Samhain Night escrita por Countess Dracula


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Fic não betada.



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“Ta brincando comigo? Eu te mataria por uma barra de chokito!”

(Achmed, o Terrorista Morto)

31 de outubro, 23h04min

Andrew jogou-se no sofá, satisfeito apesar de tudo. Era Dia das Bruxas e pela primeira vez na vida não seria obrigado a participar das festividades. Mais uma vantagem em morar sozinho. Sua família bem que tentou convencê-lo do contrário – eles sempre tentariam. Sua mãe até mesmo presenteou-lhe com um caldeirão médio cheio de doces para que ele distribuísse para as crianças que batessem em sua porta.

Sequer abriu a porta para aqueles imbecis. Tampouco decorou a casa, para desgosto de todos os familiares – em especial o avô, que era irlandês e acreditava firmemente que “os espíritos zangar-se-iam por não haver sequer uma só lanterna naquela casa, para iluminar-lhes o caminho”. Andrew amava sinceramente o avô, mas não suportava suas superstições tolas.

Ligou a TV, passando os canais, parando na MTV, que exibia um clipe qualquer. Sorriu, pegando um punhado de doces do caldeirão. O sorriso se desfez quando ele viu um vulto iluminado passar rente à janela da sala.

Malditas crianças! Porque simplesmente não se queimavam com suas lanternas ridículas? Foi então que ele sentiu um cheiro estranho. Não conseguia identificar. Estaria algum maldito infante tentando pregar-lhe uma peça? Irritado, levantou-se e atravessou a sala em passos firmes e silenciosos, abrindo com força a porta, pronto para gritar um “se mandem!”, mas paralisou em seguida.

Não havia ninguém, apenas uma abóbora com uma vela dentro, iluminando a rua solitária. E põe solitária nisso, aliás. Cadê a droga das crianças berrando “travessuras ou gostosuras?”, bêbados voltando de alguma festa à fantasia ou adolescentes vestidos de forma indecente, falando besteiras e jogando papel higiênico por aí? No entanto, Andrew não ouvira nem mesmo um som de grilos.

Talvez devesse chamar a polícia. Ou talvez estivesse simplesmente impressionado. Uma vida de superstições não acabava assim, do nada.

Piscou, sentindo um arrepio. Podia jurar que sentiu um vulto passar às suas costas, em direção à sala. Engoliu em seco, soltando uma risadinha nervosa em seguida. Quanta idiotice!

Respirando fundo, Andrew deu meia-volta, pronto para voltar à sala quando o brilho de diversas velas, dentro de nabos ocos, iluminava a mesma. O susto foi tão grande que ele pôs as mãos sobre o coração, que batia dolorosamente acelerado, seus olhos arregalando-se lentamente. Não conseguia acreditar no que via.

Vagarosamente, foi andando até a sala, a respiração entrecortada saía de seus lábios trêmulos.

Havia alguém parado lá, em frente à tevê.

O terror fortificou-se, alojando-se em seu estômago, dando-lhe uma sensação pesada e quente. Atordoado, levantou os olhos dos nabos iluminados, fixando o olhar no sujeito vestido de preto. Sentiu a boca secar e ficar com um estranho gosto metálico ao notar que ao invés de uma cabeça humana, havia ali uma abóbora decorativa.

Jack...?

Jack-o’-lantern existia?

Por breves segundos as estórias que seu avô contava durante sua infância passaram rapidamente por sua cabeça. Então o mundo ficou cinzento e Andrew desmaiou.

Dor de cabeça. Enjôo. Certamente era ressaca, só isso explicava essa péssima sensação que sentia e o fato de estar jogado no chão de sua sala. Fora o maldito pesadelo. Só que Andrew não se lembrava de ter bebido ontem, mas isso era um simples detalhe, não é mesmo?

O mais estranho era o demasiado silêncio na vizinhança. Já teria amanhecido? Virou a cabeça para o lado e percebeu que a iluminação ainda vinha dos nabos que continuavam no chão.

O rapaz sentou-se bruscamente. A criatura aproximou-se de Andrew rapidamente, como se deslizasse. Tinha os longos braços caídos ao lado do corpo magro. Jack não respirava.

E os olhos dele... Oh, meu Deus! Eram como a brasa ardente das lamparinas decorativas, como a brasa que o tinhoso lançara para iluminar-lhe o caminho...

Brasa essa que exibiam uma energia... Algo mais. Algo que Andrew não conseguira identificar, mas que o enchera de pavor.

Ainda sentando, ele recuou para trás, parando quando suas costas bateram na parede. Os olhos da coisa fixaram-se mais uma vez no jovem e então ele soube o que era.

Fome.

Trêmulo, Andrew ergue um das mãos e afastou do rosto o longo cabelo empapado de suor, o coração martelando dolorosamente no peito. Hipnotizado pelo monstro à sua frente, levantou-se para correr. Não teve tempo, pois Jack-o’-lantern pulou sobre a mesinha de centro com uma agilidade insuspeita. Pegou a vítima pelo pescoço e levantou-a, ficando cara a cara com o jovem.

Começando a sentir-se nauseado, Andrew percebeu que algo estranho ocorria. Jack-o’-lantern encostou o braço livre em seu peito, fazendo que, junto com a falta de ar, seus batimentos cardíacos aumentassem ainda mais, a dor no peito e ombro tornando-se insuportáveis.

Em breves segundos sua cabeça tombou sobre seu cadáver.

Displicentemente, o monstro jogou-o em um canto qualquer. O corpo bateu no sofá antes de cair ao chão, derrubando consigo o caldeirão de doces que saiu rolando, espalhando seu conteúdo.

Isso atraiu a atenção de Jack.

O monstro deu dois passos à frente e abaixando-se, pegou um Chokito.

“Pobre rapaz” pensou a coisa em que Jack, o Miserável se tornara, antes de abrir a embalagem e morder o doce. Morreu sem saber que bastava tê-lo entregado um desses para ter sido deixado em paz.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Escrevi essa fic anos atrás a Abril ainda nem sonhava em devolver a MTV para a Viacom, haha. Mesmo assim não quis mudar o canal que o Andrew assistia.



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