Sexta-feira, 13/10/1514, Europa.

Já estava perto da meia-noite, mas mesmo assim todos os habitantes da cidadela estavam reunidos próximos ao lago. O clima era de congelar os ossos, o lago era coberto por uma fina camada de gelo, tão fino que o mínimo toque podia quebrá-lo. A leve brisa fria vinda do outro lado do lago era suficiente para deixar todo aquele povo batendo os queixos. Foi quando eles ouviram o trote dos cavalos e as rodas de uma carruagem rangendo. Os cavalos pararam de trotar e ficaram parados. A porta da carruagem foi aberta, e de dentro dela uma moça fora jogada. Ela tinha cerca de quinze anos, estava completamente nua, a pele branca marcada por chicotadas e as bochechas coradas. Seus longos cabelos ruivos estavam assanhados e sujo de terra, lágrimas rolavam por seu rosto. Suas mãos estavam amarradas com uma corda.

– Por favor, eu imploro, me deixem, eu não sou nada disso, vocês estão enganados, por favor... – A voz dela estava trêmula por conta do frio.

Seu nome era Margaret Willians, fora acusada de bruxaria pelos gêmeos Campbell, James e Jonas. Eles a delataram dizendo que a viram fazendo feitiçaria e acendendo uma fogueira cujo fogo era azul. Margaret implorou e negou, mas não adiantou. James pegou a corda que amarrava suas mãos e puxou com toda sua força, obrigando-a ficar de pé. Os pais da menina gritavam e imploravam piedade, a mãe correu até lá, mas Jonas a conteve.

James a levou até a beira do lago, enquanto eles passavam, os habitantes da cidade abriram caminho. Xingavam-na e a chamavam de bruxa. Ao chegar à beira do lago a menina gritou, chorou e tentou fugir, mas James a pegou pelo braço com tanta força, que fez uma mancha avermelhada. E então ele a empurrou. O gelo abaixo da menina quebrou-se e ela afundou debatendo-se, impedida de nadar. Antes de morrer, Margaret prometeu a si mesma que teria sua vingança.