Entre Perdas e Conquistas escrita por Amanda R


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Atrasei, mas foi porque reescrevi o capitulo, desculpa pela demora!



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Aperto a mão da minha mãe, que estava ao meu lado no carro de volta para casa parecendo exausta de todo esforço que fez.

Fiquei em pânico quando vi ela na porta do meu quarto no hotel depois de ter chegado da sua casa, só tinham se passado umas quatro horas. Ainda estava digerido tudo que ela tinha me falado sobre nunca ter me deixado para trás e ter contratado alguém para me vigiar. O pior que esse alguém, Jacob, foi uma das melhores pessoas que pareceram nessa fase da minha a vida, ele me ajudou tanto, mas tudo era guiado pela minha mãe.

Estou me sentido grata e ao mesmo tempo traída.

Mas tudo isso ficou em segundo plano quando Renée bateu na minha porta sozinha com o corpo trêmulo, os olhos desesperados de medo e angústia.

Eu ao agi no automático como qualquer filho faria. Apoiei seu corpo pequeno no meu e a levei para cama. Lhe dei água e deixei tomar seu tempo. Sua respiração era cansada e profunda, seu rosto abatido dizia tudo, ela não estava bem, mesmo que tenha me assegurado que estava e que só precisava de um momento.

Esperei seu corpo descansa segurando sua mão como estava segurando agora. Ela estava fraca, mas seus dedos apertavam os meus com tanta força como se quisesse me manter perto a todo  custo, não que eu estivesse pensando em me afastar, não mesmo.

Fui ficando mais tranquila quando a cor do seu rosto foi voltando um pouco e o seu corpo parou de tremer, mas os seus olhos ainda estavam escuros de medo.

A minha mãe começou a falar e me pediu para não odiá-la.

Foi seu único pedido.

Como eu poderia lhe negar isso?!

Não tinha coração para sustentar algum ódio dentro de mim nesse estado da minha vida, muito menos para a Renée.

— Chegamos – avisou Tyler quando parou em frente a casa dela pela segunda vez no dia.

Assim que a Renée se convenceu de que não a odiava, ela aceitou meu pedido de lhe levar para casa, porque se algo acontecesse não saberia o que fazer, tinha certeza que na casa dela todos estavam preparados para casos de urgências. Por isso que respirei aliviada quando descemos do carro, ainda segundo sua mão, a levei para dentro.

Ao decorrer do caminho um segurança que ficava no jardim nos olhou com os olhou arregalados e imediatamente correu até a gente.

— Graças a Deus que a senhora apareceu, o Senhor Swan estava em pânico- meu coração gelou um pouco ao ouvir ele se referindo ao Charlie.

Será que ele estava em casa? – a insegurança de mais cedo acendeu em mim.

— Eu fui ver minha filha – disse Renée me olhando com um sorriso pequeno, mas terno.

Ainda não acredito como ela conseguiu sair de casa sem ninguém ver.

— Eu vou avisar que a senhora chegou.

A Renée levanta a mão negando.

— Eu mesma faço isso, não estou aqui? – ele assente relutante e nos deixa passar.

Ela abre a porta, que não estava trancada, mas antes de entrarmos ela me olhar.

— Não precisava ficar preocupada com o que o Charlie vai falar.

Assinto me sentindo a mesma menina que saiu de casa a cinco anos atrás.

Odiava esse sentimento, mas me enchi de um pouco de coragem ao me lembrar que estava ali pela minha mãe. Se ela me queria aqui, então era aqui que ia estar.

Mal entramos na casa e logo passos apressados foram ouvidos de alguma lugar e a cada vez ia ficando mais alto confirmando que estava se aproximando.

— Vamos sentar ali, meu bem – Renner aponta calmamente para o sofá enorme que tinha no centro da sala de Costa para a entrada de onde viam os passos

Ando com ela e sentamos uma ao lado da outra.

Os cabelos da minha nuca se arrepiam quando os passos finalmente param e sinto a presença de alguém na sala.

Mesmo não vendo, sabia que era o Charlie.

— Como você sai sem avisar, Renée? Fiquei louco de preocupação – meu  corpo fica todo tenso quando reconheço sua voz – Ninguém sabia me dizer onde você estava.

Renée me olha tentando transmitir para mim calma e finalmente vira seu rosto para a entrada onde estava Charlie.

— Eu estou bem, Charlie, só precisava resolver algo. Ninguém te contou quem nos visitou? – A mão dela que ainda estava grudada na minha apertou forte e eu devolvi o aperto.

Ouço Charlie bufar e ele dar mais passos até chegar na nossa frente.

Por instinto meus olhos caiem sobre ele. Eu não sei quem tem o olhar mais surpreso, se sou eu ou ele.

Mesmo sabendo que ia entrá-lo ainda sim estava surpresa.

Ele continuava quase o mesmo, se não fosse pelos pequenos fios brancos no seu cabelo e nem as novas rugas de preocupação que gritavam em seu rosto, Charlie poderia ser o mesmo.

Ao contrário do que pensei ele não teve nenhuma reação, Charlie me encarava estático.

O que mais temia não veio, a repulsa, foi ela que senti na última vez que o vi, isso fez com que  ficasse cravada na minha mente toda vez que lembrava dele.

Era visível que ele não sabia o que falar, muito diferente da Renée que se expressa muito bem e dizia tudo que sentia, ele era como uma pedra que só era alcançada com muita dificuldade.

Desvio meus olhos dele totalmente sem jeito e me viro para Renée.

— Eu tenho que ir – disse e fiz jeito para desatar sua mão da minha, mas ela não soltou, pelo contrário a segurou com a outra mão sem tirar os olhos de Charlie.

— Você não vai falar nada? – ela pergunta para ele.

Fecho meus olhos sentindo uma onda de sentimentos que me fazia querer sair dessa casa e gritar.

E não sabia se sentia alívio ou magoada por ele não falar.

— Vamos, mãe. Eu vou te deixar no quarto e em seguida tenho que ir – digo e me levanto, sem alternativa Renée também se levanta.

Penso que ela vai deixar para lá e me acompanhar, mas Renée é Renée e ela insiste.

— A Bella está aqui, e você não vai falar nada ? – mantenho meus olhos nela, não me dando o direto de olhar novamente para Charlie.

— Eu....- ele começa, mas para um momento antes de seguir – Não tenho nada para falar.

Aquilo é como um golpe no meu coração, mesmo sabendo quem era Charlie. Uma pessoa dura, que segue padrões de formas restritas, que não admite nem por um segundo estar errado e nem aceitar erros de outras pessoas. Ele me amou e me quis por perto só enquanto eu não cometia erros.

Agora eu sabia que nunca mais ia ser sua filha.

A Renée me olha e vejo decepção no seu rosto.

Sem olhar para trás guio a minha mãe para o quarto.

Sei que ela aceitou fazer parte de uma decisão que mudou totalmente a minha vida, mas que ainda por gestos errados me amou de longe e agora me quer por perto.

Em silêncio enquanto subo as escadas dizia para mim mesma que não ia deixar o Charlie estragar meu reencontro com a minha mãe.

— Ele te trata bem? – pergunto assim que chegamos no quarto.

Observei ela se sentar na cama enquanto eu arrumava os travesseiros nas suas costas.

— Ele é o Charlie – Ela sorri sem ânimo – Mas não ficaria com ele por todos esses anos se não pudesse tocar o seu coração. Ele se preocupa comigo e faz o impossível para que eu fique bem.

Me sento ao seu lado e lhe dou um sorriso que apesar da situação era verdadeiro.

— Fico aliviada por isso. Se ele cuida de você já é o suficiente para mim.

— Eu não entendo por que ele age assim. Tenho certeza de que em alguma lugar daquela casta dura Charlie te ama e se preocupa com você. Por anos ele viu e com certeza sabia do dinheiro que eu gastava te acompanhando – explicou.

— Shii.... Não precisava falar nada, mãe. Eu estou bem – Renée me dar um olhar questionador – Eu vou ficar bem – sou mais honesta.

Ela suspira insatisfeita, mas não fala mais nada.

— Vamos deixar isso para lá, a senhora tem que descansar – digo pegando puxando o coberto aos pés da cama para cobrir seu corpo.

— Obrigada, meu anjo – ela agradece com os olhos pesados e meu coração se sente mais quente ter ouvido o apelido que ela me chamava desde de sempre.

Beijo seu rosto e sussurro no seu ouvido que amanhã vinha lhe visitar.

.................................

Deixo a Renée no quarto dormindo e desço as escadas já sabendo que tinham uma porcentagem enorme do Charlie ainda está na sala. E não estou errada, ele ainda está lá só que agora sentado no sofá com os olhos focados em algo que só ele podia ver

A minha primeira reação é sair por aquela porta e ignorar o fato que esse homem, que um dia chamei de pai, existia, mas ainda tinham fatos relacionados a minha mãe que precisava saber. Não tive coragem de perguntar a ela própria, não queria que se sentisse mal ou desconfortável.

‘’Mas vai perguntar logo ao homem que acabou de te ignorar? ‘’ - meu orgulho gritou.

Ele era único que podia me dizer com exatidão o estado de saúde que a Renée estava. E só vou sair daqui quando souber de tudo.

Dou mais alguns passos a frente quando ele levanta a cabeça notando a minha presença.

Ignoro tudo que estava sentindo e o encaro de forma dura. Se ele não ia demostrar sentimento, não era eu que iria demostrar.

— Eu só queria que você soubesse que estou aqui por causa da minha mãe, não quero força nenhuma ligação com você, e você também deixou isso bem claro para mim – disse  com a voz firme – A saúde da minha mãe é a única coisa que me importa, preciso saber quais são as chances de cura.

Termino de falar e ele continua a me encarar sem mover um músculo. Fecho os olhos e respiro fundo tentado conter a raiva que estava surgindo dentro de mim por ele me ignorar.

— Olha, eu realmente quero estar junto da minha mãe, se você pensa...

— Ela não está aceitando bem o tratamento e esse maldito câncer está destruindo-a aos poucos, a cada dia que se passa – sua voz gélida ecoa pela sala cortando a minha fala – É só isso que queria saber?

Essas palavras embrulhão meu estomago.

— Ela me disse que da primeira vez foi pior – me lembrei da nossa conversa de hoje mais cedo.

Ele passa as mãos pelo rosto como se estivesse cansado, exausto.

— O Câncer é muito mais agressivo do que antes. A primeira vez foi um choque, foi muito mais o psicológico que a própria doença, dessa vez é como se ela esperasse por isso. Renée parece conformada – sua voz era um tom de derrota.

Como alguém se conforma em estar doente e apenas aceita isso? Mas pensando bem, realmente a Renée não reclamou momento algum do seu estado, ela apenas mostrou preocupação comigo e nada referente a ela.

— Os exames não mostram nenhuma evolução? Nada? – não queria acreditar nisso.

Ele nega.

— A cada dia vejo ela definhar naquele quarto, estou desconfiado que nem os remédios está tomando. Só vai para a quimioterapia, porque a levo. É como se ela....

— Não querer-se mais viver – engulo em seco ao completar a frase.

— Sim.


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Notas finais do capítulo

Escrevi esse capítulo pela primeira vez e apaguei, fiz outro e espero que esteja bom, porque é difícil contornar a situação que criei com os pais da Bella.

Será que o Charlie é a única pessoa que a Bella não vai conseguir se reaproximar? O que vocês acham?

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Bjos!