Roses and Demons EX: Crimson Blast escrita por Boneco de Neve


Capítulo 28
Um Encontro Tenebroso




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Carly: Ngh... Ah!

Carly abriu os olhos. Embora estivesse enxergando tudo embaçado, ela estranhou o ambiente em que estava. Ela ergueu o tronco e procurou por seus óculos; estes estavam ao lado do travesseiro. Após colocá-los, ela olhou ao redor e confirmou que realmente não estava no seu quarto na biblioteca, mas num lugar desconhecido a ela, o qual parecia um quarto improvisado. Olhando para si, percebeu que vestia apenas uma camiseta vermelha, mas que, por causa do seu tamanho diminuto, a camiseta parecia um vestido curto. A bibliotecária tirou o lençol que a cobria de cima de si e se levantou, indo em seguida até a porta do quarto. Quando ela foi abrir a porta, alguém do outro lado a abriu primeiro. Eis que surgiu uma figura conhecida dela, que tinha uma estranha cabeleira ruiva com formato de pé-de-alface e que não era do gosto pessoal da bibliotecária. Ele olhava para a pequena com a usual cara de poucos amigos.

Lobs: Ah, finalmente acordou. Tem belas coxas para um projeto de gente.

Carly: Vá babar em outro lugar, babaca. Onde é que eu tô?

Lobs: Onde mais? Na minha taverna. E pode baixar a crista que ninguém aqui vai lhe enfiar uma espada. De novo.

Ao ouvir tal afirmação, Carly arregalou os olhos. Ela começou a se lembrar do que aconteceu. Saindo da vista do taverneiro, ela levantou a camiseta e olhou para a sua barriga. Havia uma discreta cicatriz nela. Além disso, ela reconheceu aquela camiseta. Era de sua salvadora.

Carly: Não acredito... Eu não morri. Ela conseguiu!

Lobs: Claro que não morreu. Achou que fosse o quê? Uma desmorta?

Ela se lembrou de como Mileena se esforçou para salvá-la. Querendo saber o que se sucedeu com a moça de manopla, ela voltou a ficar de frente a Lobs.

Carly: Cadê ela?

Lobs: Está dormindo no quarto do Purkeed. Se eu fosse você, eu a deixaria quieta. Ela está exausta.

Carly: Purkeed... Peraí, e ele? Ele tá aqui também?

Lobs: Não. Ele não voltou pra cá. Ele sumiu.

Carly: Caramba, e agora? Será que ele foi capturado?

Lobs: Sinceramente, não sei...

Carly: Você não vai atrás dele?

Lobs: Bem que eu gostaria, mas as circunstâncias atuais não são boas. Não vou falar sobre elas agora. O que eu vou fazer agora é preparar algo pra você comer, e o que você vai fazer agora é voltar pra cama. Você perdeu muito sangue; precisa se alimentar e repousar.

Carly: Ah... Desde quando ficou tão bonzinho? Gostou tanto assim das minhas coxas? Pode ir tirando o cavalinho da chuva, tá?

Lobs: Hmph... Sua mente é mais suja que a boca de um ogro.

Lobs, emburrado, saiu e foi até a área principal da taverna para preparar um prato para Carly. Na verdade, ele não ia fazer comida pra Carly por pena, mas por que Mileena o ameaçara caso ele não cuidasse da bibliotecária. Esta até ia para a cama, mas decidiu sair do quarto para ir ver Mileena. De fato, ela sentia fraqueza por causa da perda de sangue, mas mesmo assim, foi atrás da moça de manopla. Ao chegar ao quarto de Purkeed, ela abriu a porta e viu Mileena deitada em um colchonete e coberta por um lençol, dormindo profundamente. Carly chegou mansamente até a sua salvadora, se ajoelhou perto dela e ficou observando-a por alguns momentos. Ela pôs a mão em sua cabeça, como um sinal de gratidão pela nova chance de vida que ganhara.

Carly: Obrigada.

Mileena: Não há de quê...

Carly: Ah...

Mileena: E... Vê se não me dá outro susto, tá?

Carly: Heh... Tá bom...

Após isso, Mileena pediu logo depois para a bibliotecária deixá-la descansar, e esta obedeceu.

Quase dois dias depois, em Gricai, Fileo e Tong-Hu ouviam de um mensageiro, na sala dos Combatentes, o relatório da operação de busca da Mão de Pravus. Os dois combatentes ficaram surpresos.

Fileo: Como é?! Ela esteve na vila da Ferradura?!

Mensageiro: Foi uma aparição rápida, senhor. Pelo que informaram, ela só apareceu para resgatar uma moça condenada por traição. O capitão responsável chegou a feri-la, mas a bruxa apareceu de repente e lhe afundou o rosto com um soco.

Tong-Hu: Credo, que porrada... Já tínhamos a Lady Fogaréu de bandida bruta, agora temos mais essa...

Fileo: Só uma coisa... Essa moça que foi condenada... Tem informações sobre ela?

O Mensageiro olhou os papeis que carregava e achou o que tinha informações sobre a ocorrência na vila da Ferradura. Lá tinha detalhes sobre as pessoas envolvidas com tal caso em particular.

Mensageiro: O nome da moça era Carly Patch, senhor; ela administrava uma biblioteca no local. O próprio capitão executou a sentença; ele a perfurou com sua espada. Não souberam informar se ela faleceu.

Fileo: (Donzela...)

Fileo ficou atordoado com aquela notícia e encontrava dificuldade para se recompor emocionalmente. Ele estava genuinamente preocupado com Carly, embora também estivesse inquieto a respeito da sua sobrinha explosiva.

Tong-Hu: E o que fizeram depois disso?

Mensageiro: Senhor, os soldados imediatamente sitiaram a vila inteira, vigiando a tudo e todos, dia e noite. Mas eles estão aguardando mais ordens para saber como proceder.

Tong-Hu: Fizeram bem. A propósito, só de curiosidade, houve outras acusações de traição registradas na operação?

Mensageiro: Sim, senhor. Contando com o caso desta moça, tivemos um total de 110 acusações. Todos eles foram condenados e executados no ato.

Fileo: Por Argenta... Ao menos eles investigaram mais a fundo sobre essas pessoas?!

Mensageiro: Senhor, eles deram respostas semelhantes. Eles simplesmente atrapalharam a busca. Eles não informaram exatamente como atrapalharam.

Tong-Hu: Aff... Tirando esse sítio na vila da Ferradura, essa operação tá se mostrando um tremendo desastre.

Agoniado com toda a situação, Fileo resolveu tomar a iniciativa e ver se podia de alguma forma intervir no caso da vila da Ferradura.

Fileo: Mestre Tong-Hu, eu vou para a vila da Ferradura. Quero eu mesmo supervisionar esse sítio.

Tong-Hu: Er... Tá bem, eu acho. Talvez seja melhor mesmo um de nós irmos pra lá. Eu informarei a Rashu depois.

Fileo: Obrigado, mestre. Até breve.

Tong-Hu: Se cuida, garoto. Boa sorte.

Fileo saiu apressadamente da sala, indo em direção à saída do castelo. Logo depois, um soldado veio correndo à sala, procurando os Combatentes para dar uma notícia urgente, vendo, porém, apenas Tong-Hu, além do mensageiro, sendo isso suficiente.

Soldado: Senhor Tong-Hu! Os aspirantes estão aqui!

Tong-Hu: Ih... Quando o Rashu souber, eles vão levar aquele puxão de orelha...

Soldado: Com todo o respeito, senhor, acho que vai ter que deixar isso para depois...

Tong-Hu: Ué, por quê? O que houve?

Soldado: Eles encontraram a Mão de Pravus, senhor! Foram massacrados!

Tong-Hu: Quê?!

Fileo estava na entrada principal do castelo e já estava se dirigindo ao estábulo para pegar um cavalo. Porém, uma carruagem que havia acabado de chegar chamou a sua atenção. Quando ele viu quem estava dentro dela, arregalou os olhos de tamanha surpresa.

Fileo: (Purkeed?!)

Os soldados que estavam na carruagem não se deram conta que Fileo estava por perto. Aproveitando isso, o Peixe se aproximou secretamente e se escondeu para não ser visto por eles. Ele conseguia ouvir o que eles falavam.

Purkeed: Nunca vi um castelo de perto... É maior do que eu pensei...

Soldado: Quando chegarmos à entrada do salão real, eu irei na frente e anunciarei ao rei a sua presença. Se ele autorizar, poderemos te levar até ele. Como se chama mesmo, menino?

Purkeed: Me chamo Purkeed, senhor. E se possível, vamos logo. Essa desgraça toda tem que acabar...

Soldado: Muito bem. Vamos lá.

Fileo julgava a situação esquisita, pois Purkeed não parecia estar sendo coagido, mas sim, estar agindo por conta própria. Por isso, Fileo não quis agir diretamente naquela hora, preferindo observar de longe para ver no que isso ia dar. Fileo, contudo, tinha um mau pressentimento quanto a isso.

Os soldados foram orientados a levar Purkeed por um acesso lateral do castelo, com toda a discrição possível para evitar que outros o vissem e saíssem comentando. Assim que eles entraram por lá, Fileo voltou à entrada principal e correu até a uma sala que ficava atrás do salão real. Lá, havia uma passagem secreta, de conhecimento apenas da família real e dos Combatentes, que ia até atrás do trono do rei. Ali, ele poderia pelo menos escutar o que se passava ali. Quando o Combatente chegou ao fim da passagem, o soldado que previamente falara com Purkeed estava anunciando sua chegada ao rei, que estava sentado no trono.

Soldado: Meu rei, trouxemos um menino que deseja uma audiência contigo!

Ritchie: Um menino? Está de brincadeira, né? A única pessoa que desejo ver na minha frente agora é a Mão de Pravus; viva ou morta!

Soldado: M-Mas, meu rei, o menino clama ser irmão da Mão de Pravus, e segundo os soldados, há testemunhas no local de morada dele que confirmam isso.

Ritchie: Hmph... É bom mesmo que isso seja verdade, pro seu próprio bem. Podem trazê-lo.

O soldado foi e falou a seus companheiros para levarem Purkeed até o rei. Purkeed estava temeroso, mas respirou fundo e tratou de criar coragem. Assim, os soldados o conduziram.

Quando Ritchie viu o menino, ficou bastante intrigado. Ele tinha uma aparência semelhante a sua própria, especialmente por causa da franja em forma de asa que ambos tinham. Purkeed também percebeu a sua semelhança com o rei, e isso voltou a deixa-lo ansioso. O rei o observou por alguns momentos até que finalmente resolveu questioná-lo.

Ritchie: Heh... Quem diria... Se alguém olhasse agora, poderia dizer que eu tenho um irmão... Será que esse é o caso?

Purkeed: Eu não sei, senhor... O senhor é o rei Ritchie, não é?

Ritchie: Não é óbvio que sou? O que te faz pensar que eu não seria?

Purkeed: Achei que o senhor fosse mais velho...

Ritchie: Idade não é nada quando se tem talento para reinar. Tenho 17 anos. Herdei o trono aos 9, depois que meu pai faleceu. Desde então, tenho guiado Sortiny ao progresso, e isso teria sido mais depressa se não fossem as Darphai, tal como a sua irmã.

Purkeed: Minha irmã não é como as irmãs dela! Ela é uma irmã maravilhosa e gentil! Ela não é nenhuma bandida!

Ritchie: Hmph... A estupidez dos plebeus sempre me diverte... Diga, menino, qual é o seu nome?

Purkeed: P-Purkeed, senhor...

Ritchie: Hihihi... Esse é o nome mais feio que já ouvi. Quem te deu esse nome?

Purkeed: Foi o... Senhor Lobs... Ele é taverneiro. Ele me acolheu quando era pequeno...

Fileo: (Droga, garoto...)

 

Fileo estava conseguindo escutar a conversa e ficou vexado. Ele se sentiu pior ainda ao ouvir Purkeed expondo a Lobs. O pequeno, porém, se deu conta que estava começando a falar demais e tentou ir direto ao assunto que lhe interessava.

Purkeed: Er... S-Senhor Ritchie... Por favor, eu deixei que me trouxessem até aqui por um motivo muito importante. Queira me escutar...

Ritchie: Ah, sim... Está bem. Estou mesmo curioso pra saber o que é tão importante pra ter feito você se entregar. Diga então, o que você quer?

Purkeed: Quero que pare de perseguir a minha irmã!

Ritchie: Ah... Você veio aqui... Só pra pedir isso?

Purkeed: Sim... Eu tenho certeza de que minha irmã é uma boa pessoa. E por causa dessa perseguição, minha irmã tem ficado muito distante. Eu não quero mais isso! Eu quero que minha irmã seja livre! Se a minha irmã tem mesmo que ser punida ou morrer, então eu me ofereço no lugar dela, aqui a agora! Mas, em troca, deixe minha irmã em paz!

A declaração de Purkeed deixou os soldados comovidos. Mesmo tão jovem, Purkeed demonstrou a coragem de até morrer por Mileena, uma coragem que parecia não existir naquele reino há séculos. Fileo, quando ouviu aquilo, ficou tão admirado que deu um sorriso largo de contentamento.

Fileo: (Purkeed... Hoje, você me encheu de orgulho.)

O rei Ritchie também estava sorrindo, mas não era de admiração. Era um sorriso irônico, que demonstrava puro desprezo pela atitude dele. O ódio que ele carregava em seu coração era tanta que ele quis, por mero capricho, destruir aquela determinação. Porém, surgiu uma coisa em sua mente que o deixou com uma pulga atrás da orelha, e ele resolveu tirar a prova.

Ritchie: Heh... Que bonito. Mal saiu das fraldas e já acha que é homem. Comovente.

Purkeed: ...

Ritchie: Antes de dar minha resposta, quero que faça uma coisa para mim. Tire a camisa.

Purkeed: Hã?

Ritchie: Sim, você não queria fazer algo pela sua maravilhosa irmã? Pois então, tire a camisa. É só por um momento.

Ninguém entendeu o que passava pela cabeça do rei quando ele fez tal pedido a Purkeed. Mesmo envergonhado, o menino obedeceu e tirou a camisa. O rei viu que havia uma marca esquisita ali, na altura do coração do menino. Era uma marca rosada, elíptica, com o que parecia ser duas bocas dentadas viradas uma para cada lado da marca. O rei abriu um sorriso enorme e começou a rir. A risada evoluiu para uma gargalhada medonha que ecoou por todo o castelo, assustando a todos, especialmente a Purkeed.

Ritchie: HAHAHAHAHAHA! HUHU! HIHIHIHI! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

Os soldados ficaram mais assustados e ainda mais confusos. Purkeed olhava apavorado para o rei, porque não sabia o que ele faria depois disso, mas, seja lá qual for, certamente não seria bom.

Ritchie: Hahahaha! Parece até que os Regentes de Utopia estão conspirando a meu favor!

Purkeed: Eu... Eu não estou entendendo...

Ritchie: Eu vou te explicar então, seu pequeno idiota. A sua mera vinda aqui já fez algo pela sua irmã. Deixou ela mais perto do lugar de direito dela... Os oitavos de Pravus!

Purkeed: O quê?

Ritchie: Você pode ficar tranquilo com uma coisa. Eu não vou matar você. Vou deixar você bem vivo. Assim, quando sua irmã for trazida até a mim, eu vou mandar o carrasco abrir o ventre dela e tirar todas as tripas dela, uma por uma, e deixá-las bem na sua frente pra você apreciar! E depois, eu vou jogar o que restar dela na mesma fornalha que reduziu os cadáveres imundos das irmãs dela a cinzas! Essa é a minha resposta para você, seu moleque plebeu, demente, estúpido, sem noção e mal acabado!

Purkeed ficou atordoado e emudecido com a resposta do rei. Não sabia mais o que pensar; não sabia se ele havia feito a coisa certa ou se cometeu o pior erro da sua vida. Nem mesmo os soldados sabiam o que dizer; estavam quase tão abalados quanto o menino. O rei deu por encerrada a audiência, satisfeito por quebrar o espírito do menino, e deu suas ordens finais.

Ritchie: Soldados, atenção. Nós não tivemos essa conversa. Se afirmarem o contrário para alguém, considerem-se mortos.

Soldado: S-Sim, majestade...

Ritchie: Quanto a essa criatura lamentável aqui, prendam-no em Al-Katrax.

Soldado: M-Mas, alteza! Aquele lugar é reservado apenas para o criminoso mais perigoso do reino! Esse menino nem de longe é um...

Ritchie: CALADOS! Essas são as minhas ordens e vocês vão obedecê-las! Do contrário, todos vocês morrerão como traidores! Entenderam?!

Relutantes, os soldados obedeceram e seguraram Purkeed, mas com pouca força. Eles não concordavam com a atitude do rei, mas, com as vidas em jogo, não quiseram desafiar o rei. Antes de levarem o menino, o rei se aproximou de Purkeed, ficando cara a cara com ele, e sussurrou.

Ritchie: Bem vindo de volta ao lar, Pickie.

Purkeed não conseguiu compreender o que Ritchie quis dizer com aquilo. Ele, porém, não teve muito tempo para pensar no assunto. Os soldados o levaram dali, deixando o rei sozinho. Com um sorriso diabólico no rosto, o rei falava consigo mesmo.

Ritchie: Isso saiu melhor do que eu esperava... Agora, eu tenho a chave em mãos! Tudo o que tenho que fazer agora é matar aquela bruxa e então... Realia será minha! Hahahahahaha!

Encolerizado com tudo o que aconteceu, Fileo saiu da passagem secreta e voltou para a entrada principal. Ele rapidamente pegou um cavalo e saiu de Gricai a toda velocidade. Ele jurou que não ia deixar o rei fazer o que bem entendesse, ainda mais agora, que sabe que o rei planeja uma desgraça de nível mundial.

Fileo: (Purkeed... Melhor, Príncipe Pickie... Eu juro por Adriel... Seu sacrifício não será em vão!


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Notas finais do capítulo

Curtiram a pegadinha do boneco malandro? Não? Ah, tá bem...

Mileena descobre o que houve com Purkeed e entra em...

Próximo Capítulo: Crise

Confira!



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