Creusa escrita por Creusa ComDown


Capítulo 1
O Próprio Diabo


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo centra a doentia família Darwin, liderada por uma mulher ainda mais odiosa de coração devastado pelo ódio, poder e ganância. Lenda Darwin é o próprio diabo.



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Eu era uma criança bonita apesar de portadora de síndrome de down. Bom, existiam poucas fotos minhas e ninguém sabe de fato quando eu nasci, mas especula-se que tenha sido lá por 1967. Minha mãe não deixava eu sair de casa para brincar com as outras crianças, ela repetia várias e várias vezes que eu as assustaria. Eu consigo lembrar disso. Eu tinha uns três anos quando fui embora para sempre daquela família. Eu chorei durante semanas inteiras e então as freiras daquele lugar terrível começaram a me bater. Elas não queriam que eu fizesse barulho. Eu era uma verdadeira atração entre os demais. Eles eram loucos. Mas eu não.

–Meu amor? — Era meu amado pai que chegava do trabalho, sempre ansioso para ver sua filhinha amada, eu e sua mulher, que eu deveria conseguir chamar de mãe.

–Oi Odênius. Que bom que chegou. A sua filha não para de chorar. Dê um jeito nessa criança, ou eu vou dar o meu jeito. — Então ela foi para o quarto. A nossa casa era majestosa, eu tinha de tudo pra ser a criança mais feliz do mundo. Me pergunto como seria minha vida caso eu tivesse nascido... Normal.

–O que foi Creusa? — Eu estava atirada no chão. Caramba, eu era só um bebê. Não precisava ter tanto ódio de mim. Meu pai me envolveu em seus braços... Ele era tão bonitinho. Era meio gordinho, fofo. O pai mais lindo do mundo pra mim, às vezes acredito que ele tenha sido o único que independente de tudo, me amava. Amor de verdade. Amor verdadeiro.

Tinha uns três anos e não falava. Crianças portadoras de síndrome de down precisam ser incentivadas pelos professores e suas famílias, mas isso não aconteceu comigo. E depois, se entre meus próprios familiares isso não acontecia, eu realmente não esperava que no inferno em que eu cresceria isso fosse acontecer. Não mesmo. Eu tinha de tudo pra ser uma derrotada, abobada. Mas eu busquei forças onde só existia ódio, maldade e fúria. Eu busquei forças onde a maioria das pessoas não encontraria esperança. E hoje estou aqui. Mas ainda tenho medo quando vou dormir, ainda choro quando lembro dos amigos que fiz naquele inferno e ainda tremo ao lembrar do rosto daquele ser maligno que me aprisionou lá dentro.

–Odênius... — Era inverno, 1969. Minha mãe estava de pé, acordada. Meu pai, dormindo. Ela parecia querer falar com ele, mas ele estava ocupado demais babando no travesseiro.

–Quando você me perguntar o porquê de não ter falado com você antes, vou me lembrar de que você preferiu babar seu porco imundo. — E Lenda saiu do quarto em direção ao telefone.

Às 22:30 de 6 de Agosto de 1969 eu não sabia, mas meu destino havia sido selado. Eu não tinha escapatória, pois era só um indefeso bebê que nada podia fazer para fugir das garras daquele homem nojento e grande que veio me buscar.

–Oh, leve-na senhor, leve-na! Amo minha filha, mas não posso a ter por perto. Ela claramente é retardada. — Ela forçava algumas lágrimas. Eu não sei quem era aquele homem mas ele parecia ser um funcionário do lugar para onde eu estava indo. Ele veio me buscar. Eu chorava desesperadamente ao ser tirada da cama, mas meu choro não comoveu o coração da minha própria mãe, a mulher que havia me gerado.

–Creusa?! — Meu pai acordou e correu até meu quarto ao ouvir meu choro, mas ao olhar no berço, eu não estava lá.

Minha mãe estava deitada sobre a mesa de jantar... Ela vestia uma camisola vermelha e abria as pernas lentamente ao ver que meu pai se aproximava, ainda muito nervoso. Ele sabia que ela havia feito alguma loucura, pois eu chorava. E ela ria.

–Meu doce, chegue mais perto e faça o que têm que fazer se quiser ter talvez em alguns meses um novo bebê.

E naquele exato momento, uma lágrima escorreu pelo rosto do meu pai. Mas ele sabia que não podia contrariar a sua mulher, afinal, ela era o próprio diabo.


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Notas finais do capítulo

A série é um terror / drama que conta a história de vida de Creusa Darwin. Na realidade não se pode dizer que ela viveu, todos os segundos de sua vida não foram vividos. Foram SOBREvividos.



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