Megavi - Cenas excluídas escrita por MarjorieJustine


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Vamos descarregar a raiva no Davi hahahah
Recomendo escutar Let Her Go - Passenger



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Davi olhou novamente o computador. Pegou então seu Marraphone. Viu uma foto de Megan e Arthur em um site de celebridades. Ela parecia estar tão feliz. Como ele fora idiota! Entendeu tudo errado, achou que estava tudo se ajeitando e foi só brincadeira da bad girl.

Lembrou daquela manhã. No meio da noite Manu havia ligado, ele deslizou pelo sofá e mandou uma mensagem dizendo que estava bem, ia passar outra noite trabalhando em novos projetos para o Junior. Ela ligou novamente, queria ouvir sua voz. Se despediu, disse que amava ele, Davi, apenas com uma almofada que o protegia da total nudez, parado em pé próximo ao balcão da cozinha, revelado apenas pela luz da rua que entrava pela janela da sala, respondeu relutante “também te amo”. Desligou o telefone, fechou os olhos e olhou pra cima. Colocou o celular desligado sobre o balcão e olhou em direção a Megan. O sofá ficava de lado para o balcão, há uns três metros e meio de distância.

Davi observou então ela deitada no sofá, corpo jogado com apenas um lençol a cobrindo até metade do corpo, o cabelo loiro cobrindo o resto que o pano não alcançava. Ele suspirou. Não ia perder aquele momento. Como se fosse um prisioneiro nos últimos 4 anos, naquela noite pela primeira vez ele deu valor a todos os momentos que passara com a Megan antes.

Ele ficou quatro anos vivendo a felicidade superficial de ter conquistado o que sonhara desde pequeno, consumida rapidamente diante do fato que a glória da conquista nada importa se você não consegue aproveita-la, e ele só conseguia sentir plenamente feliz, mesmo quando não tinha vitórias, do lado dela. Só depois de quatro anos sem sentir aquela sensação boa, leveza, como se carregasse o mundo nas mãos quando estava com ela nos braços, protegendo e dando carinho, é que ele percebeu o quanto ela significava. Megan era muito importante para ele, e sempre seria.

Voltou então ao sofá, se ajeitou do lado dela, jogou a almofada pro canto. Deu vários beijinhos no seu braço. Puxou o corpo dela de frente pro seu, rodeando a sua cintura. Baixou a cabeça aproximando seu rosto do dela. Ela dormia como uma pedra, não acordava. Ele fez biquinho, queria aproveitar mais tempo com ela. Deu beijinhos no nariz pra ver se a acordava. Nada. Ele roçou seu nariz no dela de leve. “Minha bad girl” ele sussurrou. Se ajeitou até ajeitar-se com o corpo sob ela. Megan então se mexeu e aninhou a cabeça no seu peito, dando um suspiro de satisfação. Ele sorriu. Pegou a mão que pousava no seu peito, deu um beijo nos seus dedinhos, devolveu ao peito e suspirou. Precisava dormir, teria de estar na Gambiarra cedo, antes de Manuela sair para a Marra. Ela com certeza passaria na garagem pra saber como ele estava.

Assim, quando a primeira lágrima de Megan alcançou a pele do peito dele e o único soluço que não pode controlar, escapou, ele já estava dormindo.

Davi saiu cedo, antes mesmo de amanhecer. Se acordou com barulho da porta de um apartamento perto sendo aberta, ouviu gritos e ela se fechando com força. Ajeitou Megan no sofá. Acocado ao lado do sofá, ele ficou ali olhando mais um pouco o rosto dela. Beijou os lábios e buscou suas roupas. Saiu pela porta, mais tarde ligaria ou mandaria uma mensagem. Melhor, ele voltaria ali mais tarde, assim que Manuela saísse. Ele saiu pela porta devagar, fechou a porta bem devagar e depois caminhou pelo corredor assoviando.

Megan, esperou o som dos assovios de Davi desaparecer pelo corredor. Puxou o lençol até o rosto e liberou o choro.

– Oh God, ele passa a noite comigo mas diz eu te amo pra ela. Quando eu vou aprender? Quando vou entender que ele não me ama?

Megan estava jogada na sua cama agora, olhando pro teto, alto, distante, também em azul marinho. As paredes do quarto eram cinza. “Brega”, ela pensou. Casa toda lhe parecia um equívoco entre o out e o clean. Aquela casa a deprimia. As paredes eram distantes, o teto, até o pé da cama ela precisava se esforçar para alcançar quando deitava. Tudo longe dela, como sempre. Seus pais, distantes, tios, avós, companheiro, longe, Davi...nunca conseguiu alcançar.

What should i do? – ela perguntou passando a mão no ventre e olhando este. Deu um sorriso – Mas você não está distante, você está mais perto de mim do que qualquer outra pessoa no mundo jamais estará.

Ela se levantou e andou até a sacada do quarto. O dia estava nascendo. Ela lembrou da ultima noite que passou acordada, que viu o dia chegando. O lugar era muito mais confortável, a Taquara.

Uma coisa que nunca fora fácil para ela era dormir quando tinha Davi perto dela. Ela gostava de aproveitar cada segundo. Ver ele dormir, acariciar sua barba, dar beijinhos enquanto via se ele acordava. E naquela noite não foi diferente.

Mas o celular dele tocou. Ela fechou os olhos bem rápido e fingiu dormir. Viu ele escorregar para fora do sofá e caçar a calça dele. Ao pegar o celular, ela fechou os olhos quando notou que ele se virava na direção dela. Percebeu ele caminhar para longe. Espreitou com os olhos ele virado de costas para ela. Não conseguia ouvir o que ele dizia. Começou a rir com o reflexo da luz da rua no bumbum dele, parecia formar uma meia lua branca. Fechou os olhos quando percebeu um movimento de cabeça de Davi. Mas não podia resistir, ia começar a rir do que vira, quando ouviu um “eu te amo também”. Um frio passou pelo peito dela. Enquanto pela garganta começava a subir uma vontade de chorar. Mas ela então fechou mais os olhos. Manteve-se inerte para ele não percebe-la. Resistiu aos carinhos, a ele a ajeitando. Quando não pode mais suspirou ao se aninhar no peito dele. Esperou a respiração de Davi se tornar regular e deixou as lágrimas brotarem devagar e escorrer pelo rosto.

Ficou assim até ouvir o barulho no corredor, Davi sair, ele beijar os lábios dela, e ela não poder beijá-lo de volta. E quando ele já estava longe ela se permitiu sentir a dor.

Novamente caiu. Das outras vezes porem era mais fácil, ela ia sem blindagem. Afinal ela ia sabendo que poderia ser rejeitada, que ele diria que amava a Nerdestina. Mas deu um fim nisso quando resolveu ficar com Arthur. A escolha dela fora clara, não permitira mais “Megan, eu gosto muito de você, mas amo a Manu” . Cansara de sofrer com isso, e naquela noite, ouvira de novo ele dizer que amava a outra. Não estava preparada para essa vez.

Megan se sentou no sofá e olhou pela janela o sol nascendo. Outro soluço saiu. Ficou assim por quase uma hora. Então um sopro de esperança passou pela sua mente.

– Mas é claro, Davi teve que dizer isso, como ele ia do nada dizer que não amava ela ou deixar ela no vácuo. Ele só enrolou essa nerdestina até contar que está comigo, que vamos voltar. É o Davi right? Ele é meu Golias, não me enganaria assim. Ele não veio até aqui só por uma noite, pra me ver dizendo que ainda amava ele. Ele veio porque me ama. Ninguém que ame a namorada vai sair transando com a irmã de consideração.

Ela sorriu débil. Claro que Davi a amava, ela não estava se iludindo como há quatro anos atrás. Ela não podia ter passado todo esse tempo trabalhando para esquecer Davi e começar a vida sabendo que ele não a amava, para logo no primeiro truque cair. Agora ele notou que a ama, agora ele viu que ela era a mulher perfeita para ele.

Ela sentou aliviada no sofá. Um conforto no peito, relaxou. Agora ela tinha que se arrumar, ele com certeza voltaria. Se levantou e foi em direção ao antigo quarto do seu dad.

Notou o celular do Davi no balcão. Pegou ele, teve uma ideia. Com o lençol enrolado no corpo começou a tirar fotos para ele. Foi ver como ficaram e teve o desgosto de perceber fotos dele com Nerdestina. Teve vontade de apagar. Se conteve, já não era mais assim. Mas não pode deixar de ficar curiosa com o que poderia ter no celular. Fazia quatro anos, ele pode ter trocado de telefone, mas Davi costumava guardar lembranças. Buscou alguma foto sua. Foi até as ultimas, e uma dor no peito. Tinha uma foto dele com Manuela juntos tomando saquê. E depois uma foto dela dormindo. Então um vídeo.

Megan não teve coragem de clicar. Jogou o celular no balcão de volta. Foi até o quarto e colocou uma calça de coro preta, uma camiseta escura com desenhos de flores brancas e um maxicolar prateado escuro. Voltou para procurar o sapato na sala. Não resistiu, pegou o celular e assistiu o vídeo. Era ela acordando.

– Para Davi – disse uma nerdestina remelenta para o vídeo – sério, anda. Já é 6 horas? Temos que ir para as palestras. Pamela me mata se eu não representar a Marra nessa Tecnow.

– Que isso - disse a voz do Davi que mantinha a câmera nela, que se levantara usando uma combinação BREGAAA e fora buscar roupas pelo chão. – temos bastante tempo. E duvido que a Marra se preocupe com uma Tecnow assim simples. Vamos sair.

– Não, eu não vim a Curitiba para – ela disse se aproximando da cama sorrindo – me divertir.

Megan parou o vídeo. Curitiba, Pamela mandou ela. Megan colocou o celular de volta no balcão. Segurou o choro, pressionando os lábios, estalando estes.

– Ok. O que eu esperava? Óbvio, eles ficaram em Curitiba. A boba aqui achando que estavam dando um tempo, e ele ..ele.. O HIPÓCRITA! Me chamava de infantil, irresponsável e foi pra cama com a outra assim que teve chance. E eu babaca fingindo que estava cega por causa dele. Porque achava que esse monte de shit ao menos me respeitava. Mas sempre foi ele – ela dizia isso segurando o celular em frente ao rosto, como se gritasse com Davi – em primeiro lugar. Tudo que fazia era para se mostrar melhor que os outros, e no final é tão baixo quanto meu dad. Oh God, como fui burra! Tal pai tal filho!

Megan saiu como um furacão para o quarto, jogou o que tinha de roupa espalhada dentro da malise aberta. Só tinha trazido aquela para cima. As demais tinham ficado no carro, ficou cansada demais trazendo aquela e não tinha precisado de nada que estava nas do carro. Juntou sua necessárie, sapatos. Deixou apenas as roupas da noite anterior no sofá. Não ia levar algo com o cheiro dele para casa, sua casa com Arthur, outra vitima desses dois hipócritas.

– Pessoas mais do bem do mundo my ass. - Disse Megan fechando a porta atrás de si, para logo abri-la. – You know what? Let me give you um pouco do seu próprio veneno Daviado!

Megan pegou um guardanapo e escreveu com seu lápis de olho, tirado da nécessaire. “ Voltei para minha casa em São Francisco. Boa sorte. Quando voltar podemos repetir a brincadeira...” Megan não sabia como terminar o texto, queria ferir o ego de Davi, fazer ele sentir o que ela estava sentindo, que foi usada para satisfazer o ego dele, afinal ele só queria saber se ela ainda se rastejava por ele “...Arthur me ligou. Desculpe, mas amo realmente ele. Bye”

Ela olhou o bilhete. Rasgou. Não tinha coragem de descrê tão baixo. Ligou para Danilo a acompanhar até o aeroporto. Precisava de algum conforto. Pegou o celular de Davi, colocou no chão e pisou com o salto em cima. Nada. Urrou de raiva, pegou então uma cadeira, e com o pé dela bateu até ver ele bem danificado.

Ergueu a cabeça arfando. Olhou para a porta e do outro lado estava uma mulher de uns trinta anos, usando um roupão roxo e espantada com a cena. Megan a olhou um pouco irritada. A mulher então devolveu o olhar e disse com um sorriso:

– Ótima ideia. São todos uns cretinos.

E entrou no seu apartamento. Megan ainda ouviu o barulho de alguma coisa sendo esmagada por algo pesado antes de entrar no elevador.

Agora ela estava ali. Sozinha, de novo. Como quando chegou em casa e sequer Arthur teve para se consolar. Teve novamente que se contentar em chorar as mágoas ou alimentar o ódio dentro de si, até se cansar.

Megan voltou para a cama, se jogou nela e começou a alisar o ventre de novo, rindo. Sentiu uma sensação boa, morna, algo dentro de si muito forte.

– Eu vou ter um bebê, lindo, que vai me amar e que vou dar todo o meu amor.

Megan disse isso emocionada. Quando escutou a porta do quarto ser aberta por Arthur.

– O que você disse, Megan?


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