Se tem algo que Karina quer mais do que tudo é ser uma lutadora profissional. Para que consiga realizar seu sonho se dedica todos os dias a treinar com determinação (muitas vezes até contra a vontade do seu pai).

O pai dela é Gael Duarte, um ex-lutador que abandonou sua carreira para criar suas duas filhas. Ele criou Karina e sua irmã, Bianca, sozinho. A mãe das meninas morreu após dar a luz à filha mais nova, então Karina não teve a oportunidade de conhecê-la. As únicas coisas que ela sabe da mãe é o que as outras pessoas lhe falam, como Ana era bonita e uma excelente atriz. Foi mais difícil para Karina crescer sem a mãe do que para Bianca. Pelo menos a mais velha teve a chance de guardar alguma lembrança. As meninas sabiam que Gael tinha feito o melhor que podia para criá,las e tentar suprir a ausência maternal.

Karina treina Muay Thai na academia de seu pai, que fica quase em frente de onde eles moram. Em cima da academia do Gael existe uma escola de artes chamada Ribalta, que a filha mais velha do lutador, Bianca Duarte, frequenta. Ela puxou o talento da mãe para artes, enquanto Karina Duarte puxou o talento do papai para luta.

Por falar na Ribalta...ontem havia sido o dia das audições para novos alunos da escola e foi um dia muito complicado para todos. Os lutadores da academia se ficaram irritados, pois toda hora tinha alguém perguntando informações. Foi um dia intenso para as duas filhas de Gael. Karina se meteu numa briga com um garoto chamado Pedro, filho do dono do Perfeitão, o novo restaurante que tinham aberto recentemente em frente a academia. Ele perguntou para ela sobre as audições da Ribalta e os dois se estranharam. No final da briga Karina acabou toda encharcada quando Pedro jogou um balde de água suja na cabeça dela. Karina, depois desse banho involuntário, torceu para que Pedro não passasse no teste, assim não precisaria cruzar com ele por ali todo dia. Bianca Duarte também não teve um dia fácil. Ela foi fazer o teste para Ribalta escondida do pai. Gael tinha raiva da escola por causa de sua falecida esposa Ana e não suportava a ideia da filha estudar lá. Quando Gael descobriu que Bianca estava nas audições da Ribalta, ele foi até lá e arrastou a filha pelo braço até em casa. Somente depois que Bianca insistiu muito para estudar na Ribalta que ela conseguiu convencer o pai a deixá-la frequentar a escola.

— Bom dia, pai! - Karina diz chegando a mesa do café.

— Bom dia, filha! - Gael lhe responde enquanto se serve de um pedaço de pão. - Acordou cedo.

— Quero chegar logo na academia. Tenho que treinar.

— Karina, o que eu foi que eu te disse? Não quero você competindo.

— Poxa, pai! Eu sou uma boa lutadora. Puxei o senhor. O que tem isso de mais?

— Você é minha filha e vive sob o meu teto e, por consequência, sob minhas regras.

— Aposto que se fosse a Bianca você ia deixar. Porque nunca posso fazer o que eu quero? A Bianca vai para escola de artes. Porque eu não posso seguir meu sonho também?

— Atuar não é a mesma coisa que lutar.

— Tem razão. Lutar é muito mais legal. Se fosse a preferida da Bianca, a filha perfeita, você ia deixar.

— Eu não tenho preferência entre vocês, Karina. Para com essa implicância.

— Para mim já deu desse papinho. Tô indo para academia arrumar os equipamentos pra aula.

Karina levantou da mesa e foi saindo da sala, mas ainda ouviu o pai falar:

— Não sei o que me deu para deixar você treinar comigo quando era pequena.

"Porque ele não me entende?", a menina pensou.