Concurso de Halloween - A Ópera dos Mortos escrita por Mrs Born to Lose, Naomei


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas!É o nosso primeiro feat. juntas! Mrs Suicidal e Naomei te desejam uma boa leitura...



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Era um ano frio. A neve se acomodava pelos arredores de uma pouco habitada vila. O som de risadas e cantorias era detectado de longe. Porém uma voz parecia ressaltar-se de todas as outras; e a doce melodia pertencia a ninguém menos que Stacy O'Connor, uma adorável garota de ingênuos doze anos, longos e sedosos cabelos castanhos e dois olhos perolados, num tom azulado quase branco. Ela cantava a ciranda enquanto dançava com as crianças mais novas numa roda, todos de mãos dadas.

O sino é tocado. Todos se despedem, ansiosos para o próximo encontro. Cada um saltita até sua respectiva moradia, inclusive a dona do canto angelical. Porém esta não se anima, não saltita. Leva as mãos ao peito, respirando fundo, e caminha cabisbaixa até sua antiga e pequena casa, que rangia junto ao vento. Na porta, uma alta e magra mulher a aguarda, pacientemente, com um sorriso torto no rosto.

"Olhe o frio, Stacy. Direto para o banho." Dita, conforme assiste sua filha marchar para dentro. E então continua "Já enchi a banheira. Seja rápida para não perder o jantar". Ela consente, passiva. Os longos fios castanhos são liberados da touca e trança. Retira as luvas, deixando nuas as finas e gélidas mãos. Stacy se encaminha ao banheiro, envolto numa névoa densa que nasce das águas quase ferventes. Seu corpo nu, rosado nos cotovelos e joelhos, estremece com a brisa fria que escorre pelo vão da porta, e uma cicatriz arde ao tocar a água. Um antigo corte, iniciado pouco abaixo do jovem seio direito, traça sua barriga, até chegar a linha do umbigo. A pele morta lhe incomoda. Dói. Suja.

A lua brilhava forte no céu. A neve continuava se acumulando, já que agora nevava.

Stacy mastigava lentamente o pouco de comida providenciado, enquanto assistia discretamente sua mãe beber garrafa por garrafa. Termina mais uma, a bate na mesa. Um fio de vinho escorre por sua boca, até lentamente pingar em sua mão apoiada na superfície de madeira. Ela sorri. Os olhos oscilam, mas busca pela próxima bebida.

Stacy se retira, observando de seu quarto a sanidade libertar-se do corpo daquela que lhe dera a vida.

Passa-se o tempo, copos são virados em sua boca, o relógio estala o passar das horas.

Ela sabia que não poderia se esconder por muito tempo. Sua respiração ofegante logo denunciaria o lugar onde se escondia, mas ela tentou evitar a presença da mãe até o último momento. Dominada pelo medo, suando frio, quase não podia evitar os tremores que espalhavam-se por todo o seu corpo.

Pobre e ingênua criança, seu esconderijo debaixo da cama era tão óbvio... Logo, a mulher de aparência insana com o hálito amargo esticou sua face por debaixo do móvel, enxergando uma garotinha assustada, que encolhia-se segurando os próprios joelhos.

Lágrimas. Lágrimas e submissão, uma cabeça baixa e palavras agressivas jogadas contra si.

Stacy não conseguia entender o porquê de ser apenas com ela.

A mãe, que cambaleava de lado a outro aspirava o ar da madrugada, enquanto encarava a face pálida da pobre e injustiçada Stacy...

Iluminadas apenas por uma lâmpada fraca e pela luz do Luar, o medo estampado no rosto de uma criança e o ódio em sua progenitora.

Cortes em sua face, seus olhos envoltos por marcas arroxeadas.

Socos, tapas e lágrimas. Aos poucos, a consciência abandonava seu corpo.

A sra. O’Connor deixou que a garrafa em sua mão escorregasse por entre seus dedos, e logo no chão, pequenos estilhaços de vidro, donde repousava inconsciente a pequena e inocente garotinha permitiam-se perfurar o corpo da jovem.

Inerte. Inerciado pela neve, que em pequenos grânulos envolvia a pequena casa onde moravam as duas mulheres.

Abandonadas pelo pai, a Sra. O’Connor nunca suportou sua partida. Desde então, as noites de vício de uma mulher fraca se tornaram frequentes, até o momento fatal.

Sempre arrependendo-se de suas ações, ela não havia mesmo pensado que não conseguiria suportar a vida sozinha.

E não suportou, bastou o amanhecer, e a mulher cuja cabeça latejante impossibilitava seus pensamentos levou junto a si o corpo de sua falecida herdeira, abandonando-o em uma grande caixa d’água, onde alguns minutos a seguir afogou-se.

O sangue, que esvaía de seu corpo, e os olhos jovens antes tão cheios de vida, agora perfurados e ensanguentados.

E a quem passasse por ali, uma doce e lenta melodia era soada, até que esse ousasse subir até o local e se deparasse com uma garota de cabelos úmidos e sorriso doce, que pedia-lhe a aproximação.

Inocente e ingênuo, aproxime-se dela. Seja levado por sua graça.

Logo, seu jovem espírito dali fora libertado, mas Stacy, em todas as formas passou a vagar, buscando por famílias e alimentando-se grão a grão de vossa alegria, até se cansar de brincar e começar a sonar sua ópera.


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Notas finais do capítulo

E entau? *expectativa* *c* *o*Comentem, tesoins. Queremos reviews.Além das macumbas saravás, se nm houver review vai haver Stacy perseguindo vocês durante o sono :3Titia suicida e a Guria dos Macacos amam vocês ♥