Gorda de bolinhas escrita por AD Gomes


Capítulo 1
GORDA DE BOLINHAS




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Tinha um metro e oitenta e já estava meio calvo, beirava os trinta. Não tinha amigos e todo mundo só lhe chamava “gafanhoto” devido às pernas longas e finas que não usava pra basquete nem pra qualquer outro esporte. Passava horas no escuro do quarto, em frente ao console, jogando Call of Duty, mas, às vezes, o brilho da janela o atraia. Algo lá fora que, não o sol, o fazia soltar o joystick, caminhar até a janela e gastar alguns minutos do seu dia olhando a rua. Às vezes não havia nada além de carros apressados, de cachorros copulando e de gente vendendo coisas nas calçadas, mas às vezes podia ver a garota rechonchuda que morava na casa da frente saindo para ir à missa.

Gafanhoto pensava que, se fosse à igreja, poderia conhecê-la, mas Gafanhoto era ateu.

Um dia a vizinha gorda de Gafanhoto foi convidada para a-festa-do-ano. Toda a turma jovem do bairro estava sabendo a hora e o local porque tinham combinado tudo através de redes sociais. Os rapazes e garota que adoravam curtir com a cara do magrelo esquisito iam estar lá.

Gafanhoto não era legal o bastante para ser convidado, mas decidiu que, por aquela gordinha, ele iria mesmo que de penetra.

Na noite da festa, a música alta fazia os vizinhos arrancarem os cabelos. Garotos farristas enchiam a cara de cerveja e caipirinha. E garotas atraentes dançavam funk em volta da piscina. Gafanhoto era um cara do tipo invisível pra as outras pessoas e se utilizou disso para entrar na festa. Lá havia gente demais por metro quadrado e, quando Gafanhoto andava, pessoas abraçadas, se beijando, colidiam com ele. Não era fácil se locomover com tantos corpos suados, e alguns seminus, pressionando-se conta o dele. Mas, ainda que em meio a tanta algazarra e fumaça de baseado, Gafanhoto conseguiu avistar a gordinha, e ela estava no lado oposto da piscina. Com tanta gente aglomerada, seria difícil de dar a volta. Como saber se ela ainda estaria lá quando lá ele chegasse?

A gorda usava um vestido amarelo com bolinhas pretas que de tão maleável, revelava as formas ondulantes de seus glúteos opulentos. Conversava com suas amiguinhas profanas que, vez por outra, lhe ofereciam cigarro ou bebida, mas ela recusava sempre.

Quando o DJ trocou o funk por música sertaneja, as meninas fizeram a gordinha dançar. Seus longos cabelos negros começaram a balançavam no ar, lançados de um lado para o outro. O panejamento de seu vestido de bolinhas tribulava em uma continua metamorfose. Seus pés pequeninos e ágeis mal tocavam o chão a cada passo de sua dança frenética.

Gafanhoto comia a gorda de bolinhas com os olhos, hipnotizado como a libélula que encontra uma lâmpada incandescente. Ficava parado, boquiaberto, próximo demais da piscina lotada de gente. Próximo demais dos casais dançando alucinados. Próximo demais da anca rodopiante que, por fim, o atingiu e o derrubou na piscina, onde um cara bombado levava a namorada sentada em seus ombros.

Com a queda, Gafanhoto esbarou no cara bombado e a garota caiu em cima dele. Possessa de raia a menina começou a xingá-lo e o seu namorado gorila acertou um cruzado de direita no nerd. Gafanhoto ficou inconsciente no fundo da piscina e o casal voltou a se divertir com copos de caipirinha na mão.

Vendo tudo o que havia acontecido, a gorda de bolinhas fez alarde pra que tirassem o azarado de dentro d’água. Como fosse a única preocupada com o rapaz, a gordinha o ajudou a chegar a um quarto vazio. Conseguiu lhe uma toalha e não teve pressa de voltar pra festa. Estava cansada do barulho e da multidão.

Olhando melhor, a gordinha reconheceu o rapaz que morava Há anos em frente à sua casa e nunca falara com ela. Ele nada falou sobre a admiração que sentia pela garota e não agradeceu por ela o ter salvado do contato com as outras pessoas da sua idade. Esquecera-se de ser gentil quando viu de perto os lábios meigos da gorda de bolinhas, mas deitou-a na cama carinhosamente e começou a beijá-la. A garota foi reciproca até que uma mão, que não era sua, entrou embaixo de seu vestido e lhe tocou a genital.

— Pare! — ela protestou. — Isso eu não faço. Sou uma moça católica. Só transo depois do casamento.

— Por que uma moça católica veio a uma festa como esta? — perguntou Gafanhoto em tom filosófico.

— Pra me divertir, mas não sei se musica alta, bebida alcoólica e cigarros são o meu tipo de diversão.

— O que você quer fazer então? Voltar para casa com a sensação constrangedora de ter perdido seu tempo vindo até aqui ou quer aproveitar o que restou da noite?

A menina não respondeu de imediato, mas fitou os olhos de Gafanhoto, deliberativa. Primeiro suas pernas se recolheram. Depois, os seus pezinhos se afastaram por dois palmos. E em fim, suas cochas se abriram como as pétalas de uma flor a desabrochar.

Gafanhoto segurou seus tornozelos e os ergueu até o alto, mantendo seus pés sempre afastados. Então mordeu sua vulva por sobre a calcinha e a fez se contorcer. Depois abaixou as calças ensopadas e cobriu a gorda com seu corpo franzino.

Depois daquela noite, Gafanhoto não conseguiu mais se concentrar no Call of Duty. A gorda de bolinhas invadia seus pensamentos nos momentos mais impróprios. Achava que nunca voltaria a falar com ela porque agora estava mais tímido que antes, mas um dia a campainha tocou e ao abrir a porta, Gafanhoto viu ressurgir suas esperanças. A gorda de bolinhas estava à sua porta. Mas depois da alegria, veio o desespero. Ela dizia que Gafanhoto logo ia ser pai.

FIM


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