos em Seattle, era de uma garota meiga cabelos loiros compridos, que agora são curtos e tingidos.

- Você continua o mesmo. Só que com menos espinhas – Jared não gostava muito de se lembrar de sua adolescência com acne e acima do peso e ela sabia disso, afinal não tinha perdido a mania de implicar com ele. Na verdade, Jared agora estava muito diferente, nem parecia mais a mesma pessoa. Estava musculoso, alto e sua pele parecia de bebe.

- Como foi seu dia no trabalho, amor? – ele segurou minha mão, obviamente ignorando o comentário da minha irmã.

- Foi ótimo – fiz um resumo de tudo que aconteceu e quando mencionei o show do Paramore que teria de assistir naquele final de semana, Carly deu um pulo.

-Não acredito! Por favor, posso ir com você?- ela praticamente implorou

- Claro. Vai ser ótimo – depois me lembrei de quem costuma me acompanhar nos momentos de trabalho/diversão – Você não se importa né J? – ela olhou para ele cheia de expectativa.

- Sem problemas. Vocês precisam de um programa juntas, depois de tanto tempo.

Carly passou o resto do jantar, mais preocupada em nos contar toda a historia da banda e enquanto seu primeiro final de semana seria perfeito do que com a comida em si.

Quando terminamos, Jared disse que tinha um comunicado importante a fazer

-Sei que esses dias tem sido muito difíceis para as duas , mas não vejo razão para retardar isso – ele colocou sobre a mesa uma caixinha preta de veludo e a abriu – Samantha, você é a garota mais linda, inteligente e espontânea que eu conheço.

- E a única com que conseguiu namorar - acrescentou sarcasticamente a Carly.

- Quer casar comigo?- terminou ele ignorando a mais uma vez.

Gelei. Eu amava o J, ele sempre esteve ao meu lado. Mas eu tremia só de ouvir a palavra casamento. Mas também não o podia magoar dizendo um frio “não”ou um incerto “vou pensar” e acabei aceitando. Ele ficou radiante e eu, noiva.